Enem teve salas mais vazias e trouxe questão sobre o diagnóstico da covid-19

Enem teve salas mais vazias e trouxe questão sobre o diagnóstico da covid-19

Depois de duas horas de prova, às 15h30, os primeiros candidatos começaram a deixar os colégios onde, neste domingo (20), foram aplicadas as provas de matemática e ciências da natureza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em frente aos pontos de aplicação de prova, o movimento era tranquilo do início ao fim. Os candidatos tiveram de 13h30 a 18h30 para terminar a prova.

O estudante de Engenharia Civil Micheias Souza Andrade, 23 anos, foi um dos últimos a chegar ao Colégio Central, em Nazaré, e um dos últimos a sair de lá, com o caderno de provas em mãos. A sala estava mais vazia que no último domingo (14), quando foram aplicadas questões de ciências humanas e uma redação.

Somente 12 das 20 pessoas presentes no primeiro dia de aplicações do Enem voltaram para a segunda rodada do exame.

"A prova estava relativamente difícil", disse Miqueias, meia hora depois do fim da prova. Ele tentará, com a nota do Enem, uma vaga em Medicina em uma universidade pública.

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) divulgará os Cadernos de Questões e os gabaritos até a próxima quarta-feira (23).

Para o professor Evandro Ribeiro, do Colégio Bernoulli, a prova de Biologia estava dentro dos parâmetros esperados - e citou questões atuais, como a pandemia da covid-19.

"Assuntos cobrando coisas da Biologia bem clássica, como osmose e biotecnologia. A covid foi uma das questões abordadas, além da ecologia. Foi uma prova muito bem feita, equilibrada e que conseguiu, de alguma forma, cobrar todo o assunto de biologia", avaliou.

Sem correria, nem atrasados num dos maiores colégios de Salvador

No primeiro domingo de prova, a Bahia foi o estado com o terceiro maior número total de inscritos do Brasil, com 263.193 pessoas estavam aptas a realizar a prova, nas modalidades impressa e digital. Mas 27,6% dos inscritos não responderam a prova impressa e 49,4% não fizeram o exame online. O balanço de faltosos deste domingo ainda não foi divulgado.

Em frente ao Colégio Central, não houve correria, nem tumulto. Antes da abertura dos portões, às 12h, nem existia fila para entrar. Ninguém chegou atrasado. Já no primeiro domingo de provas, há uma semana, cinco candidatos deram de cara com o gradil fechado, às 13h, segundo funcionários da unidade.

À espera do início da prova, Clara de Castro, 20, revisava assuntos de matemática. Estudante de Direito na Universidade Federal da Bahia (Ufba), quer migrar para Medicina. No domingo passado, chegou a enfrentar fila.

"Cheguei 10h40 da manhã e já tinha movimento. A fila estava a uns 50 metros de distância, hoje está bem mais tranquilo", compartilhou.

Encostada no portão principal do Colégio Central, Priscila Senna, 28, observava o movimento, depois de chegar, às 11h30.

“Domingo passado aqui estava cheio de vendedor. Cheguei na mesma hora e estava cheio aqui. Hoje não tem nem fila”, observou Priscila Senna, 28.

Ela, que é ex-aluna do Central, também tenta uma vaga em Medicina em uma universidade pública, depois da conseguir uma bolsa integral no curso pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior (Prouni).“Estou aqui hoje para fechar um ciclo”, completou.

O único ambulante em frente ao colégio era Virgílio Bispo, 63. O vendedor, conhecido na região há 42 anos, foi um dos primeiros a chegar ao Central, acompanhado de funcionários de faculdades que aproveitavam o fluxo de estudantes para oferecê-los panfletos. Era 10h quando ele chegou e nenhum sinal de estudantes adiantados.

“Nem os vendedores que vieram domingo passado vieram. Realmente percebi sim o vazio. Eu acho que o pessoal não sabe é o que quer”, disse o senhor, cujo carrinho armazenava água, guloseimas e canetas pretas à venda.

