Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país mais ansioso da América Latina e essa realidade tem impactos muito significativos no ambiente de trabalho. Excesso de responsabilidades; as metas inatingíveis; prazos muito curtos para as entregas; comunicação agressiva; sobrecarga de horas de trabalho; instabilidades econômicas são alguns dos gatilhos para as crises de ansiedade, que atingem cerca de 33% da população mundial.

A psicóloga clínica Isabella Barreto diz que a ansiedade não necessariamente é patológica, ou seja, nem sempre é sinal de um transtorno. Na verdade, esse alerta do aparelho psíquico que coloca a todos vigilantes sobre algo percebido como ameaçador tem um função na vida dos humanos: prepara para lidar com algo a ser conquistado, superado, faz perceber a necessidade de uma preparação para algo a ser realizado.

“O que vai nos fazer compreender a ansiedade como patologia, é a exacerbação na intensidade, o comprometimento na vida como um todo”, explica. Para Isabella, é a compreensão da urgência nos resultados produtivos, cobranças, pressão, comparações, a exigência por ser a melhor versão de si mesmo, a cultura do imediatismo, a substituição de horas de lazer, de ócio, por maior produtividade, competitividade, um ritmo acelerado de vida como se tudo fosse para ontem, entre outros aspectos da contemporaneidade é que são fatores que potencializam a ansiedade e promovem a sua condição de transtorno, de adoecimento.

Ambiente doente
“À medida em que o ambiente de trabalho tem como cultura o assédio, desvalorização do profissional, situações de insegurança, sejam psicológicas ou no ambiente físico da instituição, exigências que desconsideram o bem estar e saúde do trabalhador, esse ambiente promove o desenvolvimento de adoecimento psíquico-emocional, onde a ansiedade será uma expressão no comportamento indicando que algo não está bom”, esclarece, salientando que o quadro pode desdobrar para situações mais graves, como a síndrome de Burnout e depressão, por exemplo.

A psicóloga, mestre em Administração, professora e líder de alta performance da UNIFACS, Priscila Carvalho explica que as pessoas estão cada vez mais ansiosas e vários estudos apontam que as pessoas mergulharam numa lógica adoecedora.

“O lema ‘trabalhe enquanto eles dormem’ é um estímulo a um estilo de vida muito intenso, incansável e até desumano, que gera auto cobrança desmedida e sensação de culpa por não dar conta de tudo que essa lógica exige”, afirma, destacando que, diante de tantos estímulos, informações, cobranças e necessidade de rapidez nas respostas, o senso de urgência virou um imperativo.

“Quando tudo é urgente, tendemos a viver acelerados, cansados e cada vez mais ansiosos, além de acompanhados da sensação de incapacidade de dar conta”, pontua.

Aliada
Para transformar a ansiedade numa aliada e não em fator de adoecimento, a sugestão de Priscila é buscar sempre viver o aqui e agora, realizando uma tarefa de cada vez, iniciando pelas atividades mais simples. “É necessário aprender a gerenciar melhor o tempo, priorizar o que é importante antes que se torne urgente, saber delegar tarefas e ter momentos de pausas e descanso é fundamental para desacelerar e conseguir produzir de maneira adequada”, ensina.

A professora destaca que as empresas precisam enxergar os benefícios provenientes do investimento em condições adequadas de trabalho, que promova um ambiente saudável, com relações harmônicas e prática de comunicação adequada, além da implantação de programas e ações de bem-estar. “A cultura e o clima organizacional, as condições de trabalho oferecidas, o volume de demandas, bem como o controle e cobrança para realização das tarefas e as relações estabelecidas no ambiente corporativo podem provocar ou atenuar sintomas ansiosos”, diz.

Priscila destaca que quando o cansaço excessivo, dificuldade de concentração, irritabilidade, medo exacerbado e desproporcional, insônia, alteração apetite aparecem com muita frequência e intensidade está na hora de buscar apoio profissional.

Isabella Barreto afirma que quando a situação sai do auto controle, é importante aliar a psicoterapia com o uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida. “A psicoeducação, o entendimento sobre gatilhos e fatores ansiogênicos são importantes para que a pessoa possa lidar e prevenir a ansiedade num nível adoecedor”, reforça.

“Não se deve negociar tempo de descanso, além de te sempre em mente a prática do autocuidado, se conectando com o que faz sentido para você, realizando técnicas de respiração e relaxamento, praticando atividade físicas, mantendo uma alimentação saudável, e buscando um profissional especializado, visto que a escuta qualificada exige conhecimento e preparo”, finaliza Priscila.

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O câncer de mama interrompeu 488 vidas de mulheres baianas somente até junho de 2021. No mesmo período, 1,6 mil pacientes foram internadas por conta da doença na Bahia, segundo mostram os dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). A maior incidência aconteceu entre as mulheres com idades entre 50 e 59 anos, que representam 26% das mortes (127). Logo em seguida, a faixa etária que apresentou mais casos de morte foi a de 40 a 49 anos, 18,4% do total (90). Segundo especialistas, quando o tumor é encontrado com até 1 centímetro, as chances de cura ficam acima de 90%. Por isso o diagnóstico precoce é tão importante.

A professora Rosenildes Rios, 48 anos, aprendeu sobre o diagnóstico precoce ao incentivar outras mulheres a se cuidarem. Em 2018, a escola em que ela trabalha realizou uma campanha alusiva ao Outubro Rosa – o mês é dedicado à prevenção do câncer de mama. “Eu vi que estava incentivando as pessoas a fazerem mamografia e realizarem autoexame, mas eu mesma não estava fazendo isso”, conta. Ao praticar o autoexame, a professora identificou um nódulo, realizou os exames e recebeu o diagnóstico positivo para o câncer.

