A situação ainda não é tão confortável, mas os números indicam que, embora a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva para tratar a covid-19 na Bahia  esteja em 86%, a fila por uma vaga de UTI no estado já começou a reduzir. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), enquanto no dia 15 havia 482 pacientes graves à espera de um leito, nessa segunda-feira (22), o número havia caído para 254, uma diminuição de 47%.  Em Salvador, os leitos de UTI para a covid-19 também tiveram um alívio. No dia 16 eram 87 pacientes e nesta segunda, 43, uma queda de 51%.

Índices melhores também foram observados na fila estadual da regulação para leitos clínicos. Há uma semana, eram 179 pessoas aguardando. Agora, são 118, uma redução de 34%. A queda no tamanho da fila, segundo os dados da Sesab, vem ocorrendo  de forma progressiva há quase 10 dias. No estado, a quantidade de gente aguardando por uma vaga na UTI chegou a 513, no dia 12 de março. Para leitos clínicos, o pico foi de 266, no dia 6.

Também no período de uma semana houve queda no estado da demanda por leitos pediátricos. Antes, eram 13 crianças ou adolescentes que precisavam de  UTI e nove, de uma vaga na enfermaria. Agora, os números são, respectivamente, cinco e três. A taxa de ocupação da UTI pediátrica no estado está em 61% e da enfermaria pediátrica, 72%; enquanto para adultos e idosos é de 68%.

Medidas restritivas

Embora a Bahia esteja com medidas de restrição mais duras desde 26 de fevereiro, o secretário da Saúde do estado, Fábio Vilas-Boas, não acredita que elas tiveram influência na redução da demanda por leitos. “O menor tempo de espera é por melhoria do sistema. São outros indicadores que evidenciam a importância das medidas de restrição, como o número de casos que todos os dias precisam ser internados, o que estagnou, a taxa de positividade do Lacen e o número total de casos ativos, que reduziu”, disse.  

Vilas-Boas atribui uma melhor gestão na eficiência dos leitos como o principal motivo de redução da fila da regulação. “A gente conseguiu tirar as pessoas da emergência e colocar mais rápido na UTI. Os 60 leitos abertos nos últimos dias são menos do que conseguimos botar dentro do hospital nesse mesmo período. A gente conseguiu aumentar o giro dos leitos, dar alta mais precocemente e, assim, oferecer mais vagas para o sistema de regulação”, explica.  

Segundo o último boletim da Sesab, 1.225 pessoas estão em leitos de UTI no estado, o número mais alto de toda a pandemia. Outras 1.045 pessoas estão internadas em leitos clínicos. No total, são 15.772 casos ativos na Bahia.  

Uma dessas pessoas atualmente internadas é o mecânico Moacir dos Santos Gomes, 49. Ele foi para o Hospital Espanhol após ficar dois dias esperando regulação em uma UPA. “Os médicos disseram que se demorasse mais um dia, ele teria morrido na fila por um leito. Chegou lá com 30% do pulmão comprometido, foi intubado e a família chegou a ser desenganada. Fizemos corrente de oração e, graças a Deus, ele melhorou. A previsão é que saia do leito até a próxima semana”, disse o filho, Matheus Gomes, 23. 

Maria Borges, tia do estudante de história Eude Trindade, não teve a mesma sorte. Ela ficou seis dias esperando a regulação na UPA de Valéria e morreu no sábado (19), sem conseguir a transferência para a UTI. “Minha mãe ficou muito abalada, pois era a irmã mais velha, exemplo de mulher, de pessoa. Quando ela foi buscar atendimento, já estava debilitada. O enterro foi autorizado para apenas 10 pessoas”, contou Eude.  

Salvador 

A médica infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Adielma Nizarala, concorda que os números da regulação ainda são altos, mas aponta que eles já refletem um cenário melhor. “Temos uma quantidade ainda de gente precisando de leitos, mas diminuiu em relação à semana passada. Isso pode ser reflexo do cumprimento de medidas. Se for, permanecerá caindo e vai refletir em breve na ocupação dos leitos, pois novos pacientes não entrarão pela diminuição de casos. O resultado tem que ser sustentado nos próximos dias”.  

Adielma também lembrou que não há mais recurso humano suficiente para a abertura de leitos e, por isso, não é prudente pensar em relaxar as medidas de isolamento sem que haja uma melhora significativa no cenário. Adiantar os feriados, por exemplo, é uma medida que ela valia como “extremamente interessante”, numa visão epidemiológica.

“Mas para dar certo, o feriado tem que ser com absolutamente tudo fechado e possibilitar a não saída e entrada de pessoas na cidade. O transporte não pode ficar liberado. Tem que evitar o máximo de deslocamento das pessoas”, explicou. 

O secretário Fábio Vilas-Boas acrescenta que o que o preocupa é justamente  possibilidade de aumentar o deslocamento das pessoas que pretendem viajar em caso de antecipação de feriados. Os especialistas disseram que ainda está cedo para avaliar se as medidas de restrição, em vigor na Bahia até o dia 29 de março, serão prorrogadas ou não. A situação atual de colapso é ainda preocupante.   

“Eu acho que a situação vai deixar de estar critica quando tiver redução de óbito e taxa de ocupação hospitalar. Não há previsão de quando isso vai acontecer. Mas já passamos pelo pior. Hoje, as regiões sudoeste e oeste são as mais pressionadas. Além disso, 85% dos casos positivos são de pessoas com menos de 60 anos. Tem gente que não está respeitando, os mais idosos estão ficando em casa e os jovens indo para a rua, sem medo e preocupação”, reclamou Vilas-Boas. 

Uma notícia positiva que pode ajudar a melhorar mais ainda o cenário epidemiológico do estado é a vacinação para a covid-19, que deve aumentar nos próximos dias. “Toda semana vamos receber pelo menos um carregamento de vacina. Essa semana vai ser um pouco menos, pois veio muita na semana passada. Mas o Ministério da Saúde garantiu envios semanais de doses”, disse Fábio Vilas-Boas.

