Demanda reprimida faz passagem aérea ficar até 7 vezes mais cara

Demanda reprimida faz passagem aérea ficar até 7 vezes mais cara

Seja a trabalho, férias ou para prestar um concurso público, a procura por passagens aéreas só fez crescer desde o final de 2021. Além de ser alta estação, o que já torna os preços mais caros, a demanda reprimida, daqueles que não viajaram no início da pandemia, fez disparar os valores cobrados pelas companhias. Viajar de Salvador para São Paulo, por exemplo, chega a custar R$ 5.656,45, pela Azul, neste final de semana, com ida na sexta (21) e volta no dia 23. Segundo agentes de viagem, esse trecho costumava ser entre R$ 600 e R$ 700. Ou seja, ele está até sete vezes mais caro que o normal.

Já para o Rio de janeiro, pela GOL, é preciso pagar R$ 4.469,06 pela viagem. Se o destino for Fortaleza, no Ceará, o valor é de, pelo menos, R$ 1.385. Em horário mais cômodo, ele chega a R$ 4.995,59. Para quem for a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a passagem mais barata sai por R$ 2.027, mas pode chegar ao preço de uma viagem internacional: R$ 18.645 - a ida, com duas escalas, em São Paulo e Brasília, e a volta, por voo direto, pelo site 123 Milhas.

Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (Abac-BA), Maria Ângela Carvalho, a malha aérea do Brasil ainda não voltou na mesma intensidade que deveria. "Estamos numa alta temporada, com uma demanda muito alta de passageiros e uma oferta baixa de voos. Isso faz puxar o preço para cima. Foram tirados muitos voos e, a partir de novembro, alguns retornaram, mas não de acordo com a demanda”, analisa Ângela.

Ela estima que o aumento dos valores das passagens tenha sido entre 30 e 40%, o mesmo apontado pela sócia-diretora comercial da Happy Tour, Suzana Mamede, e um dos donos da Alcance Viagens, Luiz Carlos Silva César. “O preço da passagem depende muito, mas aumentou em torno de 30 a 40%. Depois da alta estação, acreditamos que eles vão se estabilizar, mas a demanda é muito alta. As pessoas estão viajando muito e a oferta de voos não condiz. É a lei de mercado, de oferta e procura”, esclarece a vice-presidente da Abav.

Câmbio influencia
Suzana Mamede, da Happy Tour, acredita que outros fatores tenham influenciado esse aumento, como a desvalorização do real em relação ao dólar e euro. “Estamos sendo impactados por todos os lados, pelo aumento de câmbio e a procura por viagens internacionais. Por isso, as companhias aéreas sobem o preço. Porém, vemos que nosso público está com muita vontade de viajar e voltar à vida normal. Isso está balanceando nosso negócio”, conta Suzana.

Ela, que guiava uma excursão de 160 pessoas em Dubai, cita o episódio em que as passagens para São Paulo mais que triplicaram. “Nosso voo saiu de São Paulo, mas tínhamos que comprar o trecho doméstico, saindo de Salvador. Os preços foram lá para cima, por conta da especulação feita pelas companhias, trazendo mais sofrimento para o consumidor”, conta. De U$ 150 a 200, em dias normais, os clientes tiveram que pagar U$ 500 pelo trecho.

Combustível é fator de aumento de preço
Em relação à política tarifária, a Azul informou, por meio de nota, que os preços praticados variam de acordo com os seguintes fatores: trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros. A empresa também ressaltou que a alta do dólar e do combustível são elementos que influenciam nos valores das passagens. Nos últimos 12 meses, a moeda americana aumentou 7%. Já a gasolina e o diesel subiram quase 80%, no mesmo período.

Já a Latam argumentou que trabalha com o sistema de precificação dinâmica, assim como todo o setor aéreo. Segundo a empresa, diversos fatores são levados em consideração, “para oferecer a cada cliente o produto mais adequado, de acordo com a demanda de cada perfil de passageiro”. Assim como a Azul, a Latam disse que os preços das passagens variam de acordo com a compra antecipada, preço do combustível, sazonalidade, origem e destino do voo.