O caminho não foi fácil. Embora tenha terminado o tratamento com quimioterapia e radioterapia em janeiro de 2019, ainda segue fazendo a hormonioterapia. “Quando eu descobri que estava com câncer de mama, o chão se abriu, tive medo da morte. Foi uma dor muito grande porque eu pensava que podia deixar as pessoas que eu amo. Chorei muito, tive noites sem dormir. Só me acalmei depois da primeira consulta, quando o médico me explicou o processo do tratamento e falou dos avanços da medicina. Aí eu fiquei mais confiante, tive esperança e passei a buscar a minha cura”, conta Rosenildes.

Incidência

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam-se 3.460 novos casos de câncer de mama na Bahia para cada um dos anos do triênio 2020 - 2022. Em Salvador, são 1.180 novos casos estimados para o mesmo período.

Segundo Débora Gaudêncio, oncologista clínica com foco em câncer de mama da clínica Clion, o histórico familiar do paciente influencia na incidência da doença, mas não representa a maioria dos casos.

“Se a paciente tem vários familiares de primeiro grau que tiveram câncer de mama ou de ovário, a gente pode suspeitar que nessa família pode ter uma mutação genética que possa justificar isso. Mas a grande maioria dos casos de câncer de mama (90%) ocorre sem a influência hereditária e genética”, explica.

A prevenção é feita através de autoexame, mamografia ou ultrassonografia. A partir da identificação de alterações, uma investigação mais aprofundada é feita para a realização do diagnóstico. A mamografia deve ser anual para pessoas a partir de 40 anos de idade. Em casos específicos, esse acompanhamento pode ser feito por mulheres mais jovens.

A oncologista com atuação com foco em câncer de mama, da clínica AMO, Marília Sampaio, explica que o autoexame é importante, mas não substitui a mamografia. “As mulheres podem palpar as mamas a qualquer momento, quando se sentirem confortáveis, pode ser no banho ou durante a troca de roupa, por exemplo. Mas vale ressaltar que, mesmo sendo importante por permitir a mulher conhecer seu corpo, reconhecer alterações suspeitas e procurar avaliação médica precoce, o autoexame não permite reconhecer nódulos muito pequenos”, pontua.

Diagnóstico difícil

No caso da aposentada Iracema Silva, 62, o diagnóstico foi difícil. Em 2008, ela descobriu um cisto na mama e passou a acompanhar, até que ele virou nódulo. “Apalpando não dava para sentir, nem o médico identificou. Fiz mamografia e nada, foi somente com ultrassom. Aí fui fazer a biópsia e deu que era maligno”, conta. Ela é de Mairi, mas como lá não tinha mastologista na época, seu tratamento foi feito em Salvador.

Iracema fez três cirurgias em menos de 45 dias e retirou os nódulos nas duas mamas. “Foi um alívio não ter que retirar as mamas, mas, sinceramente, para mim não ia importar tanto assim; O importante era me livrar da doença, o resto a gente dá um jeito. Tanto que depois da cirurgia, uma mama ficou maior que a outra, mas eu não me importei, quem me quiser vai me querer do jeito que eu sou”, enfatiza.

O tratamento depende de fatores como tipo e tamanho do tumor, além da extensão da doença, se ela se espalhou para outras partes do corpo. “Os três grandes pilares são a cirurgia (mastectomia e cirurgia conservadora), quimioterapia (antes e depois da cirurgia) e radioterapia (depois da cirurgia e após a quimioterapia). “Quando o tumor tem receptores de estrogênio e progesterona, recomendamos a hormonioterapia por no mínimo cinco anos”, acrescenta Débora Gaudêncio.

Saúde mental

A psicóloga e psicanalista Niliane Brito, da clínica Spazio Psi, ressalta a importância do tratamento psicológico aliado ao tratamento físico. “Um psicológico abalado vai refletir negativamente no processo de tratamento. É preciso pensar no físico, mas também na saúde mental de alguém que recebe um diagnóstico de câncer de mama porque ele pode abalar muito a autoestima de uma mulher, além de trazer o medo da morte. Mas é essencial sempre ressaltar que cada caso é único. Então não é porque Maria e Joana tiveram câncer de mama que as duas sentem a mesma coisa e tiveram a mesma experiência”, destaca.

Doença também afeta homens
O câncer de mama não atinge somente as mulheres. Os homens também podem desenvolver a doença, mesmo que de forma rara (1% do total de casos). A oncologista Marília Sampaio explica que o acompanhamento deve ser feito através de autoexame. “Não há indicação de realização de exames de rastreamento para câncer de mama, como a mamografia, para os homens. A realização dos exames das mamas deve ser guiada pela queixa do paciente; por isso, caso seja identificado alteração nas mamas, ele deve procurar atendimento com o mastologista", explica.

O professor Maurício Tavares, 65, está nesse universo de 1% de afetados pela doença. Ele teve câncer de mama duas vezes. O primeiro diagnóstico foi em 2014 e o outro em 2016. “Embora eu seja uma pessoa extremamente informada, nunca me toquei dessa história de homem com câncer de mama. Eu tinha um carocinho no peito, mas não ligava. Foi quando eu comentei e uma pessoa me disse ‘homem também pode ter câncer de mama’. Aí eu me preocupei”, conta.

Maurício teve o diagnóstico quando o câncer estava no terceiro estágio; são quatro no total. “Eu fiz quimioterapia leve e não precisei fazer radioterapia. Mas a segunda vez foi pesada, fiz outra cirurgia e quimioterapia mais pesada. Foi muito ruim, mas não parei de trabalhar. Às vezes passava mal no trabalho, mas contei para os alunos e eles foram muito acolhedores. O apoio da minha irmã e do meu namorado também foi fundamental”, acrescenta.

