Sem São João, cidades baianas chegam a perder mais de R$ 133 milhões

Sem São João, cidades baianas chegam a perder mais de R$ 133 milhões

Pelo segundo ano consecutivo, o São João não vai poder ser comemorado, por conta da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, de 18 cidades com tradição nos festejos juninos procuradas, as perdas para a economia baiana são de mais de R$ 133 milhões. Mas, segundo o Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC-BA), com base no cálculo das prefeituras do estado, estima-se que quase R$ 1 bilhão deixe de circular na Bahia sem as festas de São João.

Na avaliação do publicitário Gabriel Carvalho, criador do site São João na Bahia e especialista nesse festejo popular, há uma ‘democratização’ nos lucros das festas juninas. “É uma celebração onde todo mundo ganha. Estima-se que a movimentação financeira chegue próximo a R$ 1 bilhão na Bahia. Isso sem contar nos milhares de empregos gerados que a gente nem consegue contabilizar direito, pois envolve desde o comércio ao vendedor ambulante, passando pelas pequenas industrias, os artistas e a economia criativa”, explica.

Só em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), são mais de R$ 60 milhões que o município deixará de ganhar. No Recôncavo, na cidade de Cruz das Almas, são mais de R$ 30 milhões perdidos. Já em Santo Antônio de Jesus, segundo estimativas do setor, a festa na cidade costuma movimentar cerca de R$ 10 milhões. Por sua vez, em Amargosa, no Vale do Jiquiriçá, em torno de R$ 20 milhões não vão circular na cidade em 2021 por causa da pandemia.

Na Bahia, em condições normais, a festa de São João acontece em mais de 300 municípios. São mais de 2 milhões de baianos circulando no próprio estado, sendo que metade disso são pessoas da capital com destino ao interior, de acordo com Gabriel Carvalho.

“Mais um ano sem São João dói muito em quem gosta e participa. E dói, principalmente, no bolso. O São João representa renda para aqueles que plantam, se apresentam no palco, vão vender sua cerveja e, também, para toda a economia do estado, de uma forma geral”, argumenta.

Tão apaixonado por São João, o próprio Gabriel Carvalho tem o costume de, desde os 16 anos, viajar para alguma cidade da Bahia no mês de junho, alternando entre Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Ibicuí e Cruz das Almas. Ano passado, por causa da pandemia, foi a primeira vez, desde então, que ele ficou na capital. Em 2021, a programação terá que ser repetida. “O arrasta-pé vai ser aqui em casa mesmo, cumprindo o isolamento social e com comidas típicas”, disse.

Grandes cidades lamentam falta dos festejos juninos
Em Camaçari, cidade baiana que estima ter o maior prejuízo com a não-realização das festas juninas, o cálculo da prefeitura é feito com base na movimentação do comércio, da rede hoteleira, turismo, ambulantes, barraqueiros, logística de transporte e outros setores. Dos cofres municipais, o investimento era de R$ 8 milhões, se levar em conta todo o mês de junho. O retorno vinha em quase oito vezes mais: R$ 60 milhões.

Na cidade, as celebrações começam no dia de Santo Antônio, 13 de junho. Mas a grande festa mesmo era o Camaforró, entre 21 a 23 do mesmo mês. Em 2019, ela reuniu mais de 60 mil pessoas por dia. Ao todo, foram 50 shows divididos entre os três palcos. Mais da metade dos artistas eram da localidade, mas a última edição também teve Calcinha Preta, Simone e Simaria, Lambasaia e Magníficos.

No Recôncavo, Cruz das Almas chega ao segundo ano sem São João com muito a lamentar. Por lá, mesmo antes da emancipação da cidade, em 1896, a tradição junina já existia. Na época, o local era apenas um distrito do município de São Félix. As festas eram realizadas nas famílias e entre a comunidade – inclusive, com a tradicional guerra de espadas, hoje proibida.

“Estima-se que o São João movimente cerca de R$ 30 milhões na economia local, incluindo os comércios tradicionais e ambulantes. Com o grande número de turistas na cidade, há um aquecimento das compras no período junino”, explica o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da cidade, Euricles Neto.

Em condições normais, o ‘arraiá’ de Cruz das Almas atrai milhares de turistas durante quatro dias do mês de junho. Trata-se de um grande festival de música popular, com destaque para bandas de forró e outros ritmos nordestinos. Este ano, para não causar um sentimento de normalidade na população, a prefeitura optou por não decorar a cidade. Mesmo assim, a gestão municipal promete desenvolver algum projeto para manter viva a tradição nesse contexto.

