Você sabe a diferença entre peru, chester e frango? Confira

Você sabe a diferença entre peru, chester e frango? Confira

Quem for passar o Natal na casa do professor Romário Oliveira, 27 anos, em Feira de Santana, vai levar um susto. A família resolveu romper totalmente com a tradição natalina e terá um lindo peixe no centro da mesa. O motivo dessa quase heresia são os preços das aves. Peru está fora de cogitação, e o frango já faz parte da dieta de todos os dias.

“Já tem alguns anos que o Natal lá em casa é peixe. Primeiro, pelo preço, que é mais em conta. Segundo, pelo gosto. A gente chegou a comprar frango por um tempo e rechear, mas mudamos para o peixe nos últimos anos e achamos melhor, dá para fazer muitas receitas. A gente também faz muitos pratos de forno”, explicou.

Mas nem sempre foi assim, quando passava os natais na roça, no município de Baixa Grande, no Centro-Norte do estado, onde mora outra parte da família e onde aves como perus e frangos são criados no quintal, a festa seguia a tradição direitinho. “Depois que passamos a celebrar o Natal em Feira foi que mudamos para peixe”, contou o professor. O problema é geral. Entre 2012 e 2021, a produção brasileira de carne de peru registrou uma queda de quase 65%.

Ao contrário dos Oliveira, outras famílias não vão instalar uma Semana Santa em pleno dezembro, mas já decretaram que o peru não terá lugar no centro da mesa. É que o preço da ave não está para qualquer bico. O quilo do alimento mais tradicional da festa está custando quatro vezes mais que o frango.

Uma pesquisa realizada pela reportagem em uma plataforma de compras online aponta que o peru de 4 kg custa entre R$ 113,96 e R$ 160,56 em Salvador. O preço varia conforme as características de cada produto. Se for temperado, por exemplo, encarece. Já o frango inteiro congelado, custa entre R$ 33,04 e R$ 48,10.

Outra opção é o chester, afinal são todas aves, mas há quem diga que elas não são iguais. E qual é a diferença? “É que um faz ‘gluglu’ e o outro ‘cocoricó’, né não?’, brincou o agricultor Márcio Lima, 47 anos. A família mora na cidade de Cachoeira, no Recôncavo, e está indecisa entre o frango e o chester. A única certeza é de que definitivamente não terá peru na ceia.

“É muita gente. Além das pessoas que moram aqui, tem os parentes que vem de fora. Todo ano a gente prepara duas ou três aves, além do churrasco que tem no dia seguinte. Então, comprar três perus fica salgado. Está quase certo que será frango. Bem temperado e recheado, ele fica ótimo e ainda tem os acompanhamentos”, conta.

O preço do chester também pode assustar aqueles que deixam para fazer as compras de última hora. Um levantamento realizado pelo CORREIO revelou que o produto teve aumento de 63%. Se podia ser encontrado por R$ 85, em 2021, agora custa, em média, R$ 129,99. A unidade de 4kg chega a ser vendida por R$ 160,56 em supermercados da capital, mas é possível encontrar o produto por R$ 101,27.

Diferenças
A chef do Restaurante Ramma Cozinha Natural, na Barra, Flávia Nolêto, explica que o peru é uma ave mais musculosa que o chester e o frango, com carne mais seca, rígida e de sabor acentuado. O animal leva mais tempo para ser abatido, é maior e exige um período mais longo de preparo.

“O chester é basicamente um frango maior que o convencional, porque foi modificado através de cruzamento. Esse nome é uma marca registrada, assim como outras marcas usam o nome ‘frango especial’ ou ‘frango de natal’. A alimentação dele é diferente do frango comum, a base de soja e milho, e o tempo de abate é maior”, diz.

Enquanto um frango comum leva em média 35 dias para ser abatido, o chester ou frango especial precisa de 50 dias para alcançar o peso adequado. Além disso, ele concentra 70% da carne na coxa e no peito, o que torna a refeição mais suculenta, diferente da ave comum que tem apenas 45% de proteína nessas partes.

“Não existe diferença do ponto de vista nutricional para o consumidor, a escolha da ave é mais influenciada pelo sabor. O que temos percebido nos últimos anos é que o frango orgânico tem ganhado mais espaço nos mercados. Há dois anos, era mais difícil encontrar nos mercados, hoje, está muito mais fácil”, conta a chef.