Onde fazer mamografia?
Na Bahia – Em uma Unidade Básica de Saúde, retire a solicitação médica do exame de mamografia, que deverá ser agendado pelas secretarias municipais de saúde ou nas policlínicas regionais (são 21 em todo o estado).

Em Salvador - A marcação dos exames é realizada nas unidades básicas da capital durante todo o ano, porém, no Outubro Rosa, a oferta da mamografia é intensificada por conta da campanha. Para fazer o exame basta as interessadas devem buscar um dos 154 postos da rede municipal levando documento de identidade com foto e o cartão SUS para avaliação médica e de enfermagem.

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A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou, nesta quarta-feira (06), a aplicação em massa da vacina aprovada contra a malária em crianças de regiões com altas taxas de transmissão, como a África Subsaariana.

A RTS,S/AS01 – ou Mosquirix –, é uma vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), após 30 anos de pesquisa e desenvolvimento, com apoio de entidades e centros de pesquisa africanos, afirma a OMS.

A decisão foi feita com base na análise dos resultados de um programa piloto que continua em andamento em Gana, Quênia e Malaui. Desde 2019, o estudo atingiu mais de 800 mil crianças e vai continuar em execução para avaliar o impacto da medida. Das 10 milhões de doses previstas no programa de testes, mais de 2 milhões já foram aplicadas.

A organização avalia que a RTS,S/AS01 teve "alto impacto" na vida real, com redução de 30% nos casos de malária grave e mortal.

"Esta é uma vacina desenvolvida na África por cientistas africanos, e estamos muito orgulhosos", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Esta vacina é um presente para o mundo, mas seu valor será sentido mais na África."

A OMS indica que a vacina deve ser aplicada em um esquema de 4 doses em crianças a partir dos cinco meses, a fim de prevenir a doença e reduzir o impacto da malária entre os que forem contaminados.

“Este é um momento histórico. A tão aguardada vacina contra a malária para crianças é um avanço para a ciência, a saúde infantil e o controle da malária”, disse Tedros. “Além das ferramentas existentes para prevenir a malária, usar esta vacina pode salvar dezenas de milhares de vidas jovens a cada ano.”

Segundo a OMS, mais de 260 mil crianças africanas com menos de cinco anos morrem de malária anualmente, a maior causa de adoecimento e morte de crianças na região.

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Mais de 4 mil pessoas na Bahia receberam doses dos lotes da vacina Sinovac/Coronavac que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que estão proibidos de serem distribuídos e utilizados por até 90 dias. Dos 42 lotes comprometidos, o Ministério da Saúde já havia distribuído 25 para todo o Brasil, sendo três deles recebidos pela Bahia nos dias 27 de julho e 1º de setembro. A decisão da Anvisa foi anunciada no dia 4 de setembro.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) 4.161 doses foram aplicadas no estado da vacina Sinovac/Coronac referente aos lotes que foram interditados posteriormente a distribuição. Em nota, a Sesab informou que a Diretoria de Vigilância Epidemiológica\Coordenação Estadual de Imunização estava aguardando parecer da Anvisa sobre a questão, para saber se seriam desinterditadas e não seria necessária a devolução. "Em caso de confirmada a interdição, faríamos a logística reversa, ou seja, a devolução", diz a nota.

Como a resolução final da Anvisa anunciada na última quarta-feira (22), a Sesab disse que informou as regionais para que acionem os municípios para o recolhimento dos lotes. "Solicitamos que os municípios prestem contas e devolvam os lotes e registrem no sistema nominal as doses aplicadas", explicou, em nota.

A medida cautelar publicada no Diário Oficial da União foi motivada pelo envase ter ocorrido em uma planta fabril na China que não foi inspecionada e aprovada para Autorização de Uso Emergencial no Brasil.

A Bahia recebeu 575.980‬ doses da vacina Sinovac/Coronavac, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes 202107101H, 202107102H e L202106038. Deste total, 234.380‬ já tinham sido entregues a 294 municípios. Todos já foram comunicados na ocasião para interromper a vacinação dos lotes específicos da Sinovac/Coronavac.

As pessoas imunizadas com estes lotes devem aguardar a orientação do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em documento enviado à Anvisa, o Instituto Butantan assegura que os lotes apontam segurança e qualidade das vacinas produzidas na fábrica que ainda não foi inspecionada. É preciso ressaltar que apenas os lotes especificados não devem ser utilizados. Os demais tem segurança, qualidade e eficácia comprovada.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse nesta quarta-feira (22) que ordenou que sejam recolhidos os 25 lotes da vacina Coronavac que foram interditados de maneira cautelar no início do mês.

A Anvisa diz que tomou a decisão após concluir que os dados enviados pelo laboratório não comprovam a realização do envasa da vacina em condições consideradas satisfatórias e seguindo as boas práticas de vacinação.

A vacina é produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. No dia 14, o instituto afirmou que os lotes afetados seriam substituídos por vacinas prontas.

A interdição afetou 12,1 milhões de doses produzidas pela Sinovac, na China, em fábrica que não foi inspecionada pela Anvisa. Na Bahia, foram 575.980‬ doses recebidas, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes citados pela Anvisa. Deste total, 234.380‬ já tinham sido entregues a 294 municípios na época da suspensão. Todas as cidades foram orientadas na ocasião a suspender as aplicações dos imunizantes dos lotes afetados.

A agência diz que caberá aos importadores adotar todos os procedimentos para recolher as unidades que ainda não foram aplicadas de todos os lotes interditados.

O recolhimento se aplica apenas aos lotes que foram envasados em local não inspecionado pela Agência e que não consta da AUE da vacina Coronavac.

