Pode separar as bandeirolas e a camisa quadriculada: há grandes chances de as festas de São João acontecerem este ano. As festas juninas foram proibidas por dois anos proibidas por causa da pandemia da covid-19.

A informação foi divulgada pelo governador Rui Costa, nesta quinta-feira (31). "Hoje há mais de 90% de chances de o São João na Bahia acontecer, com o apoio do Governo do Estado", anunciou.

Ainda de acordo com ele, os órgão estaduais já estão empenhados para que a festa possa acontecer. "Já determinei que os órgãos estaduais comecem a planejar e tomaremos a decisão ao longo do mês de abril", detalhou.

Mais uma vez, a decisão está condicionada aos índices da pandemia, que permanecem em queda no estado. "Se os números da pandemia se mantiverem em queda, em abril, anunciaremos", explicou o governador.

Para o mês de abril também está prevista a liberação do uso de máscaras em ambientes abertos.

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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) estima um aumento de 30% do fluxo nas rodovias federais que cortam a Bahia nos próximos dias, em relação aos dias normais, por conta do feriadão do São João. Ainda segundo a PRF, a maior circulação de veículos é esperada na tarde e noite de quarta- feira (23) e também no momento de retorno, que deve se concentrar na tarde de domingo.

Os festejos de São João representam a época de maior fluxo de veículos que cortam as principais rodovias federais do estado da Bahia, principalmente, em direção as cidades localizadas em trechos das BRs 101, 242, 324 e 407.


Mesmo em um momento diferenciado com as restrições e medidas preventivas de combate a disseminação do novo coronavírus, a PRF está preparada para um aumento do fluxo de veículos.

A PRF informou ainda que intensificará o policiamento ostensivo e preventivo em toda a Bahia. As atividades iniciam a zero hora de quarta-feira (23) e irá priorizar ações voltadas à segurança viária, prevenção e redução da gravidade dos acidentes de trânsito e à garantia da mobilidade nas rodovias do país.

Será dada atenção especial as ações de controle de velocidade, fiscalização de ultrapassagens em trechos de pista simples e a realização de exames de bafômetro, para combater a embriaguez ao volante.

O uso do cinto de segurança, do capacete e dos dispositivos de retenção para crianças, além de fiscalizações específicas de motocicletas e condições de conservação dos veículos, também estão entre os focos das equipes da PRF.

Também estão entre os focos das equipes da PRF, fiscalizações específicas a veículos de carga. Em virtude do tamanho dos veículos e do peso relacionado às cargas transportadas por eles, os acidentes que envolvem veículos de carga geralmente têm maiores proporções e geram maior gravidade das lesões ou a morte dos envolvidos, o que faz com que haja uma maior preocupação com o estado de conservação destes veículos.

A PRF também intensificará sua atuação no combate ao crime, em especial realizando abordagens focadas nas informações do serviço de inteligência e a utilização de ferramentas de comunicação, para prender criminosos, recuperar veículos roubados e retirar armas ilegais, drogas e produtos contrabandeados de circulação.

Restrição
A PRF também faz um alerta aos motoristas profissionais. A fim de promover a fluidez do trânsito em grandes feriados, quando há maior movimentação nas estradas, foi editada uma portaria, que define os tipos de veículos que sofrerão restrição de tráfego durante feriados nacionais e regionais no ano de 2021.

A restrição abrangerá apenas os trechos rodoviários de pista simples, com exceção dos trechos específicos estabelecidos no Anexo da Portaria e o descumprimento constitui infração de trânsito de natureza média (5 pontos) e multa de R$ 130,16, sendo que o motorista só poderá voltar a circular após o término do horário da restrição.

No período dos festejos juninos, os dias e horários de restrição serão: na quarta-feira, (23), entre 16h e 22h e na quinta-feira (24), entre 12h e 20h. Nestes dias e horários estarão proibidos o trânsito de Combinações de Veículos de Cargas (CVC), portando Autorização Especial de Trânsito (AET), de Combinações de Transporte de Veículos (CTV) e Combinações de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas (CTVP), portando ou não a AET, bem como o trânsito dos demais veículos portadores de AET. A restrição é aplicável apenas aos estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Nas rodovias federais que passam pela Bahia, a PRF estará atenta ao comportamento dos motoristas em pista molhada. Dirigir nessa época do ano no estado, marcado pela temporada chuvosa, exige cuidado redobrado.

Para os dias chuvosos, a PRF orienta aos motoristas transitar com velocidade moderada, sempre a direita da via, acender os faróis (baixo), manter distância segura do outro veículo que segue a sua frente, evitar manobras e freadas bruscas.

Para informações, denúncias, comunicação de crimes e acidentes a PRF dispõe do número de emergência 191. A ligação é gratuita e atende 24 horas em qualquer parte do País.

Cuidados na estrada:
Providenciar a checagem do automóvel mesmo para pequenas viagens

Faróis acesos para ver e ser visto

Pneus calibrados e em bom estado

Motor revisado, com óleo e nível da água do radiador em dia

Não esquecer de verificar a presença e estado dos equipamentos obrigatório, principalmente pneu estepe, macaco, triângulo e chave de roda, além dos limpadores de parabrisa e luzes do veículo

Uso da cadeirinha, no caso de transporte de crianças

Observar as placas que indicam os limites de velocidade e as condições de ultrapassagem. Elas não foram colocadas naquele ponto da rodovia sem motivo

Nos trechos em obras, o motorista deve reduzir a velocidade e obedecer a sinalização local

Os condutores também devem redobrar a atenção em cruzamentos e áreas urbanas e jamais desviar a atenção do trânsito

Se não possuir CNH ou estiver com ela suspensa ou ainda se fez uso de bebida alcoolica: não dirija. Nestes casos, pense em utilizar transportes alternativos como os carros de aplicativos, táxis, ônibus.

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Após a experiência com o São João do ano passado, quando cidades do interior tiveram aglomerações e chegaram a registrar mais de 600% de aumento de casos de covid-19, o objetivo em 2021 é não repetir esse cenário. Para isso, agora as prefeituras reforçaram a fiscalização, fizeram campanhas de conscientização e adotaram novas estratégias para evitar um colapso nos hospitais, já que não há margem para aumento de infectados e os municípios não têm um sistema de saúde com estrutura adequada para suportar uma nova explosão.

Cidades como Senhor do Bonfim, Cruz das Almas, Cachoeira, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Ibicuí e Mucugê, tradicionalmente conhecidas pelas festas, apresentaram uma alarmante alta de casos de covid-19 na comparação entre 20 de junho e 20 de julho de 2020, de acordo com dados retirados dos boletins da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). No quadro geral, a Bahia subiu de 45.304 para 123.292 casos confirmados, com aumento percentual de mais de 170% neste período.

O maior percentual entre as sete cidades foi registrado em Cachoeira: 674%. A cidade passou, em um mês, de 27 para 209 casos confirmados. A preocupação para o São João já ligou o alerta por lá. Segundo a assessoria da prefeitura, um decreto foi publicado na última quarta-feira (16) proibindo a guerra de espadas, fogueiras e fogos de artifício. A entrada de turistas está suspensa até o dia 29 de junho. A prefeitura também informou que está realizando uma campanha educativa, através das redes sociais e rádios locais, para conscientizar a população.

“Não estamos recomendando, estamos decretando que não aconteçam os festejos e tradições de São João; não é momento festivo”, diz a secretária de saúde de Cachoeira, Maria José Silva. Para a gestora, mesmo com o andamento da vacinação, ainda há motivos de sobra para preocupação. “Já sabemos das variantes e da doença atingindo os jovens. Temos uma UTI que foi inaugurada na cidade há uma semana e está com 100% de ocupação desde então”, acrescenta.

Maria José ressalta que, na próxima semana, serão inauguradas duas unidades de atendimento para pacientes com covid-19. Mesmo com esse esforço da prefeitura, ela diz que o papel da população é fundamental. “A gente precisa que as pessoas compreendam e atendam aos nossos pedidos, até mesmo para que seja possível realizar a festa no próximo ano”, finaliza a secretária.

Em Ibicuí, ordem é seguir o decreto estadual
O segundo percentual mais alto registrado entre junho e julho do ano passado foi o de Ibicuí, com 446%, saltando de 15 para 82 casos. O CORREIO entrou em contato com a prefeitura da cidade, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. No entanto, nas redes sociais, a prefeitura informou que vai segui à risco todas as medidas vigentes no decreto estadual. Isso significa que, na cidade, está proibida a realização de festas e venda de bebidas alcoólicas a partir das 18h de hoje até às 5h do dia 28 de junho.

Logo em seguida vem o município de Amargosa. Por lá, o número de casos subiu de 22 para 119, um aumento de 440%. Ainda com as barreiras sanitárias nas entradas da cidade implementadas em 2020, chegou ao conhecimento da prefeitura que houve ocorrências de gente que driblou a fiscalização ingressando na cidade por vias marginais e através da zona rural.

Para este ano, portanto, o foco da prefeitura será em outras medidas. “Vamos adotar uma estratégia diferente da do ano passado, já que as barreiras não foram tão efetivas porque Amargosa tem muitas estradas. A aposta desse ano é nos bloqueios nas ruas da cidade. Decretamos um toque de recolher a partir das 18h até às 5h do dia seguinte e o fechamento total de todos os bares até o dia 30 de junho”, disse o prefeito Júlio Pinheiro (PT).

“Já estamos com aumento do número de casos de covid mesmo antes do São João, então o risco de uma explosão de infecções pós-festejos”, alertou o prefeito. Mas Pinheiro destaca que, mesmo com as diversas medidas, é quase impossível que aglomerações não aconteçam. “Queremos minimizar os efeitos das aglomerações porque sabemos que são inevitáveis. Mesmo sem as festas oficiais, parentes e amigos de moradores vêm para a cidade. É uma questão cultural difícil de ser desestimulada. Justamente por isso a gente se preocupa”, finaliza.

Na Chapada Diamantina, Mucugê aposta em barreiras sanitárias
Em Mucugê, o aumento foi de 325%. Localizado na Chapada Diamantina, o município de pouco mais de 9 mil habitantes saltou de 4 para 17 infectados. Para evitar que isso se repita, a prefeitura iniciou a Campanha São João Seguro com intuito reforçar o uso da máscara, higienização das mãos, evitar contato físico, respeitar o distanciamento social e não realizar ou participar de festas clandestinas e aglomerações em casa.

