Já é possível escutar os sinais da proximidade da maior festa de rua do planeta. Se o mais chamativo deles é o barulho das estruturas dos camarotes sendo erguidas nos circuitos, há outro discreto e silencioso: as placas de “aluga-se” expostas nas faixadas de apartamentos. Afinal, é no Carnaval que muita gente aproveita para ganhar uma renda extra. Para ficar perto da passagem dos trios elétricos, os preços variam entre R$5.700 até R$51.000 para os pacotes de seis dias em Salvador.

A reportagem realizou uma pesquisa dos imóveis disponíveis para locação entre os dias 16 e 21 de fevereiro nas maiores plataformas de hospedagem online para chegar à média de preços. Mas afinal, o que faz um apartamento ser mais caro do que outros? Especialistas na área explicam que a proximidade dos Circuitos Barra-Ondina e Campo Grande é o fator que mais agrega valor neste período.

Os imóveis que funcionam como verdadeiros “camarotes” e ficam entre o Morro do Gato e o Centro de Educação Física e Esporte da Ufba são alguns dos mais disputados. As opções, no entanto, são muitas e quem deseja economizar pode optar por aqueles que sejam um pouco mais afastados. Além disso, quanto maior for imóvel, os preços aumentam. Varanda, vista para o mar e estacionamento são atributos importantes.

Dentro de um mesmo bairro e a poucos quilômetros de distância, o valor dos alugueis pode variar consideravelmente. Um apartamento de apenas um quarto e um banheiro localizado na Barra, por exemplo, tem diária de R$1 mil. Enquanto isso, passar apenas um dia em um apartamento de alto padrão com quatro quartos e seis banheiros sai por R$8.900.

Os foliões que escolherem a capital baiana são os grandes beneficiados com a variedade de opções. Desde 2018, Hugo Bueno, 32, se planeja para sair de Belo Horizonte (MG), onde vive, e passa o Carnaval em Salvador. Neste ano, o grupo será formado por 20 amigos, sendo que Hugo ficará hospedado em um apartamento com outras nove pessoas.

Para a hospedagem de oito dias, o imóvel com três quartos e dois banheiros, localizado em Ondina, custou, em média, R$14 mil. Depois de dois anos sem curtir a festa, Hugo não esconde a empolgação com a viagem: “Sou apaixonado pelo Carnaval e não tem lugar que me cative mais do que o coração da festa, que é Salvador”.

Para que a negociação seja feita, os donos dos imóveis costumam exigir que até metade do valor do pacote seja pago antes da hospedagem como forma de garantia. Como o aluguel é por temporada, os locatários não são obrigados a comprovar renda, mas são exigidos documentos de identificação. É prática comum que os locadores chequem se os hóspedes possuem processos judiciais.

Apesar de ainda existirem imóveis disponíveis para locação, as próprias plataformas já avisam que eles são escassos. No AirBnb, quem procura por hospedagem no período da folia recebe a notificação "um número de pessoas maior do que o normal está buscando essas datas, então esse é um bom momento para reservar". No Booking.com, a pressão é parecida: 94% dos lugares para ficar estão indisponíveis no nosso site entre 16 e 21 de fevereiro.

Alta de preços

Diferentemente do que aconteceu nos últimos dois anos, a covid-19 não vai impedir que milhares de pessoas de todas as partes do planeta se reúnam nas ruas de Salvador em fevereiro. Porém, os impactos do período de restrições sanitárias não foram completamente dissipados.

Durante a pandemia, menos empreendimentos foram lançados, o que desencadeou um movimento de venda de imóveis em todo o país. Por isso, a oferta está menor do que nos últimos anos. “Muitos imóveis que antes eram para locação foram vendidos na pandemia e a oferta diminuiu. A procura segue grande, o que valoriza os alugueis”, explica Daiane Padilha, que é corretora de imóveis há 14 anos.

Em 2019, o preço médio da diária era de R$576 em Salvador para o Carnaval. Quatro anos depois, a média mais do que dobrou e atinge R$1.182, de acordo com a plataforma Airbnb.

Em outubro de 2020, em meio à pandemia, a aposentada Marlene Luz e o marido decidiram comprar um apartamento como forma de investimento. O prédio escolhido foi o Ondina Apart Hotel, que fica dentro do circuito mais disputado no Carnaval.

Se na baixa estação a diária do apartamento reformado de dois quartos custa R$280, no Carnaval, o preço sobe para R$2 mil – o que representa uma valorização de mais de 600%. Para a dona do imóvel, o investimento tem rendido bons frutos. “A gente consegue alugar o apartamento em todas as épocas do ano”, afirma. Neste Carnaval, o imóvel de Marlene será alugado por dois casais que virão de Goiânia (GO).

