O Jornal da Cidade

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A tradicional festa de São João pode até não acontecer esse ano, mas uma certeza é de que o licor vai, sim, alegrar a mesa dos baianos. A venda da bebida mais famosa do arraiá cresceu 50% em algumas fábricas, na comparação com o ano passado, e outros produtores estão com a agenda tão lotada que decidiram parar de aceitar novos pedidos.

As ruas e ladeiras de Cachoeira, no Recôncavo, ficam frenéticas nesta época do ano. São tantos turistas e baianos de outras regiões do estado que vão até o município em busca dos produtos juninos que, em alguns trechos, há engarrafamento de gente e fica difícil caminhar pelo calçamento de paralelepípedos. Mas, no ano passado, o jogo virou. A pandemia afugentou os clientes e deixou muitos produtores com a mão na cabeça.

O gerente da fábrica de licor Arraiá do Quiabo, André Oliveira, contou que o lockdown pegou os comerciantes de surpresa e que não houve tempo para se adequar a uma mudança tão brusca. Agora, depois de um ano de experiência, o mercado se adaptou e o jogo está virando de novo. A empresa em que André trabalha, por exemplo, criou uma logística para fazer entregas agendadas. Resultado: agenda lotada até 23 de junho.

“O sistema é simples, o cliente liga, marca o dia e o horário, e retira o produto presencialmente. Tivemos que montar uma estrutura fora da fábrica para evitar aglomeração e estamos controlando a logística para não ter tumulto no momento da retirada. Comparado com o ano passado, estamos vendendo muito mais. A agenda está lotada”, diz.

O WhatsApp da empresa está recebendo mais de 200 mensagens por dia de pessoas que querem comprar alguns dos 23 sabores disponíveis nas redes sociais recém-turbinadas da fábrica, e a média de vendas está sendo de 7 mil litros por semana. Ainda assim, o número está muito distante das 100 mil garrafas de licor que são comercializadas entre maio e a véspera do São João em tempos normais.

“A gente não pode fazer aglomeração na fábrica, então, estamos com 42 funcionários. Nessa época do ano, seriam 110 pessoas. A demanda está alta, mas tivemos que reduzir a produção e, por isso, vamos parar de aceitar novos pedidos”, conta.

Renda
O mais interessante é que a justificativa para o crescimento nas vendas é justamente a pandemia. Isso mesmo, a pandemia que poderia ser um motivo de crise, transformou a bebida em uma oportunidade de renda. Primeiro, o licor fará alegria daqueles que planejam fazer a festa em casa, como o estudante Rafael Alves, 26 anos.

“A gente sempre viajava nessa época do ano. Então, comprava só um ou dois litros de licor para beber no caminho. O que a gente consumia pra valer era na festa, fosse Amargosa ou Senhor do Bonfim, onde a gente tem parente. Esse ano, como ninguém vai viajar, a gente comprou a caixa de licor e vamos fazer a festa em casa”, diz.

Segundo, muitas pessoas que perderam o emprego por conta da crise econômica provocada pelo coronavírus decidiram virar revendedoras de licor neste período do ano, o que fez crescer os pedidos. Na fábrica Licor do Porto, o aumento nas vendas foi de 50% em relação ao ano passado. O proprietário da empresa, Vinicius Nascimento, contou que investiu em publicidade.

“A procura sempre tem aumentado em maio, porque a venda do licor de Cachoeira se tornou uma opção de renda extra ou até renda principal de alguns desempregados, principalmente na capital. A gente registrou um aumento de 50% por conta do desemprego. Está sendo uma saída para conseguir uma renda”, afirma.

Por outro lado, ele se queixou dos preços dos insumos. Açúcar, cereais e, principalmente, o álcool usado na produção da bebida ficaram mais caros. O resultado foi o reajuste no preço das garrafas. “A matéria-prima teve aumento de 40% e o reajuste que repassamos foi de 10%”, diz.

Delivery
O que essas duas primeiras semanas de maio demonstraram é que existe um público consumidor que vai manter a tradição de tomar licor na noite de São João, com ou sem festa, e, de outro lado, produtores ávidos por vender, mas que esbarram nas restrições da pandemia. Foi observando esse cenário que o programador de sistemas Adan Pinho, 22 anos, e o pai dele encontraram um nicho de mercado.

Os dois criaram a Distribuidora Licor de Cachoeira, uma empresa que faz delivery da bebida mais famosa da cidade. Funciona assim: o cliente entra no site, escolhe um dos cinco fabricantes do município e encomenda as garrafas. O pagamento é feito de forma virtual, e as entregas acontecem em todo o Brasil. Eles começaram a operar em março e já bateram a meta que era prevista para junho.

“A gente encontrou clientes que nem sabíamos que existiam. Já entregamos em Brasília, Fortaleza, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e até no Rio Grande do Sul. Como a empresa surgiu em março desse ano, não temos um número para comparar, mas os resultados estão sendo melhores do que o esperado”, conta Pinho.

Salvador concentra 76% dos pedidos, sendo seguida por São Paulo (10%), e por outros estados do Nordeste e do Sul do país. De maneira geral, os sabores mais procurados na loja e nas fábricas são jenipapo, maracujá cremoso, tamarindo, cajá e graviola. Sabores trufados, como maracujá cremoso e graviola já estão em falta.

Já o tradicional jenipapo é o mais fabricado, o mais procurado e também o mais demorado para ficar pronto. O tempo de produção de um licor alterna de acordo com a fruta, e o queridinho leva de oito a dez meses para ir para a prateleira. Porém, frutas como cajá exigem uma preparação mais rápida para não perder o ponto e o licor fica pronto em dois ou três dias. O agricultor Nilton Moraes, 43, se considera um especialista.

“A maioria das pessoas gosta de dois ou três tipos de licor, e sempre compra do mesmo. Eu gosto de experimentar e, não sei por quê, mas gosto de todos. Cada um tem o seu valor, e eu não estou falando do preço da garrafa”, diz, brincando.

E por falar no preço, o valor alterna de acordo o produtor e, em algumas situações, o sabor também interfere. Em média, comprando presencialmente, a garrafa alterna de R$ 8 a R$ 12, mas um licor de doce de leite ou chocolate, por exemplo, pode custar mais caro. No caso do delivery, as garrafas estão custando, em média, R$ 25.