Para isso, neste último sábado (19), começaram os trabalhos nas barreiras sanitárias localizadas nas entradas da cidade. "Além disso, contamos com: fiscalizações nas ruas através da Vigilância Sanitáriaria e da Polícia Militar. Por meio de carros de som, divulgamos orientações dos decretos municipais, que seguem o estadual. A Secretaria de Saúde trabalha arduamente para que as medidas de prevenção sejam sempre compridas, até porque a luta contra a covid não é unilateral e uma população conscientizada é uma população segura", disse a prefeitura, em nota.

Já em Cruz das Almas, o crescimento foi de 65 para 275, ou seja, de 323%. Nesta segunda (21), 142 camisas de um bloco junino que aconteceria no dia 24 foram apreendidas na cidade. A festa foi descoberta por policiais da Delegacia Territorial (DT) do município, que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do organizador do evento, onde também foi encontrado um caderno de anotações de compra e venda dos abadás.

O Secretário de saúde da cidade, Sandro Borges, também destaca o perigo do aumento de casos que os festejos de São João podem provocar. “Toda a região aqui tem tido um aumento de casos e Cruz das Almas não fica de fora disso. E não adianta o poder público manter leito de UTI, estrutura de atendimento para covid. Se a população não se conscientizar, eles podem não ser suficientes e, de qualquer forma, não são garantia de vidas salvas”, diz o secretário.

“A pandemia ainda não passou. Apesar de todo mundo já saber das medidas preventivas, as pessoas acabam se descuidando e aí acontece o aumento de casos. No período junino, as pessoas querem estar juntas, querem se aglomerar, mas o momento não é oportuno, precisamos esperar. Nossa preocupação principal é fazer com a que a população entenda e embarque nessa prevenção junto com a gente”, coloca Borges.

Santo Antônio de Jesus tem histórico de aglomeração no São João
Em Santo Antônio de Jesus, os números após o São João do ano passado saltaram de 226 para 909, um aumento de 302%. Também mesmo com a montagem de barreiras sanitárias nas entradas da cidade com apoio da Polícia Militar, foram registradas festividades volumosas e paredões de som com famílias reunidas.

A principal ocorrência do ano passado aconteceu no dia 21 de junho e foi noticiada inicialmente pelo site local Andaia. Mais de cem pessoas se aglomeravam em um forró no bairro da Juerana, na zona rural, a cerca de 5 km do centro da cidade, descumprindo as regras de isolamento, o afastamento social e o toque de recolher das 20h às 5h. Procurada pelo CORREIO, a prefeitura de Santo Antônio de Jesus não respondeu sobre as medidas preventivas adotadas para o período de São João deste ano.

Em Senhor do Bonfim, o número de infectados pulou de 78 para 214 nestes 30 dias (174%). A secretária de saúde do município, Renata Maia, também demonstrou preocupação com a possível explosão do número de casos após os festejos. “Hoje temos 16 pacientes internados em UTI, o que representa uma taxa de ocupação de 80%. Se as aglomerações acontecerem, os casos vão aumentar, isso é algo comprovado cientificamente. Então estamos fazendo o possível para evitar que o cenário do ano passado se repita”, afirmou.

“Tivemos uma reunião com o Ministério Público e o delegado de polícia do município na semana passada para tratar das medidas que seriam tomadas em relação ao São João. Nós não faremos festejos oficiais, vamos intensificar a fiscalização nas ruas, a vigilância sanitária está fazendo distribuição de máscaras e o prefeito decretou que o feriado será somente no dia 24, não se estendendo para o dia 25, para evitar que as pessoas viagem e façam festas”, acrescentou a secretária.

Reflexo de aglomerações no São João podem ser sentidas em julho
Os cientistas do Portal Geocovid projetam 2,5 mil mortes pela doença na Bahia para junho de 2021. Até o boletim do dia 21, o estado registrava 1.925 mortes. Mas, de acordo com autoridades de saúde, os reflexos do período festivo devem aparecer após 15 a 30 dias. O governador Rui Costa já demonstrou preocupação com a situação da Bahia em julho, por conta do cenário atual e pensando no período pós-São João.

Durante a inauguração de policlínica em Eunápolis, no sul da Bahia, no último dia 10, Rui disse que pode haver um aumento significativo de casos e que o número de leitos pode não ser suficiente. Para o governador, se isso vai acontecer ou não, "depende do comportamento das pessoas" durante o período junino. "Já vimos que até pequenas aglomerações como no Dia das Mães afeta nos índices", explicou.

Por determinação do governo estadual, nenhuma cidade pode promover festas públicas durante o São João. As festas particulares também estão suspensas, independentemente do número de pessoas. Alguns municípios também estabeleceram decretos para tentar conter as aglomerações durante as festividades juninas.

Fogueiras estão proibidas em municípios do interior
Em Mata de São João, um decreto com medidas restritivas de combate ao coronavírus proibiu a montagem e acendimento de fogueiras em toda a cidade, que fica na região metropolitana de Salvador. As cidades de Coaraci, Almadina e Itapitanga, no sul da Bahia, também não poderão ter fogueira, nem fogos de artifício após prefeituras atenderem recomendação do Ministério Público Estadual (MP-BA).

Para cumprir com as medidas, os municípios precisarão suspender a concessão de alvarás para barracas de venda de fogos, além de proibir toda e qualquer comercialização dos artigos. Quanto aos festejos, a Polícia Militar e as Guardas Municipais de cada uma das cidades foram acionadas para aumentar a fiscalização de eventuais aglomerações.

Em decreto divulgado pela prefeitura de Coaraci, foi definido a proibição, em todo território municipal, de quaisquer festejos juninos, tais como: acender fogueiras em espaços públicos e privados; soltar fogos de artifício; eventos festivos pertinentes ao período, como shows musicais e quadrilhas; e concessão de espaços públicos para realização de eventos particulares.

Para garantir a adoção das medidas, foi determinado que haverá fiscalizações nas ruas para impedir o acendimento de fogueiras, com a aplicação de multa e desmanche em caso de descumprimento. Além da Guarda Municipal e da Polícia Militar da Bahia, fiscais da Vigilância Sanitária e os destacados pelo Poder Público - Fiscal Covid-19, foram mobilizados para garantir o cumprimento do decreto.

Uma ação integrada entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar vai impedir a comercialização de fogueiras em Feira de Santana. O trabalho visa cumprir o decreto municipal publicado no Diário Oficial Eletrônico da última segunda-feira (21), pelo prefeito Colbert Filho. Denominada "Operação Fogueira", a fiscalização terá a participação de duas companhias da Polícia Militar e prepostos da Guarda Municipal.

Segundo a comandante da Guarda Municipal, Cássia Dias, os guardas municipais estarão nas ruas na Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) a fim de constatar o cumprimento do toque de recolher até a próxima segunda-feira, 28, sempre das 20h às 5h. "Esse é um momento atípico por conta da pandemia e a intenção é coibir as aglomerações", ressalta. Desta forma, eventos e atividades com a presença de público permanecem suspensos. A venda de bebida alcoólica também está proibida durante o toque de recolher.

PGJ quer impedir festas com aglomerações nesse São João
A Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) expediu recomendação-geral aos promotores de Justiça para que os municípios adotem medidas que impeçam a realização de festejos juninos com aglomerações de pessoas. A recomendação vale para qualquer evento presencial público, planejado ou patrocinado pelo município, que se destine às tradicionais comemorações juninas e gere aglomerações, independentemente do número de participantes, com ou sem comercialização de ingresso.

Além disso, foi recomendada a revogação de quaisquer autorizações e alvarás sanitários eventualmente expedidos para a realização de festejos juninos privados que importem em aglomeração de pessoas, com ou sem comercialização de ingresso, em ambientes públicos ou privados de qualquer natureza, independentemente do número de participantes.

Vale ressaltar que o governo da Bahia suspendeu a venda de bebida alcoólica das 18h de sexta-feira (18) até as 5h de segunda (21) e também no período do São João, das 18h do dia 23 até as 5h de 28 de junho. Além disso, o transporte intermunicipal também será interrompido durante o São João.

Procurada pelo CORREIO para responder sobre as ações previstas para coibir as aglomerações durante o São João na Bahia, a Polícia Militar informou que contará com um aporte de 7500 PMs em todo estado, reforçando o policiamento entre os dias 23 e 27 de junho. O foco da operação será no interior, em especial em cidades como Amargosa, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim. Na capital, a operação concentrará 500 policiais além daqueles que já fazem parte dos serviços diários já existentes.

Em caso de desrespeito aos decretos, os cidadãos devem realizar denúncias através do número 190 ou do disque-denúncia no número 181 (válido para toda a Bahia).

Guerra de espadas tambémm estão proibidas
Uma prática junina que vem preocupando gestores das cidades baianas é a guerra de espadas. Mesmo proibida desde 2011, muitos espadeiros insistem em dar continuidade à tradição, que sempre provoca aglomerações, atrai turistas e pode, até mesmo, causar ferimentos e aumentar a demanda por atendimento nos hospitais.

Segundo informações da TV Bahia, já houve registro este ano de dois dias de guerra de espadas e brincadeiras com fogos de artifício em Cruz das Almas. O primeiro aconteceu no dia 1º de junho, provocando aglomeração na Rua Ruy Barbosa. Vídeos circularam nas redes sociais mostrando pessoas reunidas e espadeiros também soltando rojões.

No último final de semana, mais um registro de ilegalidade por lá. Um vídeo mostra a Rua Arapiraca completamente tomada pelas faíscas das espadas por volta das 22h de sábado (19). Segundo os moradores, no dia seguinte também houve guerra de espadas em outras localidades da cidade durante todo o dia. Por lá, alguns moradores chegaram a colocar tapumes nas portas e janelas das casas para se proteger dos riscos que a prática pode provocar.

Para o secretário de planejamento e desenvolvimento econômico de Cruz das Almas, Euricles Neto, a prática persiste, mesmo sendo proibida na cidade, e acaba se tornando uma preocupação a mais durante o período de pandemia. “A guerra de espadas está proibida, mas, mesmo assim, nesses 10 anos, nunca deixamos de ter essa prática aqui em Cruz das Almas. Todos os anos, a guerra acontece e as pessoas vão às ruas, ainda que correndo o risco de sofrer os rigores da lei”, diz.

O secretário destaca as ações que vêm sendo feitas desde o ano passado e que terão continuidade neste ano de 2021 para tentar coibir a prática. “O que o poder público municipal pode fazer é dar apoio ao Ministério Público Estadual e às polícias militar e civil com decretos e direcionamentos para fiscalização”, afirma. Mesmo que o prejuízo econômico estimado para 2021 no município de Cruz das Almas seja de R$ 50 milhões por conta da ausência dos festejos, o secretário reafirma a necessidade de seguir os decretos e determinações de segurança.