“É um momento em que o proprietário consegue dinheiro para pagar as taxas do ano todo, como IPTU e IPVA, além de ficar mais folgado financeiramente”, explica Daiane Padilha.

Cuidados devem ser tomados para não cair em golpes no período de festas

Imagine se programar para alugar um imóvel, efetuar o pagamento adiantado e descobrir que o local não existe. O golpe dos alugueis tem ficado cada vez mais comum, como revela o corretor de imóveis Davi Ribeiro. “Já tive alguns clientes que caíram em golpes e depois procuraram a empresa”, relata.

Para evitar entrar em ciladas na internet, é importante que os hóspedes visitem o local pessoalmente antes de fechar negócio ou que peçam para alguém de confiança checar a existência do local. “Se forem turistas, é importante que não seja feito pagamento antes de chegar um dia antes do prazo para ver pessoalmente o imóvel”, indica o corretor.

A pesquisa minuciosa também se torna uma valiosa forma de evitar golpes. Os locatários devem considerar a avaliação do usuário no site, confirmar se o endereço realmente existe e optar por realizar uma vistoria antes de fechar negócio.

Uma opção para garantir mais segurança é a elaboração de um contrato que seja firmado em cartório. Nele, devem contes informações como data de entrada e saída, valor, forma de pagamento e regras da casa.

 

Em audiência pública realizada nesta terça-feira (22) na Câmara Municipal de Salvador, foliões, associações carnavalescas e moradores da Barra se reuniram para pedir que a decisão do Prefeito Bruno Reis em manter o Carnaval de Salvador no circuito tradicional seja vitalícia. Categoria alega que recursos que seriam utilizados para transformar a Boca do Rio em um novo circuito sejam utilizados para melhorias no circuito Osmar, no Campo Grande; Dodô, na Barra-Ondina; e Batatinha, no centro histórico-Pelourinho.

O vereador Silvio Humberto foi o responsável pela audiência. Segundo ele, as pautas serão levadas para sessão na Câmara e posteriormente para o Conselho do Carnaval (Comcar) e para a Empresa Salvador de Turismo (Saltur), que foram chamados para a reunião, mas não compareceram.

"Queremos que o carnaval seja feito com trios elétricos de forma vitalícia nos circuitos tradicionais e que seja feita uma revitalização nesses espaços. Ao invés de fazer algum circuito na Boca do Rio, queremos que seja feito um projeto de reestruturação do carnaval no nosso Centro", disse Camila Barbosa, integrante do movimento SOS Carnaval Salvador.

Ao anunciar o carnaval no circuito tradicional em 2023, Bruno Reis lembrou que no próximo ano haverá uma nova configuração do Comcar e que essa pauta pode voltar a discussão. “Esse novo circuito vai surgir a partir da nova orla que vamos construir na Boca do Rio, obra que homologamos hoje. A partir daí o segmento que realiza o carnaval pode fazer essa discussão ao longo de 2023”, afirmou.

Questionado se o posicionamento de artistas contrários a mudança influenciou na decisão, Bruno disse que “a opinião de todos contribuiu, mas a principal motivação é a falta de tempo tendo em vista que já está em curso a comercialização dos produtos, como blocos e camarotes”. O gestor prometeu mais investimentos para fortalecer os circuitos Osmar (Campo Grande), Batatinha (Centro Histórico) e o carnaval nos bairros.

Publicado em Bahia

Não haverá mudança nos circuitos do Carnaval em 2023. A informação foi divulgada pelo prefeito Bruno Reis, nesta sexta-feira (19). Com o anúncio, fica confirmado que não haverá mudança do circuito Barra-Ondina para a Boca do Rio.

Nesta quinta-feira (18), o prefeito recebeu do Conselho Municipal do Carnaval a proposta de implantação de um novo circuito, situado na orla atlântica da capital baiana, para o Carnaval de Salvador em 2023. A ação ocorreu no Palácio Thomé de Souza e contou com as presenças de representantes da entidade, além do presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.

O prefeito explicou que não haveria tempo hábil para analisar todo o projeto entregue pelo Conselho. "Ao conversar com nossa equipe ontem, diante da magnitude do projeto e análise que precisa ser feita, não há como dar uma posição se é viável e se dá para colocar todos os serviços: saúde, segurança, toda estrutura montada pela Saltur, sem uma análise mais profunda. Por mais que corrêssemos, não tinha como dar uma resposta com segurança em menos de um mês", explicou.

