Sete presos em operação na Bahia são da mesma família; 100 carros de luxo foram apreendidos

Sete presos em operação na Bahia são da mesma família; 100 carros de luxo foram apreendidos

Prédios de luxo de Salvador amanheceram com uma movimentação diferente nesta quarta-feira (14). Os moradores começaram o dia vendo o entra e sai de policiais no edifício Terrazzo Collina, no bairro de Cidade Jardim, no luxuoso Porto Trapiche Residence, na Avenida Contorno, e em um condomínio de Praia do Forte. Os alvos da ação eram oito pessoas envolvidas em um esquema de sonegação de impostos, que durou 10 anos. Sete delas são da mesma família.

Os acusados foram presos na manhã desta quarta, por uma Força Tarefa integrada pela Secretaria da Segurança Pública, Ministério Público Estadual e Secretaria da Fazenda. Na operação, foram apreendidos 100 veículos de luxo, duas lanchas e sete motos aquáticas, R$ 70 mil em espécie, além de diversos documentos e sequestro de bens. Os nomes dos acusados não foram revelados. Eles tiveram prisões temporárias de cinco dias decretadas, podendo ser prorrogadas.

“Essas pessoas pertencem ao mesmo grupo familiar e os idealizadores também foram presos nessa operação. A Secretaria da Fazenda detectou a criação sucessiva de empresas em nomes de laranjas, que eram membros da mesma família: sobrinhos, filhos de sobrinhos. Aos poucos, esses esquemas foram se ampliando e foram usados ex-funcionários das empresas do grupo. Mas o braço desse esquema funcionava aqui (Salvador) e em Feira de Santana. Havia quatro empresas em São Gonçalo e mais duas empresas em Itagaí, em Santa Catarina”, declarou o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e aos Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica, as Relações de Consumo, a Economia Popular (Gaesf), promotor Hugo Cassiano Santana, durante coletiva na sede no Ministério Público do estado (MP-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).

O grupo criava empresas em nome de terceiros, que sempre eram pessoas sem capacidade socioeconômicas para gerir essas empresas, administrar e até constituir o capital social e, após as autuações fiscais e a constituição dos débitos, eles abandonavam essas instituições e constituíam novas, também em nome de laranjas, mas com o capital social reduzido, e faziam movimentações milionárias, também utilizando outras pessoas.

Ao todo, são mais de 15 empresas, entre as abandonadas e as que estão em pleno funcionamento. No entanto, a Força-tarefa priorizou as que ainda estão em atividade “A gente precisa buscar os documentos, todas as provas da fraude. Então, realizamos as buscas principalmente nas ativas e também aquelas que estavam situadas no mesmo local”, explicou a delegada Naiara Brito, da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra Administração Pública (Dececap).

Operação
Logo no início da manhã, a Força Tarefa cumpriu mandado no Porto Trapiche Residence, mas houve dificuldade para acessar o apartamento alvo da operação. “A fechadura tinha uma peculiaridade. A abertura não era por chave, e sim por digital. Fizemos uma primeira tentativa de arrombamento. Quando percebemos que destruiríamos a porta, optamos por pedir um aríete, que é um instrumento mais direcionado, para não destruir a porta por inteiro. Nesse momento, recebemos a informação da equipe que se deslocou para Praia do Forte, que a esposa do alvo teria a senha e poderia abrir o apartamento. Optamos por aguardar”, disse o promotor.

A busca no apartamento foi proveitosa. “Saímos com muito material, mas os mais relevantes para a investigação foram encontrados nas empresas”, pontuou o representante do Ministério Público.

Outros mandados foram cumpridos no edifício Terrazzo Colina no bairro de Cidade Jardim. “Houve dois alvos na Cidade Jardim, bastante próximos um do outro, e também foram coletados materiais nas residências. São do mesmo grupo familiar, peças-chaves e ocupam a liderança do esquema”, disse o promotor.

Segundo ele, os acusados acreditavam que nunca seriam descobertos. “Não esperavam. Não tinham nenhum tipo de preparação para qualquer tipo de atividade policial ou de busca. Foi bastante fácil arrecadar esses materiais. Não havia nada escondido em locais onde a gente sempre tem a prática de procurar, como em fundo de armário, fundos falsos, às vezes até em caixa de descargas. Na residência do Trapiche, por exemplo, encontramos muitos documentos, mas muitos outros se encontravam nos escritórios das empresas, nada guardado de forma atípica”, declarou.

A investigação contou com interceptação telefônica dos acusados. “No momento da prisão, eles estavam cientes das irregularidades, inclusive exerceram o direito constitucional de permanecerem em silêncio, a maioria deles. Mas a gente crê que eles sabiam e, pelo que a gente acompanhava no monitoramento telefônico, era bastante transparente a divisão de atribuições, de divisão de recursos obtidos através dessas práticas ilícitas. Então, a prova está muito bem constituída”, disse promotor.

Ainda de acordo com o promotor, a Força Tarefa apura se há mais pessoas envolvidas no esquema. “Estamos atentos para possíveis ramificações. Como percebemos que o grupo empresarial tem essa prática de criar várias empresas, a gente percebe que no andar da investigação, essa conduta vai se reiterando. Então, hoje mesmo, quando recolhemos os documentos nas empresas, percebemos a criação de novas pessoas jurídicas”, pontuou.

Empresas do esquema tinham contrato com prefeituras
Segundo o MP-BA, empresas que fazem parte do esquema de fraude têm contratos com prefeituras do interior do estado. “Essa parte em relação a contratos públicos está muito embrionária, porque a nossa ação é muito mais focada na sonegação fiscal, mas percebe-se um volume de venda de pescado para prefeituras do interior, lá na região de Feira de Santana”, disse o promotor Hugo Cassiano Santana.

De acordo com ele, a maioria dessas empresas fornecia merenda escolar. “Mas, na nossa avaliação preliminar, não apareceram indícios de algum tipo de fraude. Pareciam contratos para o fornecimento de pescado para a merenda escolar e para esses eventos que costumamos ver em Semana Santa, que tem fornecimento de pescado para a população carente. Não me parecia um esquema orquestrado para isso. Pareceria uma contratação normal, corriqueira, porém a empresa que fazia esse fornecimento desse pescado era constituída de forma fraudulenta, por laranjas”, disse.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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