“Nesse momento, mais do que nunca, a gente vem fazendo uma campanha apelativa para que os irmãos e irmãs espadeiros não soltem as espadas e não aglomerem. Nós estamos bastante temerosos porque a espada é um atrativo turístico, as pessoas vêm ver e tudo isso gera aglomeração. Esperamos contar com o apoio da população”, finaliza Neto.

Em Senhor do Bonfim, a prática também é tradição, mas está proibida desde 2017. Segundo a secretária de desenvolvimento econômico Ana Cláudia Matos, a prefeitura segue monitorando e tentando coibir as ações. “Nós temos uma força tarefa do poder público municipal para fiscalizar isso. A ação envolve a Guarda Municipal, a Vigilância Sanitária, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o órgão de trânsito municipal”, afirma a secretária.

“A gente também trabalha para disseminar informação e promover a conscientização da população. Fazemos distribuição de máscaras nas praças e circulação de carro de som e utilizamos nossas redes sociais. Aí, junto com a Polícia Militar, fazemos a fiscalização”, acrescenta Ana Cláudia. A secretária também divulga o canal através do qual a população pode denunciar qualquer irregularidade ou descumprimento de determinações locais. O telefone é o (74)99161651.

Mesmo com um prejuízo econômico elevado por conta da ausência das festas, estimado em mais de 15 milhões de reais para Senhor do Bonfim, a secretária também defende a importância de seguir as determinações e ligar o alerta para a pandemia. “Estamos seguindo o governo estadual e fechando bares nos finais de semana, proibindo bebida alcoólica, intensificando a fiscalização, além do fato de os ônibus intermunicipais estarem suspensos. Isso tudo conta para evitar a proliferação do vírus após esse período de São João”, finaliza a secretária.

De acordo com o Ministério Público Estadual (MP-BA), fabricar, possuir e soltar espadas é crime cuja pena pode chegar a até seis anos de prisão. A fabricação, comercialização e a utilização do artefato são vedadas em diversos diplomas legais, como o Código Penal, Estatuto do Desarmamento, Lei de Crimes Ambientais e Código de Defesa do Consumidor.

Associação defende regulamentação da prática
Até mesmo alguns espadeiros compreendem que não é o momento para guerra de espadas. O presidente da Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb), Darlan Valverde, afirma que a associação não defende que a guerra aconteça enquanto estiver proibida, ainda mais durante a pandemia e que, para coibir a prática, vem promovendo diversas ações durante o período de São João.

“As pessoas precisam esperar que o artefato seja regulamentado e que a pandemia acabe para que a gente possa, finalmente, seguir com a nossa prática cultural. A gente já está arrecadando máscaras e álcool em gel para fazer a distribuição e continuar o trabalho de conscientização. Infelizmente, temos algumas pessoas que acabam subvertendo as determinações, mas a maioria esmagadora das pessoas atendem ao nosso apelo e permanecem em casa”, finaliza.

A proibição, no entanto, vem sendo contestada. “A guerra de espadas é uma prática secular da região e envolve o conhecimento que é passado de geração em geração. Além disso, existem famílias que se sustentam com a movimentação econômica que a prática gera. A espada não é uma arma de fogo. Estamos tentando adequar o artefato dentro das exigências dos órgãos para regulamentar a guerra de espadas”, defende Valverde.

Queimaduras são fator de perigo no São João
As autoridades de saúde alertam que, durante o período de São João, os casos de queimaduras aumentam consideravelmente. Segundo dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), de 20 a 25 de junho de 2020, o Hospital Geral do Estado (HGE), referência no atendimento de casos de queimadura, registrou 42 ocorrências. No mesmo período de 2019, o número foi ainda maior: 88 casos. Além das queimaduras aumentarem a demanda pelo sistema de saúde em plena pandemia, a queima de fogos está associada à fumaça, que pode trazer prejuízos ao sistema respiratório, agravando o quadro de quem já está infectado com a covid-19.

O cirurgião plástico e diretor científico da Sociedade Brasileira de Queimaduras - Regional Bahia (SBQ-BA), Vitor Felzemburgh, destaca os riscos à saúde que a queima de fogos de artifício podem causar. “As bombas e fogos têm pólvora, que podem explodir. Então é muito comum vermos explosão de bomba ou de espada na mão das pessoas. Essas lesões causam alterações motoras irreversíveis, com perda de dedos ou até mesmo da mão toda”, alerta.

O cirurgião também ressalta os perigos das guerras de espadas. “A espada pode causar queimadura, lesão por explosão e mal funcionamento ou ainda lesão por trauma. Conheço casos de pacientes que perderam o globo ocular por conta de uma espada que foi diretamente no olho e teve um impacto muito grande”, diz.

Felzemburgh explica que também sobre as consequências das queimaduras. “As queimaduras por espada, bomba ou fogueira, geralmente, são de segundo grau, ou seja, provoca bolhas e machucados. Às vezes, também pode ser de terceiro grau, quando acomete, além da pele, também músculo e osso. Tudo depende da fonte de calor e, no caso da pólvora, é uma fonte de calor muito grande, bastante perigosa”, pontua.

“As queimaduras acometem muito as crianças. Muitas daquelas roupinhas de festejos juninos são de alguma fibra sintética e isso, com qualquer fonte de calor, mesmo que não muito elevado, entra em chamas e se espalha muito rápido, causando graves lesões”, lembra o diretor da SBQ-BA, que traz ainda mais um alerta para o uso de álcool em gel.

“Tem aumentado de uma forma absurda o número de atendimentos nas enfermarias de queimaduras provocadas pelo mau uso desse recurso. As pessoas, às vezes, passam álcool em gel e esquecem que aquilo é inflamável e vão manusear uma panela no fogo, por exemplo. Isso causa queimaduras. Então é preciso alertar que devemos usar o álcool, mas saber que ele é inflamável e mantermos os cuidados após a aplicação, principalmente durante o São João”, finaliza Felzemburgh.

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As comemorações de São João acontecem amanhã e quinta-feira. Quem vai festejar, mesmo dentro de casa, já está indo às compras. O CORREIO também foi à feira ontem e percorreu seis locais de Salvador para saber quanto estão custando os produtos típicos da ceia junina. E nesse momento de crise, o consumidor vai precisar ficar atento na hora de escolher os produtos, afinal, as variações foram altas. Itens tradicionais como licor (214%), laranja (130%), espiga de milho (102%) e amendoim (50,5%) aparecem entre os que mais tiveram preços bem distintos a depender do local.

Vale ressaltar que a venda de bebidas alcoólicas em Salvador e RMS está permitida só até às 20h de amanhã. Depois disso, está suspensa, inclusive por delivery, até às 5h do dia 28. A medida faz parte do decreto do Governo do Estado que visa conter as aglomerações do período junino.

Mesmo assim, quem procurar o licor vai precisar pesquisar bem. No Mercado do Rio Vermelho, a antiga Ceasinha, o produto foi encontrado por até R$ 22. Já na Feira de São Joaquim, tinha feirante vendendo por R$ 7. Apesar dos inúmeros sabores, o de jenipapo, como sempre, é o mais pedido.

Nos supermercados da cidade, não é comum encontrar os licores tradicionais de São João, achando normalmente os importados, que são mais caros. Mas, na Cesta do Povo, algumas unidades estavam disponíveis e sendo vendidas por R$ 12,49. O valor é ainda mais barato que na quinta-feira passada, dia 17, quando estava sendo vendido a R$ 15,99.

Em São Joaquim, era possível encontrar os licores cremosos por R$ 20 e os mais tradicionais por R$ 7. Segundo os feirantes, a procura não está das melhores e a tendência é que o preço vá diminuindo. Seu Bira já fez isso. Ele disse que começou vendendo por R$ 15, baixou para R$ 12 e, agora, está vendendo por R$ 10. “Se não tem muita gente comprando, a gente vai descendo os preços. Fazer o quê, né?”, lamenta.

Ceia junina

No ramo das comidas, a laranja (do tipo pêra) foi o produto com maior variação de preço: 130%, de R$1,69 o kg, na Cesta do Povo, a R$3,89, no Super Bompreço. Na Feira de São Joaquim, estava sendo vendida no saco, que saía por R$10,00.

Queridinho número um do São João, o amendoim teve variação de preço de 50,5%, entre R$9,90, na Cesta do Povo, e R$14,90 o kg, no Mercado do Rio Vermelho, a antiga Ceasinha. Na Feira de São Joaquim, está sendo vendido por saco, no valor de R$25,00.

Outro campeão de vendas é o milho. O preço da espiga variou 102%, de R$0,99, na Feira de São Joaquim, a R$2,00, no Mercado do Rio Vermelho. Também foi possível encontrar a bandeja, para quem não quer ter trabalho, com cinco unidades, sendo vendida a R$9,90, no Mercado do Rio Vermelho, antiga Ceasinha.

O jenipapo não foi tão fácil de encontrar. Nos três supermercados percorridos (Super Bompreço, Cesta do Povo e Extra), apenas o Super Bompreço ofertava o produto. Por lá, ele estava sendo vendido na bandeja a R$17,99 o kg. Cada uma, com quatro unidades de jenipapo, saiu por cerca de R$12,50.

Nos demais locais, o produto era mais em conta. No Mercado do Rio Vermelho, o valor era de R$12,00 o kg. Na Feira de São Joaquim, três unidades saíram por R$2,00 e, na Sete Portas, a mesma quantidade custou R$5,00. Nem todos os boxes vendem o produto, então vale perguntar e pedir indicação. Colocando na ponta do lápis, o preço da unidade variou em 106%.

Já o coco era encontrado aos montes. Nos mercados, o preço variou em 123%, de R$2,99, na Cesta do Povo, a R$6,69 o kg, no Extra. Já nas duas feiras, de R$2,00 até R$5,00 a unidade, a depender do tamanho. Para esse produto, a vantagem do Mercado do Rio Vermelho, da Feira das Sete Portas e da Feira de São Joaquim é que o cliente pode pedir para o vendedor ralar o coco na hora. Alguns deles não cobram nada a mais pelo serviço.

Utilizadas, principalmente, para os tradicionais bolos juninos, as massas de tapioca, carimã e aipim, assim como o jenipapo, exigem uma persistência maior para encontrar. Nenhum dos três supermercados percorridos vendem os produtos. A massa de tapioca teve variação de 100% no preço, a de carimã, 66%, e a de aipim, também 100%.