“O preço do combustível é um indicador importante na composição do preço da passagem, sendo que 65% dos custos da empresa são dolarizados e o combustível da aviação representa em torno de 35% das despesas. Esses indicadores, quando sofrem aumento, têm impacto direto na composição de custos das passagens aéreas”, esclarece a Latam. Ela ainda cita relatório da Anac, em que aponta que a companhia teve as tarifas médias mais baixas no 2ºe 3º trimestre de 2021.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ressalta que a precificação dos bilhetes aéreos é feita pelas companhias, tendo em vista o regime de liberdade tarifária no setor, instituído pelo governo federal em 2001 e ratificado pela Lei n° 11.182/2005.

Cabe à Agência realizar o acompanhamento permanente das tarifas comercializadas – correspondentes aos bilhetes de passagem efetivamente vendidos ao público em geral – pelas empresas em todas as linhas aéreas domésticas de passageiros. Esse levantamento pode ser consultado por meio da ferramenta Consulta Interativa, disponível no site da Anac.

Voos cancelados
Pelo menos 37 voos foram cancelados, nesta segunda-feira (17), partindo ou chegando de alguma cidade da Bahia. Desses, 34 foram da Latam, para/de Salvador e Porto Seguro. Segundo a companhia, os cancelamentos vão até próximo domingo (23). Os outros três são da empresa Abaeté, com destino a Morro de São Paulo e Barra Grande. A Azul não informou a quantidade de voos cancelados. Pelo site do Salvador Aeroporto, a partir de 12h, não foi possível encontrar cancelamentos da companhia, nem da GOL, para as próximas 24h. O principal motivo é a falta de tripulantes devido aos casos de covid-19 confirmados ou em suspeita.

O geógrafo Marcel D’Alexandria, 33, já teve o voo de fevereiro, da Azul, cancelado. Ele irá ao Mato Grosso fazer uma prova para concurso público. Ele conseguiu remarcar a passagem, mas fará 16 horas de conexão e pagará um hotel para se hospedar. O advogado Léo Vitor de Abreu, 28, também foi fazer concurso, só que em Goiânia. Ele voltaria na madrugada, mas, teve que antecipar o voo e perdeu um dia de turismo na cidade. “Tinha me programado para isso”, conta.

No caso do policial militar Walter Alves Quinta Júnior, 38, o voo de volta para Goiânia foi cancelado na hora em que ele embarcava para Salvador. "A frustração já começou lá", confessa. Ele veio com a família para comemorar os 73 anos da mãe. Por estar com duas idosas e uma criança de 11 anos, ele optou por voo direto, mas, com a remarcação, só tinha uma opção, fazendo escala em Viracopos, Campinas. Antes, a volta seria na madrugada. "O que era um voo direto virou praticamente 24h. O problema maior é ficar o tempo todo no aeroporto com duas idosas e uma criança", lamenta. Por conta disso, Júnior teve que gastar mais uma diária em hotel. A companhia aérea Azul ainda não tinha fornecido o voucher.

Um dos donos da Alcance Viagens, Luiz Carlos Silva César, diz que os cancelamentos influenciaram no aumento das passagens. “Para as pessoas que tiveram os voos cancelados, a passagem não ficou mais cara, mas, para os novos passageiros, sim, porque os lugares já estão ocupados”, afirma. Ele ainda cita aumento do custo operacional, por conta dos protocolos sanitários da covid-19 e combustível como um dos fatores de encarecimento.

Como comprar passagem barata
A consultora de vendas do Grupo Salvatur Turismo, Doran Moura, dá algumas dicas para quem quer comprar passagens mais baratas. Segunda ela, é preciso evitar passagens com ida às sextas-feiras e retorno aos domingos. “O final de semana sempre é mais caro. Dê preferência a voar numa terça ou quarta. Isso evita também transtornos no aeroporto, filas e problemas de viagem”, explica.

O que mais influencia é a antecedência. “Nunca se deve adquirir passagem 10 dias antes, salvo se for extremamente urgente. O mínimo que se deve buscar fazer são 30 dias antes. Se for em período de férias, como julho, janeiro, é preciso pesquisar dois a três meses antes da data”, orienta. Ela ainda diz que as companhias permitem parcelamento de até 10 vezes, o que facilita a compra. Além disso, a preferência da consulta deve ser pelo site da própria companhia aérea ou de agências de viagem com selo de confiança da Abav.