Jenipapo, maracujá, amendoim, graviola, goiaba, cupuaçu, tamarindo, caju, umbu, coco, morango, e cajá. Esses sabores foram moleza. Vamos para os mais exóticos: jabuticaba, milho verde, passas, ameixa, acerola, gengibre, menta, limão, café, banana, pina colada, kiwi, pitanga, açaí e maracujá com uva. Os mais doces: chocolate e doce de leite. Para encerrar, o mais recomendado nas rodas de amigos: rabo de foguete.

Salvador teve o pior dia de vacinação contra a covid-19, nesta segunda-feira (24), desde a campanha foi iniciada, no dia 19 de janeiro. Apenas 1.246 vacinas foram aplicadas, sendo menos de 900 com a primeira dose. Antes disso, o dia com menor aplicação de vacinas foi 7 de fevereiro, quando 1.359 imunizantes foram aplicados. Já o dia que Salvador mais vacinou foi 15 de maio. Nesta data, 30.233 pessoas receberam a vacina.

“É um dia de muita tristeza pra Salvador. Eu com uma megaestrutura montada pra vacinar 600 pessoas. É o pior dia de vacinação da história de Salvador nessa nesse início da campanha de vacinação”, afirma Leo Prates, em entrevista ao Bahia Meio Dia, nesta segunda-feira(24).

O principal motivo é a falta de vacinas. “Até agora, não sei o horário que vai chegar nem quantas doses vou receber. infelizmente, o maior problema não tenho como resolver, que é a falta de dose da vacina, que é a responsabilidade do Governo Federal”, critica Prates.

A fim de unir o útil ao agradável, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS) fará um mutirão par aplicar a segunda dose da vacina contra covid-19 nesta terça-feira (25). Serão vacinadas todas as pessoas que ainda não receberam o imunizante de reforço da vacina de Oxford/Astrazeneca ou CoronaVac, com data de retorno aos postos marcada até sexta-feira (28).

Os soteropolitanos poderão ir diretamente aos postos, sem hora marcada, ou podem fazer o agendamento através do site Hora Marcada (vacinahoramarcada.salvador.ba.gov.br). A relação dos pontos de vacinação para o mutirão será divulgada ainda hoje (24) pela Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS).

Até o início da tarde desta segunda-feira (24), 1.064.826 pessoas foram vacinadas, sendo 721.400 com a primeira dose e 343.426 com a segunda dose. Isso quer dizer que cerca de 25% do total da população soteropolitana foi vacinada com a primeira e aproximadamente 12% dos habitantes completaram o esquema vacinal.

Dentre os vacinados, segundo o vacinômetro da SMS, 62% são do sexo feminino e 38% do masculino. A etnia da maioria que recebeu a vacina é preta ou parda (58%). A faixa etária que mais recebeu vacinas, tanto da primeira quanto segunda dose, foi a de 60 a 69 anos.

Após passar as últimas duas semanas com foco exclusivo na Copa Sul-Americana, com direito a sete dias livre até o próximo compromisso, o Bahia agora se prepara para uma maratona de jogos. Em 44 dias, a equipe do técnico Dado Cavalcanti terá 13 partidas a disputar, o que dá uma média de uma a cada 3,4 dias.

O primeiro confronto dessa rotina intensa será nesta quarta-feira (26), às 19h15, quando o tricolor recebe o Montevideo City Torque, em Pituaçu, pela 6ª e última rodada da fase de grupos.

Em seguida, virá um marco importante da temporada: o início do Brasileirão. O Esquadrão será o responsável pela abertura do torneio e enfrentará o Santos no sábado (29), às 19h, também em casa.

“A gente chega preparado. Essa semana de trabalho foi muito boa. A gente conseguiu fazer o que não estava conseguindo fazer nos jogos. Pegamos essa semana para trabalhar o que estava precisando, o que não vínhamos trabalhando, porque eram jogos em cima de jogos. Então, a gente está chegando preparado para essa sequência”, garantiu o volante Patrick.

Logo depois da estreia pela Série A, será a vez da Copa do Brasil. A partida de ida da terceira fase será na terça-feira da semana que vem, dia 1º de junho, às 16h30, contra o Vila Nova, no estádio Oba, em Goiânia. A volta será no dia 9, às 19h, em Pituaçu. Entre os duelos, há mais um compromisso pelo Brasileirão, no dia 5, às 21h, contra o RB Bragantino, em Bragança Paulista, São Paulo.

Mais jogos
Daí em diante, serão mais oito partidas pelo Brasileirão, encarando Internacional (casa), Ceará (fora), Corinthians (casa), Athletico-PR (casa), Palmeiras (fora), América-MG (casa), Chapecoense (fora) e Juventude (casa), entre os dias 13 de junho e 8 de julho.

A CBF ainda não detalhou o resto da tabela, mas o fim de semana dos dias 10 e 11 de julho estão reservados para a 11ª rodada, quando o Bahia visita o São Paulo. Só aí, haverá uma pausa mais longa na Série A, já que a 12ª rodada está prevista para acontecer entre os dias 17 e 18.

O calendário, porém, prevê que no meio da mesma semana sejam disputadas as oitavas de final da Sul-Americana, além da Libertadores. Caso o Bahia consiga avançar no continental, agrava mais ainda sua maratona.

As chances do Bahia se classificar na Sula são remotas, mas ainda possíveis. Para isso, a equipe precisa vencer o Montevideo City Torque e torcer por derrota do Independiente contra o já eliminado Guabirá em casa. A disputa entre o time argentino e o boliviano também será nesta quarta-feira (26), às 19h15.

Até aqui, o time principal do Bahia fez 18 jogos na temporada. Foram 11 duelos pela Copa do Nordeste (a estreia, contra o Salgueiro, foi com a equipe de aspirantes, usada também no Baiano), dois pela Copa do Brasil e cinco pela Sul-Americana. Há ainda um título conquistado, do regional.

