O Jornal da Cidade

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Laudos entregues pelo governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam que o presidente Jair Bolsonaro teve resultado negativo nos exames para o novo coronavírus. Os exames foram abertos ao público nesta quarta-feira (13).

Os documentos só foram divulgados após o jornal "O Estado de S. Paulo" entrar na Justiça pedindo acesso.

Antes, o presidente já tinha anunciado os resultados negativos em redes sociais, mas se recusava a mostrar os laudos em si.

Os três exames usaram o método PCR, considerado mais eficaz porque rastreia o material genético do coronavírus. Ele identifica bem a Covid-19 a partir dos primeiros três dias de sintomas – diferentemente do teste rápido, que tem eficácia maior após o 10º dia de sintomas.

Segundo ofícios anexados pela AGU no Supremo, foram utilizados nos laudos nomes de terceiros para preservação da imagem e privacidade do presidente da República e por questões de segurança. O CPF e a data de nascimento nos papéis são, de fato, de Bolsonaro.

"Para a realização dos exames foram utilizados no cadastro junto ao laboratório conveniado Sabin os nomes fictícios Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, sendo preservados todos dados pessoais de registro civil junto aos órgãos oficiais", afirma o ofício do Comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, Rui Yutaka Matsuda.

O processo chegou ao Supremo Tribunal Federal e, na noite desta terça (12), a Advocacia-Geral da União (AGU) forneceu os laudos ao ministro relator, Ricardo Lewandowski. Os papéis foram mantidos em envelope lacrado e, no início da tarde, Lewandowski determinou a inclusão nos autos, sem sigilo.

"Determino a juntada aos autos eletrônicos de todos os laudos e documentos entregues pela União em meu gabinete, aos quais se dará ampla publicidade", afirmou o ministro na decisão.

A ação movida pelo "Estadão" foi marcada por idas e vindas. O jornal chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O jornal recorreu, então, ao Supremo. Nesta terça, a AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.

Confira, abaixo, os detalhes de cada teste apresentado pelo governo ao STF.

Primeiro exame

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Primeiro exame entregue ao Supremo Tribunal Federal, em processo sobre testagem de Jair Bolsonaro — Foto: STF/Reprodução

Nome: Airton Guedes
Método: RT-PCR Tempo Real
Resultado: negativo
Processamento: laboratório privado
O laudo mais "antigo" entregue ao STF indica que a primeira amostra foi coletada em 12 de março por uma equipe do Hospital das Forças Armadas. O resultado foi liberado às 13h47 do dia seguinte.

O documento mostra o nome Airton Guedes – um codinome, segundo o governo. O CPF e a data de nascimento conferem com os dados de Jair Bolsonaro.

O teste foi feito pelo método PCR, considerado mais preciso porque detecta o material genético do coronavírus. O ideal é realizar esse exame de 3 a 7 dias após o primeiro sintoma, ou após o contato com alguém contaminado.

A coleta do material foi feita dias após Jair Bolsonaro retornar de uma viagem oficial aos Estados Unidos, em março. Naquele momento, uma TV americana chegou a afirmar que o presidente tinha sido contaminado, sem apresentar documentos.

Ao longo daquele mês, pelo menos 23 pessoas que participaram da viagem oficial testaram positivo para a Covid-19. O primeiro diagnóstico foi do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que já voltou ao Brasil isolado no avião e fez o teste após o desembarque.

Segundo exame

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Segundo exame entregue ao Supremo Tribunal Federal, em processo sobre testagem de Jair Bolsonaro — Foto: STF/Reprodução

Data: 17 de março

Nome: Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz
Método: RT-PCR Tempo Real
Resultado: negativo
Processamento: laboratório privado
O segundo exame foi registrado no sistema do laboratório no dia 17 de março, cinco dias após a primeira testagem. A repetição é parte do protocolo de segurança e ajuda a evitar um "falso positivo" causado pela janela imunológica – quando o vírus já está no corpo mas ainda não pode ser detectado.

Nesse teste, o paciente aparece com o nome de Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz. O CPF e a data de nascimento, mais uma vez, são os dados de Jair Bolsonaro.