A consultora de vendas do Grupo Salvatur Turismo, Doran Moura, que tem mais de 30 anos na área, acredita que esse aumento nos valores das passagens já vem acontecendo há algum tempo. Quem compra em cima da hora paga mais caro. “A antecedência vale mais do que a época em que você compra, porque as companhias aéreas colocam tarifas baseadas na ocupação do voo. Quanto mais perto da data, mais caro vai ficar”, afirma.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que vem monitorando as medidas operacionais adotadas pelas companhias aéreas para minimizar os impactos causados pelos atrasos e cancelamentos de voos, bem como o cumprimento da prestação de assistência aos passageiros, determinadas pela Resolução 400/2016.

Essa resolução estabelece as seguintes regras: manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados; informar imediatamente a ocorrência do atraso, do cancelamento e da interrupção do serviço; oferecer, gratuitamente, de acordo com o tempo de espera, assistência material; e oferecer reacomodação e reembolso integral, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou quando houver cancelamento.

Preços das passagens

123 Milhas
Salvador - São Paulo: R$676 a R$2.515
Salvador - Rio de Janeiro: R$950 a R$2.344
Salvador - Fortaleza: R$1.385 a R$2.019
Salvador - Porto Alegre: R$ 2.027 a R$18.645

Azul
Salvador - São Paulo: R$2.263,67 a R$ 5.656,45
Salvador - Rio de Janeiro: R$2.133,35 a R$3.882,45
Salvador - Fortaleza: R$2.424,49 a R$4.995,59
Salvador - Porto Alegre: R$ 3.658,2 a R$ 5.077,3

GOL
Salvador - São Paulo: R$ 1.281,87 a R$ 3.857
Salvador - Rio de Janeiro: R$ 1.368,2 a R$ 4.469,06
Salvador - Fortaleza: R$2.642,69 a R$ 4.472,89
Salvador - Porto Alegre: R$2.227,45 a R$ 3.738,4

Latam
Salvador - São Paulo: de R$ 2.059,41 a R$ 4.469,6
Salvador - Rio de Janeiro: de R$2.561,41 a R$ 3.688,03
Salvador - Fortaleza: de R$ 1.486,69 a R$ 2.979,79
Salvador - Porto Alegre: de R$ 2.956,4 a R$ 3.751,56

Itens relacionados (por tag)

  • Inscrições para o Prouni do 1º semestre terminam nesta sexta-feira

    Os interessados em participar do processo seletivo do primeiro semestre de 2024 do Programa Universidade para Todos (Prouni) poderão se inscrever até as 23h59 (horário de Brasília) desta sexta-feira (2).

    O Prouni oferta bolsas de estudo (integrais e parciais) em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas.

    Nesta edição do primeiro semestre, o Ministério da Educação (MEC) oferecerá 406.428 bolsas de estudo, sendo 308.977 integrais (100% do valor da mensalidade) e 97.451 parciais (50%), distribuídas em 15.482 cursos, de 1.028 instituições de educação superior privadas.

    O prazo final de inscrições foi ampliado em um dia, após anúncio do MEC na quinta-feira (1º).

    Anualmente, o Prouni tem duas edições, com oferta de bolsas no primeiro e no segundo semestres, para ingresso no ensino superior.

    Inscrições
    As inscrições para concorrer às bolsas de estudo devem ser feitas exclusivamente pela internet, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni, no ícone “Inscreva-se”. Para acessá-lo, é preciso entrar com login e senha, na conta no site Gov.br , de serviços digitais do governo federal.  As inscrições são gratuitas.

    A inscrição no processo seletivo do Prouni é condicionada ao cumprimento dos requisitos de renda, exceto para o candidato que é professor da rede pública de ensino.

    O candidato que atender a todos os requisitos exigidos para concessão da bolsa de estudo deverá preencher seus dados pessoais e o questionário socioeconômico disponibilizado.

    Em seguida, deve escolher até duas opções de cursos de graduação, na ordem de preferência, com a indicação do nome da instituição de ensino pretendida, a localidade (município e unidade federativa) e o turno.

