O Jornal da Cidade

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A população de Camaçari será presenteada com um novo espaço pensado para ser ponto de encontro da cultura preta na cidade, através da moda e da estética.

Numa junção entre dois empreendimentos, o já consagrado Kbeça Feita, studio de beleza da empreendedora Marih Araújo, se encontra com as cores de África trazidas pelo Ilê Ile Áfrika, a casa de tecidos e moda africana que é uma parceria do cabo-verdiano Divá de Barros com as irmãs e sobrinha camaçarienses Kate Santos, Kátia Letícia e Melissa Ayana.

O novo ambiente acolhedor, possibilitará diversas atividade desde os cuidados com a beleza dos cabelos e corpo até a possibilidade de simplesmente tomar um chá, um café ou ler um livro para relaxar. A expectativa é de muitas novidades com as cores e trançados que revelam o poder e a riqueza do povo negro.

A inauguração acontece nesta sexta-feira,16 de outubro, a partir das 9h e o espaço fica localizado na Rua Dez de Abril, 51, Alto da Cruz (nas imediações da antiga biblioteca municipal, entre as avenidas Radial A e Radial B).

Um estudo brasileiro divulgado nessa terça-feira (13) na plataforma medRxiv comprova que o vírus SARS-CoV-2 é capaz de infectar células do tecido cerebral, tendo como principal alvo os astrócitos. Os resultados revelam ainda que mesmo os indivíduos que tiveram a forma leve da Covid-19 podem apresentar alterações significativas na estrutura do córtex – região do cérebro mais rica em neurônios e responsável por funções complexas como memória, atenção, consciência e linguagem.

A investigação foi conduzida por diversos grupos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP) – todos financiados pela FAPESP. Também colaboraram pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Dois trabalhos anteriores haviam detectado a presença do novo coronavírus no cérebro, mas não se sabia ao certo se ele estava no sangue, nas células endoteliais [que recobrem os vasos sanguíneos] ou dentro das células nervosas. Nós mostramos pela primeira vez que ele de fato infecta e se replica nos astrócitos e que isso pode diminuir a viabilidade dos neurônios”, conta à Agência FAPESP Daniel Martins-de-Souza, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, pesquisador do IDOR e um dos coordenadores da investigação.

Os astrócitos são as células mais abundantes do sistema nervoso central e desempenham funções variadas: oferecem sustentação e nutrientes para os neurônios; regulam a concentração de neurotransmissores e de outras substâncias com potencial de interferir no funcionamento neuronal, como o potássio; integram a barreira hematoencefálica, ajudando a proteger o cérebro contra patógenos e toxinas; e ajudam a manter a homeostase cerebral.

A infecção desse tipo celular foi confirmada por meio de experimentos feitos com tecido cerebral de 26 pacientes que morreram de COVID-19. As amostras foram coletadas durante procedimentos de autópsia minimamente invasiva conduzidos pelo patologista Alexandre Fabro, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). As análises foram coordenadas por Thiago Cunha, professor da FMRP-USP e integrante do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID).

Os pesquisadores adotaram uma técnica conhecida como imuno-histoquímica, que consiste em usar anticorpos para marcar antígenos virais ou componentes do tecido analisado, como explica Martins-de-Souza. “Por exemplo, podemos colocar na amostra um anticorpo que ao se ligar no astrócito faz a célula adquirir a coloração vermelha; outro que ao se ligar na proteína de espícula do SARS-CoV-2 marca a molécula de verde; e, por último, um anticorpo para marcar de roxo o RNA viral de fita dupla, que só aparece durante o processo de replicação do microrganismo. Quando todas as imagens feitas durante o experimento foram colocadas em sobreposição, notamos que as três cores aparecem simultaneamente apenas dentro dos astrócitos.”

De acordo com Cunha, a presença do vírus foi confirmada nas 26 amostras estudadas. Em cinco delas também foram encontradas alterações que sugeriam um possível prejuízo ao sistema nervoso central.

“Observamos nesses cinco casos sinais de necrose e de inflamação, como edema [inchaço causado por acúmulo de líquido], lesões neuronais e infiltrados de células inflamatórias. Mas só tivemos acesso a uma pequena parte do cérebro dos pacientes, então, é possível que sinais semelhantes também estivessem presentes nos outros 21 casos estudados, mas em regiões diferentes do tecido”, diz Cunha.

Sintomas persistentes
Em outro braço da pesquisa, conduzido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, exames de ressonância magnética foram feitos em 81 voluntários que contraíram a forma leve da COVID-19 e se recuperaram. Em média, as avaliações presenciais ocorreram 60 dias após a data do teste diagnóstico e um terço dos participantes ainda apresentava sintomas neurológicos ou neuropsiquiátricos. As principais queixas foram dor de cabeça (40%), fadiga (40%), alteração de memória (30%), ansiedade (28%), perda de olfato (28%), depressão (20%), sonolência diurna (25%), perda de paladar (16%) e de libido (14%).

