O assassinato do empresário Welton Lopes Costa, 34 anos, não foi a primeira vez que o autor dos disparos, um PM aposentado de 98 anos identificado como Tzeu, apertou o gatilho contra moradores no Largo Dois de Julho. Apontado como um idoso violento, ele já atirou contra um policial que residia no bairro, pedintes e até ameaçou de morte crianças da região. A conduta reprovada por moradores e comerciantes lhe rendeu o apelido de Bin Laden, em referência a Osama bin Laden, fundador do grupo terrorista Al-Qaeda.

“Esse senhor é uma pessoa muito violenta. Já vinha dando sinais que um dia iria causar uma tragédia. O bairro inteiro não gosta dele. Sempre andou armado, ameaçando as pessoas, atirando em moradores”, declarou o irmão de Welton, Welber Lopes Costa, 33. Welton tinha uma empresa de instalação de ar condicionado e câmeras de segurança. No domingo, após retirar a mulher à força de um bar, o empresário foi baleado quando o PM interveio na discussão do casal.

Depois da morte de Welton, moradores relataram que o idoso já disparou contra um policial militar da ativa que residiu no bairro. “Certa vez ele atirou num policial, um morador daqui. No dia, houve um bate-boca entre os dois e ele foi pra cima e disparou mais de uma vez, a mesma coisa que fez com Welton. A sorte dele é que o policial não foi atingido e é uma pessoa tranquila e em seguida resolveu se mudar”, contou um amigo do empresário assassinado.

Os moradores e comerciantes relataram que Tzeu agia com violência com quem mexia nas plantas e árvores da Praça Inocêncio Galvão, que fica em frente ao Edifício Isaura, onde mora com a família. “Da janela, ele atirou em pessoas para que não tocasse nas plantas. Outro dia, uma pessoa em situação de rua quase morreu porque tentou levar uma muda”, relatou um morador. Segundo ele, o aposentado não gostava também que outras alimentassem os pombos da praça. “Ele acha que é dono até dos bichos. Horas antes de Welton ter sido morto, ele atirou num rapaz que ousou dar comida para um pombo. Ele viu e começou a disparar”, relatou.

Crianças
De acordo com algumas mães, o PM aposentado não gosta de crianças. Ele colocou arame farpado no entorno de uma mangueira. “Isso foi para os meninos não subirem. Ele diz pra todo mundo que foi ele quem plantou e que não quer ninguém subindo, que quem tentar tirar o arame vai levar tiro. As crianças aqui têm medo dele, tem pavor quando dão de cara com ele. O povo daqui o chama de Bin Laden, porque ele é uma pessoa extremamente violenta, tanto que o resultado foi a morte a morte de um vizinho e amigo queridíssimo, Welton”, disse uma mãe.

Um comerciante disse que há 15 dias o idoso atirou contra um rapaz que tentou mesmo com o arame subir na mangueira. “Ele atirou pra cima e depois apontou para o rapaz que ficou estático, que não imaginava que ele fosse capaz daquilo. Era um menino fazer arte de moleque, pegar magas. A gente teve que gritar para ele parar com aquilo, foi quando o menino saiu apavorado. Outro dia, uma criança disse que ia pegar uma flor vermelha que estava no jardim do prédio e ele mostrou a arma que estava cintura, ou seja, ameaçou matar”, contou.

Conivência
Ainda de acordo com moradores e comerciantes do Largo Dois de Julho, os parentes do idoso seriam coniventes com condutas. “ Principalmente a filha. Nós alertamos ela várias vezes sobre tudo o que ele vinha fazendo e nada foi feito. Como é que uma pessoa da idade dele anda armada? Se ele fosse o meu pai, já teria tomado essa arma. A única pessoa que é contra tudo isso é a mulher dele, também uma idosa. Toda vez que ele faz essas coisas, ela briga com ele, aí os filhos defendem o pai”, declarou um morador.

A equipe de reportagem procurou a família do idoso, mas ninguém foi encontrado no edifício.

Crime
Segundo moradores, Welton comprou um carro novo ontem e estava celebrando. Todos os envolvidos moram no Dois de Julho. A esposa dele, Jennifer, que trabalha em uma padaria da região, demorou para voltar para casa e ele acabou indo até o local para buscá-la porque os dois filhos estavam com fome. Na volta para casa, os dois começaram a brigar.

