Duas barragens estão em estado de alerta na Bahia, aponta relatório nacional

Duas barragens estão em estado de alerta na Bahia, aponta relatório nacional

Duas barragens de água localizadas na Bahia estão classificadas no risco de “alerta” pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), do governo federal. A Jteu 784, no município de Eunápolis, e a Mirorós, em Gentio do Ouro, aparecem em situação crítica no Relatório de Segurança de Barragens 2022. As barragens são geridas pela Veracel Celulose S/A e pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), respectivamente. De todas as estruturas desse tipo no estado, essas são as que mais preocupam a Agência Nacional.

Para que a situação de uma barragem seja considerada preocupante, uma série de fatores são levados em consideração. No caso da barragem em Eunápolis, no sul baiano, excesso de vegetação nos terrenos inclinados (talude), acúmulo de água e erosão, são alguns dos motivos de preocupação. A função principal da Jteu 784 é irrigação, possui 4,8 metros e a última inspeção feita no local foi em janeiro de 2020, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (Snisb).

Já na barragem da Codevasf, o problema está no vertedouro, que é diferente do que foi projetado inicialmente. A estrutura tem a função de descarregar a água e, no caso de Gentio de Ouro, a capacidade real de descarga da barragem é desconhecida. A altura da estrutura chega a 55 metros e é utilizada para abastecimento humano, especialmente. Segundo o Snisb, a última inspeção ocorreu em agosto de 2021.

Em nota, a Veracel Celulose informou que realiza avaliações técnicas independentes, que atestam a segurança da barragem. "Avaliações técnicas realizadas periodicamente por empresas especializadas e independentes identificaram que a barragem está estável e opera de acordo com todos os requisitos de segurança e em conformidade com a legislação vigente", pontua. "Essa é uma pequena barragem de terra para acúmulo de água. Possui altura de 1,2 metro de maciço por 9 metros comprimento. O espelho d'água possui uma largura média de 40 metros", informou. As carcaterísticas divergem do Sistema Nacional de Informações.

Apesar de citadas no Relatório de Segurança, as estruturas que preocupam não representam necessariamente risco de rompimento, de acordo com a Agência Nacional de Águas. Na Bahia, 790 barragens estão cadastradas no Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) - órgão responsável pela fiscalização das estruturas e quem repassa as informações para a elaboração do levantamento.

Em nota, a ANA explicou que solicita aos órgãos fiscalizadores uma lista das barragens que mais preocupam. "Isto é, barragens que possuem algum comprometimento quanto à segurança e que, em caso de acidente, têm potencial de perda de vidas humanas. Essas estruturas devem ser levadas em consideração quando da aplicação de recursos e implementação de políticas públicas e, principalmente, no estabelecimento de critérios de prioridade para atuação desses órgãos fiscalizadores", pontua. O Inema foi questionado sobre a situação das duas estruturas citadas no relatório, mas não respondeu se os reparos indicados foram realizados.

Especialista em segurança de barragens, o engenheiro Paulo Machado explica que qualquer sinalização de risco deve ser investigada pelos órgãos competentes. “O alerta merece que haja uma inspeção de um especialista, que deve indicar providências a serem cumpridas”, diz. Porém, Paulo Machado afirma que, ao seu ver, o alerta da barragem de Mirorós, em Gentio de Ouro, não apresenta risco iminente.

“A barragem de Mirorós foi construída nos anos 90 e já tem mais de 30 anos de concluída. A probabilidade de uma barragem ter a vazão excedida é da ordem de um para mil, pelo menos, então, é algo que não me assusta nesse momento”, pontua o especialista. Sobre a barragem de Eunápolis, da Veracel Celulose, Luis Edmundo Campos, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, indica a necessidade de manutenção.

“A barragem foi colocada como sendo de risco porque há problemas de manutenção, é como se fosse uma estrutura que não está recebendo a devida atenção, mas é difícil dizer se há risco real ou não”, pontua.

Cai o número de barragens de risco
Entre 2021 e 2022, o número de barragens em situação crítica diminuiu na Bahia, de acordo com o relatório da ANA. Em 2021, seis estruturas estavam comprometidas: Apertado (Mucugê), Araci, Tábua II (Ibiassucê), Serra Branca/Alto Grande (Araci), Delfino (Umburanas) e Usina CIP (Barrocas). Nenhuma delas foram citadas no levantamento mais recente, publicado na última sexta-feira (30).

Nacionalmente, a segurança das barragens também melhorou, o que, segundo o Relatório, é consequência do avanço da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). O número de estruturas identificadas como preocupantes caiu de 187 para 122 no país, o que representa uma queda de 35%. Os estados que mais possuem estruturas em alerta são: Pará (35), Minas Gerais (14) e Pernambuco (13).

Falta de informações dificulta medidas de segurança
Das 495 barragens fiscalizadas pelo Inema na Bahia, 265 apresentam categoria de risco alto, 129 médio e 49, baixo. A classificação CRI (Categoria de Risco) é feita de acordo com aspectos que influenciam na possibilidade de acidente ou desastre relacionados ao projeto, construção e manutenção. O problema é que muitas dessas estruturas não possuem informações suficientes nos registros, o que as classifica automaticamente como “risco alto”. Quase metade (49%) das barragens em território baiano possuem baixa completude de informações.

“Existe um grande número de barragens irregulares e não cadastradas que foram construídas sem a devida solicitação e consequentemente autorização para operação, portanto não sendo possível identificar empreendedor ou informações técnicas para um cadastro minimamente consistente”, pontuou o Inema em relatório divulgado neste ano.

A Política Nacional de Segurança de Barragem foi instituída no Brasil em 2010 para garantir o monitoramento e acompanhamento das ações dos proprietários das estruturas. Só em 2020, depois dos desastres de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, a necessidade de realização de programas de treinamento para as comunidades potencialmente afetadas foi incluída no programa.

Três anos após a determinação de simulações periódicas, a Usina Hidrelétrica de Pedra do Cavalo realizará seu primeiro exercício prático de simulado de emergência, no domingo (9), a partir das 10 horas. Ao todo, 40 mil pessoas que moram nas zonas de autossalvamento dos municípios de Cachoeira, São Félix e Maragogipe devem participar do exercício.

O objetivo do simulado é orientar e capacitar a população sobre como agir em eventuais situações de emergência, como explica o gerente de Operações da Usina, Dejair Lima. “Esse exercício serve para aferirmos o tempo de deslocamento para que, em eventuais emergências, a população esteja preparada e ciente de como deve agir em situações como essas”, diz. A hidrelétrica é responsável por 60% do abastecimento de água de Salvador e tem a função de regularizar a vazão de cheias do Rio Paraguaçu.

Quando os moradores das três cidades ouvirem a mensagem de atenção e toques de sirenes, no domingo, deverão seguir a pé as placas de rotas de fuga instaladas até o ponto de encontro mais próximo. São 27 pontos desse tipo mapeados nos três municípios. A Usina recomenda que moradores que gravarem a simulação, citem que a prática é preventiva e que não há risco real de desastre, para evitar alarde na população.

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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