O frango orgânico é considerado mais saudável que o tradicional, porque tem uma alimentação livre de agrotóxicos, medicamentos e outros produtos químicos. Em Ondina, na casa do estudante Emanoel Santos, 30, há anos o principal produto da ceia não muda. Quando a família morava em Itapetinga, no Centro-Sul do estado, o peru tinha preferência, mas depois que migraram para a capital e viram o preço da ave em Salvador, trocaram de proteína.

“Aqui em casa sempre foi chester. Por questão de gosto e também de valor. Desde que mudamos para Salvador optamos por ele também por questões de logística, é mais rápido e mais fácil de preparar que o peru, mas independentemente da carne o importante é celebrar e reunir a família”, revela. A dúvida, agora, é se teremos uva passa no arroz e maçã na maionese esse ano.

Religião
Apesar de ter um lugar especial na ceia, o peru não tem relação com a tradição religiosa. O pároco da igreja de São Paulo Apóstolo, no IAPI, Ricardo Henrique Santana, explica que essa é uma tradição comercial que surgiu nos EUA e foi incorporada pelos brasileiros, mas que a ave no centro da mesa não tem significado para os cristãos.

“A alimentação é importante para o cristianismo, não há celebração sem alimento, mas a Igreja não oferece cardápio. A Ceia de Natal é feita conforme as condições de cada pessoa e o peru é uma tradição comercial. O importante é celebrar a alegria pelo nascimento de Jesus Cristo e a fraternidade com familiares e amigos”, explica.

Ele frisa que a ceia ocupa um lugar especial ao lado do presépio como os maiores símbolos da festa. As quatro velas, a estrela sobre a árvore, o anjo e os sinos pendurados também têm relação com a celebração. Já o panetone passa batido.

“É um alimento que simboliza o pão, mas que também é produto de uma tradição comercial. A Igreja apresenta o nascimento de Cristo e os símbolos dessa data, narrada nos evangelhos de Lucas e de Mateus, enquanto a sociedade vai criando suas tradições comerciais de acordo com cada cultura. É um diálogo possível”, afirma.

Itens relacionados (por tag)

  • Inscrições para o Prouni do 1º semestre terminam nesta sexta-feira

    Os interessados em participar do processo seletivo do primeiro semestre de 2024 do Programa Universidade para Todos (Prouni) poderão se inscrever até as 23h59 (horário de Brasília) desta sexta-feira (2).

    O Prouni oferta bolsas de estudo (integrais e parciais) em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas.

    Nesta edição do primeiro semestre, o Ministério da Educação (MEC) oferecerá 406.428 bolsas de estudo, sendo 308.977 integrais (100% do valor da mensalidade) e 97.451 parciais (50%), distribuídas em 15.482 cursos, de 1.028 instituições de educação superior privadas.

    O prazo final de inscrições foi ampliado em um dia, após anúncio do MEC na quinta-feira (1º).

    Anualmente, o Prouni tem duas edições, com oferta de bolsas no primeiro e no segundo semestres, para ingresso no ensino superior.

    Inscrições
    As inscrições para concorrer às bolsas de estudo devem ser feitas exclusivamente pela internet, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni, no ícone “Inscreva-se”. Para acessá-lo, é preciso entrar com login e senha, na conta no site Gov.br , de serviços digitais do governo federal.  As inscrições são gratuitas.

    A inscrição no processo seletivo do Prouni é condicionada ao cumprimento dos requisitos de renda, exceto para o candidato que é professor da rede pública de ensino.

    O candidato que atender a todos os requisitos exigidos para concessão da bolsa de estudo deverá preencher seus dados pessoais e o questionário socioeconômico disponibilizado.

    Em seguida, deve escolher até duas opções de cursos de graduação, na ordem de preferência, com a indicação do nome da instituição de ensino pretendida, a localidade (município e unidade federativa) e o turno.

    O MEC disponibilizou um vídeo com o passo a passo para fazer a inscrição e para esclarecer dúvidas.

    Requisitos
    Criado em 2004, o ProUni tem como público-alvo o estudante sem diploma de nível superior.

    De acordo com a legislação (Lei 1.096/2005) que determina os requisitos de renda para quem quer concorrer ao ProUni, a bolsa integral da mensalidade da universidade privada é destinada ao estudante com renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio.

