Quarta, 05 Outubro 2022 13:29

Conheça a cidade mais lulista da Bahia

A cidade do Brasil que mais votou em Lula para presidente no primeiro turno destas eleições tem nome de gente e está localizada no Sudoeste baiano. No município de Wanderley, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) obteve 96,61% dos votos válidos, segundo dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados pela Folha de S. Paulo.

Wanderley é uma cidade recente, criada em 1985 em razão do desmembramento do município de Cotegipe, que pertencia ao estado de Pernambuco até 1824. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade possui uma população estimada de 12.125 pessoas. Os dados são com base em informações do último Censo Demográfico, realizado em 2010.

Dentre os wanderleienses, como são chamados aqueles que nascem em Wanderley, 10.946 cidadãos estavam aptos para votar no último domingo (2), de acordo com o TSE. E, se o poder estivesse nas mãos desse eleitorado, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), não apenas não venceria estas eleições, como também seu somatório de votos ficaria bem distante do destinado a Lula. O fato é que, com 2,82% de votos na cidade durante o primeiro turno, Bolsonaro nunca chegou nem perto de vencer na cidade, mesmo nas últimas eleições.

Grande parte da população wanderleiense reside em área rural e tem a produção agrícola como principal atividade econômica. No entanto, diferente das cidades predominantemente ao Sul do país, que têm o agronegócio como pauta decisiva para votar em Bolsonaro, Wanderley tem seus motivos próprios para escolher Lula como próximo presidente.

Sociólogo, Fagner Bonfim destaca que não é possível analisar a potencialidade eleitoral de uma região como a de Wanderley sem levar em consideração o passado petista no Nordeste. “Ao longo da história socioeconômica e política, essas regiões foram fortemente marcadas por grandes contrastes econômicos e relegadas a serem apenas regiões de exploração agrícola. Esse foi um cenário que se transformou com os governos petistas”, afirma Bonfim.

O sociólogo ainda ressalta que a implantação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do campo, assim como políticas públicas voltadas à educação, possibilitaram uma melhoria de vida para jovens que só tinham expectativa para a realidade do trabalho.

O reflexo desse passado foi refletido nas urnas já em 2018, durante o primeiro turno da disputa presidencial. Dados do TSE apontam que o atual presidente recebeu 1.729 votos (23,50%) em Wanderley, contra 5.163 votos (70,16%) de Fernando Hadadd, candidato que representou o PT naquele ano.

Durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2018, a vantagem obtida pelo petista foi ainda maior. Fernando Haddad, que perdeu a disputa contra Jair Bolsonaro no Brasil, ganhou com sobra em Wanderley ao receber 7.058 votos (73,21%) contra 1.891 (26,79%) do candidato do PL.

Preferência pelo PT não se estende à prefeitura

Assim como nas eleições gerais de 2018, Fernanda Sá Teles, prefeita da cidade de Wanderley, verá candidatos que não são do seu partido ocuparem os cargos de governador da Bahia e de presidente da República. Vinculada ao Progressistas (PP), partido de alinhamento entre a centro-direita e a direita, a prefeita é prova de que o PT não é predominante na cidade em outros cargos de representação política.

Reeleita em 2020 durante as eleições municipais, Fernanda Sá Teles recebeu 5.323 votos no total (57,92%), derrotando Gilberto Reis Filhos de Jú (PSD), que ficou em segundo lugar com 3.868 votos (42,08%), segundo dados do TSE.

Nas eleições municipais de 2016, a atual prefeita de Wanderley teve uma disputa acirrada com Claudia Porto, candidata do PL, partido de Bolsonaro. Na ocasião, a prefeita recebeu 50,94% dos votos válidos, contra 49,09% de Claudia Porto.

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Em campos opostos da política desde a década de 1990, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) almoçaram juntos na semana passada.

O encontro foi promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim, que atuou tanto no governo do petista quanto no do tucano. O almoço ocorreu na casa de Jobim e durou cerca de 3 horas. A reunião foi registrada nas redes sociais de Lula.

A aproximação com o tucano faz parte da estratégia do ex-presidente de se apresentar como um pré-candidato moderado e atrair lideranças do centro político. No início do mês, ele esteve em Brasília e se reuniu com nomes como o do também ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O gesto de FHC a Lula ocorre no momento em o PSDB enfrenta uma divisão interna e planeja fazer prévias para escolher seu candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Em entrevistas ao jornal Valor Econômico na semana passada e à Rádio Eldorado nesta semana, o tucano afirmou que, num eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, votaria no petista.

"Espero que não seja necessário, mas se for, provavelmente, sim. PT é um partido importante que se organizou. Não tenho medo do PT", afirmou ao jornal. Na mesma entrevista, FHC revelou que anulou o voto na disputa presidencial de 2018, quando Fernando Haddad (PT) enfrentou Bolsonaro no segundo turno. No Twitter, Lula elogiou a entrevista e respondeu: "Eu faria o mesmo se fosse contrário".

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Segunda, 30 Novembro 2020 09:07

Segundo turno amplia derrota do PT na Bahia

Viradas no segundo turno das eleições tiraram do PT, ontem, a chance de comandar as duas maiores cidades do interior da Bahia: Feira de Santana e Vitória da Conquista. Os petistas Zé Neto, em Feira, e Zé Raimundo, em Conquista, saíram da primeira votação, no dia 15, com vantagem apertada. Mas o novo duelo foi vencido pelos opositores, respectivamente, os prefeitos Colbert Martins e Herzem Gusmão, ambos do MDB.