Veja a agenda do Bahia:
Bahia x Montevideo City Torque (Sul-Americana) - 26 de maio, às 19h15, em Pituaçu;
Bahia x Santos (Brasileirão) - 29 de maio, às 20h, em Pituaçu;
Vila Nova x Bahia (Copa do Brasil) - 1º de junho, às 16h30, no estádio OBA, em Goiânia;
Red Bull Bragantino x Bahia (Brasileirão) - 5 de junho, às 21h, no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista;
Bahia x Vila Nova (Copa do Brasil) - 9 de junho, às 19h, em Pituaçu;
Bahia x Internacional (Brasileirão) - 13 de junho, às 18h15, em Pituaçu;
Ceará x Bahia (Brasileirão) - 17 de junho, às 19h, no Castelão, em Fortaleza;
Bahia x Corinthians (Brasileirão) - 20 de junho, às 16h, em Pituaçu;
Bahia x Athletico-PR (Brasileirão) - 23 de junho, às 21h30, em Pituaçu;
Palmeiras x Bahia (Brasileirão) - 26 de junho, às 19h, no Allianz Parque, em São Paulo;
Bahia x América-MG (Brasileirão) - 30 de junho, às 19h, em Pituaçu;
Chapecoense x Bahia (Brasileirão) - 3 de julho, às 21h, na Arena Condá, em Chapecó;
Bahia x Juventude (Brasileirão) - 8 de julho, às 19h, em Pituaçu;

O governador Rui Costa afirmou que o crescimento acelerado de casos de covid-19 no estado tem preocupado o governo e que a sirene de alerta está ligada. Ele citou que, na última sexta-feira (21), o número de casos ativos estava em 19 mil. No pico do colapso de março, o número chegou a 22 mil. "Se não fizermos nada, um novo colapso, como o de março, se avizinha", alertou o governador.

Os casos estão aumentando simultaneamente em todas as regiões do estado. "Os casos estão crescendo em todo o estado, e é uma situação mais grave. Quando acontece em cada região de uma vez, vamos equilibrando, mas agora estão crescendo em todo o estado", pontuou o governador, na manhã desta segunda-feira (24).

Rui disse ainda que o crescimento de casos preocupa mais que a ocupação dos leitos de UTI. "O que mais me preocupa é o crescimento acelerado do número de casos, a ocupação de leitos é consequência, não é a causa. A causa é a contaminação, que está crescente", explicou.

Ele pediu ainda que as pessoas se conscientizem sobre a real situação do nosso país, evitando comparação com a realidade de outros países, onde a pandemia está controlada. O governador também criticou a condução da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro.

"Estou vendo as imagens dos Estados Unidos todo mundo tirando máscaras e as pessoas aqui acham que podem tirar também, como se a pandemia estivesse passando. Lá, eles já conseguiram tirar o presidente da república e comprar mais vacinas. Aqui não conseguimos nem ter vacina, nem trocar de presidente. Então, eu gostaria de pedir a ajuda de vocês da imprensa, ajudem a difundir e conscientizar as pessoas de que a pandemia não acabou", disse.

Rui disse ainda que aguarda a aprovação da Sputnik para acelerar a vacinação. "Nós estamos trabalhando firme para a aprovação da vacina".

Uma família ia rumo a uma missão que ninguém deseja - reconhecer o corpo morto de uma pessoa amada. As duas, filha e irmã da mulher de 42 anos vítima da covid-19, interromperam por dois minutos a caminhada ao avistar uma cena que, para elas, era um desrespeito. “E repetiam: não estou acreditando nisso”, recorda a psicóloga Larissa Lima, 44, que as acompanhava. O que viam era o Farol da Barra lotado. Estavam prestes a se despedir de uma vida enquanto viam uma multidão sem se importar.

O Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Muniz (Lacen) já sequenciou 225 genomas completos do Sars-Cov-2, que desencadeia a covid-19, e concluiu, depois de oito meses de estudos, que há 21 linhagens do vírus em circulação na Bahia. Entre elas, três variantes de atenção apontadas pelo Ministério da Saúde: a P.1, de Manaus, a P.2, do Rio de Janeiro, e B.1.1.7, do Reino Unido.

A divulgação da descoberta, no dia 24 de maio, veio acompanhada de um alerta do secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas Boas: “Existe um risco aumentado para a internação e rápido agravamento do quadro clínico”.

A cena do início desta reportagem aconteceu no último sábado (22), no Hospital Espanhol, de onde é possível avistar parte da orla e do Farol da Barra, e mostra que o alerta sobre as novas variantes é desrespeitado. Depois da filha e irmã enlutadas ficarem pasmas ao avistar a aglomeração, ao som de batucadas e música alta, a psicóloga Larissa precisou de um intervalo. “O que a gente vê é sinal de horror. É surreal”, define Larissa. “Surreal” é o adjetivo que não sai da boca dela. “Já usei mais durante a pandemia que em 44 anos”.

No ramo da virologia, são chamadas variantes, explica Ricardo Khoury, virologista e pesquisador da Fiocruz, um subtipo de um microrganismo, que é “geneticamente distinto de uma cepa principal”. Isso significa que todas as variantes do Sars-cov-2 são chamadas de variantes porque passaram por diferentes mutações que as diferem entre si, mas não o suficiente para formarem novos vírus.

A variante mais recente que desembarcou no Brasil é a indiana, chamada B.1.617. Os primeiros casos foram confirmados no dia 20 de maio, no estado do Maranhão, em pessoas que estavam a bordo de um navio atracado no litoral do estado. Agora, já são pelo menos 15 casos da viarante e o estado de saúde de um indiano de 54 anos, que está internado depois de ser infectado, piorou, segundo boletim divulgado no último final de semana, e ele foi intubado, na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado de São Luís.

Chegada de novas variantes à Bahia é questão de tempo

Os vírus têm replicações consideradas “falhas”, das quais surgem novos microrganismos. São processos comuns a todos os vírus, não só ao Sars-Cov-2. O problema, no caso das variantes desse vírus, aliada a uma cobertura vacinal ainda baixa, é que as variantes geralmente são os “subprodutos” com mais capacidade de permanecerem vivas e, por isso, de gerarem quadros mais graves da covid-19.

Na Bahia, dos 14.9 milhões de habitantes apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1.445.489 milhão - ou seja, 9.7% - recebeu a segunda dose da vacina contra a doença, mostra painel da Sesab. Em Salvador, dos 2,8 milhoes de habitantes, apenas 342.458, ou 12%, já foram completamente imunizados .