As polícias Federal e Militar circularam pelas ruas da cidade durante a manhã e a tarde de prova. O objetivo era acompanhar se tudo ocorreria bem – e assim foi, não houve registros de anormalidades ou confusões nos locais de aplicação do Enem.

A 20 minutos do fechamento dos portões, os alunos ainda chegavam. “Achei mais vazio, mas talvez estejam mais pontuais”, disse Ingrid Borges, 22, antes de entrar na escola. Como mora perto do colégio, não teve pressa em sair de casa.

Ansiosa, Renata da Silva, 42, cogitou não ir ao Central neste domingo. Este foi o primeiro ano em que a assistente administrativa, afastada do trabalho por depressão, se inscreveu para realizar o exame.

“A fiscal disse que queria me ver aqui de novo. Mas eu pensei em desistir sim. É bem difícil. Até o barulho me atrapalha. Mas eu vim”, contou ela, movida pelo desejo de ser aprovada em um Psicologia ou Fisioterapia.

Nem todos fizeram o mesmo que Renata. “Um amigo meu desistiu porque não conseguiu concluir a prova”, disse Almende Santos da Silva, 20, estudante que, depois de um “bom” primeiro dia de Enem, apostava em uma performance ainda melhor na prova deste domingo para sacramentar a aprovação em Engenharia de Software em alguma universidade pública.

Como já conhece algumas linguagens de programação, a expectativa era positiva a 10 minutos do fechamento dos portões.

Itens relacionados (por tag)

  • Inscrições para o Prouni do 1º semestre terminam nesta sexta-feira

    Os interessados em participar do processo seletivo do primeiro semestre de 2024 do Programa Universidade para Todos (Prouni) poderão se inscrever até as 23h59 (horário de Brasília) desta sexta-feira (2).

    O Prouni oferta bolsas de estudo (integrais e parciais) em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas.

    Nesta edição do primeiro semestre, o Ministério da Educação (MEC) oferecerá 406.428 bolsas de estudo, sendo 308.977 integrais (100% do valor da mensalidade) e 97.451 parciais (50%), distribuídas em 15.482 cursos, de 1.028 instituições de educação superior privadas.

    O prazo final de inscrições foi ampliado em um dia, após anúncio do MEC na quinta-feira (1º).

    Anualmente, o Prouni tem duas edições, com oferta de bolsas no primeiro e no segundo semestres, para ingresso no ensino superior.

    Inscrições
    As inscrições para concorrer às bolsas de estudo devem ser feitas exclusivamente pela internet, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni, no ícone “Inscreva-se”. Para acessá-lo, é preciso entrar com login e senha, na conta no site Gov.br , de serviços digitais do governo federal.  As inscrições são gratuitas.

    A inscrição no processo seletivo do Prouni é condicionada ao cumprimento dos requisitos de renda, exceto para o candidato que é professor da rede pública de ensino.

    O candidato que atender a todos os requisitos exigidos para concessão da bolsa de estudo deverá preencher seus dados pessoais e o questionário socioeconômico disponibilizado.

    Em seguida, deve escolher até duas opções de cursos de graduação, na ordem de preferência, com a indicação do nome da instituição de ensino pretendida, a localidade (município e unidade federativa) e o turno.

    O MEC disponibilizou um vídeo com o passo a passo para fazer a inscrição e para esclarecer dúvidas.

    Requisitos
    Criado em 2004, o ProUni tem como público-alvo o estudante sem diploma de nível superior.

    De acordo com a legislação (Lei 1.096/2005) que determina os requisitos de renda para quem quer concorrer ao ProUni, a bolsa integral da mensalidade da universidade privada é destinada ao estudante com renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio.

    Para a bolsa parcial (50% do valor), o candidato precisa comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até três salários mínimos.