O suspeito, segundo os moradores, estava bebendo em uma churrascaria próxima desde cedo. Ele viu a discussão e se aproximou. O vídeo mostra que ele seguiu o casal, mas foi ignorado pelos dois. O idoso é conhecido como uma pessoa temperamental e agressiva pelos moradores da região, que dizem que é normal ele andar armado. As imagens não mostram nenhum tipo de agressão - a cena sai de foco, mas logo é possível ouvir os disparos.

Testemunhas contam que ouviram ele dizer: "Olha para cá, seu filho da puta!". Welton chega a virar - momento em que o idoso atira três vezes. Dois tiros atingiram Welton no peito e o terceiro atingiu Jennifer no pé. O filho adolescente, que tinha acompanhado o pai, se afastou ao notar a presença de Tzeu, justamente por saber do histórico dele, mas voltou ao ouvir a confusão e viu o pai ser baleado. Welton chegou a ser socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu. Jennifer foi levada para a mesma unidade.

Logo depois do crime, o idoso é dominado pelos moradores. Levado para a delegacia, ele alegou que agiu para se defender após ser agredido no braço, de acordo com as testemunhas. Também contou que Welton estava agredindo a mulher, o que não aparece nas imagens. Os moradores dizem que a lesão no braço dele foi do momento após o crime, quando parte das pessoas tentou linchar o idoso e outra parte impediu. Uma equipe do 18º Batalhão da Polícia Militar foi até o local após o crime.

"Ficamos sabendo na delegacia que o assassino disse que atirou porque Welton teria agredido ele primeiro. Isso é mentira. Todos viram que isso não aconteceu e as imagens mostram também que ele é mentiroso, que a todo momento era ignorado por Welton e a mulher. Depois que ele matou Welton, as pessoas queriam linchar ele, por isso ele ficou com uma marca no braço", contou um comerciante.

Em nota, a Polícia Civil diz que o caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS). O idoso foi ouvido e liberado, mas continua sendo investigado, informa a instituição. A arma, um revólver calibre 32, foi apreendida e imagens de câmeras de segurança serão analisadas. O suspeito poderá ser indiciado por homicídio e tentativa de homicídio.

Protesto
"Até agora a ficha não caiu ainda. O cara estava bebendo comigo à tarde, comemorando a compra de um carro. Ele (Tzeu) matou um cara de ouro. Tudo que eu precisava, ele me ajudava . Outro dia, disse que estavam me roubando e ele ofereceu a instalação das câmeras de segurança, mas disse que estava sem dinheiro. Ele então respondeu: 'Relaxe! Você me paga com cerveja'. Ele era um cara fabuloso", disse um amigo da vítima, que tem uma pizzaria no bairro. Welton trabalhava instalando ar-condicionado e câmeras de segurança.

Depois do crime, moradores picharam "Vai morrer, velho assassino" em um prédio da região que é de Tzeu, e onde ele mora com a família. A esposa e dois filhos dele deixaram o local. Ambos são adultos e já teriam conhecimento das atitudes agressivas do pai na região. Houve um protesto em frente ao local. O grupo ateou fogo a objetos no local e bombeiros foram até lá e contiveram as chamas.

Moradores contam que ontem também Tzeu atirou contra um morador de rua que teria mexido em plantas que ele cuidava no local. O tiro não atingiu o rapaz. Para eles, o crime foi motivado por racismo de Tzeu, que também não gostava de moradores de rua e crianças e se envolvia sempre em confusões.

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O policial civil Joel dos Santos de Jesus, 49 anos, foi assassinado na noite desta segunda (12), na Rua Camilo de Jesus Lima, no bairro de Santa Mônica, nas proximidades do Conjunto Bahia, em Salvador. Joel dos Santos era lotado no Departamento de Polícia Metropolitana (Depom). A morte foi confirmada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc).

O policial estava acompanhado de duas mulheres e um homem, quando um carro preto, com vidros escuros, parou ao lado do grupo, que conversava no fundo de uma pick up. De acordo com a polícia, o local onde o grupo estava é um restaurante. Dois homens saíram do carro e anunciaram o assalto.

De acordo com as imagens de câmeras de segurança do local, a dupla de assaltantes parece perceber que o policial estava armado. Um dos criminosos, que usa uma farda azul, tenta alcançar algo na calça de Joel, quando o outro criminoso dispara.