    O MEC disponibilizou um vídeo com o passo a passo para fazer a inscrição e para esclarecer dúvidas.

    Requisitos
    Criado em 2004, o ProUni tem como público-alvo o estudante sem diploma de nível superior.

    De acordo com a legislação (Lei 1.096/2005) que determina os requisitos de renda para quem quer concorrer ao ProUni, a bolsa integral da mensalidade da universidade privada é destinada ao estudante com renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio.

    Para a bolsa parcial (50% do valor), o candidato precisa comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até três salários mínimos.

    Além disso, o candidato deverá obrigatoriamente ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 ou o Enem 2022 e alcançado, pelo menos, 450 pontos de média e nota diferente de zero na redação.

    Os treineiros — candidatos que não concluíram o ensino médio e participam do exame para se autoavaliar — não podem utilizar a nota obtida no exame para ingressar em universidades públicas ou privadas.

    Também é preciso atender a pelo menos uma das seguintes condições:  ser pessoa com deficiência (PcD); ser professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica; cursado o ensino médio integralmente em escola da rede pública ou ser egresso da rede privada de ensino, mesmo que não tenham estudado com bolsas integrais.

    Resultado
    Até o fim desta sexta-feira, último dia de inscrição, o candidato pode acompanhar a classificação parcial no site. A nota de corte do ProUni será a média do Enem do último candidato pré-selecionado para a bolsa de estudo em determinado curso.

    O processo seletivo do primeiro semestre do Prouni 2024 terá duas chamadas. A divulgação da lista da primeira chamada dos candidatos pré-selecionados está prevista para 6 de fevereiro, também no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni. O resultado da segunda chamada será conhecido em 27 de fevereiro.

    De acordo com o cronograma do Prouni 2024/1, a próxima etapa do processo será a comprovação dos dados informados pelos pré-selecionados nas instituições de ensino, no período de 6 a 20 de fevereiro.

  • Inscrições e escolha de curso para o Sisu terminam nesta quinta

    Estudantes têm até esta quinta-feira (25), às 23h59 (horário de Brasília), para fazer a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2024. Eles devem conferir a classificação no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, e escolher duas opções de curso.

    Todos os candidatos que participaram, fora da condição de treineiro, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não zeraram a prova de redação podem se inscrever no Sisu e optar por concorrer às vagas em dois cursos. Automaticamente são classificados de acordo com a média da nota do Enem, nas vagas disponibilizadas pelas universidades e os institutos federais.

    O Ministério da Educação (MEC) disponibiliza a nota de corte parcial, por escolha de curso, que é a pontuação do último classificado no total das vagas ofertadas. Essa nota e a classificação dos candidatos oscilam conforme os inscritos e as novas inscrições.

    A classificação também obedece à reserva de vagas, prevista na nova Lei de Cotas e pelas políticas de ações afirmativas das instituições de ensino, aos candidatos elegíveis que não se classificarem nas vagas de ampla concorrência.

    Até a noite de ontem, 1.156.941 pessoas já estavam inscritas, ocupando 2.196.597 classificações. Este ano, 2.208.932 estudantes estão aptos a participar do Sisu, que oferece 264.181 vagas, em 6.827 cursos de graduação, em 127 instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil.

    O resultado final do Sisu deverá ser divulgado no dia 30 de janeiro e servirá para vagas em cursos com início das aulas previsto para o primeiro e o segundo semestres deste ano. Nessa data também terá início o período de manifestação de interesse pela lista de espera, por candidatos não classificados, até o dia 7 de fevereiro. As vagas remanescentes poderão ser preenchidas ao longo de todo o ano.

  • Após 50 anos, IBGE volta a usar o termo favela no Censo

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (23) que voltará a usar o termo "favelas e comunidades urbanas brasileiras" para se referir a esses locais no Censo.

    A mudança acontece após 50 anos em que o IBGE usou as expressões "aglomerados urbanos excepcionais" e "setores especiais de aglomerados urbanos" e "aglomerados subnormais" como o termo principal para se referir a esses locais.

    A alteração decorre, entre outros fatores, da demanda dos moradores de favelas e comunidades urbanas. Segundo o IBGE, o termo favela está vinculado à reivindicação histórica por reconhecimento e identidade de movimentos populares .