Bruno disse ainda que conversou com setores envolvidos na festa antes de tomar a decisão. "Diante de minha conversa com diversos setores, eles diziam que já comercializavam seus pacotes para o circuito Barra-Ondina, os camarotes e blocos que estão comercializando seus produtos para a Barra, eu estou anunciando nesta manhã que o carnaval no circuito Barra-Ondina está mantido", anunciou o prefeito.

Projeto
A proposta do Comcar apontou benefícios e vantagens referentes à realização da folia no trecho de orla que vai do Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio, até a entrada da Avenida Pinto de Aguiar, em Patamares. A medida seria uma alternativa para trazer mais conforto, a moradores e visitantes, principalmente pela saturação de público no Circuito Dodô (Barra/Ondina), melhor estrutura para mobilidade, acessibilidade e serviços públicos em geral.

Segundo o prefeito, a proposta prevê melhorias para a festa em diversas áreas, como estrutura e segurança dos foliões. "É visível, os avanços e a qualidade do projeto. O projeto aponta uma série de ações que visam a gente aperfeiçoar e melhorar o nosso Carnaval. Apresenta toda a estratégia para chegada e saída dos foliões, montagem e desmontagem de todas as estruturas, distribuição de ambulantes que trabalham no Carnaval, sistema de transporte e trânsito", analisou. O prefeito agradeceu o empenho do trade turístico e do Comcar na elaboração do plano.

O assunto envolvendo a possível mudança do circuito do Carnaval de Salvador, saindo da Barra para a orla da Boca do Rio, só deve ter novidades em agosto. É neste mês em que a comissão criada para discutir o assunto vai entregar o projeto para avaliação da prefeitura.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (UB), revelou que a possibilidade da mudança tem ligação com um projeto de revitalização da orla de Pituaçu, no trecho da Boca do Rio até Piatã.

"Vai se tornar uma 'nova Barra'. Nós já soltamos a licitação da obra da nova orla de Pituaçu, que é praticamente o último trecho da orla soteropolitana que falta ser revitalizado. Com o surgimento deste novo espaço na cidade, o trade do Carnaval se interessou em utilizá-lo como circuito. Quando nós da prefeitura recebermos o projeto, em agosto, vamos nos debruçar sobre o tema", disse o gestor.

No mês passado, cerca de 22 membros do Conselho do Carnaval (Concar) se reuniram para criar uma comissão técnica para discutir a possibilidade da mudança do circuito Barra-Ondina para a orla da Boca do Rio.

"O objetivo da reunião foi abrir essa discussão para que fossem levantadas todas as vantagens e desvantagens dessa mudança. O que se tomou de decisão foi criar uma comissão para montar um projeto arquitetônico do que viria a ser esse circuito da orla (da Boca do Rio)", declarou na época Joquim Nery, presidente do Concar.

Ainda segundo o presidente do conselho, a previsão é de que este projeto esteja pronto até a primeira semana de julho para apresentar à Prefeitura de Salvador.

Ele conta ainda que houve consenso no grupo sobre os aspectos positivos desta mudança. "O que existe de pensamentos divergentes ainda é se essa mudança deveria ser feita agora para o Carnaval de 2023 ou para o de 2024", acrescentou.

Os definições de data e trajeto só serão apresentadas após a conclusão da fase de planejamento.

Com ou sem Carnaval, a população da Barra está dividida sobre a mudança do circuito para a orla da Boca do Rio. Após o anúncio da possibilidade de transferência, a Associação de Moradores da Barra (Amabarra) solicitou uma reunião com o Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), para tratar do tema que pegou todos de surpresa. O encontro, que aconteceu na manhã de segunda-feira (4), também contou com a presença de comerciantes e empresários da região.

Para Waltson Campos, diretor de comunicação e relações públicas da Amabarra, essa é uma solicitação antiga dos moradores, incentivada pelos problemas percebidos por essa população durante os dias de folia, como mobilidade, poluição e violência. Adversidades que, segundo o diretor, o bairro não comporta mais.

“Há cinco ou seis anos vínhamos pleiteando este espaço dentro do Comcar, para que pudéssemos começar a falar o que pensamos como moradores. Nós não concordamos com esse modelo de trios e camarotes, porque ele cresceu muito. Temos em um bairro pequeno, que recebe uma concentração de grandes quantidades de pessoas e que não tem mais estrutura para isso”, diz o diretor da Amabarra.

Sônia Garrido, de 65 anos, é uma das moradoras da Barra que concorda com a mudança da festa para a Boca do Rio pelos mesmos motivos apontados pelo representante da Amabarra, além da falta de espaços de suporte para os ambulantes que passam os sete dias de Carnaval alocados no circuito. Na reunião, sua principal queixa foi o excesso da valorização do lucro, pelos empresários.