A vacina Coronavac permanece autorizada no país e possui relação benefício-risco favorável, diz a Anvisa, desde que produzida nos termos aprovados pela agência.

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A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio do Centro de Operações de Emergências em Saúde (COE), está recomendando o retorno gradativo e seguro das cirurgias eletivas, desde que sejam mantidas todas as medidas de prevenção e controle de infecção para a Covid-19.
Os procedimentos estavam suspensos desde agosto do ano passado, devido à necessidade de realocação de profissionaisde saúde, medicamentos e equipamentos para a linha de frente da pandemia. Estima-se que, na Bahia, houve uma redução de 49% no volume de cirurgias eletivas, e de 6% nas oncológicas.

Em nota, a pasta explica que a decisão leva em consideração a crescente demanda por cirurgias eletivas, reprimida desde o início da pandemia da Covid-19, bem como o quadro epidemiológico atual, com a redução do número de casos ativos, de pacientes internados e da ocupação de leitos de UTI. Nesse contexto, cada unidade de saúde deve estabelecer estratégias de priorização da agenda de cirurgias, observando as características de cada especialidade e as condições clínicas do paciente, cuja espera possa agravar o prognóstico da doença.

Deve-se ressaltar que os procedimentos cirúrgicos devem ser suspensos caso o paciente tenha febre ou qualquer outro sintoma respiratório nos últimos 10 dias, assim como tenha tido contato próximo0 com pessoa diagnosticada com Covid-19 no mesmo período, com exceção dos casos de urgência e emergência.

Com base nas recomendações da Sesab/COE, devem ser realizados os seguintes procedimentos: 100% dos procedimentos ambulatoriais (pequenas cirurgias, sob anestesia local), 100% de cirurgias com anestesia locorregional (raqui e peridural), 100% da capacidade operacional mensal de cirurgias eletivas da unidade com indicação de anestesia geral, sendo o ano de 2019 referência para compor essa taxa.

Está previsto ainda que é garantida aos familiares a informação da condição e evolução clínica do paciente, através de boletins diários, e que os casos de excepcionalidade, a exemplo de morte encefálica (suspeita ou confirmada), processo ativo de morte (fim de vida ou paciente terminal) e pacientes em cuidados, paliativos devem ser sempre avaliados, devendo-se ponderar sobre riscos x benefícios para definir horário e tempo de permanência de visitas.

Nas enfermarias ou quartos conjuntos estão permitidos acompanhantes apenas para pacientes que necessitem desse cuidado durante o internamento, minimizando a circulação e exposição de pessoas. Nos casos de pacientes com mais de 60 anos, com necessidades especiais, menores de 18 anos e pacientes em cuidados paliativos é permitida a permanência de um acompanhante, com troca a cada 12 horas.
Pessoas com febre, tosse ou sintomas gripais ou que tenham tido contato com pessoas com suspeita de Covid-19 nos últimos 14 dias não devem acompanhar pacientes e devem ser evitadas aglomerações nas salas de recepção e espera, respeitando-se o distanciamento de 1,5 metros entre cada pessoa.

Com base em recomendação do COE, está permitido o retorno gradual de visitas para pacientes internados sem diagnóstico de Covid-19, incluindo pacientes em unidades fechadas, como UTIs, semi-intensivas e salas de estabilização, entre outras ou pacientes internados em quartos individuais. São permitidos dois visitantes por paciente, pelo período máximo de uma hora, com alternância de horários de visitas por leitos, a fim de evitar aglomerações.

Permanecem suspensas as visitas em unidades de internação com pacientes com diagnóstico suspeito ou confirmado de Covid-19, enquanto nos setores pediátricos é permitido um acompanhante e as visitas estão suspensas. As unidades de saúde devem incentivas visitas virtuais, por meio de vídeo chamadas ou ligações através da equipe multiprofissional.

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A variante Delta da covid-19 não para de se espalhar na Bahia. Nesta segunda-feira (20), o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) divulgou ter detectado mais 10 casos em sete cidades do estado: Senhor do Bonfim (2), Sapeaçu, Conceição do Almeida, Salvador (2), Vereda, Medeiros Neto (2) e Vitória da Conquista.

Um dos casos evoluiu para óbito, mas a Sesab não divulgou qual. A idade dos pacientes varia de um a 45 anos. São três homens e sete mulheres. A detecção foi feita por meio de sequenciamento genético.

Com os novos registros, a Bahia tem, no total, 14 casos da variante, com dois óbitos. Os quatro primeiros foram identificados em residentes dos municípios de Feira de Santana, Vereda e Prado, além de um tripulante de um navio ancorado em Salvador. Apesar dos casos da Delta, a variante Gamma é a responsável por quase 80% das infecções no estado.

Segundo a Sesab, a escolha das amostras para o sequenciamento é baseada na representatividade de todas as regiões geográficas do estado da Bahia, casos suspeitos de reinfecção, amostras de indivíduos que evoluíram para óbito, contatos de indivíduos portadores de variantes de atenção (VOC) e indivíduos que viajaram para área de circulação das novas variantes com sintomas clínicos característicos.

A secretária da Saúde da Bahia em exercício, Tereza Paim, alerta que a principal medida para conter o avanço da covid-19 e, por consequência, a variante Delta, é o avanço da vacinação.

“É importante que as pessoas busquem as unidades de saúde para tomarem o imunizante contra a doença, incluindo também a dose de reforço. O esquema completo de vacinação dá uma maior garantia de defesa contra a Covid-19”, ressalta.

Reconhecido como a 3ª maior unidade de vigilância laboratorial do país e classificado na categoria máxima de qualidade pelo Ministério da Saúde, o Lacen-BA já analisou amostras de mais de 150 municípios dos nove Núcleos Regionais de Saúde.