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A fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva na Bahia não diminui e o tempo de espera tem sido cada vez maior. Se, na primeira onda da pandemia o aguardo durava entre 12 e 18 horas; agora, a média passou a ser até 48h, diz a subsecretária de saúde da Bahia, Tereza Paim. Em Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), um paciente morreu, nesta quinta-feira, 18, após 9 dias esperando leito de UTI. Segundo a Sesab, nessa segunda onda já ocorreu de, em um único dia, 24 pessoas morrerem na expectativa de uma vaga. A média de mortes no aguardo por atendimento especializado era de seis por mês, na primeira onda.

Em Rio de Contas, no Centro-Sul do estado, a paciente Eva Rosa de Jesus, 68 anos, esperou sete dias por uma vaga de UTI no centro de covid da cidade. A idosa tinha obesidade e cardiopatia. Também tomava remédios para a depressão. Deixou uma filha e dois netos. Entre os 24 mortos na fila contabilizados pela Sesab no espaço de 24 horas, havia pacientes com outras doenças além da covid-19.

“Por desconhecimento, algumas pessoas procuram o serviço de saúde mais tarde e muitas vezes chegam em franca insuficiência respiratória. Eles não conseguem aguardar esse momento de acolhimento no próprio pronto-atendimento ou intra-hospitalar”, explicou Tereza Paim ao Jornal da Manhã de quinta-feira, 18.

A subsecretária informou ainda que há um protocolo para inserção dos pacientes nos leitos. A Central Estadual de Regulação define, junto com o médico assistente, a prioridade, ou seja, quem é o paciente mais grave e elegível. Às vezes, é um paciente idoso, mas está melhor que um jovem com um quadro tão grave que não vai conseguir sobreviver. “Todos os dias, em todas as unidades e todos os leitos de UTI, as pessoas e os profissionais têm de fazer escolhas. E pacientes muito graves, às vezes, não conseguem chegar ao êxito”, explicou.

O CORREIO entrou com um pedido, ontem, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), para saber quantas pessoas já morreram, ao todo, no estado, esperando UTI. A Sesab explicou que “existem diversas variáveis que podem influenciar o dado, uma vez que a doença pode evoluir de forma muito rápida no paciente. Às vezes, sequer dá tempo de o profissional fazer a avaliação completa, dar o diagnóstico e devidos encaminhamentos”, diz a nota.

Na manhã de quinta-feira, 18, a Bahia tinha 446 doentes de covid-19 na fila por UTI. Outros 177 pedidos eram para leitos clínicos de adultos. O maior número foi registrado na última sexta-feira (12), quando 513 solicitações para internamento de UTI chegaram à Central Estadual de Regulação. São, ao todo, 2.861 leitos ativos, entre UTI e clínicos. O número máximo foi alcançado em agosto de 2020, época em que a Bahia dispunha de 2.923 leitos, de UTI e clínicos. A secretaria disse que o número de UTI foi superado em relação a agosto, já os leitos clínicos não houve ainda a necessidade de expandir para a quantidade anterior, pois a ocupação está abaixo de 70%

Já a taxa de ocupação somente para a UTI adulto chegou a 86%. A região do estado com a maior taxa é o Sul, com 92%. A menor é no Centro-norte, com 57%. Os dados são da Sesab e organizados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) - veja em detalhes no final da matéria. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Bahia conta com 4.588 respiradores e ventiladores. Destes, 3.893 na rede do Sistema Únido de Saúde (SUS).

Filhas perdem mães por falta de leito
Maria Rosa Novais, 36, filha de Eva Rosa de Jesus, conta que a mãe morreu em 3 de março. Após colocar marca-passo, em dezembro passado, ela começou a ter constantes episódios de falta de ar e cansaço. Foi duas vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio de Contas, onde fez exames e recebeu medicamentos.

No processo, foi descoberto um cisto no rim e gordura no fígado. Com a piora do quadro, Maria levou a mãe ao hospital e ela fez dois testes de covid-19: o de sangue deu negativo e o RT-PCR positivo. Ela foi então transferida para o centro de covid para aguardar o leito de UTI. “Todos os dias o médico falava que ela precisava de UTI, que a situação era grave e que ela tinha que fazer exames. Ela não teve melhora nenhuma do primeiro dia ao último”, conta a filha.

Maria Rosa ficou no centro de covid os sete dias que a mãe recebeu o atendimento. “Foi muito difícil, fiz tudo por amor. Eu vi que ela não estava bem desde o dia que cheguei. Só sei que pela espera de um leito de UTI eu perdi minha mãe e é algo muito triste, porque a gente vem naquela esperança, todo dia chegava um médico dizendo ‘estamos correndo atrás’, e ela só piorando. A gente se sente culpada, sente aquele aperto no coração, mas tudo é pela vontade de Deus”, diz ela.

Outra mulher, também de nome Rosa, faleceu em 28 de fevereiro na fila da regulação para um leito de UTI. Ela tinha 76 anos, era hipertensa, diabética e depressiva há 9 anos. Após três dias à espera de transferência, Maria Rosa Brito morreu, na UPA de Ribeira do Pombal.

“É um sentimento de impotência, da gente querer fazer alguma coisa e não conseguir. As UPAs tinham mais de 190 pessoas na frente, esperando regulação. Essas coisas a gente vê nos jornais e acha que não vai acontecer com a gente”, conta a professora Joelma Brito, 51, filha da paciente. Antes disso, a idosa tinha ido ao hospital da cidade, após parada cardíaca. Quando os médicos testaram para covid-19 e deu positivo, ela teve que sair de lá e esperar a vaga de UTI na UPA.

“Foi um sofrimento muito grande, infelizmente, ela não resistiu e não deu tempo de ser transferida. Foi muito doloroso ver uma pessoa morrendo, aos poucos, precisando de oxigênio, de um melhor atendimento, e nós não termos conseguido”, acrescenta.

Maria Rosa Brito deixa, além de Joelma, dois filhos e dois netos. Após ter testado positivo para a covid-19, ela também contaminou alguns dos filhos. “Quando ela morreu, já estava constatado que minha família estava contaminada, então nem velório teve direito, a gente não pôde se despedir direito, abraçar os irmãos, ficou cada um chorando sua dor no seu canto”, descreve Joelma.