O Mercado do Rio Vermelho foi o local com mais opções de boxes e, por lá, os três produtos estavam saindo por R$10,00 o pacote. Na Feira das Sete Portas, eles foram encontrados com os menores preços. A massa de aipim e a de tapioca estavam custando R$5,00 e, a de carimã, R$6,00. Em São Joaquim, os três produtos custavam R$6,00 cada.

Está faltando dinheiro

Os dias 23 e 24 se aproximam, mas os feirantes ainda não estão animados. No lugar do vai e vem de clientes e da agitação do período junino nos mercados e feiras de Salvador, apenas alguns interessados nos produtos típicos. Para os comerciantes, a tendência do brasileiro de deixar para a última hora pode nem acontecer este ano, já que os clientes reclamam da falta de dinheiro e dos altos preços dos produtos.

Nos supermercados, nenhum cliente foi encontrado incrementando a cesta ou o carrinho com os produtos juninos. Na Sete Portas, os vendedores reclamavam da baixa procura. Segundo Dona Terezinha de Jesus, uma das comerciantes do local, o movimento está ainda mais fraco do que no ano passado. “O pessoal não está procurando muito, tem muita gente comprando tudo já pronto também. Mas, às vezes, tem gente que deixa para a última hora. Talvez ainda melhore um pouco”, diz ela.

Já o comerciante Edson Pereira não está tão otimista. Para ele, o movimento não deve aumentar muito e os motivos são os preços elevados e falta de dinheiro no bolso do consumidor. “O pessoal está sem dinheiro, a gente está sendo a diferença que faz o auxílio emergencial porque no ano passado tivemos mais vendas. E os produtos estão mais caros mesmo”, opina o vendedor.

Edson explica que os comerciantes estão comprando os produtos a preços mais elevados e precisam repassar os valores. “No ano passado eu comprava a saca do amendoim por 100 reais e, este ano, comprei por 200. A laranja foi a mesma coisa. Eu comprei, em 2020, 200 laranjas por 45 reais. Agora, estavam vendendo 100 por 35. Fica difícil para a gente e, muitas vezes, o cliente ainda faz a pechincha e a gente tem que vender para não perder a oportunidade”, acrescenta.

Quem movimentava a Feira das Sete Portas estava mesmo atrás dos produtos mais comuns, para a alimentação do dia a dia. Esse foi o caso de Silvana dos Santos, que está desempregada. “Este ano não vai ter ceia junina lá em casa, estou comprando só o essencial mesmo. Fiquei desempregada e o dinheiro está pouco”, diz ela.

No Mercado do Rio Vermelho e na Feira de São Joaquim, a procura por produtos juninos era maior, mas as questões se repetiram. A consumidora Roberta Freire diz ter notado os preços mais elevados na feira e que as compras este ano saíram em torno de 5 a 10 reais mais caras. Ela levou para casa amendoim, laranja e milho, os três produtos mais procurados, segundo os vendedores.

“Eu vim direto aqui na Feira porque acho melhor, com mais variedade e preço melhor, mas, mesmo assim, achei os valores mais salgados mesmo. Mas a gente tem que levar, né? Vamos fazer uma reuniãozinha em casa mesmo este ano, já que não pode viajar e não tem festa, aí não pode faltar, ao menos, amendoim, milho e laranja. Comprei o básico mesmo”, conta Roberta.

Sobe e desce dos preços

Enquanto a baixa procura pelos produtos fez alguns preços caírem, em alguns locais os valores de alguns produtos já subiram da última semana para cá. Esse foi o caso da antiga Ceasinha. Por lá, o único produto da lista com diminuição de preço foi a laranja pêra, que passou de R$3,90 para R$3,49 nesta semana.

O milho teve elevação de preços lá e também na Sete Portas e no Extra. Já o amendoim subiu no Mercado do Rio Vermelho, na Sete Portas, em São Joaquim, no Extra e na Cesta do Povo. Na Feira de São Joaquim, o saco do amendoim, antes encontrado por R$15,00, agora está saindo por R$25,00.

O jenipapo, que custava R$10,00 o kg na Ceasinha, agora está sendo vendido a R$12,00. Na Sete Portas, quatro unidades eram R$5,00 e, agora, o mesmo valor vale para três unidades. O coco teve elevação de preço de R$0,90 na Ceasinha e também de R$0,80 no Extra. Segundo os comerciantes, é preciso aproveitar os últimos dias de vendas.

“A gente começa com o preço mais elevado, para ver o que consegue. Aí fui vendo o movimento baixo e o pessoal pechinchando, então a gente já faz o desconto. Mas, agora, nos últimos dias já, é quando tem o maior movimento. Quem não vier por agora não vem mais, então dá para aumentar o preço de algumas coisas”, diz o comerciante João Silva, da Feira das Sete Portas.

Mercado do Rio Vermelho (Ceasinha):

Milho: R$2,00 a espiga
Amendoim: R14,90 o kg
Jenipapo: R$12,00 o kg
Laranja pêra: R$3,49
Coco: R$4,90 a unidade
Massa de tapioca: R$10,00 o kg
Massa de carimã: R$10,00 o kg
Massa de aipim: R$10,00 o kg
Licor: a partir de R$13,90

Feira das Sete Portas:

Milho: R$1,25 a espiga
Amendoim: R$10,00 o kg
Jenipapo: R$5,00 3 unidades
Laranja pêra: R$2,99 o kg
Coco: De R$2,00 a R$3,50 a depender do tamanho
Massa de tapioca: R$5,00 o kg
Massa de carimã: R$6,00 o kg
Massa de aipim: R$5,00 o kg
Licor: R$15,00

Feira de São Joaquim:

Milho: R$1,00 a espiga
Amendoim: R$25,00 o saco
Jenipapo: R$2,00 3 unidades
Laranja pêra: R$10,00 o saco
Coco: De R$2,00 a R$5,00 a depender do tamanho
Massa de tapioca: R$6,00 o kg
Massa de carimã: R$6,00 o kg
Massa de aipim: R$6,00 o kg
Licor: a partir de R$7,00

Super Bompreço (Av. Vasco da Gama):

Milho: R$1,99 a espiga
Amendoim: R$12,99 o kg
Jenipapo: R$17,99 o kg (bandeja com 4 unidades por R$12,50)
Laranja pêra: R$3,89 o kg
Coco: R$ 5,90 o kg

Extra (Av. Vasco da Gama):

Milho: R$1,85 a espiga
Amendoim: R$14,59 o kg
Laranja pêra: R$2,99 o kg
Coco: R$ 6,69 o kg

Cesta do Povo (Ogunjá):

Milho: R$0,99 a espiga
Amendoim: R$9,90 o kg
Laranja pêra: R$1,69 o kg
Coco: R$ 2,99 o kg
Licor: R$12,49

Para quem prefere tudo pronto

Outra opção é já comprar os produtos prontos, como bolos, canjica, cuscuz e mingau. Ou até mesmo o amendoim, que já pode ser comprado cozido. Para quem prefere a praticidade e pode arcar com os valores, o CORREIO separou três locais de vendas de produtos da ceia junina. Confira:

Rancho do Bolo (site ou ifood):

Bolo de carimã, milho, tapioca e aipim - R$25,00
Bolo de laranja - R$10,00
Pamonha de milho com queijo (180g) - R$10,00
Cesta junina: bolo de rolo, pão delícia, broa de milho, bolo de aipim, bolo piscina crocante de churros, biscoito Jucurutu, amendoim, pipoca e café gourmet - R$155,90

*É possível encomendar, comprar na hora no local ou ainda via delivery

Bolo das Meninas (site ou ifood):

Mingau de Tapioca (250g) - R$14,00
Pamonha de milho (2 unidades) - R$16,90
Amendoim cozido (500g) - R$27,00
Lelê (230g) - R$8,50
Bolo de aipim, tapioca e carimã - R$32,00
Bolo de laranja - R$27,00
Canjica (250g) - R$14,00

*É possível comprar na hora no local ou ainda via delivery

Doce Dainha (@docedainha):

Bolo de aipim, milho, tapioca e carimã (18cm) - R$28,00 / (22cm) - R$35,00

*Encomendas até dia 22/06

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O Ministério Público estadual, por meio do promotor de Justiça Luciano Valadares Garcia, recomendou que os prefeitos dos municípios de Bom Jesus da Lapa, Serra do Ramalho, Sítio do Mato e Paratinga coíbam a realização de quaisquer festejos juninos no ano de 2021. O MP recomenda que os gestores suspendam a realização de todos os eventos festivos ligados ao período junino, como shows musicais e quadrilhas, e também que não concedam espaços públicos para realização de eventos particulares da mesma natureza.

O promotor de Justiça pede que os gestores reforcem a divulgação de campanhas de conscientização, bem como as medidas de fiscalização para evitar aglomerações no período junino, adotando as medidas legais cabíveis. Na peça, o MP lembra aos prefeitos que, em decorrência da pandemia, as aglomerações, sobretudo em caso de presença de infectados, podem ser enquadradas nos tipos penas de infração de medida sanitária e de omissão de notificação de doença.

A recomendação levou em consideração que o último Boletim de Monitoramento da Covid-19, de 15 de junho de 2021, divulgado pela Prefeitura e Secretaria de Saúde de Bom Jesus da Lapa, cidade que atende a região, dá conta de que a UTI do Hospital Carmela Dutra registra um índice de 100% de ocupação, com todos os 10 leitos preenchidos, e que os 23 leitos clínicos no município destinados à Covid-19 também estão todos ocupados.

No município, foram registrados 98 novos casos, totalizando 4.981 casos, e 70 mortes. Em Serra do Ramalho, o monitoramento dá conta de que foram registrados oito novos casos, totalizando 794 casos, e 32 mortes. Já em Sítio do Mato, o controle registra quatro novos casos, totalizando 190 casos, e cinco mortes. O boletim de Paratinga revela a ocorrência de cinco novos casos, totalizando 1.102 casos, e 19 mortes.

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Para fazer cumprir o decreto estadual que proíbe aglomeração devido à pandemia de covid-19, a Operação São João, da Polícia Militar, vai contar com o incremento no efetivo de 7,5 mil policiais em todo território baiano. Eles estariam de folga no período, mas serão convocados para trabalhar. O reforço será empregado entre os dia 23 e 28 deste mês.

O efetivo da PM baiana é 32 mil policiais e, como os 7,5 mil agentes do reforço dessa operação estão dentro desse grupo, um dos resultados será o pagamento de horas-extras. Isso irá provocar um custo superior a R$ 1 milhão ao Governo do Estado. "Serão 7 mil no interior e 500 na capital. Como será isso? Essa mobilização de efetivo vai gerar um investimento de R$ 1,1 milhão de deslocamento, pagamento de horas extras, diárias. A gente pega o pessoal de folga em regime extraordinário e incrementa esse policiamento nessas cidades", declarou o oficial do Comando de Operações Policiais Militares (COPPM), o major Edmundo Assemany.