O segundo exame também usou o método PCR, considerado mais preciso. Após esse teste, o presidente voltou a anunciar resultado negativo, sem apresentar qualquer comprovação.

Terceiro exame

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Terceiro exame entregue ao Supremo Tribunal Federal, em processo sobre testagem de Jair Bolsonaro — Foto: STF/Reprodução

Data: 18 de março
Nome: Paciente 05
Método: RT-PCR Tempo Real
Resultado: negativo
Processamento: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

O terceiro exame foi feito em 18 de março, um dia após o segundo. A amostra, desta vez, foi analisada em um laboratório público da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mais uma vez, foi o usado o método PCR, mais preciso, a partir de amostra de "secreção de nasofaringe". O resultado também deu negativo.

O "dono" da amostra é identificado apenas como "Paciente 05". No documento entregue ao STF, não há qualquer dado relacionado ao presidente Jair Bolsonaro.

Em exames do tipo, é comum que uma mesma coleta de material dê origem a dois exames distintos. Isso pode ter acontecido no segundo e no terceiro exames, analisados com apenas um dia de diferença. Os documentos enviados ao STF não trazem essa informação.

O coordenador de Saúde da Presidência da República, Guilherme Guimarães Wimmer, afirma em ofício anexado ao processo que o "paciente 05" era Jair Bolsonaro, e que o nome foi omitido por segurança.

"Em razao do estado de emergência em saúde pública decorrente do coronavírus e considerando a grande repercussão pela mídia sobre o estado de saúde do Sr. Presidente da República, foram adotadas medidas de segurança em relação aos exames, com o intuito da preservação da imagem e privacidade do Presidente da República", diz Wimmer.

"Nesse sentido, os dados pessoais do Presidente da República foram preservados, e o exame em lide foi enviado ao laboratório da Fio Cruz na cidade do Rio de Janeiro identificado como Paciente 05."

Falta de cuidado
Os resultados de Jair Bolsonaro no teste de coronavírus geraram preocupação porque, desde o início da pandemia, o presidente da República infringiu, diversas vezes, os protocolos de distanciamento social e isolamento recomendados pelas autoridades de saúde.

Dias após voltar dos Estados Unidos, e já com a informação de que parte da comitiva estava contaminada, Bolsonaro rompeu o isolamento recomendado pelos médicos da Presidência da República e participou de um protesto na Esplanada dos Ministérios.

No ato, o presidente cumprimentou, abraçou e tirou fotos com apoiadores. Naquele momento, já havia recomendação para que todos evitassem aglomerações. Pessoas que tiveram contato com pacientes da Covid-19 já eram aconselhadas, também, a manter isolamento preventivo.

O comportamento se repetiu em diversas ocasiões. Em 11 de abril, por exemplo, Bolsonaro visitou obras de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, cidade vizinha ao Distrito Federal, e descumpriu regras de uso da máscara e de evitar aglomerações.

Em 19 de abril, na posse do ministro da Saúde Nelson Teich, o presidente levou a mão ao nariz, falou ao pé do ouvido e cumprimentou pessoas.

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério da Defesa bloqueie na própria folha de pagamentos os valores pagos indevidamente a militares que receberam o auxílio emergencial destinado a trabalhadores informais impactados pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus. A decisão liminar do TCU, assinada pelo ministro Bruno Dantas nesta quarta-feira, determina um ressarcimento aos cofres públicos ainda neste mês, por meio de guias de recolhimento da União (GRUs), e, caso todo o dinheiro não tenha sido devolvido ao erário, a Defesa deve suspender parte dos pagamentos do mês de maio. Ao todo, 73,2 mil militares receberam o auxílio.

A suposta fraude envolve militares da ativa, da reserva, pensionistas, dependentes e anistiados. Os pagamentos referentes à primeira parcela do benefício somam, pelo menos, R$ 43,9 milhões. Se as três parcelas chegarem a ser pagas, o gasto somará R$ 131,8 milhões. Tanto o Ministério da Defesa quanto o Ministério da Cidadania, responsável pelo programa, já admitiram que os pagamentos foram feitos. Uma investigação interna teve início para detectar por que 73,2 mil militares receberam o auxílio emergencial.