“Divulgamos um link para que interessados em participar da pesquisa pudessem se inscrever e, para nossa surpresa, em poucos dias já tínhamos mais de 200 voluntários, muitos deles polissintomáticos e com queixas bem variadas. Além do exame de neuroimagem, eles estão sendo avaliados por meio de exame neurológico e testes padronizados para mensurar o desempenho em funções cognitivas, como memória, atenção e flexibilidade de raciocínio. No artigo apresentamos os primeiros resultados”, conta a professora Clarissa Yasuda, integrante do Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN).


Foram incluídas na pesquisa somente pessoas que tiveram o diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-PCR e que não precisaram ser hospitalizadas. As avaliações foram feitas após o término da fase aguda e os resultados foram comparados com dados de 145 indivíduos saudáveis e não infectados.

Pela análise dos exames de ressonância magnética foi possível perceber que algumas regiões do córtex dos voluntários tinham espessura menor do que a média observada nos controles, enquanto outras apresentavam aumento de tamanho – o que, segundo os autores, poderia indicar algum grau de edema.

“Observamos atrofia em áreas relacionadas, por exemplo, com a ansiedade – um dos sintomas mais frequentes no grupo estudado. Considerando que a prevalência média de transtornos de ansiedade na população brasileira é de 9%, os 28% que encontramos é um número elevado e alarmante. Não esperávamos esses resultados em pacientes que tiveram doença leve”, afirma Yasuda.

Nos testes neuropsicológicos – feitos para avaliar as funções cognitivas – os voluntários do estudo também se saíram pior do que a média dos indivíduos brasileiros em algumas tarefas. Os resultados foram ajustados de acordo com a idade, o sexo e a escolaridade de cada participante. Também foi considerado o grau de fadiga relatado pelo participante aos pesquisadores.

“A pergunta que fica agora é: serão esses sintomas passageiros ou permanentes? Para descobrir pretendemos continuar acompanhando esses voluntários por algum tempo”, conta a pesquisadora.

Metabolismo energético afetado
No Laboratório de Neuroproteômica do IB-Unicamp, coordenado por Martins-de-Souza, foram realizados diversos experimentos com tecido cerebral de pessoas que morreram de COVID-19 e com culturas de astrócitos in vitro para descobrir, do ponto de vista bioquímico, como a infecção pelo SARS-CoV-2 afeta as células do sistema nervoso.

As amostras de necrópsia foram obtidas por meio de colaboração com o grupo do professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva. Todo o conjunto de proteínas (proteoma) presente no tecido foi mapeado por espectrometria de massas – técnica que permite discriminar substâncias em amostras biológicas de acordo com a massa molecular.

“Ao comparar com resultados de indivíduos não infectados, percebemos que diversas proteínas que estavam com a expressão alterada são abundantes em astrócitos, o que valida os achados obtidos por imuno-histoquímica”, diz Martins-de-Souza. “Nessas células, observamos alterações em diversas vias bioquímicas, principalmente naquelas relacionadas ao metabolismo energético”, conta o pesquisador.

O passo seguinte foi repetir a análise proteômica em uma cultura de astrócitos infectada em laboratório. As células foram obtidas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês), método que consiste em reprogramar células adultas (provenientes da pele ou de outro tecido de fácil acesso) para fazê-las assumir estágio de pluripotência semelhante ao de células-tronco embrionárias. Esta primeira parte foi realizada no laboratório do professor da UFRJ Stevens Rehen, no IDOR. Em seguida, o time de Martins-de-Souza induziu, por meio de estímulos químicos, as células IPS a se diferenciarem em células-tronco neurais e depois em astrócitos.

“Os resultados foram parecidos com os da análise feita no tecido obtido por necrópsia, ou seja, indicaram disfunção no metabolismo energético. Fizemos então uma análise metabolômica [do conjunto de metabólitos produzidos pelos astrócitos em cultura], que indicou alteração no metabolismo de glicose. Por algum motivo, o astrócito infectado passa a consumir mais glicose do que o normal e, apesar disso, os níveis de piruvato e de lactato – os dois principais substratos energéticos – estão bastante diminuídos na célula”, conta.

Como explica o pesquisador, lactato é um dos subprodutos do metabolismo da glicose e o astrócito exporta esse metabólito para o neurônio, que o utiliza como fonte de energia. As análises in vitro mostraram que a quantidade de lactato no meio de cultivo das células estava normal, embora estivesse reduzida em seu interior. “Aparentemente o astrócito se esforça para manter o fornecimento do substrato energético para o neurônio em detrimento de seu próprio funcionamento”, comenta Martins-de-Souza.

Como resultado desse processo, as mitocôndrias dos astrócitos – organelas responsáveis pela produção de energia – passaram a funcionar de forma alterada, o que pode influenciar os níveis cerebrais de neurotransmissores como o glutamato (que excita os neurônios e está relacionado com a memória e o aprendizado) e o ácido gama-aminobutírico (GABA, capaz de inibir o disparo neuronal excessivo e promover sensação de calma e relaxamento).