    Segundo o IBGE, o complemento "comunidades urbanas" foi acrescentado pois, em muitos locais, o termo "favela" não é o mais utilizado – há, por exemplo, áreas chamadas de comunidades, quebradas, grotas, baixadas, alagados, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, loteamentos informais e vilas de malocas.

    O Brasil tem mais de 10 mil favelas e comunidades urbanas, em que vivem 16,6 milhões de pessoas (8% da população brasileira), segundo a prévia do Censo de 2022.

    “O reconhecimento das favelas pelo IBGE é um marco histórico para a população brasileira. É um reconhecimento da existência das favelas, da nossa força, da nossa potência", completa Kalyne Lima, presidente da Central Única das Favelas (CUFA Brasil).

    Como favelas foram descritas pelo IBGE no Censo

    Edição do Censo Termo para descrever território
    1950 Favelas
    1960 Favelas
    1970 Aglomerados urbanos excepcionais
    1980 Setores especiais de aglomerado urbano
    1991 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2000 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2010 Aglomerados subnormais
    Fonte: IBGE

    O que são favelas e comunidades urbanas?
    Para o IBGE, favelas e comunidades urbanas são regiões em que há

    Domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse;
    Ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos, como iluminação, água, esgoto, drenagem e coleta de lixo por parte de quem deveria fornecer esses serviços;
    Predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura geralmente feitos pela própria comunidade e seguem parâmetros diferentes dos definidos pelos órgãos públicos;
    Localização em áreas com restrição à ocupação, como áreas de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas, entre outras; ou de risco.
    De 'ocupação irregular' para 'insegurança jurídica

    As definições acima também são diferentes das que eram utilizadas anteriormente para definir favelas e comunidades urbanas.

    Por exemplo, antes, em vez de dizer que as favelas e comunidades urbanas são caracterizadas por locais em que a população não tem segurança jurídica da posse de seus imóveis, o instituto dizia que eram locais em que "ocupação irregular de terra em propriedades alheias (pública ou privada)".

    O IBGE destaca que há diversos níveis de insegurança jurídica, e que cabe ao Estado proteger contra despejos arbitrários.

    Outro que mudou é o que trata da falta de serviços públicos. Antes, o IBGE a descrevia como "precariedade de serviços públicos essenciais". Agora, a descrição descata o papel das instituições competentes na oferta desse serviços de forma adequada.

    "[Isso] Evita rotular favelas como intrinsecamente carentes, alertando para a necessidade de focar na oferta precária de serviços públicos essenciais, em vez de qualificar as comunidades como deficientes por si mesmas", diz o IBGE.
    Também foi alterada a forma de se referir aos padrões de construção do que existe nas favelas. Antes, por exemplo, dizia-se que as comunidades eram caracterizadas por calçadas de "largura irregular" por construções não regularizadas pelo poder público. Agora, fala-se na existência majoritária de imóveis, ruas e infraestrutura construídos pela própria população com parâmetros distintos dos estabelecidos pelos órgãos públicos.

    "Buscou-se evitar a estigmatização das favelas e comunidades urbanas com essa mudança (...) Essas populações desenvolveram lógicas próprias de organização espacial, que exigem reconhecimento de suas especificidades", informa o IBGE.

    A maior favela do Brasil é a Sol Nascente, que fica no Distrito Federal, segundo dados da prévia do Censo 2022. A região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios (32 mil ante 31 mil).

    Veja, abaixo, a lista das maiores favelas e comunidades urbanas do Brasil, segundo a prévia do Censo do IBGE

    Sol Nascente, Brasília: 32.081
    Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
    Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
    Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
    Heliópolis, São Paulo: 20.016
    Paraisópolis, São Paulo: 18.912
    Pernambués, Salvador: 18.662
    Coroadinhoa, São Luís: 18.331
    Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
    Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
    Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
    Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Zé Bon, Recife: 13.040
    Assentamento Sideral, Belém: 12.177
    Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
    Valéria, Salvador: 12.072
    Baixadas da Condor, Belém: 11.462
    Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
    Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
    Santa Etelvina, Manaus: 10.460
    Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
    Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036

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