Amanda Nunes diz que já pode ter contraído o covid-19: "Acho que passei pelo corona rapidamente"

Amanda Nunes diz que já pode ter contraído o covid-19: "Acho que passei pelo corona rapidamente"

Campeã em duas categorias do UFC, Amanda Nunes colocará o cinturão peso-pena em jogo neste sábado, contra Felicia Spencer, em Las Vegas. O confronto deveria ter acontecido no dia 9 de maio, em São Paulo, mas o evento acabou cancelado por conta da pandemia do novo coronavírus.

Na retomada do UFC, Amanda pediu para não ser escalada para as primeiras edições do evento, realizadas em maio. Segundo a campeã contou em entrevista exclusiva ao Combate.com, o pedido foi por conta de um conselho de mãe.

- Todos os dias eu falava com a minha mãe, e a minha mãe ficava falando pra eu não lutar. E você sabe, mãe falou… Toda vez que eu falava com a minha mãe, ela falava isso. Eu lembro quando eu era pequena, uma vez eu tava brincando do lado de fora e minha mãe falou: “Amanda não vai praquelas tábuas ali porque tem muito prego e você vai furar seu pé. Não vá”. Eu fui. Furei meu pé e fui pro hospital sozinha. E lembro, foi muito marcante isso pra mim e falei: “Sabe de uma, vai que eu tome um pau nessa luta e perca meu cinturão? Eu não vou arriscar, não”. E aí eu falei com o UFC se tinha uma data mais pra frente, que a gente não desmarcasse, mas puxasse um pouquinho também pra aliviar, porque estava muito forte a situação do vírus e eu queria dar uma aliviada, puxar um pouco mais pra frente.

Amanda revelou ainda sua suspeita de ter contraído o covid-19 em uma viagem a Las Vegas no início da pandemia, e que poderia ter contaminado sua noiva, Nina Ansaroff. A "Leoa" espera confirmar o diagnóstico assim que desembarcar na cidade para o evento deste sábado.

- Eu estava em Vegas numa convenção. Tinha muita gente de todo o mundo. Eu fiquei exposta a muita gente lá, e quando eu cheguei em casa eu fiquei doente. Eu fiquei logo doente e com os mesmos sintomas do corona. E agora, indo pro UFC, eu vou ver se eu tive mesmo. Porque eu cheguei de viagem e fui direto pra cama, com febre, o corpo (doendo) mesmo, coisa que eu nunca senti antes. Eu já fiquei doente antes, e nunca me senti como eu me senti quando eu cheguei de Vegas, depois da convenção. E aí eu fiquei doente, fiquei de cama uns dois, três dias, e logo depois Nina pegou também e ficou doente. Então eu acredito que eu passei aí pelo corona rapidamente, mas vou saber agora se eu já tive. Então eu devo estar imunizada né, porque quando você pega acho que você fica imunizada, alguma coisa assim que eu vi. Aí eu vou saber realmente se foi ou não.

Confira abaixo a entrevista completa com Amanda Nunes:

Como foi a preparação durante a pandemia? Você chegou a falar que não ia lutar. O que te fez mudar de ideia?

Então, a academia ficou aberta pros atletas que tinham luta. Porque, como você sabe, o UFC não tinha cancelado luta nenhuma. Todo mundo já estava com contrato assinado, então a gente tinha que continuar treinando. E aí o que que a academia fez? Deixou as portas abertas só pra gente que tinha luta já assinada. Sendo que fechou pra todo o público, pros outros atletas e deixou aberta só pra mim e pra uns quatro a cinco atletas que ia lutar no mesmo card que eu e que tinha lutas também logo depois na sequência. Eu sentei com meus coaches, fiz um horário pra mim, quando não tinha ninguém lá, e aí quando eu saía, a academia limpava toda a área, e aí vinha outro atleta.

Deu pra fazer um camp legal, só que todos os dias eu falava com a minha mãe, e a minha mãe ficava falando pra eu não lutar. E você sabe, mãe falou… já tava ficando chato. Toda vez que eu falava com a minha mãe, ela falava isso. Eu lembro quando eu era pequena, uma vez eu tava brincando do lado de fora e minha mãe falou: “Amanda não vai praquelas tábuas ali porque tem muito prego e você vai furar seu pé. Não vá”. Eu fui. Furei meu pé e fui pro hospital sozinha. E lembro, foi muito marcante isso pra mim e falei: “Sabe de uma, vai que eu tome um pau nessa luta e perca meu cinturão? Eu não vou arriscar, não”.