    Para a bolsa parcial (50% do valor), o candidato precisa comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até três salários mínimos.

    Além disso, o candidato deverá obrigatoriamente ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 ou o Enem 2022 e alcançado, pelo menos, 450 pontos de média e nota diferente de zero na redação.

    Os treineiros — candidatos que não concluíram o ensino médio e participam do exame para se autoavaliar — não podem utilizar a nota obtida no exame para ingressar em universidades públicas ou privadas.

    Também é preciso atender a pelo menos uma das seguintes condições:  ser pessoa com deficiência (PcD); ser professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica; cursado o ensino médio integralmente em escola da rede pública ou ser egresso da rede privada de ensino, mesmo que não tenham estudado com bolsas integrais.

    Resultado
    Até o fim desta sexta-feira, último dia de inscrição, o candidato pode acompanhar a classificação parcial no site. A nota de corte do ProUni será a média do Enem do último candidato pré-selecionado para a bolsa de estudo em determinado curso.

    O processo seletivo do primeiro semestre do Prouni 2024 terá duas chamadas. A divulgação da lista da primeira chamada dos candidatos pré-selecionados está prevista para 6 de fevereiro, também no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior do ProUni. O resultado da segunda chamada será conhecido em 27 de fevereiro.

    De acordo com o cronograma do Prouni 2024/1, a próxima etapa do processo será a comprovação dos dados informados pelos pré-selecionados nas instituições de ensino, no período de 6 a 20 de fevereiro.

  • Inscrições e escolha de curso para o Sisu terminam nesta quinta

    Estudantes têm até esta quinta-feira (25), às 23h59 (horário de Brasília), para fazer a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2024. Eles devem conferir a classificação no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, e escolher duas opções de curso.

    Todos os candidatos que participaram, fora da condição de treineiro, do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não zeraram a prova de redação podem se inscrever no Sisu e optar por concorrer às vagas em dois cursos. Automaticamente são classificados de acordo com a média da nota do Enem, nas vagas disponibilizadas pelas universidades e os institutos federais.

    O Ministério da Educação (MEC) disponibiliza a nota de corte parcial, por escolha de curso, que é a pontuação do último classificado no total das vagas ofertadas. Essa nota e a classificação dos candidatos oscilam conforme os inscritos e as novas inscrições.

    A classificação também obedece à reserva de vagas, prevista na nova Lei de Cotas e pelas políticas de ações afirmativas das instituições de ensino, aos candidatos elegíveis que não se classificarem nas vagas de ampla concorrência.

    Até a noite de ontem, 1.156.941 pessoas já estavam inscritas, ocupando 2.196.597 classificações. Este ano, 2.208.932 estudantes estão aptos a participar do Sisu, que oferece 264.181 vagas, em 6.827 cursos de graduação, em 127 instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil.

    O resultado final do Sisu deverá ser divulgado no dia 30 de janeiro e servirá para vagas em cursos com início das aulas previsto para o primeiro e o segundo semestres deste ano. Nessa data também terá início o período de manifestação de interesse pela lista de espera, por candidatos não classificados, até o dia 7 de fevereiro. As vagas remanescentes poderão ser preenchidas ao longo de todo o ano.

  • Após 50 anos, IBGE volta a usar o termo favela no Censo

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta terça-feira (23) que voltará a usar o termo "favelas e comunidades urbanas brasileiras" para se referir a esses locais no Censo.

    A mudança acontece após 50 anos em que o IBGE usou as expressões "aglomerados urbanos excepcionais" e "setores especiais de aglomerados urbanos" e "aglomerados subnormais" como o termo principal para se referir a esses locais.

    A alteração decorre, entre outros fatores, da demanda dos moradores de favelas e comunidades urbanas. Segundo o IBGE, o termo favela está vinculado à reivindicação histórica por reconhecimento e identidade de movimentos populares .

    Segundo o IBGE, o complemento "comunidades urbanas" foi acrescentado pois, em muitos locais, o termo "favela" não é o mais utilizado – há, por exemplo, áreas chamadas de comunidades, quebradas, grotas, baixadas, alagados, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, loteamentos informais e vilas de malocas.

    O Brasil tem mais de 10 mil favelas e comunidades urbanas, em que vivem 16,6 milhões de pessoas (8% da população brasileira), segundo a prévia do Censo de 2022.