“Essas mutações surgem espontaneamente e dentro desse contexto de surgir espontaneamente e as pressões geradas pela pressão imunológica, acabamos selecionamos as que tem mais capacidade de sobreviver”, explica Khoury.

As estatísticas oficiais de casos da doença não fazem distinção por variante. Mas, conta o virologista, os pesquisadores conseguem identificar grande predominância das variantes P.1, de Manaus, e da P.2, do Rio de Janeiro, em casos mais graves. Ambas chegaram à Bahia mais expressivamente em janeiro, o que comprova a necessidade de se preocupar com o que ocorre no Maranhão.

“A velocidade com que elas conseguem alcançar o mundo é grande e é muito difícil conter isso”, explica. Enquanto não há vacina para todos, os remédios, no entanto, já são conhecidos, e não dependem só “de políticas públicas de afastamento", frisa Khoury. “Se a população não conseguir se controlar, com o mínimo de segurança, vai ficar muito difícil”, avisa.

O uso de máscara deve acontecer sempre, inclusive durante a prática de exercícios físicos. “Em qualquer atividade que você fale mais, fique mais ofegante, há produção maior de gotículas de ar e, sem saber, você pode estar doente e transmitir para alguém”, alerta.

Final de semana termina com UTIs e ruas lotadas

Entre o Porto e o Farol, o caminho estava tão cheio na manhã do último domingo (23) que era preciso desviar de ciclistas e corredores - quase nunca com máscaras, que estão quase sempre sob o queixo. As praias estavam fechadas, mas, segundo moradores, uma corrida foi realizada logo no início do dia.

Na área do Porto da Barra, mais de 30 pessoas deram as mãos, também sem máscara, antes de uma competição de triatlo. Num bar próximo, homens, mulheres e crianças interagiam livremente.

O Hospital Espanhol tem vista para alguns desses trechos. No último final de semana, a psicóloga Larissa repetiu mais de 20 vezes o percurso externo que leva até o contêiner refrigerado onde as vítimas fatais da covid-19 são reconhecidas pelos parentes, que vão paramentados dos pés a cabeça para isso. Mais de 20 vezes, portanto, ela viu aglomerações. “Incomoda demais”, afirma ela.

“Enquanto eu falo com você, vejo umas 15 pessoas com máscara no queixo, próximas, rindo”.

Até o fim do último domingo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto ficou em 83% na Bahia e em 79% na capital baiana. Sete hospitais, em Salvador, fecharam o dia com de ocupação igual ou maior que 90% - Maternidade Professor Josê Maria de Magalhães Neto (100%), Hospital Covid-19 Itaigara (98%), Hospital Especializado Salvador (95%), Hospital do Subúrbio (94%), Hospital de Campanha Centro de Iniciação Esportiva (94%), Hospital Eládio Lasserre e Hospital Sagrada Família, ambos com 90% de lotação.

Um estado conduzido por um grupo ligado ao governo do Reino Unido indicou que as vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneza/Oxford são efetivas contra a variante indiana da Covid19. Mas, é bom lembrar que a minoria da população, baiana e brasileira, está vacinada. E o grupo não analisou o desemprenho da Coronavac, a mais utilizada até o momento em todo o país.

Às 17h13, Larissa, a psicóloga do Hospital Espanhol voltou a escrever à reportagem. Anexou apenas uma foto, com vista para a Barra lotada. “Surreal”, ela escreveu. Logo em seguida, engoliu a indignação, que vive presa no peito, e voltou a trabalhar. Embora aqueles do lado de fora ignorem, ali dentro há uma luta contra a morte que nunca tem intervalo.

Tire dúvidas sobre variantes
Como as variantes surgem?

As variantes surgem do processo de replicação de um vírus.

Por que as variantes podem ser mais graves?

Nesse processo, falhas do processo de replicação e interferência da resposta imunológica de um indivíduo contra um vírus, o que pode gerar variantes mais graves e transmissíveis.

Como se proteger das variantes do coronavírus?

Enquanto não há vacina para todos, as únicas formas de se proteger contra as variantes do coronavírus são o uso correto de máscara e o distanciamento ou isolamento social.

O grave atravessa a mais espessa parede e faz tudo trepidar. Na mesma batida estremece o que há de vidro e alumínio na casa. O desconforto é tão grande, que o traseiro pulsa na mesma frequência. “Aqui em casa, as paredes são antigas, 60 cm de largura, e, ainda assim, o barulho não deixa ninguém dormir. Sacode tudo. A sensação é de um trio elétrico dentro de casa. Quando vamos dormir, a gente sente o travesseiro tremer”, relata uma moradora da Rua Presidente Vargas, em Itapuã. Segundo ela, todas as sextas-feiras tem paredão na rua, que é estreita e margeada por casas. “É um inferno!”, desabafa.

Mais de 1,3 mil festas e paredões como esse foram encerradas em apenas três meses no território baiano pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA). De 19 de fevereiro até 15 de maio, foram exatamente 1.329 eventos desse tipo finalizados, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA). Vinte e um deles aconteceram no dia 15 de maio. A PM-BA também fez 367 autuações em situações de tumulto, no mesmo período, e fechou 17.632 estabelecimentos.

Segundo a moradora de Itapuã, antes da pandemia, o paredão acontecia na Praça Dorival Caymmi. Mas, com a intensificação das operações de combate à poluição sonora da prefeitura, como medida de enfrentamento à covid-19, o paredão foi transferido para a Rua Presidente Vargas, que fica na localidade conhecida como Baixa da Gia. “Desde então, não tivemos paz. Dorme à noite nas sextas é um milagre!”, disse.

Em Salvador, Itapuã é o bairro líder em denúncias de poluição sonora, de acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). Das 11.937 denúncias feitas ao órgão entre janeiro e maio de 2021, 353 delas foram para o bairro de Vinícius de Moraes. O segundo no ranking é Paripe (320), seguido de Pernambués (302), Boca do Rio (289) e Liberdade (280). No total, 422 equipamentos de som foram apreendidos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 19.348 casos.