A decisão do TCU obriga as duas pastas a cancelarem os cadastros admitidos, "de modo a evitar a continuidade de pagamentos ilegais". A Defesa terá de fornecer à Cidadania as bases de dados da folha de pagamento de ativos, inativos e pensionistas das Forças Armadas, em até um dia depois do fechamento da folha.

Em 15 dias, o ministério deve informar ao TCU as "medidas tomadas para apurar eventuais faltas funcionais dos militares que solicitaram deliberadamente o auxílio emergencial e para prevenir novas ocorrências de militares envolvidos em solicitações indevidas de benefícios sociais". Nos mesmos 15 dias, será necessário dizer quem ressarciu e quem não ressarciu os valores recebidos de forma ilegal.

Outra determinação do TCU é para que o Ministério da Cidadania informe se há servidores civis federais, estaduais e municipais entre os beneficiários do auxílio emergencial. O prazo para isso é de cinco dias. Os Ministérios da Cidadania e da Economia devem implantar um "mecanismo simplificado de ressarcimento de valores" pagos indevidamente.

A decisão liminar foi confirmada pelos demais ministros em votação em plenário nesta quarta. Além do que já constava na cautelar, ficou decidido que o Ministério da Cidadania terá de divulgar, em até 15 dias após o pagamento feito, informações sobre todos os cidadãos que receberam o auxílio emergencial. Os dados devem ficar púbicos no Portal da Transparência, do governo federal, compartimentados por município.

A investigação no TCU teve início por iniciativa da área técnica do tribunal, mais especificamente da Secretaria de Controle Externo de Gestão Tributária, Previdência e Assistência Social. No pedido direcionado ao ministro Bruno Dantas, os auditores solicitaram uma medida cautelar para tentar minimizar o prejuízo aos cofres públicos. "Não existe previsão legal para que esses pagamentos sejam efetivados aos servidores militares, pensionistas, dependentes e anistiados, visto que não estão entre os beneficiários previstos na lei", citam os auditores.

O universo de 73,2 mil militares equivale a 4,1% de 1,8 milhão de CPFs existentes no banco de dados do Ministério da Defesa, segundo informação da pasta. O ministério afirmou que as Forças Armadas apuram individualmente os casos e que valores pagos indevidamente serão restituídos aos cofres públicos.

O TCU entendeu, porém, que os processos em curso nas Forças podem ser demorados, e o "fundamental" é que "esse ressarcimento seja rápido e integral". "O tribunal tem amplo histórico na fiscalização de pagamentos indevidos de benefícios sociais e essa experiência evidencia um processo moroso e ineficaz de ressarcimento desses pagamentos", afirmam os técnicos.

O ministro que relata o processo no tribunal concordou com os argumentos. "A própria nota de esclarecimento conjunta entre os Ministérios da Defesa e da Cidadania cita a irregularidade identificada. Pessoas que possuem vínculos formais de trabalho não são elegíveis (a receber o auxílio emergencial). Não há margem para interpretação", diz Dantas na decisão cautelar que manda a Defesa providenciar os ressarcimentos ainda neste mês.

Segundo o ministro, "o deslinde do caso não pode esperar os trâmites processuais inerentes sob pena de não haver tempo suficiente para que os recursos ressarcidos sejam reutilizados para financiar benefícios de trabalhadores". "Em que pese o ânimo do Ministério da Defesa em apurar individualmente cada caso e a declarada intenção de restituir os montantes recebidos indevidamente, é imprescindível que haja urgência nesse ressarcimento, inclusive com adoção de providências necessárias pelo ministério, como a glosa na folha de pagamento", concluiPela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os militares que cometeram irregularidades serão identificados, vão devolver o dinheiro e sofrerão uma punição disciplinar. Capitão reformado do Exército, Bolsonaro disse que, no meio militar, quando acontece algo errado, "o bicho pega". Enfatizou que o pagamento indevido ocorreu para "o praça prestador do serviço militar inicial", que vem de famílias pobres.