Atualmente, são 6 pacientes de Ribeira do Pombal que aguardam regulação, quatro para leitos de UTI e dois para enfermaria. Há mais de três dias que eles aguardam a vaga. “Normalmente, a gente conseguia uma transferência em 24 horas, mas esses últimos dias, está demorando três a quatro dias. A gente está tendo uma dificuldade muito grande de transferência, o que antes a gente conseguia com tranquilidade”, conta a secretária de saúde da cidade, Lakcelma Costa.

Em Itaberaba, 9 pessoas aguardam leitos de UTI ou de enfermaria atualmente. Em Mata de São Joao são seis esperando vaga de UTI e três para enfermaria. Em Anguera, Cachoeira e Santa Cruz Cabrália, um paciente morreu nesse aguardo.

Colapso do sistema
O governador Rui Costa (PT), afirmou em entrevista ao BA TV, na noite de quarta-feira, 17, que acredita que o sistema de saúde baiano já está em colapso porque, na visão dele, uma demora de 24 horas ou mais para regular um paciente para leito hospitalar já indicaria a sobrecarga.

Para a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), Adielma Nazarela, apesar de não haver um medidor preciso, já se pode sim afirmar que um colapso do sistema de saúde. “Se um sistema tem mais demanda do que ele consegue absorver, ele é um sistema que, por hora, está colapsado, porque está tendo uma falta de leitos de UTI. Mas é preciso se dizer que não está faltando assistência em Salvador. Nós não teremos o que aconteceu em Manaus, que as portas das UPAs ficaram fechadas”, enfatiza a médica.

Adielma Nazarela ainda acrescenta: “eu posso não conseguir atender de imediato o paciente que precisar, hoje, de UTI, mas, em mais ou menos 24 horas ele terá esse leito, é algo muito dinâmico. Do ponto de vista de leitos de UTI, a rede está saturada, mas, do ponto de vista da assistência, não tenho esse colapso, porque consigo atender todos os pacientes”.

A infectologista também pontua que, se um paciente morrer na fila da regulação, não quer dizer que ele morreu por falta de leito de UTI. “A falta de leito não é causa da morte do paciente, se o quadro é grave, ele morreria na UPA ou na UTI. Tudo que se oferta nos leitos de UTI de hospitais a gente é capaz de ofertar, nossa função é dar condições para que ele dê continuidade ao tratamento na UTI”, esclarece.

A diferença, segundo a médica, da estrutura de um gripário para uma UPA e uma UTI no hospital é a concentração de vários serviços e médicos especialistas em um só lugar. Ela ainda diz que sempre houve uma demanda grande e o tempo de espera, mesmo antes da pandemia, também era grande. Tenho 20 anos de formada e faz 20 anos que vivencio isso, não é uma realidade de agora. E você tinha um perfil específico de pacientes com prioridade, os acamados, neuropatas, por exemplo", afirma.

A média de regulação hoje em Salvador é de 24 a 36 horas. Antes, era de no máximo 12 horas. A movimentação nas UPAs também cresceu exponencialmente: agora são 400 pacientes por dia em cada uma das 17 unidades. Antes, a média era 250 por dia em cada pronto atendimento. Nas últimas 24 horas, a SMS registrou 204 solicitações de regulação. Desse total, 117 aguardavam leito clínico e 85, UTI.

Taxa de ocupação de leitos de covid-19 por região da Bahia (fonte: Sesab/SEI)
Centro-leste - 76% enfermaria e 82% de UTI
Centro-norte - 25% enfermaria e 57% UTI
Extremo-sul - 50% enfermaria e 75% UTI
Leste - 72% enfermaria e 86% UTI
Nordeste - 69% enfermaria e 88% UTI
Norte - 20% enfermaria e 84% UTI
Oeste - 51% enfermaria e 88% UTI
Sudoeste - 58% enfermaria e 91% UTI
Sul - 66% enfermaria e 92% UTI

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Salvador abriu 10 novos leitos de Unidade de Terapia Intensivo equipados para atender exclusivamente pacientes diagnosticados com covid-19. As unidades ficam no Hospital Estadual Eládio Lassére, no bairro de Águas Claras, em Salvador.

De acordo com o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, novos leitos estão sendo abertos diariamente para reduzir a pressão na rede assistencial e evitar um colapso. "Cabe esclarecer que não é possível abrir novos leitos de modo infinito. As medidas mais eficientes e já conhecidas, que é o uso de máscara, distanciamento social e higiene frequente das mãos, precisam ser tomadas por todos. A irresponsabilidade de alguns afeta muitos, sobretudo, os mais idosos. É necessário cuidar de si e dos outros, evitando a infecção pelo vírus", avalia.

A Bahia possui 1.306 leitos de UTI covid para pacientes adultos - destes 1.134 estão ocupados (87%). Já Salvador possui, atualmente, 1.488 vagas pra tratamento de pacientes acometidos pelo coronavírus em unidades de terapia intensiva, sendo que 1.203 estão ocupadas (89%).

Enquanto a ocupação dos leitos gerais na Bahia chegou a atingir 84% no início de março, a região Oeste ostentava 49%. Mas esse cenário mudou. De acordo com dados dessa terça-feira (16) da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), a taxa de ocupação geral de Barreiras está em 62%, sendo 93% para UTIs e 40% para leitos clínicos. A preocupação de especialistas e gestores é com a transferência de pacientes de outras regiões e com o surgimento de novas variantes.

Na região, o Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) já identificou a circulação de duas variantes: P1 e P2 da covid-19. Na última leva de análises, das 20 amostras estudadas, 19 foram apontadas como P2 e, uma, como P1. De acordo com o professor Jaime Henrique Amorim, pesquisador no laboratório, já se sabe que elas são mais transmissíveis, ou seja, se espalham mais rapidamente.

“Até novembro do ano passado, a gente não tinha identificado nenhuma variante que chamamos de variante de preocupação. A partir de dezembro, detectamos a P2 e, em fevereiro deste ano, comprovamos que ela já tinha se espalhado de maneira significativa na região. Agora, temos também a P1, que vamos analisar”, explica Amorim.