A moradora contou que responsáveis pela promoção da “festa” começam a fazer a divulgação no início da semana nas redes sociais. “Espalham cards sem muito detalhe e só um número para as pessoas saberem o dia e o horário”, contou. A bagaceira tem começado sempre a partir das 22h, bem no horário do toque de recolher estabelecido pelo governo do estado. A depender da quantidade de gente, vai até 07h, 08h até 10h do sábado. De acordo com ela, na última sexta do mês de abril, havia um público de 500 pessoas embaladas não somente pelo som grave que saia das porta-malas de três carros.

“Nessas festas vem gente de todo o canto e de todo o tipo. Vem o pessoal de Itinga, Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho, Fazenda Cassange, gente de Cajazeira, são jovens, muitos adolescentes, em busca de bebida, sexo e drogas”, declarou. Ela disse que já perdeu as contas de testemunhar situações indelicadas em frente à sua porta. “Já presenciei casais brigando, fazendo sexo, pessoas consumindo cocaína, vomitando... Certa vez, uma menina passou tão mal, vomitava tanto, que abri a porta e dei água para ela, porque, apesar de tudo, tenho filho adolescente e a gente se compadece”, contou a moradora.

Um outro morador da rua entrevistado pelo CORREIO disse que certa vez pediu para um dos responsáveis pelo paredão que diminuísse o volume do som. “Naquele dia, no segundo semestre do ano passado, estava impossível ficar em casa. Parecia que as paredes iam desabar e precisava dormir, pois ia trabalhar cedo. Fui até lá e pedi educadamente para que o dono diminuísse, mas ele não só negou, como tirou foto minha e de minha casa, como forma intimidação. Então, liguei para a polícia, que acabou a bagunça. Mas, na semana seguinte, tinha outro paredão lá”, contou.

São Tomé de Paripe
O problema dos paredões é sentido também por quem mora na outra ponta de Salvador. Em São Tomé de Paripe, região do subúrbio, o bicho pega aos sábados. A orla à noite é toda por carros, que muitas vezes já estavam ali durante o dia. “Essa turma se reúne para beber 15h, 16h. Começa com três, cinco, depois já tem 10, 15. Quando chega à noite, vira um Carnaval de gente. As pessoas tomam a rua de uma forma, que os moradores sequer conseguem sair de suas casas. Tirar o carro da garagem é impossível”, contou um morador.

Ele relatou que é comum em dias de paredão atravessar o mar de gente carregando um vizinho que passou mal porque a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não consegue chegar ao endereço informado. “Eles não deixam a ambulância passar, ameaçam quebrar tudo e quem sofre somos nós. A polícia chega, dispersa tudo mundo, mas basta as viaturas saírem, para voltar tudo novamente”, contou.

Pernambués
Quem mora em Pernambués raramente consegue um boa noite de sono nos finais de semana. Isso porque moradores da Rua Escritor Edison Carneiro é tomada por carros de som estacionados próximo de um estabelecimento, o Pastel da Say. Segundo os moradores, a situação se repete há várias semanas, sempre nas madrugadas de sexta a domingo, o que impossibilita o sono de crianças, idosos e qualquer pessoa que more próximo ao local de onde os paredões estrondam seus poderosos aparelhos de som. “E para completar, no dia seguinte é uma porcaria só. As portas das casas e do comércio ficam com um fedor de mijo, vômito, até fazes já encontramos. Copos plásticos, garrafas, camisinhas, droga espalhada. Um caos”, disse mais uma moradora.

Tráfico
De acordo com uma fonte da Sedur, a grande maioria das denúncias de paredões tem relação com o tráfico de drogas. Ou seja, traficantes estariam por trás financiando essas aglomerações. “Isso foi o que nós constatamos. Por conta da pandemia, as festas foram proibidas como medida de combate à proliferação do vírus. Logo, o tráfico viu nas festas de paredão, que já acontecia antes, mas em menor frequência, a forma de escoar a droga”, disse a fonte.

A fonte disse que exemplos não faltam. “Certa vez, um comboio da Polícia Militar foi recebido a tiros no Arenoso, quando foi para encerrar um paredão que tinha mais de mil pessoas. No complexo do Nordeste de Amaralina e em São Caetano também tivemos casos semelhantes. A gente vem percebendo o aumento das aglomerações como forma do tráfico tirar o prejuízo nessa pandemia. Logo, é possível encontrar um monte de gente armada. Os vídeos e fotos que circulam nas redes sociais estão aí para mostrar tudo isso”, disse o agente.

Ele falou ainda que os relatos das pessoas que não obrigadas a conviver com os paredões são desesperadores. “São moradores de bem, que trabalham o dia inteiro e que precisam de paz para começar o dia seguinte, pessoas com avós em casa, parentes doentes, gente que não tem para onde ir e que vai na Sedur se acabando no choro porque não aguenta mais. Gente dizendo que está à beira de cometer uma loucura. Fazemos o que podemos. Vamos até o local com a polícia. Mas basta a gente dar as costas e começar tudo de novo. Tivemos relatos de pessoas que abandonaram suas casas”, contou.

Fiscalização
A subcoordenadora de fiscalização sonora da Sedur, Márcia Cardim, ressalta que os paredões são proibidos de ocorrer com ou sem pandemia. Seja por paredes de som, ou no porta-malas de veículos. Já em um contexto pandêmico, nenhum som em via pública está permitido.

“Nenhum tipo de som em logradouro público está sendo autorizado, independentemente de ser caixa de som ampliada, veículo com som pequeno, não pode. Também não pode festa, independentemente do índice sonoro, do número de pessoas. Passou de 22h, a gente solicita que o cidadão se recolha, por conta do toque de recolher. Se não tiver passado de 22h ainda, a gente orienta sobre o uso de máscara, distanciamento, conversa e dispersa as pessoas e a aglomeração”, esclarece Cardim.

A penalidade pode variar de R$ 1.068 a R$ 168 mil. Se a pessoa cometer o crime mais de uma vez, pagará o dobro da primeira multa. “Autuamos o infrator pelos índices a depender do permitido ou pela falta do alvará. Ele só pode retirar o bem após o pagamento da multa ou se houver nulidade do processo, por algum vício. O valor da multa varia a depender do local, horário, altura do som, dos decibéis acima do permitido, de acordo com a tabela dentro da lei”, orienta.