“Em outro experimento, tentamos cultivar neurônios nesse meio em que antes estavam sendo cultivados os astrócitos infectados e observamos que as células morrem mais do que o esperado. Ou seja, esse meio de cultivo ‘condicionado pelos astrócitos infectados’ diminuiu a viabilidade dos neurônios”, conta Martins-de-Souza.

Segundo o pesquisador, os achados descritos no artigo – ainda em processo de revisão por pares – vão ao encontro de diversos trabalhos já publicados, que apontaram possíveis manifestações neurológicas e neuropsiquiátricas da COVID-19, mas dá um passo além.

“Havia ainda uma grande dúvida: a disfunção cerebral seria decorrente da inflamação sistêmica ou o vírus estaria prejudicando diretamente o funcionamento das células nervosas ao infectá-las? Nossos resultados indicam que o SARS-CoV-2 pode de fato entrar nas células cerebrais e afetar seu funcionamento”, diz.

Na avaliação de Cunha, a próxima pergunta a ser respondida é como o vírus chega ao sistema nervoso central e qual é o mecanismo usado para entrar nos astrócitos – o que pode dar pistas para possíveis intervenções capazes de barrar a infecção.

“Também pretendemos fazer experimentos com camundongos geneticamente modificados para expressar a ACE2 humana [principal proteína usada pelo vírus para infectar as células]. A ideia é confirmar nesses animais se há uma relação de causa e efeito, ou seja, se a infecção por si só é capaz de induzir as alterações que observamos nos cérebros dos pacientes”, adianta Cunha.

Marcelo Mori, professor do IB-Unicamp e integrante do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC), destaca que a pesquisa só foi possível graças à colaboração de pesquisadores com formações e expertises variadas e complementares. “Este é um exemplo de que para fazer ciência de qualidade e competitiva é preciso aliar esforços interdisciplinares. É difícil competir internacionalmente se ficarmos apenas dentro do nosso laboratório, limitados às técnicas que conhecemos e aos equipamentos que temos acesso”, afirma.

Ao todo, o artigo tem 74 autores. Os experimentos foram conduzidos por quatro pós-doutorandos: Fernanda Crunfli, Flávio P. Veras, Victor C. Carregari e Pedro H. Vendramini.

Tanto o OCRC quanto o CRID e o BRAINN são Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP. O apoio da Fundação também se deu por meio de outros sete projetos.

Já faz parte do senso comum a informação de que idosos e pessoas com comorbidades inspiram maiores cuidados quando o assunto é o novo coronavírus. Existe, no entanto, outro grupo de pacientes que, apesar de não fazer parte da faixa de risco, também preocupa. É que em crianças e adolescentes a covid-19 pode evoluir para a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SMIP), que apresenta sintomas mais sérios, podendo levar ao óbito.

Na Bahia, entre agosto e outubro, o número de casos confirmados subiu 150%, de 14 para 35. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), neste período, foram registradas 53 notificações para a síndrome, que pode atingir pacientes de 0 a 19 anos, sendo confirmados 35 casos e duas mortes. Nessa faixa etária, foram hospitalizadas 410 crianças e adolescentes em todo estado - 46 evoluíram para óbito.

Apesar de representar apenas 8,5% das internações infantis baianas, os casos de SIMP preocupam porque costumam, segundo os médicos, levar os pacientes à internação em UTIs com mais frequência. Na Bahia, são apenas 39 leitos de enfermaria e 31 de UTI voltados para pediatria de covid.

Nesta quarta-feira, a ocupação pediátrica dos leitos chegou a 49% para as enfermarias e 74% para as UTIs, com 19 e 23 leitos ocupados, respectivamente. Os números acendem o alerta da Sesab, que garante que a situação é preocupante. A pasta tem recomendado, principalmente, a suspensão das aulas presenciais.

Em Salvador, segundo o monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde, são 27 leitos de UTI e 27 clínicos reservados à pediatria. Na tarde desta quarta-feira, estavam ocupados 20 e 16, respectivamente, o que leva a taxa de ocupação para 74% nas UTIs e 59% nas enfermarias. A SMS foi procurada pelo CORREIO para dizer das ações voltadas ao combate direto da Covid em crianças e adolescentes, mas não respondeu às questões até o fechamento desta edição.

Sobre o assunto, o prefeito ACM demonstrou preocupação e afirmou estar avaliando com sua equipe as razões do aumento para decidir que medidas serão tomadas daqui para frente em Salvador. “Todo movimento de aumento de casos representa um alerta para a prefeitura. Houve esse movimento que nos chamou a atenção e vamos aguardar pra ver se o aumento é momentâneo ou se é algo permanente. Mas é claro que tudo isso tem influência direta nas conversas para o retorno às aulas”, declarou.