Baleado, o policial caiu no fundo do carro onde conversava. O homem que estava com Joel e ficou de braços levantados durante a ação reagiu após a fuga dos bandidos e disparou contra o carro. Um dos bandidos se jogou em cima do veículo, já em movimento, para escapar.

De acordo com Centro Integrado de Comunicação da Secretaria de Segurança Publica, o Samu foi acionado. No entanto, o Sindpoc informou que o policial morreu no local. O Cicom informou ainda que viaturas estão em ronda na área em busca dos autores do crime. Veja abaixo imagens de câmeras de segurança da rua.

No final da noite, a Polícia Civil divulgou nota sobre a morte de Joel dos Santos. De acordo com o comunicado, o policial não estava de serviço e visitava familiares no bairro de Santa Mônica. A Delegacia de Homicídios vai investigar o crime.

Nota da Polícia Civil sobre Santa Mônica

Equipes de diversos Departamentos da Polícia Civil apuram a morte do investigador Joel dos Santos de Jesus, de 49 anos, atingido por disparo de arma de fogo, na noite desta segunda-feira (12), na Rua Camilo de Jesus Lima, no bairro de Santa Mônica. De acordo com informações iniciais, o policial civil, que não estava de serviço, visitava familiares, quando dois criminosos em um veículo Ford Fiesta, cor preta, anunciaram um assalto. Durante a ação criminosa, a dupla percebeu que a vítima estava armada e atirou contra o investigador, que morreu no local. A Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) dará seguimento às investigações.

 

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Uma discussão de família terminou em tragédia no bairro de Brotas. O borracheiro Jacildo Pereira das Neves, 44 anos, foi morto a tiros pelo próprio filho na casa onde moravam. Ele espancava a esposa com um porrete quando o filho, chamado Joanderson, flagrou a cena e saiu em defesa da mãe. O fato ocorreu na manhã do último domingo (7), por volta das 8h.

Segundo moradores da região, a mulher era agredida constantemente pelo marido, que a proibía de sair de casa. Eles contam ainda que, no dia do crime, marido e mulher estavam brigando quando o borracheiro se exaltou e começou a espancar a esposa. Ao ver a cena, o filho mais velho do casal pegou uma arma e atirou três vezes no pai, que morreu na hora. Joanderson, de 22 anos, é o mais velho de quatro irmãos e era considerado o xodó do pai.

A casa onde a família mora fica nos fundos da borracharia onde Jacildo trabalhava, na Rua Direta da Polêmica, no trecho do Parque Bela Vista, próximo à entrada do Conjunto dos Comerciários. Na hora em que tudo aconteceu, todos estavam em casa: além dos pais e do filho mais velho, os outros três filhos, duas moças e um menino.

Nesta manhã, o irmão de Jacildo, Joselino Pereira, foi ao local do crime e disse que a família está assustada com tudo que aconteceu. “Foi um negócio muito rápido. Quando soube da confusão, o pior já tinha acontecido”, disse em frente à borracharia, que foi erguida por pai e filho.

Sobre o sobrinho ter saído em defesa da mãe, ele preferiu não comentar. “Não estava na hora, não tenho como dizer nada sobre isso. As pessoas que estavam na hora são quem poderiam dar os detalhes, mas não estão aqui. A casa está vazia”, disse.

Joselino contou ainda que a família está consternada, principalmente porque pai e filho tinham uma boa relação. “Estamos sem entender até agora o que aconteceu. Ele (Joanderson) era o braço direito do pai. Os dois se davam muito bem. Só viviam juntos. Para se ter uma ideia, o filho era a pessoa de confiança dele na borracharia. Quando meu irmão não estava, quem resolvia era o meu sobrinho”, relatou.

O tio do rapaz disse ainda que não sabe de quem é a arma usada no crime. “Isso é algo que não sei. Como essa arma apareceu nessa casa ninguém sabe. Só Joanderson mesmo para explicar”, declarou.

Mais cedo, outros parentes foram ao Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues para fazer a liberação do corpo do borracheiro, entre elas, duas irmãs de Jacildo. Abaladas, elas preferiram não falar sobre o caso, mas confirmaram o que ocorreu.

“Sim, foi o filho que matou o próprio pai. Mas não queremos falar sobre isso, porque é muito doloroso para a família. É muito duro saber que meu irmão foi morto pelo meu sobrinho”.