“Vimos muita gente falando da sua própria expectativa em termos do dinheiro que vai ganhar ou perder, deixando de lado o aspecto de funcionalidade do carnaval no bairro. O Carnaval não precisa deixar de existir. O que não pode acontecer é parar o local completamente, gerando um volume absurdo de lixo, para que uma festa se instale e paralise a praia”, opina Sônia.

Como criador do circuito Habeas Copos e representante da Associação Carnavalesca das Entidades sobre Percussão (ACESP), Sérgio Bezerra afirma que a mudança visa manter, na Barra, um Carnaval que seja suportado pelo espaço, ao mesmo tempo que poderá descentralizar a festa.

“Eu acho que é a oportunidade de descentralizar o Carnaval e contemplar a cidade toda. Para que não se crie mais um circuito como o que temos hoje, desconfortável para o carnavalesco, moradores e para o policiamento, que hoje já não consegue ter a mesma atuação que tinha antigamente”, destaca Bezerra.

Contra a mudança

Quando souberam que a Barra poderia deixar de ser o circuito principal do Carnaval, os empresários da região formaram o grupo SOS Carnaval Barra-Ondina, para tentar impedir a mudança. Criado há quase um mês, tem 177 membros. Um deles é Mauricio Mordechai, 47, dono de uma agência de turismo e morador do local. Para ele, além da perda de capital para os comerciantes, a mudança gerará uma perda de identidade para a festa.

“Se falou na reunião que não tem como resolver o problema porque tem muita gente aglomerada na Barra. É uma mentira, porque não foi feito tudo. O que existe hoje é uma aglomeração de trios elétricos, que saem colados um no outro. É preciso fazer o espaçamento desses trios. O Carnaval no exterior é muito vinculado ao Farol. Se você tira isso, o estrangeiro simplesmente não vem para essa parte da cidade”, afirma o empresário.

Ao seu lado está a proprietária de duas pousadas na região, Ajulimar Marchionne, 31. A empresária questiona os benefícios de uma mudança durante a pandemia da Covid-19, em que muitos comerciantes perderam suas rendas ou esperam pelo Carnaval para tentar recuperá-las.

“A mudança vai ser uma tragédia para as empresas. Uma pousada como a minha consegue sobreviver o ano inteiro só com o Carnaval. Na Boca do Rio não tem estrutura para receber a festa. Vai ser uma incógnita muito grande. Depois de uma pandemia, esse é o momento? Está todo mundo se recuperando desses tempos catastróficos", lamenta Ajulimar.

Mudança
Diante da divisão de opiniões entre as comunidades que moram e trabalham na Barra, o presidente do Comcar, Joaquim Nery, afirma que a decisão deverá ser anunciada oficialmente até o mês de agosto. O veredito depende da realização de estudos com a participação dos órgãos que atuam nos dias de folia, como Secretária Municipal de Saúde (SMS), a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) e a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador).

“Já houve reuniões com essa turma. Eles estão preocupados com o tempo. Mas o que eu acho que a gente tira disso tudo é a necessidade de uma mudança no Carnaval da Bahia. Se essa inovação não vier para 2023, que seja planejada com antecedência para 2024, porque isso vai ter que acontecer. Até agosto estaremos discutindo junto com a Prefeitura”, explica o presidente do Comcar.

Ao comentar sobre a possível mudança, o prefeito Bruno Reis, confirmou a previsão do Comcar e destacou a parceria com o órgão para a execução do projeto, que ainda está em fase de elaboração pelos empresários que trabalham na festa. "A previsão é de que seja encaminhado em agosto. O projeto está sendo elaborado a partir de uma grande intervenção que vamos fazer em Pituaçu. À medida que for aprovado pelo Comcar, a prefeitura vai analisar e emitir uma opinião", explicou.

Ainda segundo Nery, a mudança não pretende prejudicar o Carnaval do Centro Histórico, já que o planejamento do novo circuito tem sido pensado junto com a revitalização dessa região.

Como um dos órgãos e secretarias envolvidas na definição, a Transalvador informou que ainda não há informações para um projeto que está no início das discussões. Em nota, a PM-BA, ressaltou que seguirá atuando em eventos de grande porte, a exemplo do Carnaval de Salvador, mas não comentou sobre a mudança. Já a SMS esclareceu que no momento não está envolvida na discussão sobre a troca do circuito do Carnaval.

