Fortes chuvas deixam mais de 160 famílias desabrigadas na Bahia

Fortes chuvas deixam mais de 160 famílias desabrigadas na Bahia

Os baianos que acreditavam poder curtir o último dia do feriadão, ontem, no dia de Finados, foram surpreendidos por uma noite de intensas chuvas que causaram fortes estragos. Pelo menos, 150 famílias estão desabrigadas em diversos municípios: 18 em Ilhéus, mais de 50 em Ibicaraí, cerca de 20 em Itabuna e mais de 80 em Ibicuí.

No caso de Itabuna e Ibicaraí, as prefeituras decretaram estado de emergência por conta das chuvas. Em Ibicuí, a situação foi pior, e o prefeito decretou estado de calamidade pública. De acordo com o Climatempo, Itabuna foi o município do Brasil onde mais choveu nas últimas 24 horas. A prefeitura registrou 105 ocorrências, sendo uma de desabamento de casa e outros cinco deslizamentos de terras. Foram 103 mm de água em apenas 5 horas, o equivalente ao que choveu em setembro e outubro.

Além disso, Itabuna inteira ficou sem luz de 00h30 às 9h40 nesta segunda-feira. O coordenador da Defesa Civil do município, Yuri Bandeira, atuou em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e cinco equipes de assistência social para dar apoio às famílias desalojadas. “Estamos trabalhando em conjunto com todas as secretarias para trazer normalidade à situação”, disse.

Kits de higiene e almoço foram distribuídos entre os moradores do bairro de São Roque e Califórnia, as comunidades mais afetadas em Itabuna. Uma escola também foi disponibilizada pela prefeitura para abrigar temporariamente as famílias, assim como foi feito em Ilhéus e Ibicaraí, no sul da Bahia.

A família da operadora de caixa Daiane Matos, 34, perdeu os móveis da casa. Apesar de ter se mudado de bairro, Matos nasceu e foi criada no bairro de São Roque, em Itabuna, e relatou que sempre há alagamentos por lá: “A maioria das pessoas perdeu tudo. A situação é crítica. Minha avó, que já é idosa, perdeu tudo pela segunda vez”.

Ilhéus
Já segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, as três cidades onde mais choveu nas últimas 24h foram Ilhéus, Senhor do Bonfim (34,6 mm) e Piatã (43,4 mm). Em Ilhéus, o coordenador da Defesa Civil, Joandre Neres, informou que choveu 72mm em apenas 9 horas - volume equivalente ao total esperado para os 20 primeiro dias de novembro. Isso fez com que o rio Cachoeira inundasse e não permitisse acesso à comunidade de Japu, que só se comunica com a sede por uma ponte.

“A água está passando por cima da ponte. Os moradores estão ilhados e só de barco para atravessar”, disse Neres. Ele relatou que as regiões mais atingidas em Ilhéus, são Vila Cachoeira, onde 8 famílias tiveram as casas inundadas, e Banco da Vitória, que onde 10 famílias tiveram as casas submersas. As últimas ocorrências deste tipo foram há 6 anos, quando o rio demorou uma semana para retornar ao normal. O período mais chuvoso no sul no estado é de novembro a março.

Na casa da bacharel em direito Vanessa Santana, 29, abriram-se goteiras: “Choveu muito, e, como a casa é de telha, acaba vazando, não tem para onde correr”. Na rua da estudante Letícia da Hora, 21, alagou tudo: “Sempre alaga de maneira absurda”.

Ibicaraí
No município de Ibicaraí, os alagamentos também foram causados pela elevação do rio Salgado, situação que também aconteceu nos últimos 2 anos. O coordenador da Defesa Civil da cidade, Ronny dos Santos, informou que são mais de 50 famílias desalojadas, apesar de só ter chovido 30 mm na última noite. “Os rios estão quase passando por cima das pontes e muitas casas alagaram, já que a maioria é de telha”, relatou o morador Juvan Pinheiro, 24.

A candidata a vereadora Nara Nogueira contou que a comunidade está coletando doações para ajudar quem teve perdas: “A secretária de educação liberou colégios e creches para abrigar as pessoas e está todo mundo fazendo campanha para arrecadar roupa, alimento, colchão. Não existe política em uma hora dessa, existe solidariedade”, disse Nogueira.

Sudoeste
Em Ibicuí, as chuvas deixaram mais de 20 famílias sem casas. O CORREIO não conseguiu contato com a prefeitura de Piatã. No norte da bahia, também choveu, mas não chegou a provocar tantos estragos. O prefeito de Senhor do Bonfim, Carlos Brasileiro disse que as maiores avarias foram nas ruas: “Os estragos são comuns, em algumas estradas de sinais e alguns bairros que ainda não têm pavimentação, mas nada grave”, afirmou Brasileiro.

Meteorologista do Inmet, Cláudia Valéria da Silva, explica que as chuvas nas regiões Sul, Sudoeste e Oeste da Bahia são comuns entre outubro e março: “Nesse momento, tem uma frente fria associada à convergência de umidade que chega pelo oeste. Quando os fenômenos da natureza chegam de uma forma mais intensa, acabam provocando chuva para além daquelas áreas se espera”.

Ela também ressaltou que as precipitações no Sudoeste e Sul baiano devem persistir nos próximos meses. Desde a tarde de domingo, o Inmet publicou alerta laranja para chuvas na Bahia, o que quer dizer que há uma situação meteorológica perigosa, com fortes chuvas e ventos intensos. Isso pode causar corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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