Investigação
De acordo com a Polícia Civil, que investiga o crime, Jacildo foi atingido por três disparos. “De acordo com os relatos iniciais, os tiros foram deflagrados pelo filho da vítima, após uma discussão. Foi realizada perícia no local e as testemunhas devem prestar depoimento. O crime será apurado pela 1ª DH/Atlântico. O suspeito ainda não foi localizado”, diz nota.

Já a Polícia Militar informou que policiais da 26ª Companhia Independente da PM (CIPM/Brotas) foram acionados após receber informações que um homem tinha sido vítima de disparos de arma de fogo no interior de uma residência. “Como a vítima não resistiu aos ferimentos, a área foi isolada e o Serviço de Investigação de Local de Crime acionado para proceder com a perícia e remoção do corpo”, diz nota enviada.

O enterro de Jacildo foi realizado às 14h desta segunda no cemitério municipal de Paripe. Até o momento, não há informações sobre a localização do autor do crime.

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Uma jovem de apenas 23 anos e cheia de sonhos, que foram interrompidos por um tiro na barriga. A operadora de caixa que morreu após um assalto no Mercado JN, no bairro de Valéria, tinha nome, sobrenome, família e uma filha de apenas 8 anos.

"Não tem como não falar dela sem lembrar como ela era feliz, uma menina cheia de sonhos, de planos e de uma alegria que me conquistou e conquistou a todos que conheceram ela enquanto esteve viva. Ela era do bem, nunca fez mal a ninguém, não merecia isso", disse o companheiro dela, Daniel MSilva, 35 anos.

Alicia Gonçalves dos Santos era casada com ele há seis meses. Ela estava em mais um dia normal de trabalho, quando ocorreu um assalto no mercadinho onde ela operava o caixa. O crime aconteceu na noite de quarta (3), por volta das 19h, na Rua da Matriz. Já era fim do expediente quando quatro assaltantes apareceram, invadiram o estabelecimento e anunciaram o roubo, que acabou em tiroteio após um dos clientes, que também estava armado, reagir à abordagem e disparar várias vezes contra os criminosos, que revidaram.

Na confusão, Alicia foi atingida de raspão, na barriga, por uma bala perdida. Ela chegou a ser socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento, onde passou por reanimação, mas não resistiu.

A morte de Alícia deixou a família da operadora desnorteada. "Eu estava em casa, pronto para buscar ela porque o bairro estava deserto. Tinha falado minutos antes com Alícia, que me disse que faltava pouco pra sair. Nesse meio tempo, ainda em casa, ouvi os tiros. Achei que fosse em outro lugar, outra rua, mas foi lá", disse Daniel, segurando o choro. Ele só soube que ela foi atingida quando um carro com colegas de trabalho da esposa foi até a sua casa avisar.

Para o marido, ainda era difícil assimilar a morte de sua companheira. "Foi muito doloroso, era a minha esposa. Ela mudou a minha vida, me ajudou e me fez uma pessoa melhor, fez tudo ficar melhor. Não sei nem descrever o que eu senti quando eu fiquei sabendo na UPA que não tinham conseguido reanimar ela. Fiquei sem chão, sem saber o que estava acontecendo", relatou.

Daniel relatou ainda que não sabe como ele e a enteada lidarão com a saudade de Alícia. "Deixou um buraco, vai fazer uma falta muito grande pra todo mundo que amava ela porque nos fazia muito bem. Eu estava com ela há seis meses, mas parecia quinze anos do tanto que ela é importante para mim", completou.

Segundo informações da Polícia Civil, a 3ª Delegacia Habitacional está investigando o ocorrido e já solicitou imagens de câmeras de segurança do estabelecimento para ajudar na identificação dos autores dos disparos.

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Após o bairro de Valéria registrar uma quarta-feira de violenta, com quatro mortos, a região registou mais um homicídio nesta quinta-feira (4). A vítima foi Evandro Costa dos Santos, 36 anos, baleado na Rua da Boca da Mata, nas imediações da Unidade de Pronto-Atendimento do bairro. A 3ª Delegacia de Homicídios (Bahia de Todos os Santos) investiga a morte.

Procurada, a Polícia Civil disse que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) determinou que o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) "atuem em conjunto e com celeridade nas cinco últimas ocorrências de homicídios em Valéria que, segundo apuração inicial, têm relação com o tráfico de drogas".

De acordo com os moradores, todas as cinco vítimas foram mortas a tiros em regiões do bairro onde atualmente está acirrada a disputa pelo controle total do tráfico de drogas entre as facções Katiara e Bonde do Maluco (BDM).

