A tradicional festa de São João pode até não acontecer esse ano, mas uma certeza é de que o licor vai, sim, alegrar a mesa dos baianos. A venda da bebida mais famosa do arraiá cresceu 50% em algumas fábricas, na comparação com o ano passado, e outros produtores estão com a agenda tão lotada que decidiram parar de aceitar novos pedidos.

As ruas e ladeiras de Cachoeira, no Recôncavo, ficam frenéticas nesta época do ano. São tantos turistas e baianos de outras regiões do estado que vão até o município em busca dos produtos juninos que, em alguns trechos, há engarrafamento de gente e fica difícil caminhar pelo calçamento de paralelepípedos. Mas, no ano passado, o jogo virou. A pandemia afugentou os clientes e deixou muitos produtores com a mão na cabeça.

O gerente da fábrica de licor Arraiá do Quiabo, André Oliveira, contou que o lockdown pegou os comerciantes de surpresa e que não houve tempo para se adequar a uma mudança tão brusca. Agora, depois de um ano de experiência, o mercado se adaptou e o jogo está virando de novo. A empresa em que André trabalha, por exemplo, criou uma logística para fazer entregas agendadas. Resultado: agenda lotada até 23 de junho.

“O sistema é simples, o cliente liga, marca o dia e o horário, e retira o produto presencialmente. Tivemos que montar uma estrutura fora da fábrica para evitar aglomeração e estamos controlando a logística para não ter tumulto no momento da retirada. Comparado com o ano passado, estamos vendendo muito mais. A agenda está lotada”, diz.

O WhatsApp da empresa está recebendo mais de 200 mensagens por dia de pessoas que querem comprar alguns dos 23 sabores disponíveis nas redes sociais recém-turbinadas da fábrica, e a média de vendas está sendo de 7 mil litros por semana. Ainda assim, o número está muito distante das 100 mil garrafas de licor que são comercializadas entre maio e a véspera do São João em tempos normais.

“A gente não pode fazer aglomeração na fábrica, então, estamos com 42 funcionários. Nessa época do ano, seriam 110 pessoas. A demanda está alta, mas tivemos que reduzir a produção e, por isso, vamos parar de aceitar novos pedidos”, conta.

Renda
O mais interessante é que a justificativa para o crescimento nas vendas é justamente a pandemia. Isso mesmo, a pandemia que poderia ser um motivo de crise, transformou a bebida em uma oportunidade de renda. Primeiro, o licor fará alegria daqueles que planejam fazer a festa em casa, como o estudante Rafael Alves, 26 anos.

“A gente sempre viajava nessa época do ano. Então, comprava só um ou dois litros de licor para beber no caminho. O que a gente consumia pra valer era na festa, fosse Amargosa ou Senhor do Bonfim, onde a gente tem parente. Esse ano, como ninguém vai viajar, a gente comprou a caixa de licor e vamos fazer a festa em casa”, diz.

Segundo, muitas pessoas que perderam o emprego por conta da crise econômica provocada pelo coronavírus decidiram virar revendedoras de licor neste período do ano, o que fez crescer os pedidos. Na fábrica Licor do Porto, o aumento nas vendas foi de 50% em relação ao ano passado. O proprietário da empresa, Vinicius Nascimento, contou que investiu em publicidade.

“A procura sempre tem aumentado em maio, porque a venda do licor de Cachoeira se tornou uma opção de renda extra ou até renda principal de alguns desempregados, principalmente na capital. A gente registrou um aumento de 50% por conta do desemprego. Está sendo uma saída para conseguir uma renda”, afirma.

Por outro lado, ele se queixou dos preços dos insumos. Açúcar, cereais e, principalmente, o álcool usado na produção da bebida ficaram mais caros. O resultado foi o reajuste no preço das garrafas. “A matéria-prima teve aumento de 40% e o reajuste que repassamos foi de 10%”, diz.

Delivery
O que essas duas primeiras semanas de maio demonstraram é que existe um público consumidor que vai manter a tradição de tomar licor na noite de São João, com ou sem festa, e, de outro lado, produtores ávidos por vender, mas que esbarram nas restrições da pandemia. Foi observando esse cenário que o programador de sistemas Adan Pinho, 22 anos, e o pai dele encontraram um nicho de mercado.

Os dois criaram a Distribuidora Licor de Cachoeira, uma empresa que faz delivery da bebida mais famosa da cidade. Funciona assim: o cliente entra no site, escolhe um dos cinco fabricantes do município e encomenda as garrafas. O pagamento é feito de forma virtual, e as entregas acontecem em todo o Brasil. Eles começaram a operar em março e já bateram a meta que era prevista para junho.