E aí eu falei com o UFC se tinha uma data mais pra frente, que a gente não desmarcasse, mas puxasse um pouquinho também pra aliviar, porque estava muito forte a situação do vírus e eu queria dar uma aliviada, puxar um pouco mais pra frente. Então surgiu essa oportunidade de lutar dia 06, e eu peguei, né? E outra coisa, a gente precisa trabalhar também. Tem contas pra pagar. O UFC está fazendo um trabalho muito bom com isso tudo e é por isso que eu aceitei lutar. Conversei com a minha mãe também, falei com ela como é o procedimento lá, como eles estão fazendo. Estão todos sendo testados, e aí me deu um conforto melhor.

Com sua mãe aceitando, você acabou ficando mais tranquila pra fazer essa luta?

Me deixou mais tranquila. No início (da pandemia), eu estava em Vegas numa convenção. Tinha muita gente de todo o mundo. Eu fiquei exposta a muita gente lá, e quando eu cheguei em casa eu fiquei doente. Eu fiquei logo doente e com os mesmos sintomas do corona. E agora, indo pro UFC, eu vou ver se eu tive mesmo. Porque eu cheguei de viagem e fui direto pra cama… febre, o corpo (doendo) mesmo, coisa que eu nunca senti antes. Eu já fiquei doente antes, e nunca me senti como eu me senti quando eu cheguei de Vegas, depois da convenção. E aí eu fiquei doente, fiquei de cama uns dois, três dias, e logo depois Nina pegou também e ficou doente. Então eu acredito que eu passei aí pelo corona rapidamente, mas vou saber agora se eu já tive. Então eu devo estar imunizada né, porque quando você pega acho que você fica imunizada, alguma coisa assim que eu vi. Aí eu vou saber realmente se foi ou não.

E agora você fará sua primeira defesa do cinturão peso-pena desde que você o conquistou ao vencer a Cris Cyborg.

Com certeza, essa era a próxima luta. Era pra ser com a Germaine (de Randamie), mas ela não quis, ela preferiu a luta no peso-galo, mas era pra eu ter defendido o título com ela, porque ela ela foi campeã do peso-pena. Mas na cabeça dela era melhor disputar em baixo, porque (viu) como foi a luta de Cris, né? Rendeu bastante pra ela, tipo “eu vou pra categoria de baixo porque a Amanda não tem muita força”. Eu acho que foi o que aconteceu. E aí eu falei com o UFC: “Eu aceito essa luta no 135 (peso-galo) com ela, mas depois dessa eu só vou lutar se eu defender o título. Eu quero fechar um ciclo aí e eu preciso dessa luta, eu preciso defender, eu preciso continuar fazendo história, entendeu? Eu preciso, vocês não podem me limar de fazer isso, vocês não podem me parar. Eu preciso continuar”. E aí, depois de muita conversa, eles aceitaram e eu só assinei aquele contrato com a Germaine quando eles me deram certeza que a próxima seria a defesa do cinturão da categoria de cima.

Você quer ser lembrada como a primeira atleta do UFC a defender os dois cinturões simultaneamente?

Eu acho que se as pessoas já lembram de mim através da Cris, por ser campeã em duas categorias, imagina agora. Eu acho que eu quero continuar fazendo história, é isso que me move, entendeu? É continuar quebrando recordes e lutando com as melhores. Felicia é uma atleta muito dura, você viu a luta dela com a Cris, não foi fácil. Foi a única menina que conseguiu abrir a testa da Cris com uma cotovelada. Você nunca viu isso na história. Eu consegui nocautear a Cris, mas eu não consegui fazer cortes e coisa desse tipo, e ela conseguiu. Então é uma atleta muito forte, e lutar com a Spencer eu acho que foi a atleta perfeita pra essa minha próxima defesa. Ela ganhou de todas também, ganhou da Megan (Anderson), lutou com a Cris, a última agora também foi muito bem. Realmente ela merece, ela construiu um caminho pra chegar até a mim e eu estou muito feliz em dividir o cage com ela.

O que você acha do estilo da Felícia? Quais seus pontos fortes?

Super man punch, quer dizer, super man elbow, é uma coisa que ela gosta muito de fazer, que ela pegou a Cris algumas vezes na luta. Ela gosta do "nipic" que é aquela queda que ela está aqui e tal na trocação, aí ela muda e vai pra uma queda. Vai muito pro double leg, gosta muito. E ela gosta de usar bastante a grade, gosta de usar aquele dirty boxing, aquela coisa de agarra agarra. E são coisas que todas as minhas oponentes me prepararam pra esse momento. Eu já lutei com a melhor wrestler que existe, com a melhor striker, com a melhor grappler. Então eu estou muito bem preparada pra essa luta porque a Spencer é uma atleta que é diferente. Ela é uma menina que consegue continuar na luta, absorver os golpes e ela continua. É uma menina dura. Eu preciso ser bastante inteligente.