O major revelou ainda que as abordagens serão meramente preventivas. "O nosso objetivo primordial é fazer cumprir o decreto estadual que proíbe aglomerações, seja ela qual for. Então, tudo o que vier em mente. Mas o nosso foco é o trabalho educacional. A gente não quer ir lá para prender. O nosso interesse é meramente educacional. Agora, diante à insistência, os indivíduos serão conduzidos à delegacia para as medidas cabíveis", pontuou.

A PM terá o policiamento ainda mais reforçado nos municípios onde a tradição do São João é mais forte, isso inclui as tradicionais guerras de espadas. "O foco da PM é fazer cumprir o decreto estadual. Havendo aglomeração de pessoas do jeito que seja, a gente vai atuar para acabar. Não importa que seja guerra de espada ou paredão, como acontece em algumas localidades da capital, como no Subúrbio. Por exemplo, em Cruz das Almas, que tem a tradição da guerra (de espadas), a polícia vai chegar preventivamente para evitar que aconteça aglomeração. Ocorrendo o descumprimento do decreto, a nossa principal conduta é orientar. Insistindo, os responsáveis serão conduzidos à delegacia para registro de ocorrência", declarou o major.

Ele detalhou também como será a atuação dos policiais. "O decreto faz uma ressalva permitindo a realização de eventos científicos ou profissionais com até 50 pessoas, utilizando máscara, observando o distanciamento, uso do álcool em gel. São João é uma festa tradicional. Se um cidadão está em sua casa, com sua mulher e seus filhos e resolve aceder uma fogueira no quintal, não vejo nenhum mal nisso. O que a gente chama de festas de aglomeração? São locais onde as pessoas estão sem máscaras, não respeitando o distanciamento e nem a quantidade de pessoas. A gente pede também o bom senso das comunidades", completou.

Por fim, o major garantiu que, apesar das ações para o período do São João, o policiamento ordinário está mantido. "Todo o esforço ordinário da PM está mantido. O que vamos fazer é incrementar o policiamento". Ele pediu ainda para que as pessoas denunciem aglomerações e festas clandestinas. "Avise a Polícia Militar do seu município através do 190 ou então através do novo número do Disque Denúncia, 181, que atende todo o estado da Bahia".

Histórico ruim

No ano passado, mesmo com ações para conter aglomerações, tomadas pelas autoridades baianas, não houve jeito: os casos de covid-19 cresceram em até 280% nos municípios onde os festejos juninos são tradicionais, como Cruz das Almas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Bonfim e Mucugê.

Algumas prefeituras ponderaram que houve aumento do número de testagens e afirmaram ter empreendido todos os esforços para barrar os visitantes e os festejos entre pessoas de casas diferentes, mas depoimentos de moradores, autoridades e da própria polícia mostram que o São João de 2020 teve influência direta no crescimento.

Mucugê, por exemplo, investiu em campanhas educativas e preventivas, e fechou todo o setor de hospedagem, proibiu que se acendessem fogueiras e soltassem fogos e instalou uma barreira sanitária na entrada da cidade, mas, ainda assim, obteve aumento de 200% nos casos. O município de pouco mais de 9 mil habitantes saltou de quatro para 12 infectados.

Em Senhor do Bonfim, o número de infectados pulou de 86 para 167. Santo Antônio de Jesus (SAJ) também investiu em uma comunicação que desestimulasse o turismo na cidade no período junino, além de ter recebido montagem de barreiras sanitárias nas entradas da cidade com apoio da Polícia Militar, mas, em números absolutos, teve a maior alta, de 253 casos para 571.

Na capital, uma força tarefa comandada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) dispersou 32 aglomerações e desmontou 39 fogueiras em 26 bairros na noite do dia 23 de 2020. Além disso, a Prefeitura havia decretado a proibição de qualquer atividade sonora nas ruas durante a pandemia, independentemente do índice de decibéis. Mas, na noite de São João, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) registrou 495 denúncias de poluição sonora em Salvador, número seis vezes maior do que o normal para a Operação Sílere, que, esse ano, faz nove anos de atuação.

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Devido à pandemia da Covid-19, as tradicionais apresentações do samba junino ocorrerão de forma on-line, por meio de lives promovidas pela Fundação Gregório de Matos (FGM) e realizadas via YouTube. O investimento municipal para a ação, através do Prêmio Samba Junino, foi de R$260 mil, sendo destinados R$20 mil para cada projeto aprovado.

No total, 13 entidades farão oficinas, documentários e apresentações virtuais trazendo a história, os elementos formadores e toda a trajetória desse estilo que descende do samba. Há pouco mais de quatro décadas, o ritmo movimenta e leva um novo estilo aos festejos de São João.

Integrante do programa Salvador Memória Viva, da FGM, o Samba Junino é mais um ente do patrimônio cultural da cidade salvaguardado pela pasta. Registrado como patrimônio imaterial, a manifestação entra no terceiro ano sendo parte das ações de conservação implementadas pela FGM.

"Este estilo se configura pela concentração de pessoas, pelo arrastão tradicional que, em tempos de pandemia, nos fez buscar novas estratégias junto aos proponentes, para manter essa essência, sem riscos sanitários. Buscamos então a melhor forma de fazer fluir o espetáculo em tempos de pandemia", destaca a gerente de Patrimônio Cultural da FGM, Gabriella Mello.

Com isso, a programação tem como foco ações de memória, de formação e fruição musical. "O edital contempla lives, aulas, documentários e ações voltadas para as mulheres e o público LGBT no samba, destacando as madrinhas e a importância dessa tradição para as próximas gerações", completa Gabriela.

Quem faz – Grupo formado no bairro de Cajazeiras, o Samba Fama celebra mais de 25 arraiás promovendo a folia junina dentro da tradição do samba duro da Bahia. Para este ano, o grupo teve de abrir mão do famoso arrastão para, através de apresentações virtuais e oficinas, transmitir um pouco do que criou e conservou em quase três décadas de história.

Na quinta-feira (16), no canal do Samba Fama no YouTube, a agremiação irá se apresentar junto com as bandas Samba de Tamanco, Samba Fama, Sai de Baixo que Lá Vem a Zorra e convidados em live show do arrastão junino da região – o Cajarriê.

"Temos como proposta fortalecer, divulgar, resgatar e enriquecer de forma estruturada a cultura do samba junino na cidade. Nas oficinas, destacamos toda a história, rítmica e curiosidades do estilo. Faremos tudo de maneira virtual, mas tentaremos manter a energia e tradição, contando a história e os bairros tradicionais do Samba Junino em Salvador", explica Alessandro Santos, diretor do grupo.

Atuante desde 2002 na cena cultural da Estrada Velha do Aeroporto, o projeto "Samba Junino da Periferia: Estrada Velha resiste" faz parceria com o Samba Duro Bicho da Cana. A iniciativa visa fortalecer a cultura do samba junino local, apoiando a realização de oficinas gratuitas de música e dança, além de apresentações de grupos do estilo na região.

"Para este ano, faremos uma live oficina e uma live show, bate-papos com pessoas representativas do Samba Junino na Estrada Velha do Aeroporto, contando a história do Bicho da Cana, do movimento EVA Resiste e da história do bairro. Nosso diferencial está na pegada moderna do samba que tocamos, fazendo uma espécie de renovação do estilo", avalia Regiane Santos, produtora cultural do movimento EVA Resiste/Grupo de Samba Bicho da Cana, também conhecida como Ane Negona. A live do grupo vai ao ar no dia 23 de junho, no canal EVA Resiste no YouTube, e na página da agremiação no Instagram, o @EVAResiste.

Programação – Samba Junino Ano III

- Arrastão do Samba Fama

16/06 – Realização de oficina virtual de levada rítmica com maestro Rayalla

17/06 – Oficina de dança e cultura do samba junino com o instrutor Edson Souto

19/06 às 17h – Apresentação de live do grupo Samba Fama e convidados

- Fogueirão

23/06, às 18h – Live

- Explosão Cultural Jaké

25/06 – Postagem do documentário nas plataformas e redes sociais

27/06 – Live de lançamento

- Samba Junino da Periferia: EVA Resiste

19/06 – Oficina de dança com Suelen Araújo;

23/06 – Apresentação show do samba duro Bicho da Cana, com repertório que recorda cantigas do samba junino de Salvador;

26/06 – Oficina de pandeiro com a mestra Chica do Pandeiro de Quixabeira da Matinha;

29/06 – Apresentação show do Samba Duro VS;

30/06 – Apresentação show do Samba Neguinho.

- Filhos de Marujo: Pranchão da Viola

26/06, às 16h – Live

- Supersamba Junino

26/06, às 16h – Live

- Arrastão Junino Cajazeiras

02/07, às 16h – Oficina de levada rítmica

03/07, às 16h – Oficina de dança e apresentação da rainha LGBT

10/07, às 20h – Live no canal Arrastão Junino Cajazeiras no YouTube

- Samba Santo Amaro (canal Samba Santo Amaro)

23/06 – Vídeo da apresentação musical

02/07 – Vídeo com resultado da oficina rítmica

31/07 – Documentário sobre o samba junino

- Samba Duro Junino em Movimento (canal Nonato Sanskey e Sambão Mucum'g)

15/06, às 15h – Narrativa histórica sobre o samba junino

20/06, às 15h – Live show com Nonato Sanskey e Sambão Mucum'g

- Samba Junino do Maestro (canal Augusto Conceição)

23/06, às 17h30 - Vídeo produzido pelo Grupo Vai Kem Ké

- Liga do Samba Junino (canal da Liga do Samba Junino)

23/06 – Aula Show de Samba Duro

- Samba Duro do Garcia (canal da Organização Cultural G7 SDJ)

23 e 28/06, às 19h – III Desfile de Samba Duro Junino do Garcia

Esse ano, mais uma vez, a Bahia não terá festas de São João, mas algumas prefeituras pretendem usar a internet como plataforma para levar o arraiá até os foliões, por isso, o Ministério Público da Bahia (MP) recomendou cautela aos municípios na hora de montar a festa e pediu para eles redobrarem os cuidados para evitar aglomerações. A maioria das cidades, no entanto, não tem nada programado para os festejos juninos.