Ainda segundo eles, o bairro está em guerra desde novembro do ano passado, quando o traficante Jho, integrante da Katiara, foi sequestrado e morto por homens armados ligados ao BDM. Jho estava no Penacho Verde, área de atuação da Katiara, quando foi sequestrado por integrantes do BDM da Palestina, que também atua em algumas localidades de Valéria. O corpo dele foi encontrado na estrada. Desde então, o bairro vive em guerra.

Boca da Mata
O corpo de Evandro foi localizado por volta das 21h desta quinta. De acordo com a Polícia Militar, policiais da 31ª Companhia Independente da PM (Valéria) foram acionados após receberem uma denúncia com a localização do corpo de um homem vítima de disparos de arma de fogo, na via principal da rua Boca da Mata, no bairro de Valéria, na noite de quinta.

No local, a guarnição constatou o fato, isolou a área e acionou o Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc), que procedeu realizando a perícia e remoção. Autoria e motivação que são desconhecidas serão investigadas pela Polícia Civil.

A Polícia Militar disse ainda que já intensificou o policiamento através do emprego de guarnições da 31ª CIPM e o apoio de equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), do Grupamento Aéreo (Gaer), da Rondesp BTS e de unidades ordinárias componentes do orgânico da Baía de Todos os Santos (BTS), que ocuparam o local e estão realizando rondas e abordagens na região.

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O jovem Wagner Santana Bispo da Silva, 19 anos, era balconista de uma padaria em um turno e, no outro, trabalhava em um lava-jato na Boca do Rio. Seu desejo era seguir a carreira militar. Em dezembro passado foi convocado pelo Exército e se apresentaria em um batalhão nesta segunda-feira, 25. O sonho do rapaz, no entanto, foi interrompido. Wagner e outras 14 pessoas foram assassinadas entre o sábado e o domingo, nesse que já é o final de semana mais violento de 2021 em Salvador e na Região Metropolitana (RMS).

No sábado (23), foram quatro homicídios, e no domingo (24), 11 pessoas tiveram suas vidas abreviadas pela violência. Os dados são dos boletins diários das ocorrências policiais, à disposição no site da Secretaria de Segurança Pública (SSP). No primeiro final de semana do ano (dias 2 e 3) foram 7 assassinatos. No segundo (9 e 10 de janeiro), o número de mortos já saltou para 13. Já no terceiro final de semana de 2021 (dias 16 e 17) foram 8 pessoas mortas.

A maioria dos assassinatos dos dias 23 e 24 ocorreram em Salvador. Foram 8 só na capital, Wagner entre elas. Ele foi morto no sábado, na Boca do Rio. O rapaz havia parado em um bar para falar com amigos quando traficantes chegaram atirando aleatoriamente. Ele correu e acabou baleado nas costas.

Entre os casos registrados na RMS, duas pessoas foram mortas no domingo na cidade de Candeias, entre elas o vereador André Luiz Ferreira de Araújo (PP), conhecido como Júnior CCA. Ele foi o quinto mais votado na última eleição e estava em seu primeiro mandato. Foi morto com vários tiros dentro de um bar por um homem que chegou ao bairro Sarandi em uma moto. A mulher dele também foi baleada e está internada no Hospital do Subúrbio. Outras três pessoas teriam sido feridas (leia mais abaixo).

Em relação aos assassinatos neste final de semana, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Civil investiga os casos e que, aqueles relacionados ao tráfico de drogas, receberão atenção especial. “Ressaltamos ainda que o combate às facções continua sendo prioridade, haja vista que a maioria das mortes tem relação com a venda de entorpecentes”, diz a nota enviado ao CORREIO.

Prisão de suspeito e protestos

No domingo, 24, um suspeito de ter matado Wagner Santana Bispo da Silva foi preso pela Polícia Militar (PM). A informação foi confirmada na noite de ontem ao BATV, telejornal da Rede Bahia, pelo major Macedo, da 39ª Companhia Independente da PM.

Segundo o major, que foi responsável por socorrer Wagner para o hospital após o rapaz ser baleado, dois homens foram presos no domingo, em Mussurunga, e um deles seria suspeito de ter matado o adolescente. Os nomes dos suspeitos detidos não foram revelados pelo policial, que acrescentou ainda que a guarnição apreendeu duas armas junto com os homens.