    Além disso, o candidato deverá obrigatoriamente ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 ou o Enem 2022 e alcançado, pelo menos, 450 pontos de média e nota diferente de zero na redação.

    Os treineiros — candidatos que não concluíram o ensino médio e participam do exame para se autoavaliar — não podem utilizar a nota obtida no exame para ingressar em universidades públicas ou privadas.

    Também é preciso atender a pelo menos uma das seguintes condições:  ser pessoa com deficiência (PcD); ser professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica; cursado o ensino médio integralmente em escola da rede pública ou ser egresso da rede privada de ensino, mesmo que não tenham estudado com bolsas integrais.

    Resultado
    Até o fim desta sexta-feira, último dia de inscrição, o candidato pode acompanhar a classificação parcial no site. A nota de corte do ProUni será a média do Enem do último candidato pré-selecionado para a bolsa de estudo em determinado curso.

    O processo seletivo do primeiro semestre do Prouni 2024 terá duas chamadas. A divulgação da lista da primeira chamada dos candidatos pré-selecionados está prevista para 6 de fevereiro, também no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni. O resultado da segunda chamada será conhecido em 27 de fevereiro.

    De acordo com o cronograma do Prouni 2024/1, a próxima etapa do processo será a comprovação dos dados informados pelos pré-selecionados nas instituições de ensino, no período de 6 a 20 de fevereiro.

  • Inscrições e escolha de curso para o Sisu terminam nesta quinta

    Estudantes têm até esta quinta-feira (25), às 23h59 (horário de Brasília), para fazer a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2024. Eles devem conferir a classificação no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, e escolher duas opções de curso.

    Todos os candidatos que participaram, fora da condição de treineiro, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não zeraram a prova de redação podem se inscrever no Sisu e optar por concorrer às vagas em dois cursos. Automaticamente são classificados de acordo com a média da nota do Enem, nas vagas disponibilizadas pelas universidades e os institutos federais.

    O Ministério da Educação (MEC) disponibiliza a nota de corte parcial, por escolha de curso, que é a pontuação do último classificado no total das vagas ofertadas. Essa nota e a classificação dos candidatos oscilam conforme os inscritos e as novas inscrições.

    A classificação também obedece à reserva de vagas, prevista na nova Lei de Cotas e pelas políticas de ações afirmativas das instituições de ensino, aos candidatos elegíveis que não se classificarem nas vagas de ampla concorrência.

    Até a noite de ontem, 1.156.941 pessoas já estavam inscritas, ocupando 2.196.597 classificações. Este ano, 2.208.932 estudantes estão aptos a participar do Sisu, que oferece 264.181 vagas, em 6.827 cursos de graduação, em 127 instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil.

    O resultado final do Sisu deverá ser divulgado no dia 30 de janeiro e servirá para vagas em cursos com início das aulas previsto para o primeiro e o segundo semestres deste ano. Nessa data também terá início o período de manifestação de interesse pela lista de espera, por candidatos não classificados, até o dia 7 de fevereiro. As vagas remanescentes poderão ser preenchidas ao longo de todo o ano.

  • Após 50 anos, IBGE volta a usar o termo favela no Censo

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (23) que voltará a usar o termo "favelas e comunidades urbanas brasileiras" para se referir a esses locais no Censo.

    A mudança acontece após 50 anos em que o IBGE usou as expressões "aglomerados urbanos excepcionais" e "setores especiais de aglomerados urbanos" e "aglomerados subnormais" como o termo principal para se referir a esses locais.

    A alteração decorre, entre outros fatores, da demanda dos moradores de favelas e comunidades urbanas. Segundo o IBGE, o termo favela está vinculado à reivindicação histórica por reconhecimento e identidade de movimentos populares .

    Segundo o IBGE, o complemento "comunidades urbanas" foi acrescentado pois, em muitos locais, o termo "favela" não é o mais utilizado – há, por exemplo, áreas chamadas de comunidades, quebradas, grotas, baixadas, alagados, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, loteamentos informais e vilas de malocas.