Em Amargosa, palco do show virou ponto de vacinação
Se é para celebrar o São João em 2021, que seja com muita vacina! Isso, pelo menos, é o que parece estar acontecendo em Amargosa. Por lá, na praça que costuma receber os shows responsáveis por lotar a cidade, o palco deu espaço a um drive-thru de vacinação contra a covid-19. É a esperança de que, em 2022, tudo vai voltar ao normal.

“Dá um aperto no coração de todos nós que gostamos de São João. Particularmente, é a festa que eu mais gosto de realizar e participar, e tenho certeza de que é a preferência da população baiana e do Nordeste inteiro. Deixo um recado para que sigamos firmes, tomando todos os cuidados, para terminar este ano livre da pandemia e, em 2022, voltar à normalidade. Amargosa vai realizar o maior e melhor São João de todos os tempos, aquele com um gosto de saudade e reencontro”, promete o prefeito da cidade, Júlio Pinheiro (PT).

Segundo o gestor, no São João, a cidade que tem 37 mil habitantes dobra a sua população com a quantidade de visitantes. “Esse público ainda é ampliado por conta das pessoas de cidades circunvizinhas que vêm apenas à noite para conferir as principais atrações. A gente acredita que o público é, mais ou menos, esse: de 40 ou 50 mil pessoas”, explica.

Santo Antônio de Jesus aposta em lives e decoração da cidade durante a pandemia
Se para fazer São João tem que se reinventar, a cidade de Santo Antonio de Jesus decidiu assumir isso na prática. Em 2021, saem os grandes shows e aglomerações e entram as lives e distanciamento social. Tudo isso para manter a curtição típica do período viva no município. “É uma forma de valorizar os nossos artistas. As pessoas estão participando, contribuindo. Essa é a esperança de que esse período triste vai passar”, diz a secretária de Cultura Silvia Brito.

Lá, a festa virtual começou no dia 29 de maio, aniversário do município, que foi marcada por uma live de forró com artistas locais e, no último sábado (5), um concurso de música escolheu a melhor canção junina do ano com o tema “Plantando esperança para colher alegria em SAJ, o Melhor São João da Bahia”. Foram inscritas 24 canções inéditas, todas compostas por artistas locais. Desses, 10 foram selecionados para a grande final e os vencedores receberam os prêmios de R$ 5 mil reais para o primeiro colocado, R$ 2,5 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro colocado.

A equipe da prefeitura também está preparando uma grande live na véspera do São João para aquecer os corações dos que gostam da festa. O conjunto de iniciativas promete animar os forrozeiros de plantão que este ano não poderão dançar agarradinhos, mas terão a oportunidade de admirar apresentações e ouvir forró.

“A gente tem total expectativa de fazer uma das maiores festas da Bahia em 2022. Já estávamos nos consolidando no cenário nacional e a intenção é ter uma festa a altura”, promete a secretária de cultura.

Em Mata de São João, arrecadação de ISS caiu 75% em junho
Na Região Metropolitana de Salvador, em Mata de São João, as perdas também foram grandes, apesar de não existirem números concretos. A arrecadação de Imposto Sobre Serviço (ISS) do município, que incluem os bares, restaurantes, hotéis e pousadas, teve uma redução de 75% em junho de 2020 comparado a junho de 2019. Antes da pandemia, a cidade arrecadou mais de R$ 3,7 milhões com ISS, contra R$ 963 mil no ano passado.

A prefeitura pontua, no entanto, que, neste período de 2020, somente os serviços essenciais – mercados e farmácia - estavam abertos, e que os ambulantes não conseguem ser contabilizados, por não pagarem esse tipo de imposto. Segundo a gestão, portanto, as perdas são muito maiores.

Em Ibicuí, no Centro Sul da Bahia, os prejuízos são na ordem de R$ 5 milhões. “A população como um todo sofre sem os festejos juninos. O São João é tradição em Ibicuí e faz parte da história de muita gente. Financeiramente falando, as pessoas que trabalham com eventos, músicos, equipes de produção e montagem, comerciantes em geral, prestadores de serviços e corretores ou pessoas que alugam suas casas para o período festivo são os que mais sentem. É um serviço que deixa de acontecer e, portanto, um dinheiro que deixa de entrar pra cada uma dessas pessoas”, revela a prefeitura. Mais do a perda financeira, existe o prejuízo sentimental.

“Maior que o prejuízo financeiro, existe um prejuízo sentimental, já que todos os ibicuienses sentem uma imensa falta deste momento único O São João é o mais importante festejo para o nosso ciclo cultural, e isso desde muito tempo. Ibicuí vive profundamente a época”, acrescenta.

Por isso, pular fogueira só ano que vem, se o cenário pandêmico for viável. “O que precisamos agora é resguardar vidas, e a não comemoração do São João. Ano que vem, pensando na possibilidade de todos já estarem vacinados, faremos, com certeza, o melhor São João. Aí, sim, vamos matar a saudade acumulada nesses dois anos”, explica.