Para acontecer, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica precisa estar associada a um quadro anterior de infecção pelo novo coronavírus. “Existe um desequilíbrio entre a resposta imune e a inflamação do corpo, é como se ficasse desenfreada essa resposta imune. Até então, para a síndrome ocorrer, um dos critérios é a infecção prévia pela covid-19”, explica Anne Galastri, infectopediatra do Departamento de Infectologia Pediátrica da Sociedade Baiana de Pediatria.

Pós-covid
A especialista detalha, ainda, que nos casos da SIMP o paciente chega a apresentar melhora do quadro comum da covid para só depois surgirem sintomas da síndrome, como febre alta e persistente, lesões pelo corpo, conjuntivite, edemas, podendo evoluir para taquicardia e até inflamações no coração ou questões renais. “De um modo geral, são dias de sintomas em uma piora que é progressiva e de forma mais geral. Não é súbito”, explica a médica.

Anne Galastri chama atenção também o aumento no número de casos era algo esperado: “As notificações para essa síndrome só passaram a ser obrigatórias em agosto. Então, já era esperado que o número crescesse. Apesar da notificação obrigatória pelo Ministério da Saúde ter ocorrido apenas em agosto, a pasta nacional já chama atenção para o assunto desde maio".

Em 20 de maio, o Ministério da Saúde emitiu um alerta, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com o objetivo de chamar a atenção da comunidade pediátrica para a identificação precoce da SIM-P no país e orientar quanto ao manejo clínico dos casos.

Pais precisam prestar atenção nos sintomas
Os pais de crianças e adolescentes devem se atentar a mudanças no comportamento dos filhos para que estes sejam tratados rapidamente. A médica Anne Galastri recomenda que os responsáveis mantenham contato direto com o pediatra que acompanha seu filho e sempre prestem atenção nos sinais de gravidade.

“Entre os sintomas para a ida ao hospital estão dificuldade para respirar, prostração, ocorrência de convulsão, desidratação e grandes períodos sem se alimentar ou urinar”, aponta. Em caso de não tratamento ou atenção incorreta, a doença pode evoluir para o óbito. “O paciente precisa receber medicações para bloquear essas inflamações no corpo todo. Existem tratamentos com imunoglobulina, anticoagulante, corticoterapia, por exemplo. É importante que a criança seja atendida em um hospital capaz de dar suporte necessário para o caso, com a disponibilidade de um UTI. Muitas vezes, ocorre alteração em vários órgãos, o que faz ser necessária a intubação”, completa.

A síndrome foi relatada pela primeira vez em Londres, onde os profissionais de saúde notaram aumento nos quadros de Síndrome de Kawasaki com correlação com a infecção pelo coronavírus. Para que o paciente entre nos parâmetros da nova síndrome é preciso, segundo os critérios do Ministério da Saúde, que esteja na faixa etária entre 0 e 19 anos e, esteja internado com a presença de febre elevada, de, no mínimo, 38ºC, e persistente a partir de três dias.

A criança e o adolescente com suspeita da doença ainda tem que apresentar, pelo menos, dois dos seguintes sintomas: conjuntivite não purulenta, erupção cutânea bilateral ou sinais de inflamação mucocutânea; hipotensão arterial ou choque; disfunção miocárdica, pericardite, valvulite ou anormalidades coronárias; evidência de coagulopatia; manifestações gastrointestinais agudas, como vômito, diarreia ou dor abdominal.

Para caracterizar o quadro da SMIP, ainda deve ser analisada a existência de marcadores de inflamação elevados. A criança deve ter teste positivo para o coronavírus ou históricos de contatos com contaminados. Também deve ser afastado o diagnóstico de outras causas de origem infecciosas que geram inflamação.

A Bahia registrou 26 mortes e 2.460 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,8%) em 24h, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no final da tarde desta quarta-feira (14). No mesmo período, 1.600 pacientes foram considerados curados (+0,5%).

Com isso, um dia após registrar o menor número de casos ativos da doença desde 16 de maio (5.876), o número voltou a subir e chegou a 6.710.

Dos 329.787 casos confirmados desde o início da pandemia, 315.863 já são considerados livres da doença.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da Covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 417 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (27,10%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Ibirataia (7.347,18), Almadina (6.551,98), Itabuna (6.286,38), Madre de Deus (6.220,07), Apuarema (5.702,59).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 666.672 casos descartados e 76.243 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta quarta-feira (14).

Na Bahia, 27.375 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence.

Óbitos
O boletim epidemiológico de hoje contabiliza 26 óbitos que ocorreram em diversas datas, conforme tabela abaixo. A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da covid-19.

Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 7.214, representando uma letalidade de 2,19%.

Perfis
Dentre os óbitos, 55,93% ocorreram no sexo masculino e 44,07% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,14% corresponderam a parda, seguidos por branca com 17,41%, preta com 15,15%, amarela com 0,79%, indígena com 0,11% e não há informação em 12,39% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 72,12%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (75,30%).