“A gente encontrou clientes que nem sabíamos que existiam. Já entregamos em Brasília, Fortaleza, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e até no Rio Grande do Sul. Como a empresa surgiu em março desse ano, não temos um número para comparar, mas os resultados estão sendo melhores do que o esperado”, conta Pinho.

Salvador concentra 76% dos pedidos, sendo seguida por São Paulo (10%), e por outros estados do Nordeste e do Sul do país. De maneira geral, os sabores mais procurados na loja e nas fábricas são jenipapo, maracujá cremoso, tamarindo, cajá e graviola. Sabores trufados, como maracujá cremoso e graviola já estão em falta.

Já o tradicional jenipapo é o mais fabricado, o mais procurado e também o mais demorado para ficar pronto. O tempo de produção de um licor alterna de acordo com a fruta, e o queridinho leva de oito a dez meses para ir para a prateleira. Porém, frutas como cajá exigem uma preparação mais rápida para não perder o ponto e o licor fica pronto em dois ou três dias. O agricultor Nilton Moraes, 43, se considera um especialista.

“A maioria das pessoas gosta de dois ou três tipos de licor, e sempre compra do mesmo. Eu gosto de experimentar e, não sei por quê, mas gosto de todos. Cada um tem o seu valor, e eu não estou falando do preço da garrafa”, diz, brincando.

E por falar no preço, o valor alterna de acordo o produtor e, em algumas situações, o sabor também interfere. Em média, comprando presencialmente, a garrafa alterna de R$ 8 a R$ 12, mas um licor de doce de leite ou chocolate, por exemplo, pode custar mais caro. No caso do delivery, as garrafas estão custando, em média, R$ 25.

Jenipapo, maracujá, amendoim, graviola, goiaba, cupuaçu, tamarindo, caju, umbu, coco, morango, e cajá. Esses sabores foram moleza. Vamos para os mais exóticos: jabuticaba, milho verde, passas, ameixa, acerola, gengibre, menta, limão, café, banana, pina colada, kiwi, pitanga, açaí e maracujá com uva. Os mais doces: chocolate e doce de leite. Para encerrar, o mais recomendado nas rodas de amigos: rabo de foguete.

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Mais uma vez não haverá festa de São João na Bahia e, para evitar as aglomerações no interior do estado, o transporte intermunicipal será suspenso no período junino. A medida foi anunciada pelo governador Rui Costa, nesta segunda-feira (17).

"Vamos agir no sentido de evitar ao máximo o contágio porque é assim mesmo: toda vez que o povo se junta para uma data comemorativa, nas semanas seguintes há uma explosão de novos casos. Por isso, vamos suspender o transporte intermunicipal no período de São João e São Pedro. Claro que não dá pra impedir que todos se desloquem, mas vamos tentar mitigar esses efeitos que são sempre preocupante pós feriados", anunciou.

Para ele, falta sensibilidade em quem insiste na festa. "Independente da cidade e da região, digo que nós não permitiremos qualquer festa no São João. Não entendo a falta de sensibilidade das pessoas porque fazer qualquer festa nessa situação é um desrespeito a vida humana", afirmou o governador.

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Depois do anúncio da suspensão dos festejos de São João em Camaçari, mais nove cidades no interior baiano suspenderam as comemorações juninas por causa da pandemia de Covid-19. Os municípios de Senhor do Bonfim, Jaguarari, Itaberaba, Cachoeira, Santo Antonio de Jesus, Ipiaú, Euclides da Cunha, Mata de São João e Amargosa também decidiram cancelar a festa para evitar aglomerações.

Com a taxa de ocupação dos leitos de UTI em alta no estado e a vacinação vagarosa, as prefeituras optaram em não realizar a festa este ano.

Outros municípios ainda avaliam a situação. São eles: Juazeiro, Irecê, Piritiba, Mucugê, Ipirá e Cruz das Almas.

As prefeituras aguardam a involução da doença e analisa o número de contágios nas cidades e o posicionamento do governo do estado para avaliar se também suspendem ou mantêm a realização das celebrações.

 

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O melhor São João da região. É assim que quem escolhe passar as festas juninas na cidade de Camaçari define o Camaforró, que será realizado dos dias 21 a 23. O evento terá uma programação para todos os gostos musicais, que vai do autêntico forró pé de serra ao sertanejo, passando pelo arrocha. No palco principal do Espaço Camaçari 2000, na avenida Jorge Amado, o público vai curtir show das duplas Marcos & Belutti e Simone & Simaria, além do cantor Amado Batista e dos grupos Magníficus, Calcinha Preta, Unha Pintada, Trio Nordestino e Lambasaia.