Após um hiato de dois anos, Ivete Sangalo já está se preparando para voltar ao Carnaval de Salvador. De acordo com informações exclusivas obtidas pelo portal Alô Alô Bahia, a cantora deverá se apresentar durante quatro dias na folia baiana, devido a compromissos já agendados e que foram remarcados por causa da pandemia.

Duas dessas apresentações serão à frente do Coruja 2023. O bloco, também de acordo com apuração do Alô Alô Bahia, iniciará as vendas de abadás nos próximos dias, ainda nesta semana.

Criado em 1963, o Coruja carrega mais de 50 anos de história no Carnaval de Salvador. Em 2002, Ivete assumiu o comando do bloco que, desde então, passou a ser considerado um dos melhores e mais animados blocos de carnaval.

Publicado em Famosos

Na Bahia, sempre que termina um Carnaval, já se começa a programar o outro. Esse ano, pela impossibilidade da realização da folia pela pandemia da covid-19, os bailinhos dominaram a programação – mais de 30 festas privadas aconteceram em Salvador e Região Metropolitana. Para o Carnaval de 2023, a ideia do setor é manter esse formato, em harmonia com os blocos e camarotes. Pelo menos 11 deles já foram lançadas para o ano que vem, como o Camaleão, Nana e Camarote Salvador, e seis deles iniciaram as vendas.

O Camarote Skol, por exemplo, já está confirmado no circuito Barra Ondina do ano que vem, de quinta (16/02/2023) a terça (21/02/2023). Os valores variam de R$ 650 a R$ 790 e três atrações já foram confirmadas: Claudia Leitte, Harmonia do Samba e Durval Lelis. “Acredito que o Carnaval do ano que vem vai ser o maior de todos os tempos, porque as pessoas estão com sede se festa, com saudade do Carnaval de rua, dos blocos e camarotes”, afirma o empresário Binho Ulm, sócio da 2gb entretenimento.

A empresa, que organiza o Camarote Skol há mais de 12 anos, se reinventou, em 2022: criou o Baile Barra Ondina, no Clube Espanhol, para relembrar a folia momesca. Foram três dias de festa, com Bell Marques, Pedro Sampaio, Durval Lelis, Tuca Fernandes e Rafa e Pipo Marques. “O bailinho veio, esse ano, porque não tinha condições de se fazer grandes estruturas e público, então mudamos para atender o decreto e limite de 1.500 pessoas”, conta Binho Ulm.

O sucesso foi tanto que haverá a ressaca do Baile, no próximo sábado (5), com Harmonia e Durval, além da manutenção do formato para o próximo ano. “Vamos criar um bailinho com fanfarra, para um público menor, como foi esse ano. Estamos pensando, de preferência, em um espaço perto do circuito e de dia, com feijoada e show de alguma banda do Carnaval de Salvador. Os bailinhos vão permanecer e o mercado vai se adequar a essa nova realidade”, defende.

O empresário Fred Boat, um dos sócios do Camarote Nana, ainda não lançou ingresso, mas acredita que os bailinhos só têm a agregar ao leque de opções carnavalescas, em 2023. “Acredito que, ano que vem, se volte à normalidade, o Carnaval vai amadurecer e o bailinho também vai ter seu lugar, porque nossa festa é democrática e recebemos todo tipo de gênero e formato”, opina Boat.

Foliões saudosos
O administrador Vinícius Fiuza, 37, já tem comprado seu Camaleão de 2023, bloco que acompanha há 20 anos ininterruptos. “Tenho comprado desde 2021. Como não tivemos o Carnaval, o Camaleão que já tinha adquirido ficou para o ano que vem. Ouço Bell Marques todo dia no carro, no chuveiro, em todo lugar. Amo axé, está no meu sangue”, conta Fiuza.

Seus planos são curtir o Carnaval de 2023 como se não houve amanhã. “Quero curtir o que não pude em 2021 2 2022. Quero ir pra rua, camarote, bloco, com minha mulher, meus amigos, voltar pra casa ao amanhecer. Viver mais uma vez o carnaval de Salvador como sempre vivi: Feliz, pois é a minha festa” declara o folião.

O advogado Domingos Mariano, 37, também é um dos milhares de baianos saudosos da avenida. Ele brinca Carnaval desde os 18 anos e não abre mão da programação: quinta nos Mascarados, domingo, segunda e terça de Gandhy, e, na sexta, em um bloco criado com amigos, chamado As Coisinha, em que eles vão vestidos de mulher. “Sinto muita falta da alegria e do clima de diversão que a cidade fica. É boa demais a energia”, relembra.