Na Bahia, ainda no 1º turno, o PT já tinha perdido em cinco cidades das oito que disputou nas dez maiores do estado: além de Salvador, foi derrotado em Camaçari, Juazeiro, Itabuna e Teixeira de Freitas. Só ganhou em Lauro de Freitas. Em nível nacional, pela primeira vez nas últimas três décadas, não elegeu prefeito nas capitais. Também perdeu em 11 das 15 cidades em que estava no páreo do 2º turno.

“O PT não conseguiu fazer um prefeito em Feira de Santana, e é um fenômeno que a gente observa também em Salvador. Talvez, o eleitorado do PT nos últimos anos tenha se transferido mais para pequenos centros e tenha deixado de ser um eleitorado majoritariamente urbano”, pondera Jaime Barreiro Neto, professor de Direito Eleitoral da Ufba e analista judiciário do TRE-BA.

Ele considera que a eleição foi disputada e que Colbert Martins, em Feira, não teve uma vitória fácil. O emedebista obteve 54,4% dos votos, contra 45,58% de Zé Neto. Colbert disse que encarou o 2º turno como uma nova eleição.

Ele agradeceu o apoio do prefeito de Salvador, ACM Neto. “2022 começou agora. Vimos que o PT diminuiu muito. Mas esse novo cenário mostra um força muito grande de nós que estamos na oposição. E, nesse cenário, vemos uma força muito grande do prefeito ACM Neto. Inclusive, agradeci a ele, pois ele foi muito importante e fundamental para a nossa vitória”, disse Colbert.

No Twitter, Neto parabenizou os novos prefeitos eleitos. “As vitórias de Herzem, em Conquista, e de Colbert, em Feira, são simbólicas e confirmam que novos ventos começam a soprar em nosso estado. Ventos que mostram que os baianos estão preparados para construir um futuro ainda melhor”, postou.

Análise
Para o cientista político e professor da Unilab Cláudio André, os votos dos indecisos do 1º turno foram os responsáveis por definir os pleitos ontem na Bahia.

“As duas eleições estavam indefinidas e isso gera um apelo maior para haver um comparecimento às urnas e decidir o pleito”, afirma.

Em Conquista, Herzem Gusmão pode ter sido beneficiado pela redução de votos brancos e nulos. “Com Deus no comando, vence a vontade do povo de Conquista, que nos dá a oportunidade de seguir com novas realizações para o bem de nosso povo”, disse Gusmão, que venceu com 54% dos votos.

Nessas viradas, que contrariaram prognósticos, Cláudio André ainda enxerga a influência do antipetismo e o apoio de candidatos com liderança, como ACM Neto, que participou ativamente das campanhas vencedoras, como fundamental.

Confira o desempenho do PT nas 8 prefeituras - entre os dez maiores colégios eleitorais - que disputou esse ano:

CIDADE CANDIDATO ELEITO      x          CANDIDATO DERROTADO
Salvador Bruno Reis (DEM) - 64,20%, no 1º turno Major Denice (PT) - 18,86% (2ª colocada)
Feira de Santana Colbert Martins (MDB) - 54,42%, no 2º turno Zé Neto (PT) - 45,58% (2º colocado)
Vitória da Conquista Herzem Gusmão (MDB) - 54%, no 2º turno Zé Raimundo (PT) - 46% (2º colocado)
Camaçari Elinaldo (DEM) - 53,12%, no 1º turno Ivoneide Caetano (PT) - 40,52% (2ª colocada)
Itabuna Augusto Castro (PSD) - 39,50%, no 1º turno Geraldo Simões (PT) - 5,46% (6º colocado, com recurso)
Juazeiro Suzana Ramos (PSDB) - 55,68%, no 1º turno Paulo Bonfim (PT) - 29,09% (2º colocado)
Lauro de Freitas Moema Gramacho (PT) - 50,77%, no 1º turno Teobaldo (DEM) - 34,28% (2º colocado)
Teixeira de Freitas Dr. Marcelo Belitardo (DEM) - 60,91%, no 1º turno João Bosco (PT) - 9,84% (3º colocado)

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Aliados históricos em Vitória da Conquista - cidade com o terceiro maior colégio eleitoral do estado -, PT e PCdoB podem romper a aliança para a eleição de 2016 –, quando os comunistas pretendem ter candidatura própria e lançar o deputado estadual Fabrício Falcão como candidato. “O entendimento é protagonizar uma candidatura. O PT está no comando há quase 20 anos e existe um sentimento muito grande de renovação”, afirmou o presidente do PCdoB na cidade, vereador Andreson Ribeiro, ao já encarnar o espírito oposicionista. Presidente do PT, Rudival Maturano demonstrou interesse em manter a aliança. “O PCdoB disse que vai ter uma candidatura própria e que estariam tomando um rumo próprio em 2016, é uma decisão que precisa ser oficializada. Acho que o presidente do PCdoB falou coisa demais”, alfinetou. Apesar do anúncio de rompimento, o PCdoB ocupa duas secretarias na gestão do prefeito Guilherme Menezes: a pasta de Desenvolvimento Social e Serviços Públicos. A entrega dos cargos, no entanto, ainda não tem data. “Vamos entregar os cargos, mas não definimos ainda a data. Quem vai deliberar isso é a presidência estadual do partido”, afirmou Ribeiro. Ainda de acordo com ele, o afastamento com o PT seria completo, já que nem o posto de candidato a vice-prefeito o partido está disposto a ceder para o grupo do governador Rui Costa. “A gente compreende que já demos nossa contribuição. Se o PT, por hipótese entender que quer nos apoiar, as portas estão abertas. Mas a gente vem dialogando muito com o PRB e sintonizamos muito bem com o Solidariedade”, apontou. Além da candidatura própria, outro motivo para o rompimento com a sigla dos trabalhadores seria a “idade avançada” do prefeito Guilherme Menezes.

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