Viúvo de Paulinha Abelha diz que cantora tomava remédios para emagrecer

Viúvo de Paulinha Abelha diz que cantora tomava remédios para emagrecer

O problema renal que levou a cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, a falecer na última quarta-feira (23), aos 43 anos, ainda é um mistério para os médicos. Entre as hipóteses investigadas pelos médicos está a intoxicação pelo uso de remédios e uma possível doença autoimune. No domingo (27), em entrevista ao Fantástico, o viúvo da artista, Clevinho Santos confirmou que ela fazia uso de medicamentos para emagrecer.

Ele ressaltou, entretanto, que Paulinha não utilizava anabolizantes, mas remédios diuréticos. “Alguns medicamentos de emagrecer às vezes, ela tomava medicamento e treinava, mas nunca tomou nenhum tipo de anabolizante. Os medicamentos que ela sempre tomou foram esses, mais diuréticos. Quase toda semana ela estava tomando, quando tinha show que ela queria ‘dar uma secada’, também esses chás de emagrecer”, contou Clevinho.

A vocalista da banda morreu em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico, e a equipe médica da cantora segue a busca por um diagnóstico. "Os médicos fizeram todos os exames, eu quero saber o real motivo, o porque tudo isso aconteceu de uma maneira tão rápida”, afirmou.

Casados há quatro anos, Clevinho ainda lamentou não ter realizado o maior desejo do casal, que era ter filhos. “Nosso, maior sonho era ter um filho juntos”.

“Muito difícil chegar, ver fotos dela, ver as coisas dela e não ver a presença dela aqui. Eu estou passando por um momento na minha vida que eu nunca imaginei passar.”

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  • Causa da morte de Paulinha Abelha, do Calcinha Preta, é revelada por laudo médico

    Após a morte de Paulinha Abelha, ex-vocalista da banda Calcinha Preta, muito se especulou que a causa teria sido o uso de remédios para emagrecer. No entanto, de acordo com laudo feito pelo médico perito Nelson Bruni Cabral, o falecimento da cantora foi provocado por outro motivo.

    O documento, que foi divulgado pelo colunista Leo Dias, aponta que o médico analisou que “as lesões renais apresentadas pela paciente não possuem relação com uso de medicamentos” que Paulinha usava. A causa da morte foi um “processo infeccioso no Sistema Nervoso Central”.

    Leia o parecer:
    "O presente parecer médico teve como objetivo apurar qual a patologia que motivou a internação e culminou com o evento morte da paciente Paula de Menezes Nascimento Leca Viana.

    De acordo com a documentação analisada, as lesões renais apresentadas pela paciente não possuem relação com uso de medicamentos.

    Exames realizados (Liquor) evidenciam uma infecção em Sistema Nervoso Central, com a celularidade demonstrando a hipótese diagnóstica de uma Meningite.

    Não foi evidenciado a presença de conduta médica inadequada durante sua internação Hospitalar (Hospitais UNIMED ou Primavera). O tratamento instituído pelos citados Hospitais seguiu o protocolo específico e bibliografia médica atual, porém, houve uma rápida evolução para o óbito.
    Os medicamentos prescritos pela Clínica Cavallaro e durante a internação Hospitalar (Hospitais UNIMED e Primavera), não causaram lesões e/ou intoxicação na paciente, ou seja, não existe nexo causal entre os medicamentos prescritos e o evento óbito.

    Não há elementos para concluir que uma intoxicação alimentar desencadeou a patologia da paciente, porém, intoxicações alimentares podem causar lesões renal, hepática e cerebral, culminando em alguns casos com o óbito do paciente dependendo da gravidade da doença e a virulência do agente patológico.

    Não há elementos para estabelecer se a procura antecipada por atendimento médico neste caso poderia conter a evolução da doença. Contudo a procura rápida por atendimento médico é na maioria dos casos o ideal para obter sucesso em um tratamento médico, porém, a evolução da patologia apresentada pela paciente foi rápida e incontrolável evoluindo ao óbito.