O MP recomenda que as prefeituras observem os princípios da Administração Pública e da licitação, em especial da impessoalidade, publicidade, transparência, economicidade, isonomia e julgamento objetivo, independentemente da modalidade do festejo. A promotora Rita Tourinho explicou que a recomendação não é uma proibição e nem tem efeito de decisão.

“É como se fosse um direcionamento. Mas a palavra correta é essa mesmo: recomendar. Quando a gente faz isso, a gente indica qual é o caminho legal que deve ser seguido. Isso faz parte do trabalho do Ministério Público em fiscalizar e essa nossa recomendação está ao encontro do decreto estadual, que visa proibir aglomerações”, explica.

A recomendação à Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa) é para que o órgão condicione o repasse de recursos aos municípios para a realização de lives de São João à observância de normas de segurança sanitária em razão da pandemia do coronavírus.

As gravações ou transmissões dos artistas não devem ocorrer em locais públicos ou de acesso ao público, para evitar a ocorrência de aglomerações, e os organizadores precisam incluir mensagens educativas, intercaladas com as apresentações artísticas, que orientem a população a respeito das medidas de enfrentamento à pandemia.

O advogado Leandro Vargas, professor de direito da Rede UniFTC, explica que uma recomendação do MP pode não ser cumprida, mas o ideal é que os gestores públicos e as procuradorias municipais e estaduais mantenham um diálogo constante com a instituição.

“O MP tem a responsabilidade de manter a ordem jurídica e fiscalizar o poder público. Quem dá respaldo ao seu trabalho é a própria Constituição. A recomendação pode sim ser desrespeitada. Quem descumprir não será preso. Mas antes do MP ingressar com um inquérito civil ou ação judicial, ele recomenda. A autoridade pública pode responder ao MP dizendo que as normas estão sendo cumpridas. É importante manter esse diálogo”, defende.

Decreto precisa ser cumprido
No mês passado, também preocupado com as aglomerações, o governador Rui Costa editou um decreto suspendendo o transporte intermunicipal entre os dias 20 e 27 de junho. Diferente da recomendação do MP, o decreto governamental tem força de lei e precisa ser seguido à risca. Na ocasião, Rui explicou que o objetivo da proibição é evitar o amento no número de casos de covid-19 após os festejos.

"Vamos agir no sentido de evitar ao máximo o contágio porque é assim mesmo: toda vez que o povo se junta para uma data comemorativa, nas semanas seguintes há uma explosão de novos casos. Por isso, vamos suspender o transporte intermunicipal no período de São João e São Pedro. Claro que não dá pra impedir que todos se desloquem, mas vamos tentar mitigar esses efeitos que são sempre preocupante pós feriados", disse, na época.

O governador disse que a luz amarela está acesa por conta do elevado número de casos da doença no estado, e que, por isso, as grandes festas também estão proibidas. Até esta quinta-feira (10), o número de pessoas que em algum momento testaram positivo para o novo coronavírus na Bahia era de 1 milhão, com 14 mil casos ativos e 22 mil óbitos.

A ocupação dos leitos de UTI está em 84%, mesmo percentual das últimas semanas, e 68% das vagas clínicas estão preenchidas. Para a estudante Eliana Souza, 26 anos, as ações adotadas pelas autoridades fazem sentido.

“Se tiver festa, terá aglomeração. Eu concordo com a decisão de suspender o transporte público e também com a ideia de que é preciso redobrar a atenção com o dinheiro público, mas nada disso vai adiantar se as pessoas não tiverem consciência, se elas pegarem o carro e forem aglomerar na casa dos familiares, no interior”, disse.

Municípios prometem seguir protocolos de segurança
Com ou sem recomendação do MP, os municípios prometeram que vão seguir os protocolos de segurança. Em Amargosa, uma das cidades mais procuradas no período junino, o prefeito Júlio Pinheiro contou que está editando uma norma para ajudar atender aos cantores e músicos da região.

“A prefeitura está elaborando um edital para apoio financeiro para os artistas locais, e como contrapartida eles devem apresentar alguma proposta cultural para o período do São João. Nós não podemos realizar eventos online com patrocínio da prefeitura por conta da recomendação feita pelo Ministério Púbico e pelo Tribunal de Contas, de que os municípios não devem gastar recursos públicos para realização de lives”, afirmou.

No entanto, a promotora Rita Tourinho frizou que o objetivo da recomendação do MP não é proibir lives. Pelo contrário, a instituição deseja que esses eventos aconteçam, mas da forma correta, com base no que é determinado por lei.

“Nós fizemos essa recomendação a Bahiatursa falando qual é o procedimento correto. O grupo do entretenimento já foi muito prejudicado e é por isso que recomendamos também que a live não seja concentrada em um único artista, mas atenda ao maior número possível. É preciso que a apresentação seja transmitida em um local adequado, sem o acesso ao público. O intuito mesmo é mostrar que não há uma posição do MP de não fazer live”, explica.

Em Cachoeira, no Recôncavo, haverá barreira na entrada da cidade para impedir o acesso de turistas. Não haverá festa nem lives, mas a gestão está cogitando organizar uma feira. Os detalhes ainda estão sendo discutidos.

Lençóis, na Chapada Diamantina, não terá programação festiva esse ano, as reservas das pousadas e hotéis serão limitadas a 60%, e haverá fiscalização nas ruas para evitar aglomerações e o cumprimento das medidas de proteção, por parte dos moradores, e também dos estabelecimentos e turistas.

Em Santo Antônio de Jesus a festa virtual começou no dia 29 de maio, aniversário do município, com uma live de forró com artistas locais e em 5 de maio, um concurso de música escolheu a melhor canção junina do ano com o tema “Plantando esperança para colher alegria em SAJ, o Melhor São João da Bahia”. Haverá outra live na véspera do São João.

Mata de São João, na Região Metropolitana, decorou as ruas com bandeirolas para lembrar o clima junino, mas por lá a festa também será virtual. No dia 25 de junho os artistas matenses Júnior Moura, Ricardo Vianna e Adalício farão uma apresentação através do YouTube.

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Pelo segundo ano consecutivo, o São João não vai poder ser comemorado, por conta da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, de 18 cidades com tradição nos festejos juninos procuradas, as perdas para a economia baiana são de mais de R$ 133 milhões. Mas, segundo o Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC-BA), com base no cálculo das prefeituras do estado, estima-se que quase R$ 1 bilhão deixe de circular na Bahia sem as festas de São João.

Na avaliação do publicitário Gabriel Carvalho, criador do site São João na Bahia e especialista nesse festejo popular, há uma ‘democratização’ nos lucros das festas juninas. “É uma celebração onde todo mundo ganha. Estima-se que a movimentação financeira chegue próximo a R$ 1 bilhão na Bahia. Isso sem contar nos milhares de empregos gerados que a gente nem consegue contabilizar direito, pois envolve desde o comércio ao vendedor ambulante, passando pelas pequenas industrias, os artistas e a economia criativa”, explica.

Só em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), são mais de R$ 60 milhões que o município deixará de ganhar. No Recôncavo, na cidade de Cruz das Almas, são mais de R$ 30 milhões perdidos. Já em Santo Antônio de Jesus, segundo estimativas do setor, a festa na cidade costuma movimentar cerca de R$ 10 milhões. Por sua vez, em Amargosa, no Vale do Jiquiriçá, em torno de R$ 20 milhões não vão circular na cidade em 2021 por causa da pandemia.

Na Bahia, em condições normais, a festa de São João acontece em mais de 300 municípios. São mais de 2 milhões de baianos circulando no próprio estado, sendo que metade disso são pessoas da capital com destino ao interior, de acordo com Gabriel Carvalho.

“Mais um ano sem São João dói muito em quem gosta e participa. E dói, principalmente, no bolso. O São João representa renda para aqueles que plantam, se apresentam no palco, vão vender sua cerveja e, também, para toda a economia do estado, de uma forma geral”, argumenta.

Tão apaixonado por São João, o próprio Gabriel Carvalho tem o costume de, desde os 16 anos, viajar para alguma cidade da Bahia no mês de junho, alternando entre Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Ibicuí e Cruz das Almas. Ano passado, por causa da pandemia, foi a primeira vez, desde então, que ele ficou na capital. Em 2021, a programação terá que ser repetida. “O arrasta-pé vai ser aqui em casa mesmo, cumprindo o isolamento social e com comidas típicas”, disse.

Grandes cidades lamentam falta dos festejos juninos
Em Camaçari, cidade baiana que estima ter o maior prejuízo com a não-realização das festas juninas, o cálculo da prefeitura é feito com base na movimentação do comércio, da rede hoteleira, turismo, ambulantes, barraqueiros, logística de transporte e outros setores. Dos cofres municipais, o investimento era de R$ 8 milhões, se levar em conta todo o mês de junho. O retorno vinha em quase oito vezes mais: R$ 60 milhões.

Na cidade, as celebrações começam no dia de Santo Antônio, 13 de junho. Mas a grande festa mesmo era o Camaforró, entre 21 a 23 do mesmo mês. Em 2019, ela reuniu mais de 60 mil pessoas por dia. Ao todo, foram 50 shows divididos entre os três palcos. Mais da metade dos artistas eram da localidade, mas a última edição também teve Calcinha Preta, Simone e Simaria, Lambasaia e Magníficos.

No Recôncavo, Cruz das Almas chega ao segundo ano sem São João com muito a lamentar. Por lá, mesmo antes da emancipação da cidade, em 1896, a tradição junina já existia. Na época, o local era apenas um distrito do município de São Félix. As festas eram realizadas nas famílias e entre a comunidade – inclusive, com a tradicional guerra de espadas, hoje proibida.

“Estima-se que o São João movimente cerca de R$ 30 milhões na economia local, incluindo os comércios tradicionais e ambulantes. Com o grande número de turistas na cidade, há um aquecimento das compras no período junino”, explica o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da cidade, Euricles Neto.

Em condições normais, o ‘arraiá’ de Cruz das Almas atrai milhares de turistas durante quatro dias do mês de junho. Trata-se de um grande festival de música popular, com destaque para bandas de forró e outros ritmos nordestinos. Este ano, para não causar um sentimento de normalidade na população, a prefeitura optou por não decorar a cidade. Mesmo assim, a gestão municipal promete desenvolver algum projeto para manter viva a tradição nesse contexto.

Em Amargosa, palco do show virou ponto de vacinação
Se é para celebrar o São João em 2021, que seja com muita vacina! Isso, pelo menos, é o que parece estar acontecendo em Amargosa. Por lá, na praça que costuma receber os shows responsáveis por lotar a cidade, o palco deu espaço a um drive-thru de vacinação contra a covid-19. É a esperança de que, em 2022, tudo vai voltar ao normal.