Pode até não parecer, mas esse é um ano eleitoral. E a corrida para ocupar as Prefeituras e as Câmaras Municipais está a todo vapor, em Salvador e no interior. Nesta quarta-feira (14), o Tribunal Regional Eleitoral (TER-BA) reuniu a imprensa na sede do órgão, na capital, para apresentar as normas que serão aplicadas no dia da votação porque, afinal, ainda estamos no meio de uma pandemia.

O TRE montou uma sessão para os jornalistas, com direito a mesário, eleitores, urna e todos os equipamentos usados em um dia de votação de verdade, mas com algumas novidades. É claro que o álcool gel e a máscara entraram para a lista de itens obrigatórios, mas não apenas isso. A biometria será dispensada, todos os eleitores terão que usar máscara, a higienização das mãos acontecerá antes e depois da votação, e o canhoto de papel que serve de comprovante estará disponível apenas de forma virtual.

Do lado de fora, os lugares na fila serão marcados com adesivos no chão. Do lado de dentro, cadeiras com distanciamento, tanto do público como dos mesários. O eleitor vai higienizar as mãos na entrada da sessão, apresentar o documento original com foto distante do mesário, assinar a ata com a própria caneta, fazer a votação, e sair sem levar o comprovante impresso. Na saída terá que higienizar as mãos novamente.

A demonstração aconteceu às 15h. Esse é o horário recomendado pela chefe de cartório da 14ª Zona Eleitoral, Silvana Caldas, para o público adulto votar. Ela coordenou a simulação desta quarta-feira e explicou que a orientação do Superior Tribunal Eleitoral é para que pessoas que fazem parte da prioridade votem primeiro.

“Esse ano a eleição foi estendida. Tradicionalmente ela acontece das 8h às 17h, mas esse ano será das 7h às 17h. O TSE pede para que entre às 7h e às 10h os eleitores com prioridade, como idosos, gestantes, lactantes, e pessoas com deficiência, tenham preferência para ir para a sessão. Não significa que o eleitor comum não possa ir, mas a gente pede ao eleitor que não tem nenhuma comorbidade nem faz parte de grupo prioritário que deixe para votar depois das 10h”, afirmou.

A votação ocorrerá no dia 15 de novembro, um domingo, como determina a legislação. Nos municípios em que for necessário segundo turno, ele será realizado no dia 29 do mesmo mês. Na Bahia, são 10,8 milhões de eleitores, sendo que 1,8 milhão deles votam em Salvador. A maioria do público é feminino, nos dois casos elas representam mais de 50% do eleitorado.

Caldas contou que 108 mil mesários vão trabalhar nessa eleição, 16 mil apenas em Salvador, nos 464 locais de votação da capital. “É importante que os eleitor não esqueça de sair de casa com máscara, porque só poderá votar quem estiver usando máscara. Não esquecer de levar o documento de identidade, mesmo para quem tem o e-título, levar a própria caneta, e ir ao local de votação sozinho para evitar exposições”, contou.

População
A pandemia e tudo o que aconteceu nos últimos meses pode ter confundido um pouco as coisas, mas as carreatas políticas das últimas semanas e o início do horário eleitoral na televisão e no rádio, com candidatos aparecendo para pedir voto em cada intervalo da programação, começaram despertar os baianos para a realidade. A atendente de call center Jéssica Lima, 25 anos, que o diga.

“Eu nem lembrava que tinha eleição esse ano. Aconteceu tanta coisa. Estava mais preocupada em não pegar o vírus, não passar para minha avó ou em não perder meu emprego. Graças à Deus, nada disso aconteceu. Para falar a verdade, eu não sei nem onde está meu título, vou procurar na minha folga, no domingo”, afirmou.

Ela contou que não está com medo de se contaminar no dia da votação, mas que vai se precaver usando máscara, evitando tocar em corrimãos e maçanetas, e levando álcool gel e a caneta de casa. Esse é o comportamento que as autoridades esperam, mas quem trabalha nas sessões afirma que isso está longe da realidade.

Essa será a quinta eleição em que a pedagoga Michele Santos, 27 anos, atuará como mesária. Ela contou que foi designada para a mesma escola em que trabalhou nos anos anteriores, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, que está acompanhando as informações divulgadas pelo Tribunal para garantir a proteção dos servidores, mas que ainda não está se sentindo segura.

“O problema não são as medidas adotadas pelo TRE, como uso de máscara, fest shield, e álcool gel, o que me preocupa é o comportamento da população. A gente sabe que as pessoas são negligentes e muitas não vão se cuidar”, afirmou. Ela contou que na sessão em que trabalha tem 400 eleitores, que a escola é pequena e que as filas são imensas.