Além da multa, a pessoa é conduzida à delegacia por desrespeitar “o sossego e ordem pública” e por “crime ambiental”, e responderá criminalmente. Os bairros mais denunciados são os periféricos, como já mencionado. Porém, a Pituba, por exemplo, está em oitavo lugar no ranking. “Na Pituba, temos maior incidência de bares e residências, e não paredões. Em cada bairro, acaba mudando a configuração da denúncia”, detalha Márcia.

Na Liberdade, as igrejas são o principal foco de poluição sonora. “A Liberdade é um bairro com um número muito grande de igrejas, geralmente, de pequeno porte, que utilizam equipamentos de banda, microfonia, não têm alvará, e acabam incomodando as pessoas da redondeza”, exemplifica.

As fontes mais denunciadas por barulho, no geral, são os veículos - mais de 90%. Porém, houve um aumento das denúncias em residências na pandemia. “Por conta de as pessoas ainda estarem em isolamento, elas acabam extrapolando as atividades sonora. Outro fenômeno que cresceu foram as chácaras e residências locadas para eventos, que são registradas como residência, mas, pela frequência das festas, não é mais residência, e sim casa de festa”, ressalta. Os dias mais frequentes dessas festas e aglomerações são de sexta a domingo.

Ela relembra que, além das atividades sonoras em vias públicas estarem proibidas, somente os estabelecimentos comerciais que têm alvará sonoro podem promover som ao vivo e com restrições: até às 21h30, com apenas duas pessoas na banda, e índices de decibéis até 60 entre 22h às 7h, e até 70db de 7h às 22h. Eventos com venda de ingresso estão igualmente proibidos e o limite para casa de festas é de 50 pessoas, respeitando-se o distanciamento de 1,5 metro.

Ela também faz um apelo para que essas aglomerações não ocorram. “Se o cidadão não ajudar, por mais equipes que a prefeitura coloque nas ruas, para combater a poluição sonora, acaba tendo um retrocesso, como agora, com os casos aumentando e a ocupação dos leitos de Uti [Unidade de Terapia Intensiva]. Tem quer consciência neste momento”, alerta a subcoordenadora.

São 42 pessoas na equipe da Sedur para combater os focos de poluição sonora em Salvador, uma cidade de 693,8 km². Ou seja, cada fiscal é responsável por uma área de 16,5 km², o equivalente a dois campos de futebol. Para denunciar aglomerações, festas e paredões, o canal da prefeitura é o Disque 156. Também é possível denunciar pelo 190, diretamente com a Polícia Militar.

Aglomerações aumentaram número de casos
A coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Izabel Marcílio, vem notado um aumento das aglomerações e uma redução dos índices de isolamento social em Salvador e na Bahia como um todo. “Dá para perceber no engarrafamento, nos comércios que funcionam de portas fechadas e em bares e restaurantes que vendem cerveja após o horário permitido”, pontua.

Ela pondera, contudo, que não são só os paredões que são o foco de transmissão para o vírus. “Se fosse só paredão o problema da pandemia, a gente só teria pessoas de uma classe mais baixa infectada e nos hospitais, e isso, em nenhum momento, aconteceu. Se houver aumento dos casos nos finais de semana, é por conta dos paredões, das festas privadas em condomínios de luxo e dos encontros familiares”, alerta.

“Qualquer festa, mesmo com a família, ou um batizado numa igreja, que é ainda pior, porque é em local fechado, é uma aglomeração. E começamos a ver um aumento 15 dias após o evento. Não podemos constatar em relação aos finais de semana, mas, quando ocorrem feriados, como foi o da Semana Santa, já vemos o espalhamento da doença”, reforça.

Isso ocorre porque, o novo coronavírus, é uma doença de “característica explosiva”, porque, casa pessoa transmite para outra, em cadeia, explica Izabel, que é média epidemiologista. É diferente, por exemplo, da dengue, ou zika, em que é necessário um vetor para espalhar a doença. O contágio pela covid-19 é majoritariamente respiratório.

O professor do Instituto de Saúde Coletiva (Isc) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Márcio Natividade, doutor em saúde pública e integrante da Rede Covida e do Geocombate, grupo de pesquisa da Ufba voltado para analisar o comportamento da pandemia nos bairros de Salvador, avalia que esses tipos de eventos vão de encontro a todas as recomendações sanitárias.

“Estamos lidando com um vírus de alto potencial de transmissibilidade, então, quanto mais pessoas próximas, maiores as chances do vírus circular com maior força", explica. “Os jovens, das faixas etárias menores de 30 anos, estão tendo maiores ocorrências de casos, justamente por conta disso, não há uma total noção do risco, diferente dos adultos”, avalia.

A contaminação reflete na taxa de ocupação de leitos de Uti, nas taxas de hospitalização, óbitos, novos casos e casos ativos, segundo ele, por conta da facilidade do contágio - aumentado pelas novas variantes. “As pessoas vão se infectado, transmitem para seus familiares em casa, alguns deles, idosos e com comorbidade, agravam e, gera o efeito cascata, porque muitos não conseguem leitos, lotam as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], e isso aumento o número de óbitos”, esclarece.

De acordo com Natividade, os bairros periféricos são os que mais registram paredões, mas não são o único foco de contaminação da doença. Ele observa que principalmente no distrito de Beiru e Cabula, Liberdade e Centro Histórico, há um aumento dos casos, hospitalização e mortalidade, que foi acentuado nos últimos meses, desde fevereiro de 2021. Ele sugere que haja uma prevenção desses eventos ocorreram, para evitar o acontecimento das festas.

De onde vieram os paredões?
Os paredões surgiram em 1940, dos povos africanos, segundo Mariana Bittencourt, mestra em antropologia pela Ufba. “A festa paredão surge como uma herança cultural de povos africanos em diáspora, sobretudo na Jamaica. Desde a década de 1940, existem sistemas de som como organizadores da vivência coletiva, principalmente nos bairros de periferia da Jamaica”, explica.

No Brasil, essa cultura se disseminou nos anos 2000 como parte da sociabilidade da juventude, em maioria, periférica. Na Bahia, prevalece o pagode, mas, em outros estados, como o Rio de Janeiro e São Paulo, o funk é o ritmo mais consumido.

