Economia circular gera oportunidades de negócio com gestão de resíduos na Bahia

Economia circular gera oportunidades de negócio com gestão de resíduos na Bahia

Fazer do que é visto como lixo, um luxo. É esse o lema da Liga Transforma, startup soteropolitana que recicla lixo têxtil em design de moda. Um modelo de negócio baseado na Economia Circular, que repensa formas de produção, consumo e descarte de materiais, criando um segundo ciclo para resíduos.

Quando se pensa na vida útil de uma roupa, fala-se, a grosso modo, em três etapas: produção, uso e descarte. É justamente a terceira fase que deixa de existir quando a lógica produtiva é a moda circular. Troca-se o descarte pela coleta. Processo que Lourrani Baas, CEO e fundadora da startup, realiza de telefonema em telefonema.

"É bem manual. Eu pesquiso marcas, confecções e tecelagem da cadeia de moda e entro em contato. Faço a apresentação do projeto, consigo o resíduo têxtil e pago para fazer a coleta", conta a empresária.

E o "lixo" vira luxo mesmo. Tanto é que a Liga Transforma ganhou o prêmio Fashion Futures da C&A na categoria Designer de Sustentável, em 2021. Ao todo, 323 empresas de todo o Brasil se inscreveram. Porém, foram selecionadas apenas quatro iniciativas e uma personalidade.

Quem também lança fora a palavra descarte é a Solos, empresa que trabalha com projetos de gestão de resíduos plásticos. O maior deles é o Braskem Recicla, iniciativa conduzida em parceria com a empresa que a batiza e que já reciclou mais de 67 toneladas de material.


Itinerante, o projeto já passou por cidades como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo e funciona por duas vias, como explica Saville Alves, co-fundadora da Solos. "A primeira é da logística reversa, onde a gente mapeia estabelecimentos para mobilizar e engajar pessoas a separar materiais e fazer reciclagem, ficando com esse material para a Solos. Além disso, criamos uma estrutura para falar de economia circular de forma lúdica", conta Saville.

Economia do presente

Tanto a Liga Transforma como a Solos são iniciativas de sucesso de uma economia que, apesar de vista como 'modelo do futuro' por muitos, é a cara do presente. Pelo menos, é o que afirma Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da Braskem na América do Sul. Ela cita a cadeia do plástico em que a Braskem está envolvida como exemplo disso.


“Na região, temos os catadores, os recicladores, os clientes transformadores com resinas virgens e recicladas e algumas iniciativas que levam conhecimento para população sobre a destinação correta do que, na verdade, é matéria prima e não resíduo. [..] É uma cadeia bem estruturada”, fala a diretora.

E o sucesso de projetos circulares baianos no presente não se limita a cadeia do plástico ou da já solidificada cadeia do alumínio, com reciclagem de latas. Andreia Barbosa, analista do Sebrae, cita outro setor da produção circular que se destaca pelo impacto que tem.
"Quando a gente fala de Economia Circular no nosso território, vejo cadeias produtivas relevantes além de alumínio e plástico. Pelo impacto que gera, a cadeia da moda é chave porque essa indústria é uma das mais poluentes", cita ela, ressaltando que setores mais problemáticos podem virar os de mais oportunidades para economia circular com a mudança no pensamento de produção.

Mercado com demanda

Quem está dentro do mercado concorda com a fala da analista. Lourrani Baas vê na moda circular um mercado ainda repleto de lacunas considerando o fato da diversidade matéria prima têxtil disponível que é descartada como resíduo.

"Tem muito espaço! A gente vê que resíduo tem aos montes, a cadeia produtiva da moda não para. Se tem matéria prima, só falta mesmo as pessoas verem a moda circular como futuro urgente, necessário e limpo. E que tem que acontecer agora", diz Lourrani.

O espaço para novas empresas não é exclusividade da moda circular. Para cadeias produtivas mais consolidadas, como a do plástico, também há lugar para novos empreendedores em busca de soluções do tipo.

“Essa cadeia tem se consolidado ainda mais porque o plástico tem uma diversidade de aplicações e tipologias que acabam ampliando a cadeia. Além disso, tem um valor agregado que o deixa competitivo. Então, é de interesse e prioridade para novos empresários no ramo”, explica Saville Alves, da Solos.

Oportunidades

Para ilustrar ainda mais como essas cadeias são ambientes de novas oportunidades, a reportagem traz dicas de negócios para pequenas empresas dentro da Economia Circular baseadas nas conversas com os entrevistados:

Cadeia da moda

Coleta de matéria prima - Em um setor onde os resíduos existem aos montes e são, muitas vezes, descartados, ter um negócio que faça a ponte entre o material têxtil com empresas de moda circular é rentável por existirem meios de obter a matéria prima através de doação e transformá-la em renda negociando com empresas que não têm como fazer a coleta.

Brechós - Investir em brechós e feiras itinerantes onde você ressignifica aquela peça de roupa vista antes como um item para descarte e transforma em um produto de qualidade para venda é outra boa opção. Além do que a Liga Transforma, a Renner e a C&A já fazem, transformando esses itens em luxo, com roupas personalizadas.

Cadeia do plástico

Design em plástico - Com um mercado solidificado em áreas como coleta, separação e reciclagem, optar por ter um negócio que produza desde produtos ornamentais ou de uso prático como cadeiras, revestimentos de piso e paredes e outros itens.

Coleta de matéria prima - Apesar de existirem muitas cooperativas de coleta do plástico, as empresas estão longe de cobrir todas as áreas de descarte do estado. Por isso, localizar uma região/bairro com volume alto de descarte, promover a separação e coletar o resíduo pode ser uma iniciativa rentável.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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