Eleitor, o que muda:

1. Obrigatório estar usando máscara;

2. Biometria está suspensa;

3. Necessário documento original com foto, mesmo para quem tem o título virtual;

4. Recomendado levar a própria caneta;

5. Sessões abrem uma hora mais cedo, das 7h às 17h;

6. Pessoas com prioridade, como idosos, gestantes e deficientes votam primeiro, nas quatro primeiras horas;

7. Higienização das mãos acontecerá antes e depois da votação;

8. Não haverá comprovante impresso;

9. Levar acompanhante somente se for imprescindível;

10. Filas terão lugares marcados;

11. Cadeiras com distanciamento social;

12. Esse ano a capacitação dos mesários foi 100% virtual;

13. Mesários vão usar máscaras, fest shield e álcool gel;

14. Documentos serão apresentados à distância para evitar contato físico entre mesários e eleitores;

Salvador pode ter acesso à vacina da empresa chinesa Sinovac Biotech contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Esse foi o desejo manifestado hoje (14) pelo prefeito ACM Neto, que se reuniu com o governador de São Paulo, João Dória, para tratar do assunto. A expectativa do governo paulista é que a população comece a ser vacinada ainda em dezembro deste ano.

"Expressei ao governador João Dória o desejo que Salvador tem de participar desse movimento em parceria com o estado de São Paulo. Vim à capital paulista justamente para conhecer o estágio em que esse processo se encontra. Assim que houver o registro, queremos disponibilizar doses dessa vacina para os soteropolitanos rapidamente", declarou ACM Neto.

A vacina tem se mostrado segura até agora, sem registro de efeitos colaterais graves nos testes realizados, inclusive entre os idosos. ACM Neto tem dito que a capital baiana só voltará à normalidade quando a população for imunizada.

A ocupação de leitos pediátricos exclusivos de covid-19, dedicados à crianças e jovens, tem crescido na Bahia. Atualmente, o estado está com taxa de 74% de ocupação das UTIs nesta categoria de paciente. O secretário estadual de saúde Fábio Vilas-Boas comentou, nesta quarta-feira (14), sobre esse aumento e alertou que o fenômeno pode ter ligação com o relaxamento nos cuidados contra a doença, sobretudo entre pessoas de 20 a 40 anos, que também vêm registrando aumento de infecção.

“Estamos observando ao longo das últimas semanas um aumento de ocupação nas UTIs e enfermarias pediátricas em todo o estado. Isso vem acontecendo paralelamente à mudança de faixa etária das pessoas que vêm sendo contaminadas. Hoje, nós temos um grande contingente de pessoas contaminadas entre 20 e 40 anos de idade, são exatamente essas pessoas que estão em praias, bares, paredões políticos e festas nos finais de semana”, disse.

Para ele, essa é uma demonstração clara de que tem acontecido uma ‘flexibilização indevida’ entre essa faixa etária adulta, o que poderia explicar, em parte, a ocorrência do aumento do acometimento do público infanto-juvenil. “Em breve, irão contaminar, de novo, os idosos”, declarou o secretário.

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) acredita que o crescimento de casos pode estar relacionado aos comícios e passeatas políticas nas cidades do interior. "Já na capital, são as festas com paredões que são os maiores riscos. Também temos observado uma tendência de aumento de pacientes internados nos hospitais privados de Salvador, similar a fase inicial da pandemia, em março de 2020", afirmou o órgão.

O CORREIO tinha observado que desde a semana passada, em 8 de outubro, a taxa das UTIs já vinha em 74% e as enfermarias pediátricas em 62%. O Instituto Couto Maia, unidade de referência para casos graves da covid-19, estava com ocupação máxima das vagas destinadas para crianças e jovens, com pessoas internadas em suas 10 vagas. Procurada na ocasião, a Sesab informou que o estado possui, ao todo, entre UTIs e enfermarias, 70 leitos pediátricos, sendo que deste total 31 são UTIs.

Quando consideradas só as UTIs, qualquer variação de apenas três pacientes tem a capacidade de oscilar 10 pontos percentuais para cima ou para baixo, explicou o órgão. Ao todo, a Bahia possui mais de 2,2 mil leitos de covid-19 ativos e o número limitado de 70 vagas pediátricas é explicado pelo fato de que apenas 4% dos casos confirmados no estado — 13.496 — são de pacientes de até 9 anos e um percentual muito menor precisou de internamento. Nesta quarta, o estado chegou a 329.787 casos acumulados de covid-19.

“Ressaltamos que monitoramos diariamente os leitos pediátricos e, caso necessário, abriremos novos leitos, mas isso não foi demonstrado até o momento”, disse a Sesab.

Salvador

Na capital, a taxa de ocupação dos leitos pediátricos de UTI segue a mesma tendência, com 74%, e a de enfermaria com 59%, segundo dados do painel epidemiológico municipal desta quarta.

O prefeito ACM Neto demonstrou preocupação com o índice de ocupação das UTIs pediátricas em Salvador e afirmou na terça-feira (13) que a situação pode atrasar o plano de retomada das aulas na rede municipal de ensino.

"Todo movimento de aumento de casos representa um alerta para a prefeitura. Houve esse movimento que nos chamou a atenção e vamos aguardar pra ver se o aumento é momentâneo ou se é algo permanente. Mas é claro que tudo isso tem influência direta nas conversas para o retorno às aulas”, declarou Neto, durante a coletiva sobre a reconstrução da Escola Municipal Elisa Saldanha, na Fazenda Grande III.