Retorno financeiro é fruto do investimento municipal nas festas
No Sul da Bahia, em Ipiaú, são cerca de R$ 400 a 500 mil que a prefeitura deixa de injetar na economia da cidade. Lá não é exatamente o São João que é comemorado, e sim o São Pedro, no dia 29 de junho. Nos três dias de festas públicas, mais de 35 mil pessoas frequentam o município, sem contar com os habitantes, que são 45 mil.

O diretor de cultura disse que nunca fez um levantamento de quanto seria o retorno financeiro a partir do investimento da prefeitura. Mas sabe que é maior que os R$ 500 mil investidos.

"A gente nunca fez um estudo de quanto o São João movimenta na cidade, mas a gente percebe que o comércio vende muito, fica muito aquecido. Nos dias seguintes, muitas pessoas vão fazer depósito nos bancos ou pagam boletos, então agente percebe o impacto por aí”, comenta o diretor de cultura da secretaria de educação e cultura de Ipiaú, Marcelo Batista.

Na última edição da festa de São Pedro, artistas como Saia Rodada e Marília Mendonça estiveram no palco. Não existem ainda festas privadas na cidade. De acordo com diretor, os ambulantes são os mais impactados com a impossibilidade da realização dos festejos juninos. “É toda uma rede, mas os ambulantes, que vivem da festa, para vender sua cerveja, seu churrasco, hoje estão impedidos pelo combate ao vírus”, acredita.

Mercado informal do interior pode ser o mais prejudicado, aponta gestores
O diretor de cultura, esporte e lazer de Jaguarari, Leandro Silva, está preocupado com o mercado informal que dependia dos sete dias de festas de São João que tinha na cidade. “Os vendedores ambulantes sofreram muito, porque temos muito movimento durantes esses dias de festa, então dá para eles se manterem por mais seis meses. Além das 25 barracas que montamos, temos em torno de 100 pessoas que vendem acarajé, tapioca, cachorro quente, chapéu, maçã do amor... Eles estão todos sem poder vender seus produtos e não têm renda, porque não têm renda fixa”, expõe Silva.

Na cidade, o prejuízo sem a festa é de R$ 2 a R$ 2,5 milhões. “A gente tinha uma base de investimento em torno de R$ 700 mil a R$ 1 milhão e uma rentabilidade de R$ 2 a 2,5 milhões, com a movimentação na rede hoteleira, dos barraqueiros e com os patrocínios”, explica. Em torno de 8 a 10 mil pessoas, incluindo os moradores, frequentavam as festas quando eram realizadas. Bandas como Calypso, Calcinha Preta, Limão com Mel e o cantor Leonardo já tocaram por lá.

Em Euclides da Cunha, no Nordeste da Bahia, o prejuízo da não realização do Arraiá do Cumbe, como a festa é chamada, é de R$ 5 mihões. A prefeitura investia R$ 2 milhões na realização do evento, que teve um público de cerca de 30 mil pessoas por dia entre 21 e 24 de junho de 2019. Na época, dentre as principais atrações que passaram pelo município, estavam Alcymar Monteiro, Jonas Esticado e Gatinha Manhosa.

“Levando em consideração a movimentação que o Arraiá do Cumbe traz para a cidade, quem mais sentiu os efeitos do cancelamento das últimas edições do São João (2020 e 2021) são: hotéis, vendedores ambulantes, restaurantes, distribuidoras de bebidas, artistas locais, mercados e postos de combustíveis, nessa ordem”, apontou a prefeitura, em nota.

Alguns municípios não conseguiram estimar o tamanho do prejuízo
Em Mucugê, na Chapada Diamantina, a prefeitura não soube informar as perdas. “Ainda não temos como estimar, está muito cedo. Teremos uma perda de receita com certeza, mas os hotéis estão com boa ovulação, mesmo sem festas. Então fica difícil fazer esta estimativa, porque até a data e, dependendo dos novos decretos estaduais, tudo pode mudar”, diz a secretária de turismo de Mucugê, Fabiana Profeta. Ela assegura que não terá festas de São João, mas como o feriado “ainda é muito forte” e “as pessoas querem viajar mesmo sem festa”, não pode prevê a movimentação na cidade.

A prefeitura de Piritiba, no Centro Norte, disse que, no mês de maio, já estaria com todos os hotéis e pousadas lotados. “Com toda certeza é um grande prejuízo financeiro para o município, pois durante o período junino tínhamos mais de 30 arraiás entre povoados e nas ruas da sede do município, além do tradicional Arraial Capim Guiné. No entanto, é um momento de se pensar no coletivo e na vida humana que é o bem mais precioso que existe”, afirma a prefeitura, por meio de nota.