Sistema de saúde da Bahia está preparado, diz secretária sobre variante Delta

Caso da variante Delta em Vitória da Conquista
Vitória da Conquista teve o primeiro caso confirmado da variante delta da covid-19. A paciente, uma mulher de 39 anos, estava vacinada com as duas doses, não chegou a ser internada e já está recuperada, informou a prefeitura da cidade.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Conquista, seis meses antes a mulher tomou as duas doses da Coronavac. Depois disso, viajou para o Espírito Santo e retornou à Bahia em 14 de agosto, assintomática. Ela declarou que continuou fazendo uso correto da máscara nesse período.

Dois dias depois de voltar da viagem, a mulher começou a apresentar obstrução nasal, febre, tosse a ter calafrios. Ela seguiu em isolamento domiciliar. No dia 19, cinco dias após chegar da viagem, fez o teste de laboratório para saber se estava com covid-19, o que se confirmou.

Em 2020, a paciente já tinha sido diagnosticada com covid-19. O novo resultado do exame foi submetico ao sequenciamento genético e foi identificado que se tratava da variante delta. O resultado foi enviado na sexta (17) à Coordenação da Vigilância Epidemiológica da SMS.

Em investigação clínica e epidemiológica, a paciente foi monitorada desde o início dos sintomas, sendo observada a evolução benigna da doença e hoje ela se encontra recuperada, acrescenta a SMS.

Um familiar com quem a paciente teve contato também apresentou resultado positivo para Covid-19 e se manteve em isolamento domiciliar por 10-14 dias do início dos sintomas.

A variante delta
A variante Delta tem um histórico de transmissibilidade maior do que as demais variantes, mas a vacinação tem se mostrado eficaz para conter os quadros graves que necessitam de hospitalização.

Em nota, a secretaria reforça a importância da população se vacinar e continuar com os cuidados para evitar disseminação da doença, como usod e máscaras e de álcool em gel.

Em caso de sintomas, o contato com a unidade de saúde ou call center deve ser imediato para realizar o atendimento, testagem e isolamento.

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As empresas Pfizer e BionTech anunciaram nesta segunda-feira (20) que a vacina delas contra a covid-19 é segura e induziu resposta imune considerada "robusta" em crianças de 5 a 11 anos.

Os dados são das fases 2 e 3 dos testes, que aconteciam de maneira simultânea, sob coordenação das empresas.

As crianças dessa faixa receberam uma quanidade menor da vacina. Foram duas doses de 10 microgramas (µg) administrados com 21 dias de intervalo. A partir dos 12 anos, a dose usada era de 30 microgramas.

"As respostas de anticorpos nos participantes que receberam doses de 10 µg foram comparáveis às registradas em um estudo anterior da Pfizer-BioNTech em pessoas de 16 a 25 anos de idade imunizadas com doses de 30 µg", diz o comunicado divulgado hoje.

A dose foi selecionada pra ser a mais segura, tolerável e que induz geração de anticorpos para essa faixa, afirmam as empresas. "Estes são os primeiros resultados de um ensaio fundamental de uma vacina contra a Covid-19 nessa faixa etária".

A Pfizer conduziu testes com 4,5 mil bebês e crianças de 6 meses a até 11 anos em quatro países: EUA, Finlândia, Polônia e Espanha. Do total, 2.268 participantes tinham a idade de 5 a 11 anos.

A expectativa é de que os resultados na faixa de 6 meses a 5 anos sejam divulgados ainda este ano. Essa faixa foi dividida em dois grupos - de 6 meses a 2 anos e de 2 a 5 anos - e ambos receberam doses abaixo de 3 microgramas.

As empresas anunciaram que enviarão os dados o quanto antes às agências regulatórias dos EUA, União Europeia e outros locais do mundo. Também querem enviar o estudo para publicação científica.

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Os 417 municípios da Bahia devem retomar imediatamente a vacinação contra covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos que não têm comorbidades, diz decisão da Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB) desta sexta-feira (17). A CIB, que é instância deliberativa do SUS e reúne representantes de todos os municípios baianos e o estado, organizou uma reunião na manhã de hoje para discutir o tema, após mudança no entendimento do Ministério da Saúde, que ontem recomendou a suspensão da imunização nessa faixa etária, exceto para os adolescentes com comorbidades.

A CIB afirma que a vacinação nessa faixa é sustentada e justificada por evidências científicas, além de apoio de entidades nacionais e internacionais, como a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que manteve a autorização de uso da vacina da Pfizer para essa faixa etária.

"O Ministério da Saúde implementou unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico. Diferente da posição ministerial, a Bahia reuniu especialistas, a exemplo da presidente da Sociedade Baiana de Infectologia, Miralba Freire, bem como do diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira. Ambos refutam a iniciativa do Ministério da Saúde de suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidade ou deficiência permanente", afirma a secretária da Saúde da Bahia em exercício, Tereza Paim.

Outras entidades, como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), também se posicionaram contrárias a decisão do Ministério da Saúde.

Até esta sexta-feira, a Bahia vacinou 129.284 adolescentes com idade de 12 a 17 anos, sendo 109.704 sem comorbidades, 16.437 com comorbidades, 1.856 com deficiência permanente e 1.287 adolescentes gestantes e puérperas.

Salvador chegou a suspender
A capital baiana chegou a suspender ontem a vacinação desse público, mas o prefeito Bruno Reis criticou a recomendação do Ministério da Saúde hoje e afirmou que a retomada da imunização era avaliada.