- Mais ou menos 3% da garotada presta o serviço militar obrigatório, e são pessoas oriundas das classes mais humildes da população, são os mais pobres. Estão servindo o Exército no corrente ano, Marinha e Aeronáutica, e alguns se inscreveram. Como ano passado, filho de pobre, sem renda, não tinha renda nenhuma, acabaram recebendo - declarou o presidente.

- Agora, nosso meio, quando acontece coisa errada no nosso meio militar, o bicho pega. Estão sendo identificados, vão pagar, vão devolver o dinheiro e vão pegar uma punição disciplinar. Coisa que não acontece com frequência em outras áreas. No nosso meio, fez besteira, paga. Agora repito: são militares, mas são jovens que prestam serviço militar obrigatório - complementou Bolsonaro.

No início da pandemia do coronavírus, muito se falou que os idosos eram mais suscetíveis à doença. Entretanto, elementos como problemas no coração ou um acidente vascular cerebral (AVC) são fatores de risco tão grandes para a covid-19 quanto uma idade avançada.

Pegando todos os brasileiros que possuem algum fator de risco além da idade, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) chegou a conclusão de que mais da metade da população adulta do Brasil está dentro de algum grupo de risco.

São, ao total, 86 milhões de pessoas que apresentam ao menos um dos fatores que pode aumentar o risco de complicações, caso haja contaminação pelo coronavírus. Isso equivale a 41% dos brasileiros e 54% dos adultos, dos quais 30% deles têm ao menos um fator que pode causar o agravamento do quadro em caso de contaminação, 15% têm dois fatores, enquanto 9% têm 3 ou mais.

Foram considerados grupos de risco idosos (acima de 65 anos), portadores de doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas (em particular doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral - AVC).

Também foram incluídos outros fatores de risco, provenientes de estudos mais recentes realizados nos Estados Unidos e na Europa, como doença renal crônica, obesidade, asma e tabagismo.

Menos instruídos têm mais fatores de risco
Considerando o grau de escolaridade, é possível perceber que adultos que não concluíram o ensino fundamental estão muito mais propícios a estarem nos grupos de risco, com 80%. Enquanto isso, a parcela da pesquisa que possui ensino superior e apresenta fatores que podem agravar o estado de saúde é de 46%.

Para Rezende, há duas causas principais para a diferença entre os índices. “Pessoas com menor escolaridade tendem a ter um menor nível socioeconômico e menos acesso a recursos básicos", disse.

“A prevalência de doenças é maior justamente na parcela da população mais vulnerável, que mora em locais onde o distanciamento físico é difícil, tem vínculos empregatícios mais frágeis e menos acesso a serviços de saúde. É preocupante”, afirmou Rezende em entrevista ao G1.

Além disso, existe uma relação entre idade e nível de instrução. "Nas pessoas acima de 65 anos, 67% têm nível de escolaridade incompleto. Em pessoas abaixo dessa faixa, são apenas 15% tem o primeiro grau incompleto", completou.

Análise por estados
A pesquisa também retrata a proporção no grupo de risco por estados.

Nesse caso, observa-se uma predominância de estados do Sul e Sudeste entre os que têm maior fatia da população nos grupos de risco, com Rio Grande do Sul (58,4%), São Paulo (58,2%) e Rio de Janeiro (55,8%) nas primeiras posições.

Por outro lado, Amapá (45,9%), Roraima (48,6%) e Amazonas (48,7%) são os estados com menor proporção de populações nos grupos de risco.

Para Rezende, a explicação também passa pelos fatores socioeconômicos.

“Há duas possíveis explicações para essa diferença. Uma tem relação com a maior expectativa de vida nos estados do Sul e Sudeste, onde o nível socioeconômico da população é maior e, portanto, há mais idosos. A outra seria o menor acesso ao diagnóstico médico no Norte e Nordeste, que poderia ter enviesado os dados sobre a prevalência de doenças como diabetes e hipertensão, que, muitas vezes, são assintomáticas no início”, diz.

A Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), interditou 52 estabelecimentos comerciais na Pituba na manhã desta desta quarta-feira (13). O motivo: descumprimento do decreto de número 32.399, publicado ontem (12) pelo município no Diário Oficial e que contém medidas restritivas exclusivas para o bairro, além da adoção de ações de proteção à vida, a exemplo da distribuição de máscaras, cestas básicas e realização de testes rápidos para detecção da Covid-19.