O professor e pesquisador se preocupa com a possibilidade de chegada das variantes do Reino Unido, a B117 e a Kent. “De acordo com as pesquisas, elas são as que já foram comprovadamente relacionadas com as formas mais graves da doença e maior letalidade. Essas, nós não identificamos aqui ainda”, afirma. “A variante do Reino Unido implica casos mais graves, casos em crianças. Se ela chegar aqui, teremos muita dificuldade porque temos uma quantidade de leitos pequena, a região não tem estrutura para isso”, aponta.

Regulação
De acordo com dados da Sesab, a região Oeste da Bahia está com taxa de ocupação de leitos de UTI em 94% e de leitos clínicos em 55%. Até então, 12 pacientes aguardavam por regulação para UTI na segunda-feira (15).

Para Amorim, isso demonstra o alerta para o cenário atual dos hospitais, que, segundo ele, é reflexo da regulação de pacientes de outras regiões para o Oeste da Bahia. “Antes de a gente começar a ter regulação de pacientes para cá, Barreiras estava com uma porcentagem de ocupação em torno de 45%, mas hoje isso cresceu bastante, em torno dos 60%. A gente precisa de uma investigação epidemiológica, mas sabemos que isso tem interferência da regulação que pode, inclusive, implicar na disseminação de variantes”, analisa ele.

O secretário de saúde de Barreiras, Melk Neves, concorda, mas diz que não havia outra saída. Segundo o secretário, a taxa de ocupação das UTIs tem chegado a 100% e a taxa dos leitos de enfermaria vem apresentando crescimento. Isso traz uma outra preocupação: o estoque de oxigênio.

De acordo com o secretário, por enquanto, a situação está sob controle, mas, caso as tendências dos números se confirmem, pode haver desabastecimento. “Nos hospitais onde a gente tem tanques, não temos problemas. No Hospital Municipal Eurico Dutra, a gente está sob controle, mas a empresa fornecedora, White Martins, já comunicou que, se a demanda de leitos aumentar, corremos um sério risco de desabastecimento por falta de cilindros”, afirma.

“Essa é a nossa preocupação porque também estamos muito longe dos centros de abastecimento. São quatro caminhões que fazem bate e volta, mas, por conta da distância, o caminhão leva três dias para sair daqui, carregar e voltar”, acrescenta Neves.

Situação de emergência
Devido ao crescente número de pessoas infectadas com o novo coronavírus no Estado da Bahia, principalmente na região Oeste, a prefeitura de Barreiras decretou situação de emergência por 60 dias. O decreto foi publicado no Diário Oficial de segunda-feira (15).

A declaração de situação de emergência pode ser prorrogada ou revogada conforme alteração do quadro pandêmico vivenciado pelo município. Dessa forma, durante esse período, fica dispensada a instauração de procedimento licitatório com fundamento no art. 24, IV da Lei nº 8.666/93, para aquisição de bens, serviços, inclusive de engenharia destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus.

 

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O alerta já foi dado: estamos à beira de um colapso no sistema de saúde. Tanto Salvador como a Bahia tiveram números recordes de demanda de pacientes que esperam por regulação na rede pública. Foram 500 pedidos de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria exclusivos para o novo coronavírus no estado, sendo 384 para UTI. Em tempos normais, a média era de 80 pessoas, como informou a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) à reportagem.

A capital baiana também teve o maior número já registrado até agora: foram 176 solicitações de regulação recebidas na manhã de hoje (3), 106 para leitos de covid-19 e 55 para UTI, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O secretário de saúde, Leo Prates, escancarou que o tempo médio de espera para um paciente ser regulado na rede municipal é de 36 horas. A média, antes da crise sanitária, era de 4 horas.

A situação reflete a alta taxa de ocupação de leitos de UTI na Bahia e em Salvador. Até às 16h30 da tarde de hoje, estavam em 84% e 85%, respectivamente. Os dados vêm à tona um dia após o Brasil ter registrado o maior número de mortes nas últimas 24 horas desde o início da pandemia: foram 1.726 vidas perdidas, segundo o consórcio de veículos de imprensa.

“Estamos batendo recordes em cima de recordes de regulações. Ontem, regulamos 70 pacientes, e mesmo assim, o dia começou com 106 pessoas a serem reguladas. Nossa preocupação é que vínhamos de uma baixa ocupação, de 60, 65%, tínhamos leitos vagos, mas fomos preenchendo e hoje acredito que já passamos dos 90%, na prática”, relatou o secretário municipal de saúde, Leo Prates, em entrevista ao programa Bahia Meio Dia.

A tendência, nos próximos dias, é diminuírem as regulações, se não houver ampliação de vagas, segundo Prates, pela capacidade já estar no limite. “O sistema de saúde vai ficando estrangulado. Estamos tendo muito mais entradas do que saídas, por isso, está gerando esse acúmulo de pessoas nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]. Estamos em cenário de guerra. Acredito que estamos na mais próxima do colapso, na penúltima”, alerta.

O secretário também pontua que os próximos dias provavelmente serão piores, se os índices continuarem no mesmo patamar. “O próximo passo é muito feio, é as UPAs não terem vagas. Já mandei colocar mais macas nas UPAs, para tentar aumentar a capacidade, mesmo que seja necessário colocar em outros espaços, e estamos vendo como colocar respirador de transporte. É trabalhar para o melhor cenário mas nos preparando para o pior, porque está bastante duro para o sistema de saúde”, conclui Prates.

Baianos perdem familiares por demora na regulação da UTI
Por conta da demora em conseguir um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o estudante de Ciências Econômicas, Rodrigo Sampaio, de 22 anos, perdeu a avó, Maria da Conceição - a mãe de sua madrasta. Ela residia na cidade de Santo Estevão, no Centro-Norte da Bahia, e tinha 78 anos. “Ela deu entrada na sexta-feira (26) e faleceu na última segunda (1). O hospital municipal da cidade não tinha estrutura para o quadro que desencadeou e ela morreu a esperar uma vaga de UTI nos hospitais de Feira de Santana. Minha família se movimentou em todos os hospitais privados da cidade, não conseguiu, e os hospitais públicos estão sem vaga”, conta Sampaio.