Além disso, os paredões existem pela proximidade geográfica e limitação da juventude negra no acesso ao entretenimento. “A lógica de existência desses paredões, sobretudo pela posição socioeconômica da juventude mais pauperizada de Salvador, também com as relações raciais que demarcam essa cidade, é vinculado ao acesso e ao consumo de entretenimento. E, pela possibilidade de ter esse entretenimento em sua localidade, através do sistema de som, na rua, onde tem também movimentação do comércio local, de bebida, de comida”, detalha Mariana.

A antropóloga ratifica, assim como foi afirmado por Márcio e Izabel, que os paredões não são os únicos responsáveis pelo aumento dos números de pandemia. “O paredão não é o único que tem violado os princípios de distanciamento. Existem outras classes sociais e outros tipos de festa, por outro tipo de público, que está a fim de sociabilizar”, pondera.

Aliado a isso, ela ressalva que, a classe trabalhadora informal, não teve o direito de estar em quarentena, então é mais difícil assimilar que aglomerações sejam possíveis. “A classe trabalhadora não parou durante a pandemia, não houve o direito de quarentenar, como em outros meios sociais. Os trabalhadores de transporte público, de segurança, de mercado, de mercado informal, permaneceram trabalhando e a visão sobre não aglomerar é quase inexistente. O paredão é mais um dispositivo de fuga”, completa Bittencourt, que fez uma tese de mestrado sobre o sistema de som de Salvador.

O Correio procurou a Guarda Civil Municipal e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), que informaram que seriam com a Sedur. A PM-BA não fornecer fonte para a matéria.

Bairros com maior número de denúncias por poluição sonora em Salvador (fonte: Sedur)
Número de denúncias - 11.937
Itapuã – 353
Paripe – 310
Pernambués – 302
Boca do Rio – 289
Liberdade – 280
Equipamentos apreendidos – 422
Período: 01.01.2021 a 18.05.2021

 

Fonte: Correio24horas

O Governo do Estado decidiu manter o toque das 21h às 5h, em toda a Bahia até o dia 1º de junho. Nas regiões da Chapada, Oeste, Sudoeste e Extremo-Sul, as medidas de restrição de locomoção tem validade das 20h às 5h.

Nos municípios integrantes das regiões em que a taxa de ocupação de leitos de UTI vier a se manter igual ou inferior a 75%, por cinco dias consecutivos, a restrição na locomoção será válida das 22h às 5h.

O funcionamento de bares e restaurantes deve ficar limitado às 19h todos os dias, até 1º de junho. No final de semana, o funcionamento dos bares e restaurantes deve estar restrito à comercialização de alimentos e bebidas não alcoólicas, pois das 18h de 28 maio até as 5h de 31 de maio, a venda de bebida alcoólica em quaisquer estabelecimentos fica proibida, inclusive por sistema de entrega em domicílio (delivery), com exceção apenas para as regiões que alcancem a taxa de 75% ou menos de ocupação de leitos de UTI, durante cinco dias consecutivos

A circulação das lanchinhas deve ser suspensa das 22h30 às 5h, limitada a ocupação ao máximo de 50% da capacidade da embarcação durante o fim de semana.

Região Metropolitana
O toque de recolher nas cidades da região metropolitana tem validade das 20h do dia 28 às 5h de 31 de maio. Com isso, o funcionamento dos meios de transporte metropolitanos e ferry boat fica suspenso no período das 20h30 às 5h, de 28 até 30 de maio, sendo proibido o funcionamento do ferry boat nos dias 29 e 30.

De acordo com o decreto, a comercialização de bebidas alcoólicas nos municípios desta região fica proibida das 20h do dia 28 às 5h do dia 31 de maio.

Aulas
As unidades de ensino públicas e particulares podem manter as atividades de forma semipresencial. Para que isso ocorra, é necessário que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid esteja abaixo de 75%, por cinco dias consecutivos, nas regiões de saúde.

Além disso, as atividades letivas devem ficar condicionadas à ocupação máxima de 50% da capacidade de cada sala de aula e ao atendimento dos protocolos sanitários estabelecidos.

Eventos e shows
Os eventos e atividades que envolvam aglomeração de pessoas continuam proibidos, em todo o território da Bahia, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados.

Segue suspensa ainda a realização de shows, festas, públicas ou privadas, e afins, independentemente do número de participantes, além de atividades esportivas amadoras em todos os municípios baianos, até 1º de junho.

A atualização do decreto determina ainda a permissão de eventos profissionais e científicos com até 50 pessoas; além de atos religiosos litúrgicos desde que esses ocorram com 25% da ocupação dos espaços. Academias também podem manter o funcionamento, desde que limitem a 50% da capacidade.

Um grupo fez um protesto na frente do supermercado Atakarejo, do bairro do Caminho de Areia, na Cidade Baixa, por causa das mortes de Yan Barros e Bruno Barros, após os dois furtarem carnes do supermercado Atakarejo, no bairro do Nordeste de Amaralina, na capital baiana. A manifestação aconteceu na tarde desta sexta-feira (21).

Com cartazes, o grupo, formado por entidades do movimento negro de Salvador, pediu justiça e esclarecimento das autoridades e da rede varejista sobre o caso. As pessoas também mencionaram a operação policial na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

Os corpos de Yan e Bruno foram encontrados na mala de um carro, na localidade da Polêmica, na capital baiana, na noite do dia 26 de abril, após furtarem carne, no supermercado Atakarejo. Oito pessoas, entre funcionários do supermercado e traficantes, já foram presas por envolvimento no caso.

O protesto foi organizado por pessoas da União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Distrital de Itapagipe, Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, Instituto de mulheres Negras Luiza Mahin, Escola Comunitária Luiza Mahin, Casa de Oração Mariazinha, Rede Reprotai, Comissão de Articulação dos Moradores da Península de Itapagipe (CAMMPI) e o Fórum Nacional de Mulheres Negras.

Também fizeram parte da manifestação a Associação Beneficente Educação Arte e Cidadania (ABEAC), Associação dos Moradores do Leblon, Clube de Remo Península, ICBIE, Adocci, Associação Internacional de Capoeira os Bambas do Sol Nascente, Biblioteca Comunitária Clementina de Jesus, Fórum Nacional de Mulheres Negras e o CRR.