Não posso jogar nada displicente. Se for um jab, tem que ser o jab pra eu fazer ela sentir, pra ela sozinha começar a se perder na estratégia dela, e eu começar a impor a minha. Eu realmente tenho que estar preparada. Não tem coisa que eu tenho que olhar mais ou menos. Ela é dura, eu tenho que estar pronta. É como sempre falo, a gente tem que estar um cacto, toda vez que ela chegar ela tem que se ferir quando encostar na gente. Então é isso. Eu estou pronta pra tudo assim.

- Ela vem mesmo na raça, porque é uma menina dura, é uma menina que sabe que consegue absorver bastante golpes, então ela vem mesmo, e vem pro tudo ou nada. Então esse momento é um momento que eu gosto. Eu gosto de definir nesses momentos, que é o momento que eu me sobressaio bastante, quando alguém está me pressionando na maluquice, entendeu?

Como foi fazer seus treinos desta vez sem sua noiva, Nina Ansaroff, que está grávida?

A gente já não tá treinando já tem um tempo, porque ficou de uma forma que a gente estava numa briga mais do que uma ajudando a outra. A gente fazia um sparring, e às vezes a Nina conectava algum golpe em mim e meio que “tocava na minha ferida”, sabe? E aí ela corria, não queria mais fazer o contato, e aí ficava enrolando no sparring e tudo. Eu falava: “Quer dizer que você me acerta e agora tá correndo?”. Então o nosso sparring criou assim uma rivalidade muito grande, porque a Nina é boa pra caramba. E aí ela conectava, ou entrava um pontapé ou um golpe assim e tal. E aí eu falava: “É? Sacana…vou de te pegar filha da p…”(risos). E aí pronto, acabava o sparring. O Conan entrava e separava a gente. Coisa mesmo de treino, depois dali acabou. Aí o Conan separou a gente mesmo. Já tinha um tempo que a gente não fazia mais, até porque já estava ficando meio perigoso, numa brincadeira dessa, vai que alguém machuca a outra. E aí quando veio a Reagan (bebê), não tem como fazer.

Mas a Nina fica ali fora, ela tem um olhar clínico também muito bom, é uma pessoa que também tem uma experiência de luta, sabe o que eu estou passando ali. E também, a água, um paninho ali pra enxugar o suor… um cuidado ali, um cuidado aqui é sempre bom, né? Eu vejo gente, às vezes, no sparring que não tem nem um banco pra sentar depois do sparring (risos), porque não tem ninguém, não tem uma parceira, não tem um parceiro pra dar uma força. Eu não, eu quando vou pro meu sparring, quando volto eu me sinto na luta. Eu volto, sento, tenho o meu banquinho… o Conan tá ali na frente, Nina tá aqui, Katel tá aqui, um faz uma coisa, o outro faz outra coisa. Eu me sinto na luta. Então, a gente conseguiu se moldar legal com a parte da Nina ficar no córner também, ajuda também os coaches. O Conan tem a cabeça muito aberta, e ele conversa com a Nina o que ela acha, e a gente bola uma coisa ali. Eu acho que é por isso que tá esse sucesso todo. Porque a gente realmente tem uma mente aberta, não tem ego mesmo. A gente não está ali pra um ser melhor que o outro e sim em prol da minha carreira, pra eu evoluir, crescer como atleta, pra continuar aqui, ganhando e fazendo história, continuar campeã. Nina é como se tivesse lá dentro comigo, mas sem trocar porrada.

Passando esse recorde, fechando o ciclo de defender os dois títulos, o que vai fazer você continuar motivada e no topo de duas categorias?

Ah, essa pergunta é fácil: a Reagan (risos). A minha filha. Eu já tenho vários planos na minha cabeça. Quero levar ela na luta, quero que ela possa me ver lutando, então a motivação é ela. E a felicidade, tanto a minha quanto a de Nina, está radiante, sabe? É um momento muito especial, e a ansiedade é coisa de louco. A Reagan já está chutando, já sinto, está sendo muito rápido. Tem três meses e meio já pra ela chegar. Ela está de cinco meses e meio, então tá pertinho. E o doutor falou que, como ela está um pouco grande, talvez ela chegue um pouquinho mais cedo.