A família não desconfiou, no primeiro momento, que Maria da Conceição tivesse pego o vírus. “Ela já vinha demonstrando problemas de saúde, vinha sentindo dores de cabeça, mas não eram sintomas da covid, então por isso ninguém se atentou. Ela foi ao hospital municipal, não chegou a fazer o exame, e se sentiu melhor no dia seguinte. Só que depois piorou e não teve melhora, então ela voltou com falta de ar, fez o exame de sangue, que demonstrou covid, e o médico disse que desse quadro degenerou um AVC. Ela já chegou lá no hospital toda paralisada”, narra Rodrigo.

O estudante conta que a unidade não tinha respirador ou leito de UTI para atender a avô, por isso entrou na fila de espera em Feira de Santana, município mais próximo. “Os filhos dela rodaram Feira em busca de leitos de UTI, mas não conseguiram. Eu também comecei a procurar nos hospitais privados aqui de Salvador, mas a falta de leitos é total”, declara. O sentimento do neto postiço é de tristeza e impotência. “É um sentimento de perda e frustação por ter perdido um parente que gosto muito e isso me sensibilizou bastante, e frustação por não ter consigo nada, nenhuma resposta pronta de um hospital. É uma situação de desânimo total", desabafa.

No caso do pai do entregador de Rodolfo Augusto Oliveira, 34 anos, a transferência para um leito de UTI demorou pouco mais de 24 horas. Enquanto isso, ele ficou em um leito do gripário da UPA dos Barris. Mas só foi atendido da segunda vez que foi na unidade, no último domingo (28), quando voltou com sintomas mais graves. “Meu pai começou a sentir primeiro dor de garganta e uma tosse seca. Depois evolui para febre, lá para o quarto dia. Daí em diante, ele só estava na cama, só levantava para fazer necessidades básicas e se alimentar, estava se alimentando bem pouco. Depois que descobri a febre, levei para a UPA dos Barris, a gente ficou de 18h às 22h30, e disseram que ele não teria prioridade, por conta da pandemia”, diz o filho de Carlos Augusto.

Rodolfo decidiu então, no dia seguinte, que iria ao centro médico de Pernambués. Só que o médico de lá informou a ele que só atenderia se a saturação de oxigênio e a temperatura estivessem anormais. Por isso, voltaram à UPA dos Barris, onde foram atendidos com mais rapidez, pela saturação de oxigênio estar em 95%. De lá, Carlos recebeu a transferência para o Hospital Municipal. “Na hora dele entrar e ficar internado no gripário, minha tristeza foi que nem consegui apertar a mão dele. Depois a médica deixou eu falar por dois minutos, foi o tempo que tive”, lamenta. O quadro do pai apresentou melhora, ele saiu da UTI e foi para um leito de enfermaria, mas continua precisando de oxigênio.

Demora também acontece na rede privada
A demora na transferência para um leito de UTI também ocorreu com a mãe da cozinheira Michele Figueiredo, 39 anos, moradora de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Márcia Maria é diabética, tem 60 anos, e sofreu infarto dentro de casa. Ela estava na casa de uma das filhas, a irmã de Michele, em Salvador. Mesmo com plano de saúde, foram quatro dias sem leito de UTI. No meio tempo, ela ficou internada na ala vermelha no hospital Santa Izabel.

“Minha mãe deu entrada no Santa Izabel com falta de ar e ela infartou dentro de casa. A gente ficou sem UTI por quatro dias, depois surgiu uma vaga e colocaram na UTI. Ela só consegue respirar de costas, de bruços, e não deixam visitar para saber como ela está e a gente não tem acesso aos exames nem relatório, só falam comigo pelo telefone uma vez por dia”, conta Michele. Por conta disso, a filha acredita que Márcia tenha pego covid-19 no hospital. Segundo o boletim médico, a mãe está com 70% dos pulmões comprometidos e pneumonia. Ela já está na Unidade de Terapia Intensiva há uma semana. “Estou rezando todo dia para se dá uma melhorada, mas a gente nunca imaginava que ela estava com covid”, completa. Ela testou negativo para a doença, mas a irmã contraiu o vírus e está em isolamento.

A diretora médica do Hospital Aeroporto e responsável técnica Eliane Noya comenta que o ideal é não haver lentidão no atendimento de pessoas em estado grave. “Qualquer demora no atendimento de um paciente que esteja em estado grave pode trazer consequência do quadro se tornar mais grave e, em último caso, ocorrer a óbito. Realmente é uma coisa que não se espera e não se deseja demora na regulação. O correto é que ele vá imediatamente pra UTI quando houver indicação”, explica Eliane.

A diretora médica revela que há duas semanas que a unidade onde coordena está com 100% de ocupação de leitos de UTI para covid-19. Todos os 20 disponíveis estão ocupados e não houve transferência de paciente da emergência para a UTI nas últimas 24 horas, por falta de vaga. Algumas medidas foram tomadas para evitar o colapso - há um mês eles não aceitam transferências de outros hospitais e uma ala semi-intensiva foi aberta, com 10 leitos, para dar suporte à UTI.

Além disso, por conta da baixa rotatividade dos leitos, o Hospital Aeroporto solicita transferência de leito de UTI para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para o plano de saúde, para outro hospital privado. Ultimamente, não há vagas em nenhuma das duas redes. “Normalmente a gente não coloca na regulação do SUS porque a regulação do plano acabava conseguindo uma vaga rápido. Mas agora não. Então o que surgir primeiro, ele é logo transferido”, complementa.

Só não se recusa pacientes em que haja baixa oxigenação no sangue. “Quando se tem uma baixa da oxigenação, que a gente precisa usar o oxigênio suplementar, isso indica que ele precisa ficar no hospital, porque em casa não existe esse suporte. Então a prioridade para ser internado na unidade hospitalar é o paciente que mais precisa do que se tem no hospital”, esclarece Noya. A média de permanência nos leitos também aumentou. Antes, o paciente passava 5 a 7 dias na UTI. Agora, a média é no mínimo 10. A predominância de internamentos, segundo ela, é do sexo masculino (60%) e acima de 60 anos (70%).

Além dos 2.254 leitos que existem na Bahia, o governo estadual abrirá mais de 600 leitos, sendo cerca de 400 clínicos e os demais de UTI. Segundo a Sesab, eles serão distribuídos entre capital, região metropolitana, sul e extremo sul da Bahia. Em Salvador, são 1.059 leitos ativos.