Uma determinação da Justiça determina que o sistema ferry-boat adote medidas sanitárias obrigatórias em um prazo de 10 dias. Após ser notificada, a Internacional Travessias terá que promover mudanças nas embarcações.

Após esse prazo, todos os ferries deverão contar com demarcação do distanciamento, disponibilização de álcool em gel e uso de equipamentos de proteção individual por parte dos colaboradores.

A decisão judicial estabelece ainda que a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) ficará responsável pela fiscalização das normas a serem cumpridas.

Caso a Internacional Travessias não cumpra a ordem judicial e a Agerba não fiscalize, ambas ficam sujeitas a multa diária de R$ 50 mil, com o limite de R$ 300 mil.

Até o momento, tanto a Internacional Travessias quanto a Agerba informaram que ainda não foram notificadas pela Justiça.

O assunto foi remetido à Justiça pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que ofereceu uma denúncia sobre as aglomerações nas embarcações. O órgão disse que durante quatro meses enviou vários ofícios para saber quais medidas de biossegurança estavam sendo implementadas e não obteve retorno.

A Internacional Travessias informou que estava cumprindo as normas determinadas, inclusive na redução no número de passageiros em casa embarcação. Já a Agerba disse que faz relatório semanais sobre a atuação da Internacional Travessias na execução das medidas de biossegurança.

Ainda no documento, há a informação de que a Agerba fez várias notificações contra a empresa. No começo deste mês, a Internacional Travessias já recebeu 555 autos de infração de 2014, quando assumiu o transporte, até 2020.

 

O cantor Gusttavo Lima escreveu uma bela mensagem sobre a sua separação com Andressa Suita, falando sobre a importância de recomeçar em busca da felicidade. O que ele provavelmente não esperava era que o público fosse sacar que o texto foi copiado de uma página da internet.

Segundo a revista Quem, o comentário original pertence ao site ‘Mensagens de Amor’. Gusttavo, inclusive, apagou os posts após ser acusado de plágio. Basta uma pesquisa rápida no próprio Twitter para saber que as frases já foram usadas centenas de vezes por outros internautas.

“Questione o que não está bom, arrume, modifique. Não tenha medo de ser sincero com você e com todos, dê um passo atrás se for preciso, não tenha medo de recomeçar. Vai doer, mas é preciso. Olhe no espelho e seja sincero com você, diga, em alto e bom som, o que sente na alma e no coração. Pergunte a si mesmo se está feliz”, diz a mensagem.

Antes de Gusttavo falar sobre a separação nas redes, Andressa Suita havia publicado um vídeo revelando que apenas foi comunicada sobre o divórcio e nem teve chance de “salvar o casamento”. Muitas pessoas criticaram a postura do cantor e cobraram responsabilidade afetiva.

Horas depois, o embaixador publicou um vídeo no Instagram. “Nem tudo nas nossas vidas é do jeito que a gente quer. Nada acontece de um dia para o outro. O casamento pode ter acabado, mas a admiração e o respeito continuam. A Andressa faz parte da minha vida, da minha história, do meu futuro. Ela é a mulher mais importante da minha vida porque é mãe dos meus dois filhos, e criar os nossos filhos é a nossa prioridade”, iniciou ele.

Na sequência, Gusttavo disse que não estava feliz com o relacionamento e garante ter feito de tudo para salvar o casamento. “Não está sendo fácil, pois separação gera sofrimento. Pior seria ser desonesto com ela e com os meus filhos. A verdade é uma só: qualquer julgamento maldoso, qualquer fofoca por aí não procede. Eu não fujo das minhas responsabilidades e isso não vai mudar. Mais vale uma verdade dura do que uma mentira fofa”, finalizou.

Prédios de luxo de Salvador amanheceram com uma movimentação diferente nesta quarta-feira (14). Os moradores começaram o dia vendo o entra e sai de policiais no edifício Terrazzo Collina, no bairro de Cidade Jardim, no luxuoso Porto Trapiche Residence, na Avenida Contorno, e em um condomínio de Praia do Forte. Os alvos da ação eram oito pessoas envolvidas em um esquema de sonegação de impostos, que durou 10 anos. Sete delas são da mesma família.

Os acusados foram presos na manhã desta quarta, por uma Força Tarefa integrada pela Secretaria da Segurança Pública, Ministério Público Estadual e Secretaria da Fazenda. Na operação, foram apreendidos 100 veículos de luxo, duas lanchas e sete motos aquáticas, R$ 70 mil em espécie, além de diversos documentos e sequestro de bens. Os nomes dos acusados não foram revelados. Eles tiveram prisões temporárias de cinco dias decretadas, podendo ser prorrogadas.

