Feriado da Independência é comemorado sem desfile cívico na Bahia Tiago Caldas/CORREIO

Feriado da Independência é comemorado sem desfile cívico na Bahia

Dessa vez não deu para ouvir o grito do Ipiranga. Nada de soldados, cavalos ou pirâmide humana. Por conta da pandemia e da tara do novo coronavírus por aglomerações, o desfile do Sete de Setembro de 2020 ficou por conta da memória. O grito retumbante da multidão que todos os anos se espreme entre as grades para ver o cortejo passar foi substituído pelo silêncio, que ficou ainda mais melancólico com o barulho da chuva.

Aliás, neste ano não teve espaço nem para o sol em raios fúlgidos. O que brilhou no céu da pátria, ou ao menos no céu de Salvador no horário do tradicional desfile, foram nuvens carregadas. Os meteorologistas dizem que a culpa é de uma frente fria, mas há quem garanta que o problema é 2020, o ano que começou errado. Com o tempo chuvoso, muita gente preferiu passar o feriado deitado em berço esplêndido no sofá de casa, e as ruas ficaram vazias.

A Praça do Campo Grande, onde começa o desfile, estava fechada na manhã desta segunda-feira, assim como todo o comércio das proximidades. Os 198 anos da Independência passaram batido. Maria das Graças Aragão, 41 anos, trabalha há 13 anos em uma banca de revista e jornais no bairro e contou que ficou sentida por não poder saudar a pátria amada e idolatrada.

“O desfile não poderia mesmo acontecer por conta da aglomeração que ele provoca, mas poderiam ter feito alguma coisa para não passar em branco. Todo ano faço fotos e vídeos. Acho bonito. Você acredita que de manhã cedo apareceram umas pessoas vestidas de verde e amarelo aqui? Pensaram que teria alguma comemoração”, contou.

O Exército tentou fazer uma gracinha para a data mais importante do país não passar despercebida. O evento com bandas e celebrações aconteceu na porta do Quartel General, na Mouraria, e foi uma forma de demonstrar um raio vívido de amor e de esperança à terra. Nessa região da cidade, o formoso céu risonho e límpido rivalizou com as nuvens e, em alguns momentos, a chuva deu uma trégua.

Já no trajeto tradicional da festa, a Avenida Sete de Setembro, nem parecia que era uma data especial. Alguns lojistas aproveitaram as calçadas vazias e o trânsito calmo para dar um grau nas fachadas dos estabelecimentos ou para organizar os produtos nas prateleiras.

Mas, se esse ano os risonhos e lindos campos não tiveram flores para celebrar a data, nem os bosques tiveram a vida efusiva do povo para acenar para os militares, quem gosta do desfile garante que não faltaram mais amores. O estudante Rafael Nascimento, 28, celebrou a data em casa.

“Quando eu era criança, meus pais me levavam. Depois, continuei indo por causa de minha irmã e, nos últimos anos, por conta de meu afilhado. Apesar desse ano não ter desfile a gente comemorou em casa. É uma data muito importante e que precisa ser sempre lembrada”, contou.

Os baianos garantem que o Sete de Setembro é tão importante quanto o Dois de Julho - as duas datas tratam da terra adorada e reverenciam a pátria amada. Mas, nesse 2020 às avessas, com uma pandemia, não custa repetir o pedido: paz no futuro e glória no passado.

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  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

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    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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