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A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal reative leitos de UTI para tratamento de Covid-19 nos estados de São Paulo, do Maranhão e da Bahia.

A ministra atendeu a pedidos feitos pelos três estados. A decisão é liminar, por isso ainda pode ser revista. Mas o governo federal já é obrigado a cumprir determinação.

Em nota divulgada neste domingo (28), o Ministério da Saúde disse que o pedido feito pelos estados é "injusto e desnecessário". A pasta negou a "desabilitação ou suspensão do pagamento de leitos", que, segundo o ministério, tem sido feito conforme demanda dos governadores. O MS cita ainda medida provisória publicada na última quinta-feira (25) que libera R$ 2,8 bilhões à União para, entre outras ações, custeio de leitos (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).

São Paulo, Maranhão argumentaram em ações no STF que, desde janeiro, o governo federal desativou leitos de UTI para Covid-19 que mantinha nos estados. Weber ordenou que a União volte a financiar a mesma quantidade de leitos que financiava em dezembro de 2020.

São Paulo afirmou que em dezembro de 2020 tinha 3.822 leitos na rede estadual mantidos pela União. E que, em fevereiro de 2021, esse número caiu para 564.

No caso do Maranhão, o estado apontou que União desativou os 216 leitos que mantinha no estado em dezembro.

A Bahia também argumentou que teve leitos fechados e pediu a reabertura de 462, reivindicação atendida pela ministra.

Nas decisões, Rosa Weber escreveu que não é "cientificamente defensável" diminuir a quantidade de leitos num momento de alta no número de casos.

"Portanto, é de se exigir do governo federal que suas ações sejam respaldadas por critérios técnicos e científicos, e que sejam implantadas, as políticas públicas, a partir de atos administrativos lógicos e coerentes. E não é lógico nem coerente, ou cientificamente defensável, a diminuição do número de leitos de UTI em um momento desafiador da pandemia, justamente quando constatado um incremento das mortes e das internações hospitalares", afirmou a ministra.

Rosa Weber ainda lembrou que o Brasil contabiliza mais de 250 mil mortes por Covid-19. Ela disse que a demora na aplicação de recursos públicos contra a doença pode multiplicar o número de óbitos.

"Afigura-se, ainda, o perigo da demora, que se revela intuitivo frente aos abalos mundiais causados pela pandemia e, particularmente no Brasil, diante das mais de 250 mil vidas vitimadas pelo vírus espúrio. O não endereçamento ágil e racional do problema pode multiplicar esse número de óbitos e potencializar a tragédia humanitária. Não há nada mais urgente do que o desejo de viver", concluiu.

O Brasil registrou nos últimos sete dias terminados no sábado (27) a pior média móvel de mortes na pandemia, 1.180. Em meio à disparada de casos, diversos estados e o Distrito Federal decidiram intensificar medidas de isolamento social.

Redução de leitos
A ministra do STF também citou, na decisão, informação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), segundo a qual, em janeiro de 2021, havia 7.017 leitos financiados pelo Ministério da Saúde nos estados. Em fevereiro deste ano, o número caiu para 3.187.

Em dezembro de 2020, segundo a informação citada por Rosa Weber, eram 12.003 leitos habilitados financiados pela pasta.

Na última quinta-feira (25), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a transferência de pacientes de estados que enfrentam lotação de UTIs para outras unidades da federação será uma das estratégias a ser utilizada no enfrentamento do que chamou de "nova etapa" da pandemia.

Sobre a situação dos estados e a possibilidade de transferência de pacientes, o presidente do Conass, Carlos Lula, afirmou no mesmo dia que "todo mundo está no seu limite". E acrescentou que quase todos os estados receberam recentemente pacientes do Amazonas, estado em que foi registrado um colapso do sistema de saúde.

Para tentar aumentar a disponibilidade, o Ministério da Saúde anunciou na última quinta-feira diretrizes para simplificar o processo de abertura de leitos. Segundo a pasta, as novas regras para autorização foram negociadas entre Pazuello e representantes das secretarias de saúde dos estados e dos municípios.

Nota
Veja a íntegra da nota encaminhada pela assessoria do Ministério da Saúde:

O Ministério da Saúde informa que não houve, em nenhum momento, desabilitação ou suspensão de pagamentos de leitos de UTI para tratamento de pacientes da Covid-19. Os pagamentos têm sido feitos conforme demanda e credenciamento dos governos dos estados. Ressalta-se que conforme pactuação tripartite do Sistema Único de Saúde, a abertura e viabilização física dos leitos cabe aos gestores estaduais e municipais, cabendo ao Governo Federal o custeio das estruturas - no caso dos leitos Covid-19, com valor de diária dobrada, no valor de R$ 1.600.

Com o objetivo de continuar apoiando os estados no combate à pandemia, o Ministério da Saúde solicitou, em janeiro, crédito extraordinário no valor de R$ 2,8 bilhões à União a fim de custear ações de enfrentamento ao vírus, sobretudo a continuidade do custeio de leitos.

O recurso, liberado por meio de Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira (25/2), será repassado aos estados demandantes para pagamento de leitos em uso desde o mês de janeiro pelas unidades federadas.

Cabe lembrar, ainda, que conforme pactuado na última reunião da Comissão Intergestores Tripartite, o Ministério da Saúde resolveu simplificar o processo de autorização para abertura de leitos de UTI destinados a pacientes da Covid-19.

As novas regras estabelecem que os leitos de UTI Covid-19 autorizados pelo Ministério não precisarão mais de prorrogação – eles poderão seguir operando até o final da pandemia. Além disso, o custeio dos leitos será feito de forma integral pelo Ministério da Saúde através de repasses mensais, e não mais com a antecipação de verbas.

Desta forma, o pedido solicitado à nobre ministra é injusto e desnecessário, uma vez que o SUS vem cumprindo com as suas obrigações. Cabe, portanto, a cada governo fazer a sua parte.

 

Publicado em Justiça

Explosão de casos ativos de covid-19, unidades de saúde sobrecarregadas e aumento no número de mortes, inclusive de pessoas que não aguentaram esperar na fila da regulação. Essa é a realidade em cidades do interior baiano que não possuem uma Unidade de Terapia Intensiva em sua infraestrutura hospitalar. O drama na saúde para esses municípios é agravado pelo medo das prefeituras locais de não conseguirem vagas nos hospitais de referência do estado, que já operam com a ocupação de 80% ou mais nos leitos de UTI para pacientes do novo coronavírus.

