Autoridades públicas de saúde e educação descartam retorno das aulas presenciais

Autoridades públicas de saúde e educação descartam retorno das aulas presenciais

Com o número crescente de novos casos de contaminação pelo novo coronavírus e o índice elevado de óbitos nos últimos dias, autoridades em educação e saúde da Bahia voltaram a descartar, ontem, a possibilidade de o estado retomar as aulas presenciais neste momento. Durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), os gestores afirmaram que o retorno só será possível quando houver uma redução da curva de contaminação e uma menor pressão sobre o sistema de saúde do estado, que corre o risco de sofrer um colapso.

Depois de uma segunda-feira conturbada em que duas liminares da Justiça que permitiam a volta das aulas na modalidade de ensino híbrida e facultativa tiveram os seus efeitos suspensos por Lourival Trindade, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Fábio Vilas-Boas, titular da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Marcelo Oliveira, secretário Municipal de Educação de Salvador (Smed), e Jerônimo Rodrigues, titular da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), reafirmaram o compromisso por um retorno próximo.

Salas de aula descartadas

Durante as falas sobre o desenvolvimento da pandemia no estado e o impacto da contaminação na impossibilidade de um retorno, os secretários fizeram questão de ressaltar como o momento é de alerta dado aos números que assustam os governantes em relação à pandemia. Vilas-Boas, inclusive, destacou que houve uma piora inesperada na situação sanitária da Bahia. “Quando a gente achou que ia melhorar, a coisa voltou a piorar de maneira muito rápida. Há duas semanas, eu defendia a volta às aulas. Mas, nesse período, as coisas mudaram. Antes, o número de pessoas que não conseguiam leitos no estado era de 30. Nos últimos dias, isso saltou para 104. O número de óbitos aumentou em uma proporção jamais imaginada por nós. Estávamos em uma média de 30 e isso saltou para 60”, citou.

Para ele, esses dados mostram para o Governo, que gostaria do retorno às aulas presenciais, que tomar essa decisão e mobilizar milhares de pessoas nas ruas à caminho dos centros de educação seja um passo indevido.. “Nosso viés é de querer voltar às aulas, mas diante desses números ficamos muito preocupados porque não sabemos o que pode acontecer amanhã. Podemos ser inundados por novos casos e colocar milhares de pessoas de volta às ruas rumo às escolas não parece uma boa decisão", declarou.

Jerônimo Rodrigues acompanhou a fala de Vilas-Boas e disse também que, em sua visão, só é possível pensar em um retorno presencial com um nível de pessoas vacinadas muito maior do que temos no momento. O secretário também se dirigiu às escolas particulares afirmando que o Governo não vai ser contra liberações para retorno presencial assim que o cenário permitir. “À rede particular, digo que o Estado não vai se opor, em um momento oportuno, a fazer liberações para o retorno às aulas. Faremos isso assim que houver um sinal de que essas liberações não possam virar mais um potencial foco de contaminação", garantiu.

Alternativas para o ensino remoto

Além de descartar o retorno presencial, o secretário de educação Marcelo Oliveira apresentou detalhes sobre a volta em regime remoto e as alternativas que serão desenvolvidas pela Smed para combater problemas já notados no modelo de ensino remoto na cidade. "Esperávamos que pudéssemos retornar em fevereiro ou em março, mas não há de se falar em retorno presencial de aulas na situação em que vivemos. Estamos cientes dos riscos de evasão escolar mesmo com o retorno sendo remoto. Já temos equipes preparadas para realizar ações de resgate para os alunos que fizerem essa evasão”, informou.

A nossa reportagem procurou a Smed para entender os detalhes do plano de ação que pretende reduzir problemas inerentes ao modelo remoto de educação. Ao CORREIO, o secretário Marcelo Oliveira explicou como o retorno deve acontecer.“Os alunos estão afastados da escola há quase um ano e precisamos retomar o contato com eles. Nosso ensino remoto vai acontecer pela televisão por ser o meio mais democrático e aulas que serão acompanhadas de caderno de atividades que serão distribuídos para todos alunos e devolvidos semanalmente para que sejam corrigidos”, contou.

Segundo Marcelo, a ideia do caderno serve também para ter um meio de análise do envolvimento dos alunos na aula. Isso porque, se as atividades não forem cumpridas, equipes vão até a casa dos discentes numa ação que o secretário chamou de busca ativa. “Aqueles alunos que não estiverem fazendo as atividades vão mostrar que não estão participando das aulas e, por isso, vão ser alvos do que chamamos de busca ativa em suas residências. Essa ação vai funcionar com a ida de servidores nessas casas para entender o que está acontecendo para o não preenchimento das atividades e alertar os pais para ausência de participação de seus filhos na aula”, disse.

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    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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