    O Brasil tem mais de 10 mil favelas e comunidades urbanas, em que vivem 16,6 milhões de pessoas (8% da população brasileira), segundo a prévia do Censo de 2022.

    “O reconhecimento das favelas pelo IBGE é um marco histórico para a população brasileira. É um reconhecimento da existência das favelas, da nossa força, da nossa potência", completa Kalyne Lima, presidente da Central Única das Favelas (CUFA Brasil).

    Como favelas foram descritas pelo IBGE no Censo

    Edição do Censo Termo para descrever território
    1950 Favelas
    1960 Favelas
    1970 Aglomerados urbanos excepcionais
    1980 Setores especiais de aglomerado urbano
    1991 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2000 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2010 Aglomerados subnormais
    Fonte: IBGE

    O que são favelas e comunidades urbanas?
    Para o IBGE, favelas e comunidades urbanas são regiões em que há

    Domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse;
    Ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos, como iluminação, água, esgoto, drenagem e coleta de lixo por parte de quem deveria fornecer esses serviços;
    Predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura geralmente feitos pela própria comunidade e seguem parâmetros diferentes dos definidos pelos órgãos públicos;
    Localização em áreas com restrição à ocupação, como áreas de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas, entre outras; ou de risco.
    De 'ocupação irregular' para 'insegurança jurídica

    As definições acima também são diferentes das que eram utilizadas anteriormente para definir favelas e comunidades urbanas.

    Por exemplo, antes, em vez de dizer que as favelas e comunidades urbanas são caracterizadas por locais em que a população não tem segurança jurídica da posse de seus imóveis, o instituto dizia que eram locais em que "ocupação irregular de terra em propriedades alheias (pública ou privada)".

    O IBGE destaca que há diversos níveis de insegurança jurídica, e que cabe ao Estado proteger contra despejos arbitrários.

    Outro que mudou é o que trata da falta de serviços públicos. Antes, o IBGE a descrevia como "precariedade de serviços públicos essenciais". Agora, a descrição descata o papel das instituições competentes na oferta desse serviços de forma adequada.

    "[Isso] Evita rotular favelas como intrinsecamente carentes, alertando para a necessidade de focar na oferta precária de serviços públicos essenciais, em vez de qualificar as comunidades como deficientes por si mesmas", diz o IBGE.
    Também foi alterada a forma de se referir aos padrões de construção do que existe nas favelas. Antes, por exemplo, dizia-se que as comunidades eram caracterizadas por calçadas de "largura irregular" por construções não regularizadas pelo poder público. Agora, fala-se na existência majoritária de imóveis, ruas e infraestrutura construídos pela própria população com parâmetros distintos dos estabelecidos pelos órgãos públicos.

    "Buscou-se evitar a estigmatização das favelas e comunidades urbanas com essa mudança (...) Essas populações desenvolveram lógicas próprias de organização espacial, que exigem reconhecimento de suas especificidades", informa o IBGE.

    A maior favela do Brasil é a Sol Nascente, que fica no Distrito Federal, segundo dados da prévia do Censo 2022. A região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios (32 mil ante 31 mil).

    Veja, abaixo, a lista das maiores favelas e comunidades urbanas do Brasil, segundo a prévia do Censo do IBGE

    Sol Nascente, Brasília: 32.081
    Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
    Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
    Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
    Heliópolis, São Paulo: 20.016
    Paraisópolis, São Paulo: 18.912
    Pernambués, Salvador: 18.662
    Coroadinhoa, São Luís: 18.331
    Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
    Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
    Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
    Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Zé Bon, Recife: 13.040
    Assentamento Sideral, Belém: 12.177
    Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
    Valéria, Salvador: 12.072
    Baixadas da Condor, Belém: 11.462
    Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
    Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
    Santa Etelvina, Manaus: 10.460
    Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
    Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036

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