O que mudou em você com a gravidez da Nina?

Eu fico prestando atenção nas outras famílias. Tipo, como a mãe trata o filho… Vou no supermercado e às vezes tem uma família, eu não fico olhando muito pra não pensarem que eu sou maluca olhando, mas eu fico olhando e vendo o que eu faria e o que eu não faria em algumas situações. E também me controlar, com a minha boca, xingar alguma coisa assim, eu me controlo e invento logo uma palavra diferente e a Nina fala: “Falou um palavrão aí em português hein. Se cuida!” (risos). Então eu venho me policiando bastante. E outra coisa, também, eu já não tenho mais 20 anos, eu vou fazer 32. Então os treinos hoje pra mim não é tipo: “vou ser aquela menina durona, vou lá trocar porrada com os meninos mesmo”, aquela coisa de Amanda de antigamente eu já não tenho mais. Hoje eu vou pra academia e gosto de treinar inteligente. Aprendi isso agora e está me fazendo muito bem. De sexta-feira eram 10 rounds de sparring antigamente, hoje eu faço cinco rounds. Às vezes eu faço um extra, umas técnicas no final, coisas desse tipo, mas são coisas pra poder conservar meu corpo, a minha cabeça, que eu quero pensar quando eu tiver 40 anos eu tenho que estar bem, se eu tomar muita porrada aqui você sabe como a pessoa fica lelé da cuca.

Então hoje a gente já não bota um sparring que pode até me nocautear. Hoje a gente bota um sparring pra me ajudar, um cara que em alguns momentos vai me dar uma dura e vai aliviar, não vai ser um cara duro no sparring todo porque eu sou mulher. Vou trocar porrada com um homem o tempo todo sendo que a força dele é maior que a minha? Qualquer besteirinha que eu fizer nele e der certo, pra mim é uma grandeza. Então é claro que ele não vai aliviar, ele vai aliviar quando ver que eu tô numa posição que eu não vou sair nunca se ele não me deixar sair. Você exige um pouquinho ali de mim, mas deixa eu sair dali pra fluir. No camp todo tem todo um planejamento, e a gente tem que cuidar do corpo. Quero correr atrás da Reagan e o meu joelho ainda funcionar (risos).

O que você pensa para seu futuro no MMA? Até quando espera lutar?

Cara, eu nem sei. Na categoria de baixo tem a (Irene) Aldana, porque eu nunca lutei com a Aldana seria uma luta legal, né? E ela está nas cabeças, ela talvez seja a próxima, então assim…tá movimentando, tá chegando gente. Tem a Spencer, tem a Aldana e aí vamos ver. Claro que vou passar agora pela Spencer, aí deve ter a Aldana, e aí eu vou pensando depois da Aldana. Eu vou começar a pensar o que é que eu vou fazer. Mas eu quero que minha filha tenha a oportunidade de subir no cage, de uma luta, até pra gente ter como recordação. No futuro, quando ela tiver grande, a gente ter uma foto ou coisa desse tipo. Vai ser bem legal.

Vai homenagear a filha no octógono?

Ah, vamos ver, acredito que sim. Eu tenho o meu protetor bucal, meus dois que eu acabei de fazer a ordem agora, tem o nome dela já.

 

O Combate transmite o UFC 250 ao vivo, na íntegra e com exclusividade neste sábado, a partir das 19h20 (de Brasília), com o "Aquecimento Combate". O SporTV 2 e o Combate.com transmitem o "Aquecimento" e as duas primeiras lutas do card preliminar. O site acompanha todo o evento em Tempo Real.

UFC 250
6 de junho de 2020, em Las Vegas (EUA)
CARD PRINCIPAL (0h, horário de Brasília):
Peso-pena: Amanda Nunes x Felicia Spencer
Peso-galo: Raphael Assunção x Cody Garbrandt
Peso-galo: Aljamain Sterling x Cory Sandhagen
Peso-meio-médio: Neil Magny x Anthony Rocco Martin
Peso-galo: Eddie Wineland x Sean O'Malley
CARD PRELIMINAR (19h35, horário de Brasília):
Peso-pena: Alex Caceres x Chase Hooper
Peso-médio: Ian Heinisch x Gerald Meerschaert
Peso-galo: Cody Stamann x Brian Kelleher
Peso-médio: Charles Byrd x Maki Pitolo
Peso-mosca: Jussier Formiga x Alex Perez
Peso-meio-pesado: Alonzo Menifield x Devin Clark
Peso-casado (até 68kg): Herbert Burns x Evan Dunham

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