“Eu considero essa decisão equivocada, mas todas as decisões que foram para vacinar, eu cumpri. E as que foram para não vacinar, eu também cumpri. Eu não vou manter a vacinação sem o respaldo legal, e sem ter a segurança necessária para a população”, disse. Ele aguardava justamente um posicionamento da CIB sobre o assunto.

“Tudo isso contribui para gerar ainda mais instabilidade nesse processo. Uma decisão como essa precisa ser previamente comunicada e tem que ser com bastante respaldo. Mas o que estamos vendo no Brasil hoje é uma confusão. O Ministério da Saúde toma uma decisão. A Anvisa é contra essa decisão. O Conass e o Conasems são contra essa decisão. As associações de imunização são contra essa decisão. O Ministério da Saúde, de forma isolada, tomou essa decisão”, lamentou o prefeito.

Críticas
Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) reforçaram a importância da vacinação de adolescentes contra a covid-19 e lamentaram a decisão do Ministério da Saúde.

Ainda segundo o Conass e o Conasems, a decisão de suspender a vacinação para adolescentes sem comorbidades foi tomada "sem qualquer consulta prévia às representações estaduais e municipais da gestão do Sistema Único de Saúde ou mesmo à Câmara Técnica Assessora do Programa Nacional de Imunizações (PNI)".

As entidades ainda ressaltam que apesar da vacinação ter levado a uma significativa redução de casos e óbitos, o Brasil ainda apresenta situação epidemiológica "distante do que pode ser considerado como confortável, em razão do surgimento de novas variantes".

Conass e Conasems ainda questionam a informação divulgada pelo Ministério de que, ao menos, 25 mil aplicações foram feitas em adolescentes com vacinas diferentes da recomendada, no caso a Pfizer. "Temos que primeiramente considerar se o dado é real, uma vez que erros de registro vêm sendo identificados, tanto por eventual esgotamento dos servidores, como por dificuldades relacionadas aos sistemas de informação. Importante considerar também que o montante referido anteriormente representa 0,75% das mais de 3,5 milhões de doses já aplicadas neste grupo populacional".

Por fim, as duas entidades defendem a manutenção da vacinação com base nos "atuais conhecimentos científicos" para proteção da população jovem, sem desconsiderar a necessidade de priorizar dentre os adolescentes, aqueles com comorbidade, deficiência permanente e em situação de vulnerabilidade. A nota é assinada pelos presidentes das entidades, Carlos Lula (Conass) e Wilames Freire (Conasems).

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também criticou a decisão da Saúde, que segundo a entidade "gera receio na população e abre espaço para fake news". O SBIm ainda afirma que as justificativas apresentadas pelo Ministério da Saúde não são claras ou não têm sustentação. "A SBIm, portanto, entende que o processo deve ser retomado, de acordo com o que já foi avaliado, liberado e indicado pela Anvisa", diz.

Anvisa mantém autorização de vacina da Pfizer para adolescentes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou comunicado nesta quinta, onde afirma que investiga o caso da morte de uma adolescente de 16 anos após aplicação da vacina da Pfizer. No entanto, a agência diz que até o momento "não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina".

"A Anvisa já iniciou avaliação e a comunicação com outras autoridades públicas e adotará todas as ações necessárias para a rápida conclusão da investigação. Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina", publicou a Anvisa.

"Com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos."

A Anvisa ainda destacou que o uso do imunizante em adolescentes com 12 anos ou mais está autorizado em outros países, como Austrália, Canadá e Estados Unidos.

O que diz a nova decisão do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde suspendeu a vacinação para adolescentes sem comorbidades e orientou que a vacina só seja aplicada em pessoas entre 12 e 17 anos que tenham "deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade".

A decisão do Ministério estaria embasada nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de não recomendar a imunização desse grupo, pelo número baixo de casos graves e pelos poucos estudos sobre a vacinação nessa faixa etária.

O ministro Marcelo Queiroga afirmou que a vacinação foi interrompida para investigação de eventos adversos, e que não será retomada até que haja evidências científicas sólidas. O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que foram registrados cerca de 1.500 episódios dentre esses 3,5 milhões de adolescentes vacinados. A maioria é leve, mas citou a morte de uma adolescente paulista, que é investigada pela Anvisa, como motivo de monitoramento.

Pfizer
Após declarações do ministro, a Pfizer reforçou que não há relação causal entre a morte da adolescente e o imunizante e ressaltou que a definição da utilização e disponibilização da vacina no Brasil é feita com base em critérios de recomendação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

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A Comissão Intergestores Bipartite (CIB) marcou uma reunião extraordinária nesta sexta-feira (17), para tratar da vacinação de adolescentes sem comorbidade, suspensa desde a manhã dessa quinta após o recuo do Ministério da Saúde (MS), que revisou a recomendação e orientou que a imunização desse público‐alvo fosse suspensa. Duas hipóteses estão sendo levantadas como motivação: a falta de doses e a morte de uma adolescente vacinada oito dias após a aplicação da Pfizer. Nenhuma delas foi confirmada pelo ministério.

Salvador segue com a vacinação suspensa, assim como outras cinco capitais do país, ao menos (Belém, Belo Horizonte, Maceió, Curitiba e Natal). A prefeitura informou que a estratégia seguirá com a repescagem de pessoas com 18 anos ou mais. Além disso, também segue normalmente a vacinação de gestantes e puérperas com 12 anos ou mais com o nome no site da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), bem como os jovens de 12 a 17 anos com comorbidades ou deficiência permanente previamente cadastradas. A aplicação das 2ª doses Oxford, Pfizer e Coronavac também segue normal.

A Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, emitiu uma nota técnica comunicando a revisão da recomendação para imunização contra a covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. De acordo com a nota, a vacinação deve ser restrita aos adolescentes nessa faixa etária que apresentem alguma deficiência permanente, comorbidade ou estejam privados de liberdade.