“Dá um aperto no coração de todos nós que gostamos de São João. Particularmente, é a festa que eu mais gosto de realizar e participar, e tenho certeza de que é a preferência da população baiana e do Nordeste inteiro. Deixo um recado para que sigamos firmes, tomando todos os cuidados, para terminar este ano livre da pandemia e, em 2022, voltar à normalidade. Amargosa vai realizar o maior e melhor São João de todos os tempos, aquele com um gosto de saudade e reencontro”, promete o prefeito da cidade, Júlio Pinheiro (PT).

Segundo o gestor, no São João, a cidade que tem 37 mil habitantes dobra a sua população com a quantidade de visitantes. “Esse público ainda é ampliado por conta das pessoas de cidades circunvizinhas que vêm apenas à noite para conferir as principais atrações. A gente acredita que o público é, mais ou menos, esse: de 40 ou 50 mil pessoas”, explica.

Santo Antônio de Jesus aposta em lives e decoração da cidade durante a pandemia
Se para fazer São João tem que se reinventar, a cidade de Santo Antonio de Jesus decidiu assumir isso na prática. Em 2021, saem os grandes shows e aglomerações e entram as lives e distanciamento social. Tudo isso para manter a curtição típica do período viva no município. “É uma forma de valorizar os nossos artistas. As pessoas estão participando, contribuindo. Essa é a esperança de que esse período triste vai passar”, diz a secretária de Cultura Silvia Brito.

Lá, a festa virtual começou no dia 29 de maio, aniversário do município, que foi marcada por uma live de forró com artistas locais e, no último sábado (5), um concurso de música escolheu a melhor canção junina do ano com o tema “Plantando esperança para colher alegria em SAJ, o Melhor São João da Bahia”. Foram inscritas 24 canções inéditas, todas compostas por artistas locais. Desses, 10 foram selecionados para a grande final e os vencedores receberam os prêmios de R$ 5 mil reais para o primeiro colocado, R$ 2,5 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro colocado.

A equipe da prefeitura também está preparando uma grande live na véspera do São João para aquecer os corações dos que gostam da festa. O conjunto de iniciativas promete animar os forrozeiros de plantão que este ano não poderão dançar agarradinhos, mas terão a oportunidade de admirar apresentações e ouvir forró.

“A gente tem total expectativa de fazer uma das maiores festas da Bahia em 2022. Já estávamos nos consolidando no cenário nacional e a intenção é ter uma festa a altura”, promete a secretária de cultura.

Em Mata de São João, arrecadação de ISS caiu 75% em junho
Na Região Metropolitana de Salvador, em Mata de São João, as perdas também foram grandes, apesar de não existirem números concretos. A arrecadação de Imposto Sobre Serviço (ISS) do município, que incluem os bares, restaurantes, hotéis e pousadas, teve uma redução de 75% em junho de 2020 comparado a junho de 2019. Antes da pandemia, a cidade arrecadou mais de R$ 3,7 milhões com ISS, contra R$ 963 mil no ano passado.

A prefeitura pontua, no entanto, que, neste período de 2020, somente os serviços essenciais – mercados e farmácia - estavam abertos, e que os ambulantes não conseguem ser contabilizados, por não pagarem esse tipo de imposto. Segundo a gestão, portanto, as perdas são muito maiores.

Em Ibicuí, no Centro Sul da Bahia, os prejuízos são na ordem de R$ 5 milhões. “A população como um todo sofre sem os festejos juninos. O São João é tradição em Ibicuí e faz parte da história de muita gente. Financeiramente falando, as pessoas que trabalham com eventos, músicos, equipes de produção e montagem, comerciantes em geral, prestadores de serviços e corretores ou pessoas que alugam suas casas para o período festivo são os que mais sentem. É um serviço que deixa de acontecer e, portanto, um dinheiro que deixa de entrar pra cada uma dessas pessoas”, revela a prefeitura. Mais do a perda financeira, existe o prejuízo sentimental.

“Maior que o prejuízo financeiro, existe um prejuízo sentimental, já que todos os ibicuienses sentem uma imensa falta deste momento único O São João é o mais importante festejo para o nosso ciclo cultural, e isso desde muito tempo. Ibicuí vive profundamente a época”, acrescenta.

Por isso, pular fogueira só ano que vem, se o cenário pandêmico for viável. “O que precisamos agora é resguardar vidas, e a não comemoração do São João. Ano que vem, pensando na possibilidade de todos já estarem vacinados, faremos, com certeza, o melhor São João. Aí, sim, vamos matar a saudade acumulada nesses dois anos”, explica.

Retorno financeiro é fruto do investimento municipal nas festas
No Sul da Bahia, em Ipiaú, são cerca de R$ 400 a 500 mil que a prefeitura deixa de injetar na economia da cidade. Lá não é exatamente o São João que é comemorado, e sim o São Pedro, no dia 29 de junho. Nos três dias de festas públicas, mais de 35 mil pessoas frequentam o município, sem contar com os habitantes, que são 45 mil.

O diretor de cultura disse que nunca fez um levantamento de quanto seria o retorno financeiro a partir do investimento da prefeitura. Mas sabe que é maior que os R$ 500 mil investidos.

"A gente nunca fez um estudo de quanto o São João movimenta na cidade, mas a gente percebe que o comércio vende muito, fica muito aquecido. Nos dias seguintes, muitas pessoas vão fazer depósito nos bancos ou pagam boletos, então agente percebe o impacto por aí”, comenta o diretor de cultura da secretaria de educação e cultura de Ipiaú, Marcelo Batista.

Na última edição da festa de São Pedro, artistas como Saia Rodada e Marília Mendonça estiveram no palco. Não existem ainda festas privadas na cidade. De acordo com diretor, os ambulantes são os mais impactados com a impossibilidade da realização dos festejos juninos. “É toda uma rede, mas os ambulantes, que vivem da festa, para vender sua cerveja, seu churrasco, hoje estão impedidos pelo combate ao vírus”, acredita.

Mercado informal do interior pode ser o mais prejudicado, aponta gestores
O diretor de cultura, esporte e lazer de Jaguarari, Leandro Silva, está preocupado com o mercado informal que dependia dos sete dias de festas de São João que tinha na cidade. “Os vendedores ambulantes sofreram muito, porque temos muito movimento durantes esses dias de festa, então dá para eles se manterem por mais seis meses. Além das 25 barracas que montamos, temos em torno de 100 pessoas que vendem acarajé, tapioca, cachorro quente, chapéu, maçã do amor... Eles estão todos sem poder vender seus produtos e não têm renda, porque não têm renda fixa”, expõe Silva.

Na cidade, o prejuízo sem a festa é de R$ 2 a R$ 2,5 milhões. “A gente tinha uma base de investimento em torno de R$ 700 mil a R$ 1 milhão e uma rentabilidade de R$ 2 a 2,5 milhões, com a movimentação na rede hoteleira, dos barraqueiros e com os patrocínios”, explica. Em torno de 8 a 10 mil pessoas, incluindo os moradores, frequentavam as festas quando eram realizadas. Bandas como Calypso, Calcinha Preta, Limão com Mel e o cantor Leonardo já tocaram por lá.

Em Euclides da Cunha, no Nordeste da Bahia, o prejuízo da não realização do Arraiá do Cumbe, como a festa é chamada, é de R$ 5 mihões. A prefeitura investia R$ 2 milhões na realização do evento, que teve um público de cerca de 30 mil pessoas por dia entre 21 e 24 de junho de 2019. Na época, dentre as principais atrações que passaram pelo município, estavam Alcymar Monteiro, Jonas Esticado e Gatinha Manhosa.

“Levando em consideração a movimentação que o Arraiá do Cumbe traz para a cidade, quem mais sentiu os efeitos do cancelamento das últimas edições do São João (2020 e 2021) são: hotéis, vendedores ambulantes, restaurantes, distribuidoras de bebidas, artistas locais, mercados e postos de combustíveis, nessa ordem”, apontou a prefeitura, em nota.

Alguns municípios não conseguiram estimar o tamanho do prejuízo
Em Mucugê, na Chapada Diamantina, a prefeitura não soube informar as perdas. “Ainda não temos como estimar, está muito cedo. Teremos uma perda de receita com certeza, mas os hotéis estão com boa ovulação, mesmo sem festas. Então fica difícil fazer esta estimativa, porque até a data e, dependendo dos novos decretos estaduais, tudo pode mudar”, diz a secretária de turismo de Mucugê, Fabiana Profeta. Ela assegura que não terá festas de São João, mas como o feriado “ainda é muito forte” e “as pessoas querem viajar mesmo sem festa”, não pode prevê a movimentação na cidade.

A prefeitura de Piritiba, no Centro Norte, disse que, no mês de maio, já estaria com todos os hotéis e pousadas lotados. “Com toda certeza é um grande prejuízo financeiro para o município, pois durante o período junino tínhamos mais de 30 arraiás entre povoados e nas ruas da sede do município, além do tradicional Arraial Capim Guiné. No entanto, é um momento de se pensar no coletivo e na vida humana que é o bem mais precioso que existe”, afirma a prefeitura, por meio de nota.

Em Irecê, a prefeitura também não soube informar o quanto o São João movimenta na economia da cidade. Mas por lá, a gestão municipal costuma investir cerca de R$ 3,5 milhões de recursos próprios, além da arrecadação de cerca de R$ 1 milhão com patrocínios.

“Sem a festa, o município perde na atração de turistas, o comércio deixa de vender e, como consequência, deixa de contratar. Tem também a perda cultural e das opções de lazer que são geradas neste período”, lamenta a prefeitura, em nota.

O CORREIO também procurou as cidades de Senhor do Bonfim, Alagoinhas, Cachoeira, Ipirá, Juazeiro e Itaberaba, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. Já a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) informou não possuir estudo relacionado ao São João na Bahia, mas que algo deve ser lançado em breve.

Banda Paixão di Vaqueiro, de Jaguarari, teve que vender van durante a pandemia
Um reflexo dos problemas enfrentados no cancelamento do São João está nos artistas locais. De Jaguarari, a banda Paixão di Vaqueiro, que tem sete anos de estrada, teve que se desfazer da van que usava para transportar os músicos no show.

O empresário Binho Marques conta que ainda tentou durante seis meses manter a estrutura do grupo como era antes da pandemia, mas sem nenhuma receita financeira, a solução encontrada foi demitir todos os 18 funcionários até que shows possam ser realizados novamente.