Em Mata de São João, no litoral baiano, em apenas três dias – entre 17 e 20 de fevereiro -, foram registradas quatro mortes por covid-19. Uma das vítimas foi uma senhora de 73 anos que morreu no Hospital Municipal da cidade aguardando regulação para um leito de UTI. Em Macaúbas, no Centro-sul baiano, nessa segunda-feira (22), a UPA da cidade estava completamente lotada, com dois pacientes lutando pela vida enquanto aguardavam regulação e necessitando de suporte de oxigênio suplementar. A cidade tem 135 casos ativos e quatro mortes registradas.

Em Araci, no Nordeste do estado, os casos ativos de covid-19 explodiram: são 495 atualmente, em uma população de cerca de 50 mil habitantes. São mais casos ativos do que os 395 de Vitória da Conquista, a terceira maior cidade baiana, onde vivem 350 mil pessoas. Araci tem ainda 27 mortes por covid-19. No início do mês eram apenas 21 óbitos. Das quatro mortes, uma aconteceu na própria UPA da cidade, de uma mulher de 66 anos, no dia 13 de fevereiro. Já não houve tempo hábil para ela ser regulada ao hospital.

Outra cidade que teve que enterrar mais habitantes em fevereiro por causa da covid-19 foi Maracás, no Centro-sul baiano. A cidade de cerca de 20 mil habitantes viu em fevereiro o número de mortes no boletim epidemiológico saltar de 27 para 32, tornando-se o município da região com o maior número de óbitos, segundo o prefeito da cidade, Soya Novaes (PDT). Maracás tem ainda 107 casos ativos de covid-19, atendimento diário de 150 pessoas no centro covid e hospital municipal operando em capacidade máxima, mesmo sem leitos de UTI.

Já em Catu, a 70 quilômetros de Salvador, em apenas 15 dias, os casos ativos de covid-19 aumentaram 592%. Eram apenas 12 no dia 7 de fevereiro, número que saltou para 83 no dia 22 do mesmo mês, segundo o boletim epidemiológico municipal. O número de óbitos na cidade também cresceu no mesmo período, de 40 para 46. O mesmo ocorreu em Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador. Lá os casos ativos cresceram 700% em 14 dias: saltaram de 17 para 136 entre 8 e 22 de fevereiro. Outras três mortes pela doença aconteceram nesse mesmo período, elevando o número de óbitos de 30 para 33.

Drama
Prefeito de Maracás, Soya Novaes decidiu gravar um vídeo ao lado da secretária de Saúde Darlena Rosa no Hospital Municipal Álvaro Bezerra, falando sobre a situação da cidade. “É preocupante. A pandemia está aumentando em nossa cidade e a dificuldade tá muito grande”, disse o prefeito. A secretária explicou que os casos não param de crescer e o atendimento no hospital tem passado por dificuldades.

“Além da nossa situação, vemos notícias dos leitos de UTIs nos nossos hospitais de referência do estado, todos ocupandos praticamente em sua capacidade máxima. É angustiante o que vivemos hoje. Nós não vamos conseguir fazer muita coisa se a população não fizer a sua parte. A pandemia não acabou. Nosso número de óbitos é alto e quando recebemos um paciente, se ele se agrava, nós não temos o que fazer, pois nossos hospitais de referência também não têm leitos para abraçar esse paciente”, disse Darlene.

Mesmo a 344 quilômetros de distância de Maracás, em Mata de São João o drama é parecido. A secretaria de Saúde da cidade, Tatiane Rebouças, informou que esse é o pior momento da pandemia no município devido à dificuldade em conseguir regular pacientes para os hospitais de referência, que ficam em Salvador. O medo é que o próprio sistema de saúde da cidade possa colapsar, em um efeito dominó.

“Eu acredito que a gente ainda não teve tantas mortes, como está acontecendo em outros municípios da região, como Camaçari, pois nossa atenção básica tem dado um suporte desde o começo da pandemia. Mas estamos tendo um crescimento enorme de casos notificados e confirmados. Ontem mesmo 82% dos resultados que saíram foram positivos”, relatou Tatiana.


Em Mata de São João, além dos postos de saúde da família, as pessoas podem procurar atendimento no pronto de atendimento de Praia do Forte e no Hospital Municipal Doutor Eurico Goulart Filho. É lá que os pacientes em estado grave são internados e estabilizados até que possam ser regulados. “A gente tá com seis respiradores para dar assistência numa situação emergencial. Podemos até intubar se preciso. Montamos essa estrutura pensando em segurar os pacientes caso a regulação demorasse, como está acontecendo agora”, diz.

Ainda segundo a secretária, a situação está tão caótica que a cidade possui dois pacientes cuja regulação para hospitais da capital baiana já saiu, mas eles ainda se encontram em Mata de São João devido à falta de transporte. “A UTI móvel que o estado disponibiliza ainda não veio pegar, provavelmente por estar bem demandada. Tudo isso pressiona nosso sistema. Estamos com oito pessoas internadas no hospital por causa da covid-19 e algumas em estado bem grave”, conta.

Outras prefeituras citadas nessa reportagem foram procuradas, mas não retornaram até o fechamento do texto.

Dados
O reflexo de toda essa realidade se dá nos dados de ocupação nos leitos de UTI do estado. Pelo quinto dia consecutivo, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) registrou nessa terça-feira (23) o maior número de pacientes internados em UTIs Covid-19 desde o início da pandemia. São 915 doentes em estado grave ocupando leitos nas diversas regiões da Bahia. O boletim epidemiológico também registrou 66 mortes e mais de 5 mil novos casos no estado nas últimas 24 horas.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI continua desde domingo em 80%. Já a dos leitos clínicos, para pacientes em menor gravidade, a situação é melhor: 58% de ocupação. Até às 18h dessa terça, 12 unidades de saúde da Bahia, espalhadas em 10 cidades diferentes, estavam com todos os leitos de UTI completamente lotados. Confira a lista completa no final do texto.