Essas medidas, que começaram a vigorar hoje e valem inicialmente até o dia 19 de maio, foram anunciadas na última segunda-feira (11) pelo prefeito ACM Neto. Só podem funcionar no bairro supermercados, farmácias, agências bancárias, lotéricas, repartições públicas, cartórios, bares e restaurantes com sistema delivery (sem retirada do alimento no estabelecimento), serviços de saúde, laboratórios de análises clínicas, clínicas veterinárias e comércio que venda insumos hospitalares.

Todos os demais estabelecimentos, independentemente do tamanho da área, devem permanecer fechados até o dia 19. Entre os que foram interditados hoje as padarias Super Pão e Santo Pão, a Perini, o frigorífico do Mané, a loja de alimentos naturais Noz Moscata, a barbearia Guardini Barber Shop e uma lanchonete.

Até ontem (12), a Pituba havia registrado 78 pessoas contaminadas com o novo coronavírus. As medidas que começaram a valer hoje visam justamente ampliar o isolamento social no bairro e conter a disseminação da doença na localidade, salvando vidas. Além da suspensão temporária do comércio local, o decreto determina o fechamento do calçadão da Orla Atlântica no trecho de abrangência das determinações, entre a Arena Aquática e o novo Centro de Convenções, na Boca do Rio. Não há restrições ao trânsito de veículos na Pituba.

Outras localidades - Desde segunda-feira, as medidas restritivas regionalizadas e de proteção à vida estão valendo também em Plataforma, Boca do Rio e na Avenida Joana Angélica (Centro), pelo prazo de sete dias. No caso da Boca do Rio e da Avenida Joana Angélica, há restrições ao trânsito de automóveis.

Tal qual na Pituba, ocorre ainda a distribuição de máscaras, realização de testes rápidos, medição de temperatura, entrega de cestas básicas para ambulantes e feirantes, higienização de ruas, ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, apoio a instituições de idosos, crianças e pessoas com deficiência e Cras Itinerante.

Os hospitais estaduais em Vitória da Conquista, Feira de Santana e Barreiras passarão a realizar os atendimentos apenas de modo referenciado a partir da próxima segunda-feira (18). Isso significa que as emergências das unidades receberão somente pacientes regulados pelo Samu ou pela Central Estadual a partir de outros hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de quaisquer localidades. Demandas que não representem risco iminente de morte, que seriam os pacientes classificados com o código vermelho, devido a gravidade, devem buscar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou UPA.

Todas as unidades continuarão prestando assistência na área de clínica e em diversas especialidades. A medida visar reorganizar o fluxo de atendimento, pois os hospitais possuem alas exclusivas para o atendimento a pacientes com suspeita e diagnóstico positivo de coronavírus (Covid-19).

Somadas, as três unidades terão 165 leitos dedicados a Covid-19. O Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana, e o Hospital do Oeste, em Barreiras, alcançarão, cada um, 60 leitos, sendo 50 de UTI e dez clínicos. Já o Hospital Geral de Vitória da Conquista terá 45 leitos, sendo 21 de UTI e 24 clínicos.

Cabe ressaltar que os leitos clínicos e de UTI serão implantados progressivamente nestas unidades, bem como todas as medidas de segurança serão adotadas para que pacientes com outros problemas de saúde não tenham contato com os casos suspeitos e positivos de Covid-19.

Quarta, 13 Maio 2020 14:14

Como nasce uma religião

Nesses tempos em que teses religiosas tentam direcionar os destinos do país, uma análise ao evento conhecido como “culto à carga”, pode esclarecer muita coisa sobre como o homem é sensível a acontecimentos que não controla ou desconhece a origem. O “culto à carga” é um dos exemplos modernos de como nasce uma religião. O fenômeno apareceu em meados do século XX, em ilhas do Pacífico e se encaixa na sentença do renomado escritor de ficção cientifica Arthur C. Clarke, segundo a qual “qualquer tecnologia avançada o bastante é indistinguível da magia”.