Já o auxiliar administrativo Cleber Almeida, 32, sente falta dos blocos de Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Léo Santana e Timbalada. No último Carnaval, em 2020, ele saiu no Coruja, Voa Voa e Nana. “Amo muito Carnaval e senti muita falta, esse ano. Espero que a gente possa curtir de novo ano que vem, correndo atrás do trio, naquela aglomeração”, deseja Almeida.

Possibilidades
No entanto, o formato da folia de 2023 ainda deve ser alvo de muita discussão, segundo o presidente da Associação de Produtores de Eventos (Ape), Adriano Malvar. “A gente não sabe como será o investimento, se os circuitos vão ser modificados, e vários camarotes perderam as estruturas. Se existe alguma revitalização a ser feita, se tiver que recriar o circuito, devemos fazer agora”, avalia Malvar.

Para isso, é preciso pensar a festa com a coletividade e todos os atores. “Temos que pensar desde o catador de latinha ao ambulante que fica nas ruas, os sete dias, sem estrutura adequada. No custo dos trios, que precisam de alto investimento de iluminação e equipamento, no valor do imposto cobrado pelo poder público, para dar segurança à festa. Porque é um momento de grande visibilidade. Se uma banda faz bem seu Carnaval, se garante de agenda o ano inteiro”,

Falta de recurso ameaça realização da festa
Outro fator também define o futuro do Carnaval – a viabilidade econômica da folia. Para o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Flavio Emanoel, esse é o principal problema relacionado ao tema, hoje, e ameaça a realização da festa, em 2023.

“Ao longo desses três anos, os empresários ficaram com seus caixas vazios, comeram todo seu capital de giro. Como esses caras vão fazer para colocar o bloco ou camarote na rua? Porque banco não vai emprestar dinheiro para uma empresa que ficou parada”, pontua Emanoel. Para ele, a solução seria criar um fundo de investimento para bancar os custos do Carnaval.

Emanoel estima que, dos 12 camarotes existentes no circuito, pelo menos três ou quatro têm algum investimento sobrando no caixa. O resto, ou seja, a maioria, não. “Para fazer girar um camarote de R$ 8 a R$ 9 milhões, é preciso ter, pelo menos R$ 2 a R$ 3 milhões. Mesmo que tenham vendas antecipadas, não chega a arrecadar esse valor. Os donos de trio tiveram que vender seus equipamentos, mesas de som... onde vamos conseguir isso? É um problema econômico muito sério”, questiona o presidente do Comcar.

Carnaval é expressão da cidade
Antes de ser bloco, camarote ou bailinho, o Carnaval é a expressão de um povo e de uma cidade, segundo o professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), Paulo Miguez.

Nesse sentido, o formato a ser adotado em 2023 vai depender de como a sociedade baiana estará ano que vem. “O Carnaval vai expressar o que poderemos ser como cidade e sociedade daqui a um ano. Ele é um espelho do que somos e de como estamos. Então, novas formas podem ser organizadas como novos produtos carnavalescos, mas, não será a condensação de interesses de um determinado segmento, porque Carnaval não é isso”, argumenta Miguez.

A prefeitura de Salvador e o governo do estado foram procurados, mas afirmaram que “ainda está muito cedo para falar de 2023, porque dependemos do cenário da covid-19". A Central do Carnaval e a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) foram procuradas, mas não responderam às mensagens e ligações.

Blocos e Camarotes lançados para 2023:
- Bloco Camaleão
Dias: Domingo a Terça
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 1.090 a R$ 1.290
Camaleão VIP: esgotado

- Bloco Vumbora
Dias: Sexta e Sábado
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 750 a R$ 890
Vumbora VIP: esgotado

- Bloco do Nana
Dias: Sexta e Sábado
Atração: Léo Santana
Preço: R$ 960 a R$ 1.170

- Bloco da Quinta
Dias: Quinta-feira
Atração: Bell Marques
Preço: R$ 550

- Camarote Salvador
Dias: Quinta a Terça
Preço: R$ 1.390 a R$ 2.690

- Camarote Skol
Dias: Quinta a Terça
Preço: R$ 650 a R$ 790

- Camarote Premier

- Planeta Band

- Camarote Club

- Camarote Villa

- Bloco Eva

 

Publicado em Bahia

Dos dias 23 a 27 de fevereiro, período que coincidiria com as festas de Carnaval, Salvador registrou 702 denúncias de poluição sonora. A Operação Sílere da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), que fiscaliza as denúncias, realizou 2.408 vistorias em estabelecimentos, e os bairros mais denunciados foram Liberdade, Itapuã, Barra, Rio Vermelho e Lobato.