    O óbito da paciente ocorreu devido a um processo infeccioso no Sistema Nervoso Central, conforme consta na Certidão de Óbito, e não decorrente de Intoxicação Exógena medicamentosa."

  • Pai de Paulinha Abelha não foi informado sobre morte da cantora, diz empresário

    O pai da cantora Paulinha Abelha, Gilson Nascimento, de 66 anos, ainda não sabe da morte da artista, segundo o empresário da Calcinha, Diassis Marques. Conhecido como Abelha, ele tem uma doença degenerativa e vive na casa que era da cantora, em Aracaju, onde tem tratamento por home care. A preocupação com o cuidado do pai era constante na vida de Paulinha, segundo o empresário. A cantora morreu aos 43 anos, em 23 de fevereiro, após 13 dias internada com quadro de insuficiência renal.

    "Acredito que a família não vai falar para ele. Acho que ele não resistiria. Acredito que ele já está sentindo porque ela não passava tantos dias sem vê-lo. A irmã de Paulinha falou ao pai que ela estava no hospital, e ele ficou agitado e teve febre. Então os médicos e o Clevinho (viúvo da cantora) decidiram não falar", explicou ele, em entrevista à revista Quem.

    Ele conta que Paulinha, mesmo na estrada com a banda, sempre estava preocupada com o pai. "O pai dela mora na casa dela, ela que cuidava dele. Ela se preocupava muito com a família. Teve um pastor que até falou que Paulinha queria tanto ser mãe, mas não tinha percebido que era a mãe do próprio pai. Nas viagens, ela ficava ligando toda hora para a cuidadora para saber como o pai estava", acrescenta.

    Exames
    A causa da morte de Paulinha ainda é investigada. Exames feitos enquanto ela ainda estava internada são aguardados para tentar ajudar a elucidar o caso. "Tem alguns exames que foram feitos quando Paulinha ainda estava internada e são saíram os resultados. Pode ser que, através deles, os médicos consigam chegar a uma conclusão sobre o que provocou o agravamento do quadro dela. Até o momento, não se sabe o que causou tudo. Ela deu entrada no hospital com sintomas de mal-estar, por conta de algo que comeu e que teria caído mal. Mas no hospital foi detectada a insuficiência renal, que provocou os problemas hepático e neurológico. Temos esperança de que os resultados dos exames possam mostrar o que realmente aconteceu para que fiquemos mais tranquilos", diz Diassis.

    O empresário diz que Paulinha estava um pouco irritada nos dias que antecederam a internação, o que não era normal para ela. "Em São Paulo, na quinta, ela me chamou e disse que estava cansada porque a banda ainda não tinha entrado no palco, e ela não era de fazer aquilo. Ela nunca reclamava de nada: de hotel, de viagem, nada! Nesses quatro anos que estou com a banda, ela nunca reclamou de nada. Pelo contrário! Ela brincava com as situações adversas", lembra.

    A cantora chegou a pedir para remarcar o voo de volta para Aracaju. "Só depois de se sentir mal que ela começou a falar que estava fraca. Disse que estava sem forças para viajar. Me pediu para remarcar o voo, porque estava cansada. Ela embarcou às 9 horas da noite em Congonhas, mandou um áudio para uma pessoa da nossa equipe dizendo que estava fraca e tonta, mas que já estava melhorando. Ela chegou em Aracaju na madrugada, dormiu e, quando acordou, comeu alguma coisinha no café e foi para o hospital dizendo que estava fraca e tonta. Falei com ela na quinta à noite, quando ela estava embarcando. E ela disse que já estava melhor e ia ao médico. Ela era sempre muito otimista e tinha muita fé em Deus", acrescenta.