Supersticioso, o homem tende a acreditar em forças sobrenaturais para explicar eventos que não entende. O “culto à carga” resulta disso. Depois da Segunda Guerra Mundial, algumas ilhas da região da Nova Guiné passaram a ser frequentadas por estrangeiros: militares, colonizadores e missionários, que traziam máquinas fantásticas, incompreensíveis para os nativos.

Logo, os ilhéus perceberam que as tais geringonças não eram fabricadas pelos estrangeiros. Quando as máquinas quebravam, eram enviadas para algum lugar e artigos novos continuavam chegando na forma de “carga” em navios ou aviões. Os homens brancos, além de não consertarem as máquinas, não produziam nada de útil nas ilhas. Se limitavam a passar a maior parte do tempo atrás de mesas mexendo em papéis, que os nativos interpretavam como algum tipo de devoção religiosa. Não foi difícil para os indígenas concluírem que a “carga” tinha uma origem sobrenatural.

Para reforçar a impressão, os estrangeiros agiam de forma estranha, que só podia ser ritual aos seus deuses para pedir mais carga: marchavam de um lado pro outro, erguiam mastros imensos onde instalavam fios e passavam horas ouvindo sons estranhos, emitidos por uma caixa barulhenta que piscava.

Os nativos perceberam que se eles quisessem carga, teriam que realizar rituais semelhantes. Os pesquisadores do fenômeno notaram o surgimento desse culto à carga em locais diferentes, sem comunicação, Ilhas Salomão, Nova Caledônia, Fiji, entre outras. Em uma das obras que analisaram o fenômeno, se informa que a maioria dessas religiões “afirma que um messias específico trará carga quando o dia do apocalipse chegar”.

Vinte anos depois do início do fenômeno, antropólogos que visitaram uma dessas ilhas e contactaram um sacerdote dessa nova religião. Esse pagé relatou a passagem na região no passado de um tal John Frum, um messias que fez várias profecias indicando que voltaria um dia, no futuro, trazendo carga abundante para todos. Quando os antropólogos desdenharam sobre a possibilidade do retorno do profeta, pois já se passara vinte anos e ele não voltou, um devoto do culto respondeu de chofre: se os católicos podem esperar dois mil anos pelo retorno de Jesus, então posso aguardar o tempo necessário por John Frum.

 

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Biaggio Talento é jornalista, e colaborador do O Jornal da Cidade.

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril que faz parte do inquérito sobre a suposta tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF) é devastador para o presidente da República, dizem fontes ouvidas pela jornalista Andréia Sadi, do G1.

Em matéria publicada na tarde desta quinta-feira, Andréia contou que suas fontes disseram, em off, que o vídeo comprova a acusação do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de que o presidente da República tentou interferir na Polícia Federal.

Durante o encontro, Bolsonaro teria dito que sua família sofre perseguição no Rio de Janeiro e que, por isso, trocaria o chefe da superintendência da PF no Rio. Na ocasião, o presidente acrescentou que, se não pudesse fazer a substituição, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça – à época, Sérgio Moro.

As fontes afirmaram ainda que Bolsonaro apresentava um tom de irritação e mau humor na reunião e trata o superintendente da PF do Rio como seu segurança. Também teria afirmado que não iria esperar sua família ser prejudicada.

Auatro fontes que assistiram ao vídeo da reunião ministerial, exibido a advogados e investigadores em Brasília, confirmaram à TV Globo e à GloboNews os motivos externados pelo presidente para exigir a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Além de falar dos familiares, o presidente usou palavrões ao tratar do tema, segundo essas fontes. Um dos presentes à exibição do vídeo relatou que Bolsonaro disse: "Já tentei trocar o chefe da segurança do Rio de Janeiro. Se não posso trocar, troco o chefe dele, troco o ministro”.

“Não vou esperar f... alguém da minha família. Troco todo mundo da segurança. Troco o chefe, troco o ministro”, de acordo com o relato obtido pela TV Globo.

Investigadores afirmaram que as declarações do presidente nessa reunião mostram um interesse familiar, pessoal, por trás da intenção da troca.

O presidente da República comunicou a Moro que iria trocar o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, por Alexandre Ramagem – atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e amigo da família Bolsonaro.