“Essas pessoas pertencem ao mesmo grupo familiar e os idealizadores também foram presos nessa operação. A Secretaria da Fazenda detectou a criação sucessiva de empresas em nomes de laranjas, que eram membros da mesma família: sobrinhos, filhos de sobrinhos. Aos poucos, esses esquemas foram se ampliando e foram usados ex-funcionários das empresas do grupo. Mas o braço desse esquema funcionava aqui (Salvador) e em Feira de Santana. Havia quatro empresas em São Gonçalo e mais duas empresas em Itagaí, em Santa Catarina”, declarou o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e aos Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica, as Relações de Consumo, a Economia Popular (Gaesf), promotor Hugo Cassiano Santana, durante coletiva na sede no Ministério Público do estado (MP-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

O grupo criava empresas em nome de terceiros, que sempre eram pessoas sem capacidade socioeconômicas para gerir essas empresas, administrar e até constituir o capital social e, após as autuações fiscais e a constituição dos débitos, eles abandonavam essas instituições e constituíam novas, também em nome de laranjas, mas com o capital social reduzido, e faziam movimentações milionárias, também utilizando outras pessoas.

Ao todo, são mais de 15 empresas, entre as abandonadas e as que estão em pleno funcionamento. No entanto, a Força-tarefa priorizou as que ainda estão em atividade “A gente precisa buscar os documentos, todas as provas da fraude. Então, realizamos as buscas principalmente nas ativas e também aquelas que estavam situadas no mesmo local”, explicou a delegada Naiara Brito, da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra Administração Pública (Dececap).

Operação
Logo no início da manhã, a Força Tarefa cumpriu mandado no Porto Trapiche Residence, mas houve dificuldade para acessar o apartamento alvo da operação. “A fechadura tinha uma peculiaridade. A abertura não era por chave, e sim por digital. Fizemos uma primeira tentativa de arrombamento. Quando percebemos que destruiríamos a porta, optamos por pedir um aríete, que é um instrumento mais direcionado, para não destruir a porta por inteiro. Nesse momento, recebemos a informação da equipe que se deslocou para Praia do Forte, que a esposa do alvo teria a senha e poderia abrir o apartamento. Optamos por aguardar”, disse o promotor.

A busca no apartamento foi proveitosa. “Saímos com muito material, mas os mais relevantes para a investigação foram encontrados nas empresas”, pontuou o representante do Ministério Público.

Outros mandados foram cumpridos no edifício Terrazzo Colina no bairro de Cidade Jardim. “Houve dois alvos na Cidade Jardim, bastante próximos um do outro, e também foram coletados materiais nas residências. São do mesmo grupo familiar, peças-chaves e ocupam a liderança do esquema”, disse o promotor.

Segundo ele, os acusados acreditavam que nunca seriam descobertos. “Não esperavam. Não tinham nenhum tipo de preparação para qualquer tipo de atividade policial ou de busca. Foi bastante fácil arrecadar esses materiais. Não havia nada escondido em locais onde a gente sempre tem a prática de procurar, como em fundo de armário, fundos falsos, às vezes até em caixa de descargas. Na residência do Trapiche, por exemplo, encontramos muitos documentos, mas muitos outros se encontravam nos escritórios das empresas, nada guardado de forma atípica”, declarou.

A investigação contou com interceptação telefônica dos acusados. “No momento da prisão, eles estavam cientes das irregularidades, inclusive exerceram o direito constitucional de permanecerem em silêncio, a maioria deles. Mas a gente crê que eles sabiam e, pelo que a gente acompanhava no monitoramento telefônico, era bastante transparente a divisão de atribuições, de divisão de recursos obtidos através dessas práticas ilícitas. Então, a prova está muito bem constituída”, disse promotor.

Ainda de acordo com o promotor, a Força Tarefa apura se há mais pessoas envolvidas no esquema. “Estamos atentos para possíveis ramificações. Como percebemos que o grupo empresarial tem essa prática de criar várias empresas, a gente percebe que no andar da investigação, essa conduta vai se reiterando. Então, hoje mesmo, quando recolhemos os documentos nas empresas, percebemos a criação de novas pessoas jurídicas”, pontuou.

Empresas do esquema tinham contrato com prefeituras
Segundo o MP-BA, empresas que fazem parte do esquema de fraude têm contratos com prefeituras do interior do estado. “Essa parte em relação a contratos públicos está muito embrionária, porque a nossa ação é muito mais focada na sonegação fiscal, mas percebe-se um volume de venda de pescado para prefeituras do interior, lá na região de Feira de Santana”, disse o promotor Hugo Cassiano Santana.

De acordo com ele, a maioria dessas empresas fornecia merenda escolar. “Mas, na nossa avaliação preliminar, não apareceram indícios de algum tipo de fraude. Pareciam contratos para o fornecimento de pescado para a merenda escolar e para esses eventos que costumamos ver em Semana Santa, que tem fornecimento de pescado para a população carente. Não me parecia um esquema orquestrado para isso. Pareceria uma contratação normal, corriqueira, porém a empresa que fazia esse fornecimento desse pescado era constituída de forma fraudulenta, por laranjas”, disse.