Através das redes sociais, o secretário de saúde de Salvador, Leo Prates, questionou o motivo do Brasil não ter outros imunizantes, além da Pfizer, autorizados para esse público. “Apenas uma pergunta à Anvisa: Como o Chile tem informações para autorizar o uso da Coronavac em crianças e o Brasil não? E, segundo a imprensa internacional, com sucesso! Não precisaríamos parar a vacinação se tivéssemos com a Coronavac aprovada!”, publicou.

Os adolescentes que estavam na expectativa para poder se vacinar contra a covid-19 vão ter que controlar a ansiedade por mais tempo. O estudante Daniel Grossi, de 15 anos, ainda não foi vacinado, mesmo já estando apto. Ele foi até um dos postos na quarta-feira (15), mas não conseguiu ser imunizado por conta das grandes filas e resolveu tentar de novo nessa quinta, na faculdade Unijorge, na Paralela. Mas a frustração aconteceu mais uma vez, dessa vez por conta da suspensão.

“Eu estava ansioso, a fila não estava grande e andava rápido, mas, quando faltava uns 200 metros, um pessoal da vacinação veio avisar que estavam suspendendo a aplicação por conta de um jovem que morreu depois de ter recebido a vacina. Eu fiquei triste e bem confuso, mas acho que faz sentido cancelar se tem essa suspeita para poder investigar”, diz ele.

A estudante Alice Carneiro, de 14 anos, também bateu na trave. Ela ficou apta para se vacinar no dia 15, mas tinha planejado ir até um posto somente neste sábado. “Eu já tinha marcado com a minha mãe para ir me vacinar no sábado. O meu período era durante a tarde e ela trabalha nesse horário”, explicou. Ela diz que estava ansiosa para se vacinar e que a suspensão provocou revolta. “Fui pega de surpresa com essa notícia, fiquei revoltada porque estava muito ansiosa. Alguns colegas meus já tinham se vacinado, então eu fiquei triste que não consegui”, desabafa.

O Ministério da Saúde alegou que o risco de complicações e mortes por covid-19 nessa faixa etária é significativamente menor que em outras. Na nota, é dito que cerca de 50% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 e 70% dos óbitos por covid-19 na população de 15 a 19 anos são de indivíduos que possuem ao menos um fator de risco.

Uma outra nota informativa emitida pelo Ministério da Saúde argumenta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a vacinação de adolescentes com ou sem comorbidades, que a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela covid-19 apresentam boa evolução do quadro, que há somente um imunizante autorizado para uso nesse público no Brasil (Pfizer), que os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão definidos e que há melhora no cenário epidemiológico do país com redução da média móvel de casos e óbitos.

Vale destacar que a OMS não fez nenhuma contraindicação. Além disso, o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas da OMS (SAGE, na sigla em inglês) concluiu que a vacina Pfizer/BionTech é adequada para uso em pessoas com 12 anos ou mais.

Outro problema apontado pelo Ministério da Saúde na vacinação de adolescentes foi a ocorrência, ainda que rara, de miocardite – uma inflamação no músculo do coração – em algumas pessoas depois da imunização. Mas especialistas afirmam que não há pesquisas suficientes para relacionar a maior ocorrência da doença em adolescentes e que o problema é uma das decorrências comuns da covid-19.

Por enquanto, o ministério recomenda que o uso das vacinas da Pfizer siga a seguinte prioridade no momento: a) População gestantes, as puérperas e as lactantes, com ou sem comorbidade, independentemente da idade dos lactentes; b) População de 12 a 17 anos com deficiências permanentes; c) População de 12 a 17 anos com presença de comorbidades; d) População de 12 a 17 anos privados de liberdade. O MS informou que, desde o dia 15 de setembro, iniciou o envio de doses destinadas aos adolescentes que se encaixam nos critérios.

A vacinação de adolescentes a partir dos 12 anos foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 10 de junho. A aprovação aconteceu após a apresentação de estudos desenvolvidos pelo laboratório que indicaram a segurança e eficácia da vacina para este grupo. Os estudos foram desenvolvidos fora do Brasil e avaliados pela Anvisa. A vacina da Pfizer foi a primeira a receber o registro definitivo para vacinas covid-19 no país.

No Brasil, 21 estados e o Distrito Federal já iniciaram a vacinação de adolescentes. No mundo, Estados Unidos e diversos países da União Europeia também estão vacinando pessoas a partir dos 12 anos. No Chile, crianças a partir de 6 anos estão sendo vacinadas com a Coronavac. Além de Salvador, outras cidades como Natal, no Rio Grande do Norte, já suspenderam a vacina após recomendação do Ministério da Saúde.

Possível óbito relacionado à vacina da Pfizer
A Rede CIEVS, de Vigilância, Alerta e Resposta em Emergências em Saúde Pública, informou nesta quarta-feira (15) que recebeu do CIEVS-SP um alerta a partir da “captação de um rumor do dia 14/setembro/21, em grupos de WhatsApp”, da ocorrência de um óbito envolvendo uma adolescente de 16 anos, de São Paulo, que poderia estar relacionado à vacina da Pfizer.

A nota informa que a adolescente recebeu a primeira dose da vacina Pfizer no dia 25 de agosto, apresentando sintomas como cansaço e falta de ar no dia 26, sendo internada no dia 27 e, posteriormente, retornando para casa. A adolescente teria procurado novamente o serviço do Hospital Coração de Jesus em Santo André e sido transferida para a UTI do Hospital e Maternidade Vida's. O óbito aconteceu no dia 2 de setembro. O caso está sendo acompanhado e investigado.