    “O reconhecimento das favelas pelo IBGE é um marco histórico para a população brasileira. É um reconhecimento da existência das favelas, da nossa força, da nossa potência", completa Kalyne Lima, presidente da Central Única das Favelas (CUFA Brasil).

    Como favelas foram descritas pelo IBGE no Censo

    Edição do Censo Termo para descrever território
    1950 Favelas
    1960 Favelas
    1970 Aglomerados urbanos excepcionais
    1980 Setores especiais de aglomerado urbano
    1991 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2000 Aglomerados subnormais (favelas e similares)
    2010 Aglomerados subnormais
    Fonte: IBGE

    O que são favelas e comunidades urbanas?
    Para o IBGE, favelas e comunidades urbanas são regiões em que há

    Domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse;
    Ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos, como iluminação, água, esgoto, drenagem e coleta de lixo por parte de quem deveria fornecer esses serviços;
    Predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura geralmente feitos pela própria comunidade e seguem parâmetros diferentes dos definidos pelos órgãos públicos;
    Localização em áreas com restrição à ocupação, como áreas de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas, entre outras; ou de risco.
    De 'ocupação irregular' para 'insegurança jurídica

    As definições acima também são diferentes das que eram utilizadas anteriormente para definir favelas e comunidades urbanas.

    Por exemplo, antes, em vez de dizer que as favelas e comunidades urbanas são caracterizadas por locais em que a população não tem segurança jurídica da posse de seus imóveis, o instituto dizia que eram locais em que "ocupação irregular de terra em propriedades alheias (pública ou privada)".

    O IBGE destaca que há diversos níveis de insegurança jurídica, e que cabe ao Estado proteger contra despejos arbitrários.

    Outro que mudou é o que trata da falta de serviços públicos. Antes, o IBGE a descrevia como "precariedade de serviços públicos essenciais". Agora, a descrição descata o papel das instituições competentes na oferta desse serviços de forma adequada.

    "[Isso] Evita rotular favelas como intrinsecamente carentes, alertando para a necessidade de focar na oferta precária de serviços públicos essenciais, em vez de qualificar as comunidades como deficientes por si mesmas", diz o IBGE.
    Também foi alterada a forma de se referir aos padrões de construção do que existe nas favelas. Antes, por exemplo, dizia-se que as comunidades eram caracterizadas por calçadas de "largura irregular" por construções não regularizadas pelo poder público. Agora, fala-se na existência majoritária de imóveis, ruas e infraestrutura construídos pela própria população com parâmetros distintos dos estabelecidos pelos órgãos públicos.

    "Buscou-se evitar a estigmatização das favelas e comunidades urbanas com essa mudança (...) Essas populações desenvolveram lógicas próprias de organização espacial, que exigem reconhecimento de suas especificidades", informa o IBGE.

    A maior favela do Brasil é a Sol Nascente, que fica no Distrito Federal, segundo dados da prévia do Censo 2022. A região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios (32 mil ante 31 mil).

    Veja, abaixo, a lista das maiores favelas e comunidades urbanas do Brasil, segundo a prévia do Censo do IBGE

    Sol Nascente, Brasília: 32.081
    Rocinha, Rio de Janeiro: 30.955
    Rio das Pedras, Rio de Janeiro: 27.573
    Beiru, Tancredo Neves: Salvador: 20.210
    Heliópolis, São Paulo: 20.016
    Paraisópolis, São Paulo: 18.912
    Pernambués, Salvador: 18.662
    Coroadinhoa, São Luís: 18.331
    Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, Manaus: 17.721
    Comunidade São Lucas, Manaus: 17.666
    Baixada da Estrada Nova Jurunas, Belém: 15.601
    Alto Santa Teresina - Morro de Hemeterio - Skylab-Alto Zé Bon, Recife: 13.040
    Assentamento Sideral, Belém: 12.177
    Jacarezinho, Rio de Janeiro: 12.136
    Valéria, Salvador: 12.072
    Baixadas da Condor, Belém: 11.462
    Bacia do Una-Pereira, Belém: 11.453
    Zumbi dos Palmares/Nova Luz, Manaus: 11.326
    Santa Etelvina, Manaus: 10.460
    Cidade Olímpica, São Luís: 10.378
    Colônia Terra Nova, Manaus: 10.036

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