Moro se recusou. Disse "não, não topo isso" e falou com os generais. Mas o presidente da República se mostrou irredutível, pois Ramagem seria a pessoa que forneceria para ele relatórios de inteligência e que poderia de alguma forma blindar investigações.

Ramagem chegou a ser nomeado por Bolsonaro para a diretoria-geral da PF, mas o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu o decreto. O presidente, então, optou pelo delegado Rolando de Souza, que trabalhou com Ramagem na Abin.

O vídeo da reunião é uma das evidências do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) após Moro deixar o ministério da Justiça acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. A sequência foi exibida nesta terça-feira (12) em Brasília a pessoas envolvidas com a investigação.

A Bahia chegou ao número de 225 mortes em decorrência do novo coronavírus, com 6.204 casos notificados. Entre eles, há 643 profissionais da saúde confirmados com a covid-19. O balanço foi divulgado nesta terça-feira (12), pela Secretaria da Saúde (Sesab). Nas últimas 24 horas, o estado registrou 11 novos óbitos, além de 388 pacientes infectados.

Na segunda (11), eram 214 vítimas fatais, com 5.816 diagnósticos. O aumento notificado entre os dois dias representa 5,14% em relação aos falecimentos e 6,67% em relação aos contaminados. O número de pacientes recuperados também cresceu: foi de 1.418 da véspera para os atuais 1.644 (5,93%).

Os infectados confirmados estão espalhados por 180 municípios do estado, com maior proporção em Salvador (71,84%, com 4.107 doentes). Entre os 6.204 contaminados totais, 4.335 pessoas estão com casos ativos - ou seja, apresentam sintomas da covid-19 e permanecem monitoradas pela vigilância epidemiológica.

As 225 fatalidades foram contabilizadas pela Sesab em 38 municípios da Bahia. Já as 11 novas mortes registradas nas últimas 24 horas aconteceram em Salvador, Itabuna e Ilhéus. São elas:

215º óbito: homem de 69 anos, residente em Itabuna, com doenças cardíacas crônicas. Morreu no dia 05 de maio, em um hospital filantrópico da cidade.
216º óbito: mulher de 86 anos, residente em Salvador, sem comorbidades. Faleceu no dia 4 de maio, em um hospital da rede pública da capital baiana.
217º óbito: mulher de 46 anos, residente em Salvador, com doenças cardiovasculares e diabetes; Morreu na última sexta-feira (8), em um hospital da rede privada da capital baiana.
218º óbito: homem de 44 anos, residente em Salvador, com diabetes e hipertensão arterial. Faleceu no último domingo (10), em um hospital da rede privada da capital baiana.
219º óbito: mulher de 87 anos, residente em Salvador, com diabetes e doença cardiovascular. Morreu no último sábado (9), em um hospital da rede pública da capital baiana.
220º óbito: mulher de 79 anos, residente em Salvador, com doença pulmonar obstrutiva crônica, doença arterial coronariana. Faleceu na última sexta-feira (8), em um hospital da rede privada da capital baiana.
221º óbito: homem de 64 anos, residente em Salvador, com diabetes, hipertensão arterial, doença cardiovascular crônica. Morreu no último sábado (9), em um hospital da rede pública da capital baiana.
222º óbito: mulher de 85 anos, residente em Ilhéus, com cardiopatia, diabetes e hipertensão arterial. Faleceu no dia 4 de maio, em um hospital filantrópico da cidade.
223º óbito: homem de 71 anos, residente em Ilhéus, com hipertensão arterial. Morreu no dia 05 de maio, em uma unidade de pronto atendimento da cidade.
224º óbito: homem de 44 anos, residente em Salvador, com diabetes. Faleceu nesta terça-feira (12), em um hospital da rede estadual da capital baiana.
225º óbito: mulher de 68 anos, residente em Ilhéus, com diabetes, hipertensão arterial, doença renal crônica. Morreu no dia 28 de abril, em um hospital público da cidade.
No estado, dos 1.090 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para pacientes com covid-19, 475 estão ocupados (44%). Já entre os leitos de UTI adulto e pediátrico voltados somente para o tratamento do coronavírus, 255 possuem pessoas internadas (55,2%).