Com a expectativa de receber 60 mil pessoas por dia, uma megaestrutura foi projetada e ocupa 40 mil metros quadrados. Assim como nos anos anteriores, a 22ª edição do Camaforró conta com palco principal duplo, que possibilita uma programação musical sem interrupção. Estão programados cerca de 50 shows nos três dias do evento. A abertura dos portões está prevista para 18h, com as atrações começando às 19h.

Além do palco principal, o Espaço Camaçari 2000 conta com mais dois ambientes. Um deles é o Carramanchão, opção para o público forrozeiro que prefere um ambiente mais aconchegante para dançar com atrações locais e regionais, como os estão artistas Bimbinho, Lívia Nunes, Léo Ferreira, Pé de Lata e Adriano Reis. Já quem gosta do forró pé de serra, a alternativa é a Vila da Cultura, que vai contar com um coreto. Por lá serão 12 atrações musicais, além das apresentações dos tradicionais grupos juninos, que chamam a atenção pelos figurinos coloridos e coreografias animadas.

O Camaforró tem opção para toda a família. A alegria das crianças está garantida com uma grade especial de atrações, que conta com o grupo de animação Pé de Lata, além de parque de diversões.

Infraestrutura
Para a comodidade do público, o espaço da festa terá cerca de 200 barracas na área interna, que comercializarão alimentos e bebidas. Já na parte externa serão 180 ambulantes. Todos os profissionais foram cadastrados. Já para quem vai curtir os shows, mas não abre mão de ficar conectado com as redes sociais e tudo o que acontece ao seu redor, um serviço de internet será disponibilizado gratuitamente.

“O Camaforró é uma festa que a gente assumiu a responsabilidade de fazer e fazer bem feito, para cidade toda. Eu tenho dito que essa não é só uma festa para quem está dançando e se divertindo, é também do pequeno comerciante, que monta a sua barraca, vende seu produto, gerando emprego e renda para Camaçari”, destacou o prefeito da cidade, Elinaldo Araújo.

O São João de Camaçari também contará com estruturas de saúde, segurança, trânsito e transporte. Serão disponibilizados cerca de 200 sanitários químicos, sendo 10% com acessibilidade. A equipe de limpeza da cidade atuará nos três dias com serviços de lavagem, coleta e varrição da área.

O Camaforró 2019 é uma realização da Prefeitura de Camaçari, através da Secretaria do Governo, por meio da Coordenação de Eventos, com apoio de todas as secretarias municipais.

SegurançaEste ano, o Camaforró contará com um efetivo de 250 policiais militares para garantir a segurança da festa. Para ajudar no trabalho da polícia, plataformas elevadas serão montadas, além do funcionamento de 32 câmeras, com modelos fixos e com giro de 360°, para auxiliar no monitoramento de todo espaço, com identificação de situações suspeitas e delituosas.

Reforçarão a segurança da festa a Companhia Independente de Policiamento Especializado – Polo Industrial (CIPE/PI), as Rondas Especiais (RONDESP), o Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE) e o Corpo de Bombeiros. Vão atuar ainda cerca de 50 agentes da Polícia Civil, por dia, 250 seguranças particulares, 30 brigadistas civis, agentes do Juizado da Infância e Juventude, além de representantes do Conselho Tutelar e do Observatório de Discriminação Racial e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Entrada solidária
Para ter acesso ao Espaço Camaçari 2000, é preciso trocar 1kg de alimento não-perecível por um ingresso. A troca pelo voucher de acesso pode ser feita na loja do evento, instalada no Boulevard Shopping Camaçari, que funciona das 8h às 12h e das 14h às 20h, e os outros dois pontos, que ficam nas praças Desembargador Montenegro e Abrantes e atendem até 17h, seguindo o mesmo intervalo para almoço. Já os moradores da Costa de Camaçari, podem fazer a troca no Posto de Informações Turísticas Nidinho, situado na entrada de Arembepe. A doação será feita para instituições beneficentes do município.

Forró na praia
O São João também vai passar em comunidade da Costa e da zona rural de Camaçari. Nos 23 e 24 de junho, a festa vai rolar com diversas atrações musicais nas localidades Mutirão de Catú de Abrantes, Jauá, Areias, Arembepe, Loteamento Canto dos Pássaros, além dos distritos de Vila de Abrantes e Monte Gordo. A proposta é agradar ao público que prefere curtir o São João mais próximo de casa.

Fonte: Correio 24horas

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