Ao longo do período, foram apreendidos 63 equipamentos de som nas localidades de Itapuã, Liberdade, Fazenda Grande do Retiro, Cajazeiras XI, Pau Miúdo, Caixa D’Água, Cajazeiras, Nordeste de Amaralina, Jardim Nova Esperança, Trobogy, Graça, Barra, Campinas de Brotas, Castelo Branco e Plataforma.

Doze locais ainda foram notificados, dos quais oito receberam a notificação entre 25 e 27 de fevereiro, entre sexta e domingo. Entre eles, três bares/restaurantes no Curuzu, Pau Miúdo e Caixa D'Água, 3 locais de evento no Comércio, 1 mercado em Stella Maris e um posto de combustível na Federação. Um bar no Curuzu foi interditado.

Nenhuma aglomeração foi dispersada.

O cancelamento pelo segundo ano consecutivo do Carnaval não entristece apenas os foliões mais engajados. Sem a festa - que movimenta o setor hoteleiro, restaurantes, bares, dentre outros setores - a economia de Salvador deixará de movimentar cerca de R$ 2 bilhões este ano, impactando diretamente milhares de trabalhadores e empresas cuja receita está atrelada à festa tradicional.

O cálculo do prejuízo foi feito pelo economista Gustavo Pessoti, presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), utilizando como base uma estimativa feita pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). “Já existe um estudo, mas sempre vemos uma tendência de aumento na festa. Se as coisas tivessem funcionando normalmente e, dado ao processo de inflação em 2021, repassando a alta dos preços em 2022, o que é normal, deixaria de circular aproximadamente R$ 2 bilhões Salvador", explica o economista.

Em 2021, o SEI estimou que 1 milhão e 200 mil pessoas deixariam de visitar a capital baiana, o que representaria uma perda de R$ 1,8 bilhão em movimentação financeira. Os dados sobre o Carnaval mais recentes da Secretaria Municipal de Cultura Turismo de Salvador (Secult), estimam o mesmo valor para a movimentação econômica gerada pela festa em 2020. Além da geração de 1,9 mil empregos.

“É um contingente significativo que deixa de alimentar toda uma cadeia produtiva, desde artistas até todas as pessoas envolvidas na produção, sem falar da cadeia econômica que está atrelada. A Confederação do Comércio estima que mais de 35 setores econômicos são atingidos pela movimentação turística”, diz Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur).

Apesar da perda de dinheiro em circulação, a Prefeitura de Salvador afirma que a não realização do Carnaval não gerará impactos significativos na receita do Imposto Sobre Serviço (ISS) em 2022. "A Prefeitura já contabiliza R$ 3.195.311,73 de receita do ISS para o setor de eventos, turismo e hospedagem. No mesmo período em 2021, a receita foi de R$ 2.408.021,79", disse em nota. A gestão ressalta que o cancelamento da festa devido à pandemia gera impactos econômicos para o setor cultural, bem como para outros subsegmentos indiretamente afetados com a festa.

O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacellar, reconhece que a perda de arrecadação do Carnaval é significativa para o estado, mas defende que as 13 zonas turísticas da Bahia têm atraído viajantes do país e do exterior. "Eu entendo que não vamos ter neste período o folião, vamos ter outro tipo de turista. A economia perde por um lado, mas essa perda será amenizada pela vinda de pessoas atrás de outros atrativos". Segundo ele, a movimentação no Aeroporto da capital é semelhante à da época do Carnaval.

O economista Gustavo Pessoti explica que a situação econômica do país e não somente a pandemia da covid-19, é empecilho para que os turistas frequentem Salvador. “O turismo é mais incentivado quando a economia vai bem, quando a empregabilidade das pessoas é mais estável e quando a situação do crédito possibilita mais parcelamentos. Nesse momento temos desvantagens e a tendência deste ano é uma taxa negativa para o país, de 0,5%”, afirma.

Sem dúvidas, o setor de eventos é um dos mais afetados pelas condições econômicas atuais, incluindo o cancelamento do Carnaval de Salvador. Moacyr Villas Boas é presidente da Associação Baiana dos Produtores de Eventos (Abape) e, apesar de concordar com as condições sanitárias impostas pela pandemia, defende que faltam políticas públicas para a categoria.

“Temos plena consciência de que não é possível fazer o Carnaval como todos conhecem nas condições atuais. A nossa queixa é a falta de políticas públicas permanente de todos os governos, em especial o estadual, e de uma ajuda perene até que as coisas se normalizem”, afirma.