    Segundo ele, Paulinha não era obcecada por magreza e comia normalmente. Sua alimentação tinha acompanhamento especializado. "Ela tinha acompanhamento com nutróloga, era assistida por médicos, e não se queixava de nada. Ela fez tratamento para engravidar. Em agosto chegou a ficar grávida, mas perdeu. Ela se cuidava como qualquer mulher. Mas não se privava de nada. Gostava de comer, dizia que ia estourar. Falava assim: 'vou comer e amanhã malho'. Mas ela não era obcecada. Em 2020, quando fomos gravar o DVD, ela falou: 'vou me cuidar para chegar no DVD em forma'. No dia a dia ela tinha uma alimentação normal", pontua.

    A morte da cantora abalou muito os outros integrantes da Calcinha Preta, Bell Oliver, Silvânia Aquino e Daniel Diau, mas eles devem voltar aos palcos no próximo dia 11, com show em Mata Roma (MA). Uma homenagem a Paulinha será incluída na apresentação. "Já mudamos a marca da banda, inserindo a abelhinha. E estamos plotando o ônibus da banda em homenagem a ela. Também vamos lançar o DVD que ela tinha gravado em Belém ainda este mês", explica o empresário.

  • Especialistas explicam o que pode ter causado a morte de Paulinha Abelha

    A morte precoce da cantora Paulinha Abelha (1978-2022), integrante do grupo Calcinha Preta, acendeu um alerta para consequências de intoxicação no organismo causada pelo uso de medicamentos. A equipe médica que a acompanhava afirmou que o uso de remédios pode ter sido a causa da insuficiência renal que acabou evoluindo para o coma. O CORREIO ouviu especialistas para entender uma questão que muitas pessoas não costumam levar em conta: quando medicamentos podem ser tóxicos?

    Somente em Salvador, entre 2020 e 2022, 1.194 pessoas foram internadas devido a intoxicações por substâncias diversas. Dessas, 230 vieram a óbito, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Entre os internados na capital, 83% eram homens e o restante mulheres. A condição também acometeu menores de idade: 84 deles, entre 0 e 17 anos, foram internados nesses dois anos.

    No ano passado, 288 pessoas chegaram a ser internadas devido a autointoxicação de medicamentos e outras substâncias na Bahia, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). O número é maior do que o de 2020 (242), mas menor do que o de 2019 (344). Em 2021, 20% dos internados eram jovens de 20 a 29 anos. O principal motivo das internações (35,8%) foi a exposição intencional a drogas, medicamentos e substâncias biológicas e não específicadas.

    A nefrologista Ana Paula Moura, diretora científica da Sociedade Brasileira de Nefrologia na Bahia, explica que o efeito tóxico de substâncias no sangue ou em órgãos costuma ser silencioso e, às vezes, irreversível. “Normalmente a pessoa fica um período já com alterações no rim ou no fígado sem ter nenhum sintoma”, diz. Apesar disso, a redução do volume da urina e coloração diferente podem ser indicativos de problemas renais. Em casos graves, os pacientes podem precisar do transplante.

    O hepatologista Raymundo Pereira, professor titular da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, alerta que todo remédio pode ser danoso à saúde. Ele explica que existem tipos de mecanismos de toxidade diferentes, que podem ser caracterizados como previsíveis ou não. No caso dos analgésicos, remédios indicados para dor, o risco de intoxicação é previsível se decorrente do uso exagerado da dose.

    “Um exemplo clássico é o paracetamol. Se você tomar até 3g por dia, não tem nada. Se passar disso pode ter, se passar de 8g sempre vai ter risco. Já se você tomar um chá verde não tem nada, mas se tomar em cápsula tem risco, porque concentra de 500 a 5 mil vezes a quantidade de catequina”, explica o médico.

    Justamente pelo fato de a intoxicação ser uma condição silenciosa, o perigo aumenta quando o paciente toma medicamentos sem prescrição. É o caso de Fernanda**, 22, que tem o costume de comprar antibióticos e indutores de sono em farmácias de Salvador que, erroneamente, não exigem receitas médicas. “Eles chegaram a ser indicados por um médico, então, como foram prescritos antes, eu já tinha o costume de usar”, afirma a jovem que não tem medo dos efeitos adversos. Ela também faz o uso de analgésicos para dores de cabeça.