A Anvisa publicou uma nota, nesta quinta, informando que "investiga suspeita de reação adversa grave com vacina da Pfizer". Na nota, a agência afirmou que a investigação é sobre a morte de uma adolescente de 16 anos após aplicação da vacina da Pfizer e que teria sido informada do caso na quarta (15). A morte, segundo à Anvisa, aconteceu no dia 2 de setembro. O órgão, no entanto, apontou que, até o momento, "não há uma relação causal definida entre este caso e a administração da vacina". "Com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina", acrescenta a nota.

A agência também ressaltou que "todas as vacinas autorizadas e distribuídas no Brasil estão sendo monitoradas continuamente pela vigilância diária das notificações de suspeitas de eventos adversos". A Anvisa ainda lembrou que aprovou a utilização da vacina da Pfizer para crianças e adolescentes entre 12 e 15 anos, em 12 de junho de 2021. "Para essa aprovação, foram apresentados estudos de fase 3, dados que demonstraram sua eficácia e segurança", apontou.

Sobre eventos cardiovasculares, a Anvisa pontuou que foram observados casos "muito raros" de miocardite e pericardite após vacinação - 16 casos para cada 1 milhão de vacinados. Com isso - e com os dados disponíveis até o momento - não existem , avalia a agência, "evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos".

O estudante Eduardo Faria, de 15 anos, se vacinou nesta quarta-feira (15), mas também quase ficou de fora, assim como muitos colegas. “Eu fui na terça, mas não consegui nem encontrar o final da fila. Aí voltei na quarta, faltei aula, cheguei bem cedo e consegui me vacinar. Foi por pouco que não fiquei de fora com essa suspensão, fico aliviado de ter conseguido”, diz.

Para ele, a suspensão não faz sentido. “O Ministério da Saúde não está querendo falar o real motivo. Acredito que não é a falta de doses porque em cada cidade é diferente. Aparentemente tem a ver com a suspeita do óbito, mas acho absurdo suspender sem investigar primeiro porque causa tumulto e preocupa quem já tomou a vacina. Mas eu estou tranquilo; se a Anvisa autorizou é porque é segura”, opina.

Falta de doses
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) enviou na segunda-feira, 13, ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pedindo que, com o atraso da AstraZeneca para a segunda dose, o Programa Nacional de Imunização (PNI) suspendesse a aplicação em adolescentes sem comorbidades enquanto os grupos prioritários não forem revacinados. O documento pedia ainda que o Ministério da Saúde priorizasse a aplicação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 em idosos acima dos 60 anos e imunossuprimidos.

A justificativa, segundo o Conass, seria por causa das "recentes dificuldades observadas em diversas unidades da federação de disponibilidade da vacina AstraZeneca para a realização da segunda dose" e a "persistência da notificação de casos graves na população já vacinada com 60 anos ou mais".

Desde a semana passada, alguns estados têm sofrido com o atraso na entrega de vacinas necessárias para a segunda dose e, nesta segunda-feira, 13, alguns lugares como Rio e São Paulo passaram a aplicar a Pfizer em quem precisava tomar uma segunda dose da AstraZeneca e estava com o esquema vacinal atrasado. A Pfizer é a vacina recomendada para aplicação de terceira dose e também é a única autorizada no país para aplicação em adolescentes.

Diante dos desdobramentos da suspensão, o Conass emitiu uma nota de esclarecimento nesta quarta-feira (15), defendendo que a vacinação de todos os adolescentes é segura e necessária, mas que a prioridade deve ser para aqueles com comorbidade, deficiência permanente e vulneráveis como os privados de liberdade e em situação de rua. “Havendo quantitativo de doses suficientes para atender a estas prioridades deve imediatamente ser iniciada a vacinação dos demais adolescentes”, diz a nota.

Vacinação em Salvador e na Bahia
Conforme estratégia divulgada pela prefeitura de Salvador, nesta quinta-feira (16) seriam inclusos na vacinação os adolescentes de 14 anos, nascidos até 16 de setembro de 2007. A vacinação acontecia das 8h às 16h nos drive-thrus da FBDC Brotas, Parque de Exposições (Paralela) e Barradão (Canabrava), além dos pontos fixos da USF Vista Alegre, USF Teotônio Vilela II (Fazenda Coutos II), USF Fernando Filgueiras (Cabula VI), USF Vale do Matatu, FBDC Brotas, Barradão (Canabrava).

A vacinação teria, inclusive, horário estendido, até às 19h, nos drive-thrus da Unijorge (Paralela) e Arena Fonte Nova (Nazaré), e nos pontos fixos do Clube dos Oficiais da Polícia Militar (Dendezeiros) e Unijorge (Paralela).

A vacinação já tinha sido iniciada na capital quando a suspensão foi informada durante a manhã. De acordo com informações da TV Bahia, em uma da unidades, no bairro dos Dendezeiros, houve um princípio de confusão, mas que foi controlado momentos depois.

Procurada, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) não informou se irá recomendar a suspensão às cidades baianas, justificando que “a operacionalização da vacinação é dos municípios”.

De acordo com dados disponibilizados pela Sesab, dos 1.227.412 casos totais de covid-19 confirmados no estado, 145.212 são de pessoas com 19 anos ou menos (11,7%). O sistema não informa os dados referentes a faixa etária específica de 18 anos ou menos. Vale ressaltar que a maior parcela dos casos (752.096) atualmente está na faixa etária entre 20 e 49 anos. Em relação aos óbitos, dos 26.689, a Bahia registrou 171 mortes por covid-19 entre pessoas com 19 anos ou menos (0,64%). A maior parcela dos óbitos acontecem na faixa etária a partir dos 50 anos (83,13%).

Procurados pelo CORREIO, o Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) não responderam até o fechamento da reportagem.

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