Bolsonaro participa de entrega de trecho de obra da Fiol ao Exército na Bahia

Bolsonaro participa de entrega de trecho de obra da Fiol ao Exército na Bahia

O presidente Jair Bolsonaro participa na manhã desta sexta-feira (11) de uma solenidade em que entregará ao Exército Brasileiro a responsabilidade pela obra de um trecho de cerca de 20 Km da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Bolsonaro viajou de Brasília para São Desidério, no Oeste, por volta das 9h30.

Bolsonaro deve assinar o Termo de Execução de Serviço (Ted), segundo a Valec, empresa estatal que cuida da construção de ferrovias no país. Em seguida, Bolsonaro volta para Brasília, por volta das 11h30.

Os militares devem assumir um trabalho experimental no trecho II da ferrovia, numa área limitada ao município de Santa Maria da Vitória. O pedaço é considerado o mais atrasado, já que o consórcio que faz parte do lote pediu reparação judicial. O Exército fará a obra praticamente do zero, iniciando desde a terraplanagem, e a previsão é de que a execução da construção dure dois anos, com um investimento inicial de R$ 110 milhões.

Na cerimônia de assinatura do contrato entre a Valec e o Exército está prevista ainda a presença do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e de André Kuhn, presidente da estatal. Procurado, o Governo do Estado da Bahia disse que não recebeu comunicado oficial da visita do presidente Bolsonaro e preferiu não emitir posicionamento sobre a agenda.

Com a parceria, o Exército voltará a fazer parte da construção de uma grande ferrovia no Brasil após 25 anos. A última participação ocorreu na construção da Ferroeste, entre os anos de 1993 a 1995.

Grande interessada no avanço da construção da ferrovia, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) comemorou o anúncio. Presidente da entidade, Antônio Carlos Tramm diz que as tratativas em relação à inclusão do Batalhão Ferroviário vem sendo feitas há pelo menos dois meses.

“É uma providência interessante. O Exército tem experiência na feitura de rodovias e o Batalhão Ferroviário estava há muito tempo sem uso porque o país deixou de investir nesse modal. O governo vai fazer uma experiência nesse trecho e será uma referência para o futuro, vai servir de estímulo. É um sinal de que o governo está interessado em desenvolver a Fiol. Essa é a ‘Estrada da Esperança’ para muitos setores, é o maior projeto de desenvolvimento em curso hoje na Bahia”, disse.

Ainda conforme Tramm, a CBPM está desenvolvendo um programa de pesquisa no trecho II da Fiol, contemplando 100 Km de Leste a Oeste dos trilhos para encontrar outras jazidas de minérios. Estima-se, atualmente, que a ferrovia possa levar em torno de 60 milhões de toneladas de carga ao ano, de minérios e produção agrícola, mas essa quantidade pode aumentar com mais descobertas.

O presidente da CBPM argumenta ainda que a ferrovia além de fazer com que o transporte de produtos seja menos custoso e mais veloz, deve também reduzir o número de acidentes nas estradas com a diminuição do número de caminhões, bem como promover cada vez mais modais mais sustentáveis no país.

Vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, Moisés Schmidt relembra que a obra deveria ter sido entregue em 2014, mas sofreu diversos entraves por falta de verbas. A chegada do Exército para adiantar a construção também foi bem vista pelo agronegócio do Oeste, que produz principalmente milho, soja e algodão.

“A nossa região depende desse modal logístico para fazer escoamento da safra. Hoje 100% é feita por caminhões e a ferrovia é mais uma opção que beneficia toda a agricultura. Temos visto que esse governo tem dado ênfase a essa obra, entendendo a importância dela, não só para a economia da Bahia, mas por ser um ramal de ligação entre o Norte e o Sul do país, potencializando o agronegócio”, disse.

Schmidt pontuou que a dependência exclusiva dos transporte via rodovias gera dificuldades na distribuição dos produtos, principalmente quando ocorrem situações como quebra de pontes, acidentes e manifestações nas estradas. Problemas como esse viram prejuízos no bolso dos produtores rurais, uma vez que envolve uma logística internacional de entrega dos insumos aos navios nos portos.

O status atual da Fiol na Bahia

A obra completa da Fiol terá aproximadamente 1.527 km e ligará o futuro Porto Sul, em Ilhéus, à cidade de Figueirópolis, no Tocantins, com um investimento previsto de R$ 8,9 bilhões. Quando estiver concluída, a ferrovia atravessará, ao todo, 32 municípios baianos.

O trecho I da ferrovia, que vai de Ilhéus a Caetité, tem pouco mais de 530 km, sendo que quase 80% das obras já foram concluídas. A ideia do governo federal é conceder o trecho para a iniciativa privada. No entanto, a liberação do processo de licitação está travada nas mãos do Tribunal de Contas da União (TCU), que não comenta a análise em andamento.

Como as contas estão em análise para futura concessão, embora não esteja concluído, o trecho I não pode ter novas obras porque alteraria os cálculos de valores. A área será levada à iniciativa do jeito que está atualmente e a expectativa do governo é de que a licitação possa acontecer ainda este ano.

Agora, o esforço da Valec é concentrado na conclusão do trecho II, que vai de Caetité a Barreiras, com 485,4 km de extensão. De acordo com a estatal, a meta é que essa parte chegue a pelo menos 80% das obras concluídas até o final de 2022 para também ir à concessão. Hoje, o trecho está em 40% de avanço nas construções. Na primeira semana de setembro, o presidente da Valec, André Kuhn, anunciou que há uma sinalização de que o trecho II possa receber R$ 150 milhões a mais, o que pode acelerar as obras.

RESUMO DO STATUS:

Fiol 1 - Trecho de Ilhéus a Caetité
530 Km - 80% concluído
Aguardando análise do TCU para ir à iniciativa privada

Fiol 2 - Trecho de Caetité a Barreiras
485 Km - 40% concluído
Expectativa de chegar a 80% de avanço em 2022

Fiol 3 - Trecho de Barreiras a Figueirópolis (TO)
512 Km - Não iniciado
Ainda em fase de estudo técnico

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