De acordo com a Sesab, o número de leitos é flutuante e representa o quantitativo de vagas disponíveis no dia. "Intercorrências com equipamentos, rede de gases ou equipes incompletas, por exemplo, inviabilizam a disponibilidade do leito. Ressalte-se que novos leitos são abertos progressivamente mediante o aumento da demanda", explica a Secretaria.

Entre os casos confirmados, 50,98% foram do sexo feminino. A faixa etária mais acometida foi a de 30 a 39 anos, representando 25,73% do total.

Ao todo, entre o dia 1° de março até esta terça-feira (12), o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) realizou 28.720 exames do tipo RT-PCR, que é o padrão ouro para identificar o genoma viral do coronavírus. Atualmente, há 2.029 amostras em análise laboratorial e os exames são liberados em até 48 horas.

O boletim epidemiológico ainda registra 10.864 casos descartados e 20.743 notificações em toda a Bahia. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais.

O prefeito de Candeias, Dr. Pitágoras, testou positivo para coronavírus. Em seu perfil no Instagram, ele confirmou o resultado do teste e disse que passa bem. Candeias tinha 55 casos confirmados da doença até esta segunda-feira (11). É pelo menos o segundo prefeito da Bahia a ter a doença - no final de abril, Luiz de Deus, prefeito de Paulo Afonso, confirmou que estava com covid-19.

"Afirmo a todos que estou bem, tive um pouco de febre e tosse e informo que estou em isolamento, trabalhando em casa para anunciar mais tarde novas medidas de combate a ploriferação deste vírus que deixa todos expostos. Todos sabem que estamos, desde o início da pandemia, na linha de frente do combate ao coronavírus, tomando os cuidados necessários de prevenção, mas infelizmente todos nós estamos expostos a esta pandemia", disse o prefeito.

O volume do setor de serviços na Bahia teve forte recuo em março em relação a fevereiro, com queda de 7,8%, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (12). Este é o segundo resultado negativo consecutivo, mas o ritmo de queda se acelerou bastante, já que de janeiro para fevereiro a queda foi de 0,1%.

O desempenho baiano nesse aspecto foi pior do que a média do Brasil (-6,9%). Vinte e quatro dos 27 estados tiveram quedas no setor de serviço nesse período. O volume cresceu apenas em Rondônia (3,1%), Amazonas (1,9%) e Maranhão (1,1%). Rio Grande do Norte (-18,6%), Mato Grosso (-12,7%) e Rio Grande do Sul (-11,0%) tiveram as maiores quedas.

Comparando com março do ano passado, o setor de serviços na Bahia teve queda ainda mais acentuada (- 12%). Esse desempenho também ficou muito pior que o nacional (- 2,7%) e aparece como terceiro recuo entre os estados, melhor apenas que Amapá (- 13,2%) e Rio Grande do Norte (- 12,4%).

Ainda de acordo com o IBGE, os serviços na Bahia tiveram seu pior mês de março em oito anos, desde que começou a série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada pelo IBGE em 2012 para esses dois indicadores.

Agora, o setor de serviços baiano acumula queda de 6,8% no primeiro trimestre do ano, o segundo pior desempenho na área entre todos os estados, acima apenas do Piauí (- 7%). No Brasil, os serviços acumulam recuo de 0,1% em 2020.

Queda em todas as atividades
A queda no volume do setor de serviços no estado é resultado de um recuo em todos os cinco grupos de atividade que são contabilizados pelo IBGE.

Os serviços prestados às famílias caíram 35,8%, maior queda considerando todos os meses analisados pela PMS desde 2012. Essa foi a área que exerceu maior influência no resultado. A queda foi motivada pela paralisação das atividades de restaurantes e hotéis, entre outros, avalia o IBGE.

O segundo maior recuo é da área de outros serviços, que caiu 15,9% e já vinha de queda de 20,1% em fevereiro.

Contudo, a segunda maior contribuição para o resultado ruim do setor no mês é da área de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. A queda foi de 8% nesse setor, que é o segmento de maior peso para os serviços na Bahia.

Houve impacto do transporte áreo, além do transporte rodoviário, dois setores impactos pela pandemia do novo coronavírus.