Moacyr lembra que muitas pessoas e setores são beneficiados mesmo que indiretamente pela festa: “A partir do momento em que é feito um evento que traz pessoas para a cidade, toda a economia se movimenta, são dois milhões de pessoas na rua por dia. Falo das companhias aéreas, hotéis, restaurantes, bares, motoristas, trabalhadores informais”.

Hotéis

O período de Carnaval representa em torno de 11% do faturamento anual dos hotéis, segundo Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (Abih-BA). Segundo ele, nos dois anos sem a realização da festa, o setor deixou de arrecadar cerca de R$ 180 milhões.

“Durante o Carnaval, existe uma mídia espontânea muito grande e isso se repercute no ano inteiro. Existe muita gente que não vem na festa, mas acaba conhecendo Salvador pela televisão por causa do Carnaval”, diz Luciano Lopes.

Se não estivéssemos em pandemia, era muito provável que a ocupação hoteleira da cidade estivesse se encaminhando para 100% na capital baiana. “Mas começa a haver um sinal de recuperação. Se comparar fevereiro deste ano com o do ano passado, temos uma diferença de quase 10 pontos percentuais. Em 2021, terminamos o mês com 42% e agora, até o momento, está em torno de 52%”.

A expectativa, no entanto, é que essa média cresça nos próximos dias e no final de semana, podendo chegar a 70% de ocupação em alguns hotéis. Segundo Luciano Lopes, ainda será preciso mais dois anos para que o setor se recupere completamente após as perdas durante a pandemia.

Imóveis

A área de imóveis também sofre com o cancelamento da festa. São cerca de 500 localizados próximos ao circuito que deixam de ser alugados por uma média de R$ 6 mil, segundo o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), José Alberto Vasconcellos. A perda é entorno de R$ 3 milhões.

“Quem está sentido mais o prejuízo é aquela pessoa que possui o imóvel só para alugar por temporada. Aquele cara que por ter um imóvel muito bem localizado alugava por uma questão de conveniência, não chegou a anunciar porque sabe que a incerteza de ter ou não o Carnaval vem rolando há um bom tempo”, explica José Alberto.

Lei que institui SOS Cultura II é sancionada

Após a aprovação unânime da Câmara Municipal de Salvador do programa SOS Cultura II, o prefeito Bruno Reis sancionou a lei na tarde de quarta-feira (23). O benefício de R$ 2.424 será pago aos trabalhores do setor cultural em parcela única. Serão cerca 7,5 mil contemplados e o investimento chega a R$ 18 milhões, segundo a prefeitura.

O projeto foi elaborado pela prefeitura como um socorro aos profissionais do setor cultural atingidos pelo cancelamento do Carnaval. Em 2021, na primeira edição do programa, 6 mil trabalhadores receberam uma parcela de R$ 1,1 mil. Os selecionados devem ser residentes de Salvador e ter cadastro junto aos órgãos municipais Fundação Gregório de Mattos (FMG), Empresa Salvador Turismo (Saltur) e Secult.

O presidente do Sindicato dos Cordeiros da Bahia (Sindicorda), Matias Santos, critica a medida, que não ofereceu auxílio aos cerca de 15 mil cordeiros que trabalham no Carnaval de Salvador. Segundo ele, cada trabalhador costuma faturar cerca de R$ 480 ao total dos dias de festa.

“Com o dinheiro de R$ 70 por dia, o cordeiro consegue montar uma guia como baleiro, feirante ou vendedor de picolé e as mães de família ajudam no orçamento de casa. A falta dessa renda gera impacto muito grande, temos os jovens indo para a criminalidade porque não tem acesso ao emprego”, afirma Matias Santos.

O presidente do Sindicorda dia ainda que duas parcelas de R$ 150 serão destinadas a 500 cordeiros associados ao sindicato, através da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre).

Com os números da covid-19 em queda, Salvador pode ter mais flexibilização nas medidas restritivas em março. Segundo o prefeito Bruno Reis, a situação epidemiológica da cidade será analisada novamente após a passagem do período do Carnaval.

"Passado o Carnaval, vamos ver quais medidas de flexibilização vamos adotar. Até lá, é manter todos os cuidados", disse o prefeito.

Bruno aproveitou para fazer um apelo para que as pessoas evitem aglomerações nos próximos dias. "O número de casos ativos e o fator RT nunca estiveram tão baixos desde a chegada da pandemia. Isso sinaliza que, com fé em Deus, que este fim de semana do Carnaval será o último que teremos que fazer sacrifício, aproveito para fazer um apelo à população, que seria o período do Carnaval, que evitem aglomeração. Vamos ter escolas funcionando normalmente e expediente normal".

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