Por causa dessa elevação na taxa de ocupação de leitos, há um toque de recolher em vigor no estado, com restrição de circulação das 20h às 5h. A determinação visa provocar uma redução da taxa de crescimento da Covid-19 na Bahia. Caso haja aglomerações em espaços públicos ou privados, você pode fazer uma denúncia anônima para facilitar o trabalho da polícia. Para isso, utilize os canais de comunicação oficiais através do 190, ou (71) 3235-0000 (para a capital) e no interior do estado por meio do 181.

Lista dos hospitais baianos com 100% de ocupação:
Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana,
Hospital Da Chapada, em Itaberaba,
Hospital Municipal de Serrinha,
Hospital Santa Helena, em Camaçari,
Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas
Hospital Vida Memorial, em Ilhéus
Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna
Hospital São Vicente, em Jequié
Hospital Doutor Heitor Guedes De Mello, em Valença
Hospital Português, em Salvador
Hospital do Subúrbio, em Salvador
Hospital Municipal de Salvador

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A Bahia recebeu 120 novos respiradores nesta segunda-feira (21). Os equipamentos, enviados pelo Ministério da Saúde, possibilitarão a abertura de novos leitos de UTI para o tratamento de pacientes com covid-19.

Dos 120 aparelhos, 60 foram entregues no Hospital Espanhol. Os demais serão distribuídos para a rede estadual na capital e interior: 30 para o Hospital Geral Ernesto Simões Filho, em Salvador; 10 para o Hospital Regional da Chapada, em Seabra; 10 para o Hospital Regional de Juazeiro e 10 para o Hospital Geral de Vitória da Conquista.

“Esta é uma demonstração de como, juntos, nós podemos fazer mais e ter melhores resultados. É um exemplo para que possamos enfrentar a segunda onda da Covid-19”, afirmou o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas.

Presente na entrega, o ministro da Saúde na Bahia, Glauber Almeida do Nascimento Silva, avaliou que os 120 respiradores permitirão "um planejamento para dar conta da 2ª onda e vamos dar, cumprindo a missão de cuidar das vidas da população brasileira”.

Só neste mês de dezembro, mais 20 leitos de UTI foram abertos no Hospital Espanhol. Com a chegada destes novos equipamentos, mais 20 serão abertos de forma imediata.

O plano é que, no início de janeiro de 2021, com a conclusão das obras de ampliação da rede de gases e contratação de novos profissionais, a unidade de saúde chegue a sua capacidade máxima, com 253 leitos, sendo 159 de UTI e 94 de enfermaria.

“Na véspera de completarmos oito meses de funcionamento do Hospital Espanhol e atingirmos 1.500 altas, somos gratos ao Ministério da Saúde pela doação dos respiradores que serão de suma importância nesta fase de abertura de 80 novos leitos de UTI”, avaliou a Diretora Geral do Hospital Espanhol, Thayse Barreto.

 

Publicado em Saúde

A Bahia soma nesta quinta-feira (3) 11.734 casos ativos de Covid-19, situação em que o paciente permanece doente e pode transmitir o novo coronavírus. A elevação de infectados ativos impacta na ocupação hospitalar. A taxa varia de 49% (enfermaria adulto) a 70% (UTI adulto). Para atendimento pediátrico, a taxa encontra-se em 64% (enfermaria) e 59% (UTI).

Nas últimas 24 horas, o estado registrou 3.268 novos casos confirmados de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,8%) e 3.284 recuperados (+0,8%). Mais 21 óbitos foram atestados tendo como causa o novo coronavírus. Dos 412.685 casos confirmados desde o início da pandemia, 392.615 doentes já são considerados recuperados.

O estado verifica ainda 114.924 suspeitas de contaminação em investigação. Do total de casos confirmados, 99.357 casos (24,38%) são de moradores de Salvador e os demais 306.107 (75,12%) ao interior e Região Metropolitana. Há 2.017 (0,50%) contaminações diagnosticadas de doentes de outros estados que foram atendidos na Bahia.

Durante toda a pandemia, 8.336 pessoas morreram vítimas da pandemia. Em 71,65% dos casos fatais, o paciente possuiam comorbidade. O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado informou que 2816 falecidos tinham hipertensão arterial, 2.585 sofriam de diabetes e 1.571 de doenças cardiovasculares.

Publicado em Saúde

A ocupação de leitos de UTI em Salvador chegou a 43%, enquanto o número de sepultamentos de vítimas de Covid-19 alcançou uma média de quatro por dia.

O dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (22) pelo prefeito ACM Neto (DEM), em coletiva de imprensa durante agenda no bairro do Lobato.

“Estamos com 43% de taxa de ocupação dos leitos de UTI mesmo com a conversão de leitos que eram para Covid e não Covid. Essa taxa de ocupação permanece controlada, administrada, mas não dá pra relaxar. Temos aí uma média de quatro sepultamentos por dia na cidade nos últimos dias. Em alguns dias, a gente está chegando a dois, três, mas a média ainda está em quatro. Temos que perseguir zero óbito. Nosso objetivo é esse”, disse o prefeito.

Na entrevista, ACM Neto também afirmou que, apesar da queda nos indicadores da pandemia na capital, a possibilidade de uma segunda onda do novo coronavírus preocupa.

“Continuamos atentos a toda a dinâmica e a todo comportamento da pandemia não só em Salvador, mas, é claro, em outros lugares. Não há como não se preocupar com as notícias que estamos vendo, sobretudo vindas do exterior. Mais especialmente da Europa, Reino Unido, Espanha, França, Itália, que estão aí convivendo com a hipótese de uma segunda onda, desejamos que não se confirme” declarou.

Segundo o chefe do Executivo municipal, o crescimento de casos e óbitos por Covid-19 registrados nós últimos dias em cidades como Rio de Janeiro e Manaus também são exemplos de que a crise sanitária ainda não acabou.

Ao fazer um balanço do primeiro dia de reabertura das praias soteropolitanos, o prefeito disse que “tudo ocorreu bem”. Ele, entretanto, afirmou reforçar seu apelo para que a população faça sua parte “continuando a usar máscara, a manter o isolamento e todo o processo de higienização pessoal. “No caso específico das praias, é claro, respeitando as normas que foram construídas”, pediu.

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