“Todo o nosso setor vem sofrendo, pois não tem uma resposta definitiva de quanto vai ter um retorno. Estamos de mãos atadas, forçados até a entrar em outros ramos para sobreviver. Mas graças a Deus a banda tá unida e de pé. Tivemos que fazer a demissão, mas todos tem certeza de que vão retornar aos seus postos quando tudo voltar ao normal”, explica.

Binho conta que, para sobreviver, alguns músicos da banda passaram a atuar como taxistas, mototaxistas e até empresários. “A maioria parou com a música. Infelizmente, nós não podemos fazer nada, a não ser tocar em casa”, lembra.

Em 2020, a banda Paixão di Vaqueiro até realizou algumas lives para arrecadar dinheiro para os músicos, mas não há nada programado para 2021. “Um dos nossos principais faturamentos era o mês de junho. Já chegamos a fazer 25 shows e faturar quase R$ 500 mil reais. Hoje estamos mesmo de mãos atadas, esperando tudo isso acabar”, diz Marques.

Grandes festas privadas de São João na Bahia seguem canceladas
Se no início da pandemia, em março de 2020, alguém dissesse a Diego Lomanto, um dos realizadores do Forró do Piu-Piu, que a festa não iria ser realizada naquele ano, ele iria duvidar. “Nunca passou pela minha cabeça que a pandemia fosse chegar a esse ponto. A gente nem imaginava que em 2020 não iria ter São João. A nossa expectativa era de que tudo tivesse normalizado agora, mas seguimos sem horizonte”, lamenta o empresário.

Assim como foi no ano passado, o Forró do Piu-Piu, realizado tradicionalmente em Amargosa, segue cancelado. Em condições normais, cerca de 12 mil pessoas eram atraídas pelos shows, que beneficiava não só os realizadores. “Entre empregos diretos e indiretos, gerávamos mil postos de trabalho, a maioria de pessoas da própria Amargosa”, explica.

Para Lomanto, não há condições de uma festa como a sua ser realizada antes de que a maioria da população já esteja vacinada. “Só passa pela minha cabeça fazer um evento como esse quando a maior parte das pessoas tiver tomado sua vacina e houver segurança. Não adianta eu querer fazer uma festa e o poder público não estar alinhado com isso. Nós estamos em total diálogo com a prefeitura e o governo do estado”, diz.

Em Ibicuí, o Forró Brega Light também segue cancelado. Cassio Andrade, um dos diretores do show que atrai 15 mil pessoas por dia, aponta que quase mil empregos diretos são gerados pelo evento. “Para a cidade, está sendo muito complicado, pois é uma festa que movimenta muito a economia. São muitos moradores que alugam suas casas, por exemplo”, conta.

No ano passado, para lidar com a ausência dos shows, o Brega Light até realizou uma live, mas isso não deve acontecer esse ano. “Nós tivemos mais trabalho para fazer a live do que a festa, pois demanda muito tempo e uma boa estrutura de internet”, lembra. O jeito, para o empresário, é esperar chegar 2022.

“Se Deus quiser, vamos voltar com tudo. E estamos projetando muitas melhorias na festa, muita coisa boa. Queremos que o Brega Light seja um festival referência no Brasil inteiro. Vamos tirar da pandemia uma oportunidade de se reinventar, se planejar e melhorar mais ainda”, promete.

Publicado em Bahia

O mês de junho agrega os festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro. As comemorações juninas podem ameaçar o distanciamento social necessário para o combate à pandemia de covid-19. A preocupação tem sentido, afinal, o balanço do ano passado nessa época foi assustador. Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), entre os dias 23 de junho e 7 de julho de 2020, o número de casos de covid-19 no estado cresceu 87,3%. Bem superior ao Brasil, que teve crescimento de 45,6% no mesmo período. Nesse contexto, os cientistas do Portal Geocovid projetam 2,5 mil mortes pela doença na Bahia e 160 mil novos casos em junho de 2021.

Gesil Sampaio Amarante, professor da Universidade Estadual De Santa Cruz (Uesc) e também pesquisador do Geocovid, explica que as projeções feitas pelo grupo não levam em consideração as mudanças de rotina por causa do feriado e sim a taxa de contaminação atual do vírus. Isso significa que, caso haja mais aglomerações em festas ilegais ou comércio lotado, por exemplo, o índice vai crescer e mais pessoas serão contaminadas e mortas pelo vírus.

“As projeções levam em conta o comportamento recente do vírus com base nos parâmetros verificados empiricamente da doença. Festa e aglomeração não entram na conta. Portanto, se somada a tendência que estamos agora com esses elementos de risco, podemos afirmar que os números do portal são até otimistas”, alerta.

Atualmente, segundo o Geocvid, a taxa de reprodução do vírus é de 1,05 no estado. Isso significa que um grupo de 100 baianos contaminados podem transmitir para outras 105 pessoas, o que representa uma aceleração da contaminação. Se essa taxa aumentar, a Bahia pode chegar no final de junho com até 4,3 mil novas mortes e 352 mil novos casos.

“Isso não é uma sentença de morte. As projeções existem para nos mostrar que precisamos tomar mais cuidado. Não podemos piorar o que já está ruim. Se nos deixarmos levar pelo desejo de dançar forró, vamos acelerar a contaminação”, explica o professor Gesil.

Morador de Itabuna, no sul da Bahia, ele se considera apaixonado por São João. “Para mim, é a data mais importante do ano. Mais ainda do que o meu aniversário”, conta. No entanto, assim como foi em 2020, o arraiá do cientista em 2021 terá que ser adaptado.

“Vou ter que ficar quietinho em casa e dançar forró com minha filha e esposa. Precisamos nos cuidar, pois a vida é o mais importante. Quando passar tudo isso, vamos nos abraçar, beijar, fazer festa e todo o exercício natural da nossa baianidade”, diz.

Governador alerta que números não caem na Bahia
Nessa terça-feira (1º), o primeiro dia do mês de junho, o governador da Bahia Rui Costa fez questão de ressaltar sua preocupação com o cenário epidemiológico da covid-19 na Bahia. “Infelizmente, o número de contaminados pelo coronavírus não cai. Nós estamos com 18 mil casos ativos, 85% de taxa de ocupação de leitos, o número de óbitos se mantém elevado. Enquanto não houver vacinação em massa, ficaremos neste sofrimento”, lamentou.

Infelizmente, o número de contaminados por #coronavírus não cai na #Bahia. Nós estamos com 18 mil casos ativos, 85% de taxa de ocupação de leitos, o número de óbitos se mantém elevado. Enquanto não houver vacinação em massa, ficaremos neste sofrimento. Precisamos de #vacinas!

— Rui Costa (@costa_rui)
June 1, 2021

A preocupação das autoridades de saúde é que o cenário se torne mais grave nesse mês com as aglomerações que podem ocorrer nas datas comemorativas. Para evitar isso, os ônibus do transporte intermunicipal terão circulação suspensa três dias antes e três depois das festas juninas, conforme decisão do governo do estado. A medida é defendida por especialistas.

“Se você viaja, você não vai levar mais o vírus para aquela cidade, mas você pode levar para uma família ou alguma pessoa que não está infectada. A mobilidade aumenta a possibilidade de transmissão. O vírus anda com o ser humano, transmite de pessoa a pessoa. Então, se há grande mobilidade, a probabilidade de um infectado transmitir pra outro aumenta”, explicou a epidemiologista Gloria Teixeira, integrante da Rede CoVida Ciência Informação e Solidariedade.

Na semana passada, a Rede Análise Covid-19 também fez um alerta mostrando que há tendência de aumento de notificações de novos casos para a Bahia em junho. Tem mais pessoas reportando, segundo os dados do grupo, estarem com sintomas da covid. “Estamos falando de uma alta forte. O alerta nesse momento preocupa, pois a ocupação dos hospitais não baixou. O medo é que esse aumento cause o colapso no sistema hospitalar”, explica Isaac Schrarstzhaupt, coordenador do grupo

Imunologista e professor da UniFTC, Celso Santana afirma que é preciso ter consciência coletiva e evitar toda aglomeração possível para que a terceira onda não seja tão trágica quanto apontam as previsões. E isso inclui deixar para lá a ideia de reuniões em pequenos grupos de amigos ou familiares. Segundo o especialista, o aumento no número de casos já é mais do que perceptível e a gravidade desses números será explicitada em até 8 semanas, quando o número de hospitalizações e óbitos tende a disparar.

"Aconteceu na primeira, na segunda e não vai deixar de acontecer nesta terceirao onda. Lamentavelmente não aprendemos com os erros do passado. As variantes não são a causa única para esse agravamento, como dizem muito por aí. A principal causa são o afrouxamento das medidas restritivas, falha no uso de máscara, no distanciamento social, aglomerações aleatórias que vemos aqui e acolá", disse.

Por tudo isso, Santana enxerga de maneira preocupada a quantidade de datas comemorativas no mês de junho. Ele aponta que aglomerações em excesso e desleixo com medidas de proteção podem, inclusive, contribuir para o surgimento de novas cepas, mutações e variantes que podem tornar o coronavírus uma doença ainda mais mortal e prolongar o pesadelo da pandemia.

Para o imunologista, o correto é evitar qualquer tipo de reunião durante este período e tentar se manter em casa, em isolamento. "Eu preferiria que as pessoas evitem aglomerações ao máximo possível e que, se por ventura, for se reunir, observar sintomas, procure o médico e evite completamente o contato, se for o caso. Tome medidas rigorosas mesmo dentro dos ambientes familiares, como usar máscara, lave as mãos, evite contato próximo entre si porque muitas vezes levamos o vírus para dentro de casa", afirmou.

Cenário em todo o país é preocupante
Esse aumento de casos e mortes em junho não deve ser exclusivo da Bahia. A própria Rede Análise Covid-19 projeta um cenário complicado em todo o país. Isso é o que está sendo chamado de terceira onda. Em entrevista ao programa CNN Nosso Mundo, o virologista Anderson Brito concorda com as previsões e aponta que testes, isolamento e vacinação são ideais para frear contágio

Anderson Brito é pesquisador de pós-doutorado na Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, nos Estados Unidos. Para ele, o atraso na vacinação contra o novo coronavírus, a chegada de novas variantes, como a da Índia, e o afrouxamento das restrições são fatores que podem colocar o Brasil na mira dessa terceira onda.

O especialista, que é uma das autoridades mais respeitadas sobre o tema, foi convidado pelo programa CNN Nosso Mundo para comentar os riscos que essa possível nova onda pode trazer. “O problema é que estamos em um ritmo longe do ideal e os grupos vacinados não podem relaxar os cuidados”, alerta. A entrevista vai ao ar na próxima sexta-feira (4), às 22h30.

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