Relembre o caso

O crime aconteceu no dia 26 de abril, mas só na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Segundo a família das vítimas, Bruno e Yan foram entregues por funcionários do estabelecimento a integrantes de uma facção criminosa do bairro do Nordeste de Amaralina.

No dia 10 de maio, uma operação policial prendeu três seguranças do Atakarejo, o gerente da loja e quatro suspeitos de tráfico, por envolvimento na morte de Bruno e Yan.

Na operação, a polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina. Filmagens de câmeras de segurança foram parcialmente encontradas, e a polícia investiga se parte do material, que não foi registrado, foi apagada.

Na noite do dia 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

Um dia depois, no dia 27, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que eles foram morto após terem sido flagrados pelos seguranças do supermercado Atakarejo furtando carne no estabelecimento.

Ela divulgou mensagens de áudio que Bruno enviou a uma amiga contando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem diz ter feito.

 

Em campos opostos da política desde a década de 1990, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) almoçaram juntos na semana passada.

O encontro foi promovido pelo ex-ministro Nelson Jobim, que atuou tanto no governo do petista quanto no do tucano. O almoço ocorreu na casa de Jobim e durou cerca de 3 horas. A reunião foi registrada nas redes sociais de Lula.

A aproximação com o tucano faz parte da estratégia do ex-presidente de se apresentar como um pré-candidato moderado e atrair lideranças do centro político. No início do mês, ele esteve em Brasília e se reuniu com nomes como o do também ex-presidente José Sarney (MDB), o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O gesto de FHC a Lula ocorre no momento em o PSDB enfrenta uma divisão interna e planeja fazer prévias para escolher seu candidato ao Palácio do Planalto em 2022. Em entrevistas ao jornal Valor Econômico na semana passada e à Rádio Eldorado nesta semana, o tucano afirmou que, num eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, votaria no petista.

"Espero que não seja necessário, mas se for, provavelmente, sim. PT é um partido importante que se organizou. Não tenho medo do PT", afirmou ao jornal. Na mesma entrevista, FHC revelou que anulou o voto na disputa presidencial de 2018, quando Fernando Haddad (PT) enfrentou Bolsonaro no segundo turno. No Twitter, Lula elogiou a entrevista e respondeu: "Eu faria o mesmo se fosse contrário".

Com o avanço da pandemia e o aumento dos casos ativos da covid-19, a Bahia vai voltar a ter medidas restritivas. Depois do secretário Fábio Villas-Boas informar que a Bahia chegou no limite da disponibilização de novos leitos para covid-19, o governador Rui Costa afirmou que, no ritmo em que estamos, o sistema de saúde baiano corre risco e vai se reunir com municípios para propor restrições.

"Do jeito que está, vamos precisar regredir no que foi feito. Já passamos de 80% de ocupação em Salvador, quatro regiões do estado estão com mais de 90%. Então, é possível que tenhamos que dar passos pra trás na flexibilização", disse Rui. 

Ainda de acordo com Rui, o cenário de contaminação neste momento é ainda mais preocupante do que em 2020 e que o Estado não tem mais onde colocar pacientes. "No pior mês da pandemia no ano passado, em julho, tínhamos 800 leitos de UTI. E o número de pessoas aguardando chegou a 80 ou 90 pessoas aguardando. Esse ano, temos o dobro de leitos, nós não comportamos e vimos uma fila de 500 em março e não tem mais espaço pra botar novos pacientes", alerta.

Ele anunciou que vai se reunir com os prefeitos para decidir as medidas que serão tomadas. "Nós vamos fazer uma reunião no final da tarde com os prefeitos da região metropolitana. Temos que tomar medidas porque, quem não adota políticas preventivas, precisa fazer medidas corretivas", explicou.

O governador ainda alertou que os números da pandemia são um reflexo das aglomerações. "Estamos pagando um preço pela irresponsabilidade de alguns que se metem em garagens, galpões e afins pra aglomerar. Quem paga isso é a gente. Uns com a vida, outros com o sofrimento e muitos com prejuízo por conta das medidas que restringem a atividade econômica para evitar o pior", finalizou.

Oeste da Bahia

O Oeste é a região que mais preocupa o governo, devido à ocupação dos leitos de UTI. "Ontem, tivemos uma reunião com todos os prefeitos do oeste e, por lá, o decreto em vigor já fecha até a segunda-feira o comércio não essencial e faço um pedido para a população de lá para ajudar. Se proteja e também denuncie aglomerações", disse Rui Costa.

Ainda segundo ele, uma nova reunião com os prefeitos está marcada para a próxima segunda-feira (24) para avaliar se as medidsa restritivas serão mantidas.

Dique do Cabrito

As informações foram dadas por Rui no ato de entrega de uma obra de macrodrenagem e urbanização no bairro Dique do Cabrito.

Um processo de revitalização que demandou investimento de R$ 1.8 milhão dos cofres do governo só para macrodrenagem. Já na urbanização foram investidos R$ 812.000, contemplando pavimentação, paisagismo, campo de futebol, parque infantil, entre outros. 

 

 

 

 

 

Lady Gaga revelou que foi estuprada aos 19 anos, por um produtor, que a engravidou. A revelação foi feita no episódio de estreia do programa The Me You Can't See, de Oprah Winfrey e Príncipe Harry, sobre saúde mental. A entrevista está disponível na Apple TV+.

Lady Gaga contou que foi ameaçada pelo produtor com quem trabalhava na época, que disse que queimaria suas músicas se ela não tirasse a roupa. "Eu tinha 19 anos, estava trabalhando em um projeto e o produtor me disse: tire a roupa. Eu disse que não e saí, e eles me disseram que iriam queimar todas as minhas músicas. E eles não pararam. Eles não pararam de me questionar e eu simplesmente congelei... e não lembro de mais nada."

Ela disse ainda que o estuprador a deixou "grávida na esquina". Ela estava vomitando e passando mal.

As marcas da violência sofrida no início da juventude acompanham Lady Gaga, que contou, também, ter sofrido um surto psicótico anos depois. "Já fiz inúmeras ressonâncias magnéticas e exames, e não encontraram nada. Mas o corpo lembra", disse ainda.

A cantora e atriz afirmou que não pretende revelar o nome do agressor porque nunca mais quer encontrá-lo.