    Em pessoas com pré-disposições genéticas, o antibiótico amoxicilina associado ao clavulanato, que costuma ser muito utilizado em crianças, pode causar problemas na excreção da bile. “Mas isso é imprevisível, porque não dá para fazer teste genético, que é muito caro, para saber quem pode tomar ou não”, diz o hepatologista. No caso de Paulinha Abelha, os médicos dizem que a cantora utilizava medicamentos, todos supervisionados.

    A toxidade imprevisível, explica o médico Raymundo Paraná, pode ser causada pela hipersensibilidade do paciente ou pela metabolização. “No nosso processo de metabolização, podemos gerar um metabólico intermediário e ele ser tóxico, podendo gerar dano no fígado. Isso explica porque tanta gente toma e só algumas desenvolvem a toxidade”.

    Anti-inflamatórios

    Sobre os efeitos imprevisíveis dos anti-inflamatórios, o hepatologista alerta que eles são responsáveis pelas maiores causas de intoxicação no Brasil causada por automedicação. “As pessoas usam como analgésico e confundem. O anti-inflamatório é analgésico, mas atua bloqueando uma substância chamada prostaglandina, o que causa problemas”, diz Raymundo Paraná.

    Os especialistas alertam que o uso indiscriminado desse tipo de remédio pode causar gastrite, úlceras, insuficiência renal, evento cardíaco grave e hepatite. Ana, 21, conta que desde o final do ensino médio começou a desenvolver enxaquecas. Na época, consultou um neurologista e começou a tomar um antidepressivo, já que as crises de dor seriam causadas pela ansiedade. “Juntamente com esse remédio, o médico passou o Sumaxpro para quando eu tivesse crises de enxaqueca”, diz.

    O quadro da jovem melhorou por um tempo. Mas no ano passado as crises voltaram e Ana começou a ingerir o composto que contém anti-inflamatório em doses maiores: “Estava sendo muito difícil ter as aulas online e ficar dentro de casa, então comecei a usar mais frequentemente esse remédio. Chegou um momento que os analgésicos não funcionavam mais”. O remédio não precisa de receita médica, diferentemente dos antibióticos.

    Raymundo Paraná alerta que o Sumaxpro tomado em excesso pode trazer efeitos renais e hepáticos: “São situações que não são muito frequentes, mas, quando ocorrem, pode estar associada ao tempo de uso e quantidade”. Por estar tomando muito a medicação, cerca de uma caixa por semana, Ana conta que decidiu marcar o neurologista mais uma vez para evitar problemas de intoxicação.

    Ervas para emagrecer são grandes vilãs

    Apesar de serem facilmente encontradas para venda na internet por valores entre R$ 30 até R$ 200, especialistas alertam que os compostos de ervas vendidos com a promessa de emagrecimento podem ser fatais. A interação entre diferentes ervas, a falta de conhecimento sobre a composição da fórmula e grande doses de substâncias, formam uma bomba perigosa para a saúde.

    “Quando várias ervas são misturadas, elas podem interagir entre elas aumentando o potencial de efeitos adversos, inclusive de efeitos tóxicos. É por isso que as situações mais graves de intoxicação acontecem com quem faz o uso desse tipo de medicamento”, explica Ana Flávia Moura.

    O médico Raymundo Paraná vai além e afirma que quem prescreve as substâncias não segue evidências da ciência: “Usar medicamento que não têm informações científicas é um risco na veia, porque você não conhece o benefício. Santificar ervas e demonizar os alopáticos é uma jogada de marketing produzida recentemente por alguma falta de especialidade em saúde, que utiliza esse marketing para vender muito”.

    No início deste mês, a enfermeira Mara Abreu morreu após complicações de um transplante de fígado no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ela teve uma hepatite fulminante e os médicos suspeitam que tenha sido por conta do uso contínuo de um chá em cápsulas que misturava 50 ervas diferentes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que produtos com a marca “50 Ervas Emagrecedor” estão proibidos no país desde 2020.

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