Em Irecê, a prefeitura também não soube informar o quanto o São João movimenta na economia da cidade. Mas por lá, a gestão municipal costuma investir cerca de R$ 3,5 milhões de recursos próprios, além da arrecadação de cerca de R$ 1 milhão com patrocínios.

“Sem a festa, o município perde na atração de turistas, o comércio deixa de vender e, como consequência, deixa de contratar. Tem também a perda cultural e das opções de lazer que são geradas neste período”, lamenta a prefeitura, em nota.

O CORREIO também procurou as cidades de Senhor do Bonfim, Alagoinhas, Cachoeira, Ipirá, Juazeiro e Itaberaba, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. Já a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) informou não possuir estudo relacionado ao São João na Bahia, mas que algo deve ser lançado em breve.

Banda Paixão di Vaqueiro, de Jaguarari, teve que vender van durante a pandemia
Um reflexo dos problemas enfrentados no cancelamento do São João está nos artistas locais. De Jaguarari, a banda Paixão di Vaqueiro, que tem sete anos de estrada, teve que se desfazer da van que usava para transportar os músicos no show.

O empresário Binho Marques conta que ainda tentou durante seis meses manter a estrutura do grupo como era antes da pandemia, mas sem nenhuma receita financeira, a solução encontrada foi demitir todos os 18 funcionários até que shows possam ser realizados novamente.

“Todo o nosso setor vem sofrendo, pois não tem uma resposta definitiva de quanto vai ter um retorno. Estamos de mãos atadas, forçados até a entrar em outros ramos para sobreviver. Mas graças a Deus a banda tá unida e de pé. Tivemos que fazer a demissão, mas todos tem certeza de que vão retornar aos seus postos quando tudo voltar ao normal”, explica.

Binho conta que, para sobreviver, alguns músicos da banda passaram a atuar como taxistas, mototaxistas e até empresários. “A maioria parou com a música. Infelizmente, nós não podemos fazer nada, a não ser tocar em casa”, lembra.

Em 2020, a banda Paixão di Vaqueiro até realizou algumas lives para arrecadar dinheiro para os músicos, mas não há nada programado para 2021. “Um dos nossos principais faturamentos era o mês de junho. Já chegamos a fazer 25 shows e faturar quase R$ 500 mil reais. Hoje estamos mesmo de mãos atadas, esperando tudo isso acabar”, diz Marques.

Grandes festas privadas de São João na Bahia seguem canceladas
Se no início da pandemia, em março de 2020, alguém dissesse a Diego Lomanto, um dos realizadores do Forró do Piu-Piu, que a festa não iria ser realizada naquele ano, ele iria duvidar. “Nunca passou pela minha cabeça que a pandemia fosse chegar a esse ponto. A gente nem imaginava que em 2020 não iria ter São João. A nossa expectativa era de que tudo tivesse normalizado agora, mas seguimos sem horizonte”, lamenta o empresário.

Assim como foi no ano passado, o Forró do Piu-Piu, realizado tradicionalmente em Amargosa, segue cancelado. Em condições normais, cerca de 12 mil pessoas eram atraídas pelos shows, que beneficiava não só os realizadores. “Entre empregos diretos e indiretos, gerávamos mil postos de trabalho, a maioria de pessoas da própria Amargosa”, explica.

Para Lomanto, não há condições de uma festa como a sua ser realizada antes de que a maioria da população já esteja vacinada. “Só passa pela minha cabeça fazer um evento como esse quando a maior parte das pessoas tiver tomado sua vacina e houver segurança. Não adianta eu querer fazer uma festa e o poder público não estar alinhado com isso. Nós estamos em total diálogo com a prefeitura e o governo do estado”, diz.

Em Ibicuí, o Forró Brega Light também segue cancelado. Cassio Andrade, um dos diretores do show que atrai 15 mil pessoas por dia, aponta que quase mil empregos diretos são gerados pelo evento. “Para a cidade, está sendo muito complicado, pois é uma festa que movimenta muito a economia. São muitos moradores que alugam suas casas, por exemplo”, conta.

No ano passado, para lidar com a ausência dos shows, o Brega Light até realizou uma live, mas isso não deve acontecer esse ano. “Nós tivemos mais trabalho para fazer a live do que a festa, pois demanda muito tempo e uma boa estrutura de internet”, lembra. O jeito, para o empresário, é esperar chegar 2022.

“Se Deus quiser, vamos voltar com tudo. E estamos projetando muitas melhorias na festa, muita coisa boa. Queremos que o Brega Light seja um festival referência no Brasil inteiro. Vamos tirar da pandemia uma oportunidade de se reinventar, se planejar e melhorar mais ainda”, promete.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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