Nesta segunda-feira, 25, a Boca do Rio amanheceu com cartazes e faixas com pedidos de justiça. Na Estrada do Curralinho, a pouco metros da 9ª Delegacia, parentes e amigos de Wagner bloquearam a via com pneus. Eles protestaram pela morte brutal do rapaz.

“Era o meu filho mais velho, meu orgulho. Hoje ele estaria se apresentando no Exército, o que mais queria”, lamentou o pai do rapaz, Walmir Bispo da Silva Filho, 38 anos

Segundo ele, o filho saiu de casa, na Rua da Tranquilidade, para comprar uma cerveja em um bar na Rua Georgina, na localidade de Baixa Fria, por volta das 21h do sábado. Ao chegar no local, havia um aniversário e ele parou para cumprimentar os amigos. Foi neste momento que surgiu um grupo de homens armados com pistolas. Eles começaram a revistar algumas pessoas e, num determinado momento, sem motivo aparente, um bandido atirou duas vezes para o alto.

“Nessa hora todo mundo ficou em pânico. Todo mundo correu para se proteger e ele fez a mesma coisa. Correu para a casa do vizinho, que fica ao lado do bar e foi baleado duas vezes nas costas e caiu em frente ao portão. Nem deu tempo de socorrer”, contou o tio de Wagner, o segurança Ramires Santos, 45.

O tio lembrou o quanto o rapaz era querido. “Todo mundo aqui gostava dele. Menino trabalhador. Pela manhã era balconista numa padaria. À tarde, dava duro num lava-jato. Quando soubemos da notícia que de ele ia servir no Exército, eu e outros tios já tínhamos decidido pagar o curso preparatório dele para o concurso da PM, caso fosse dispensado depois pelo Exército. E agora ele se foi”, lamentou o tio.

Ainda durante o protesto, moradores disseram que os homens armados eram traficantes da localidade do Cajueiro, onde atua a facção Bonde do Maluco (BDM). Eles atacaram a Baixa Fria, reduto da facção Comando da Paz (CP). A Polícia Civil infomou apenas que o caso está com a 1ª DH/Atlântico, que apura a autoria e motivação.

O corpo de Wagner foi enterrado sob forte comoção e aplausos, por volta das 14h desta segunda-feira, 25, no Cemitério Municipal de Brotas. O enterro foi marcado pela presença de muitos amigos e familiares que queriam prestar suas últimas homenagens. Quem convivia com o rapaz se recusava a acreditar na perda tão violenta. Muitas pessoas passaram mal e tiveram que ser amparadas.

Anderson Souza, de 34 anos, era amigo da vítima e consolava quem precisava de um amparo, dizendo que era preciso ter forças e erguer a cabeça. Ele lamentou a interrupção de uma vida de forma tão precoce.

“Uma pessoa de bem, que morava com a mãe e o pai, ajudava a família e sustentava também a casa. Nunca se envolveu com nada, a família sempre deu uma boa educação. Agora é preciso ter forças para seguir em frente”, disse.

Vereador

Eleito com mais de 1.048 votos no último pleito municipal, o vereador André Luiz Ferreira de Araújo (PP), o Júnior CCA, foi assassinado com vários tiros dentro de um bar, no domingo, 24, no bairro de Sarandi, em Candeias (RMS). O autor do crime, foi um homem que chegou em uma moto usando uma pistola de pente alongado, comumente usada por soldados do tráfico.

Nesta segunda-feira, 25, a prefeitura de Candeias decretou três dias de luto oficial. Nas redes sociais, a prefeitura escreveu que "a cidade perde um líder político, que tinha em seu perfil a juventude, o caráter, a coragem e a busca incessante pelo bem-estar da população candeense".

O crime aconteceu na Rua da Paz, a ‘Faixa de Gaza’ de constantes confrontos entre as facções BDM, que atua em Sarandi, e Ordem e Progresso, presente nos bairros de Santo Antônio, Nova Candeias e Dom Avelar. Na manhã de ontem, testemunhas contaram à reportagem que, por volta das 20h, Júnior CCA chegou com a mulher ao bar, onde todos os domingos tem um partido alto. O local fica em frente à casa do vereador.

Ele e a mulher estavam na frente do bar, junto com outras pessoas, quando instantes depois, um homem usando capacete desceu da moto a uma certa distância e começou a atirar na direção do vereador, que correu para dentro do estabelecimento, mas foi atingido.

“Tentaram impedir a entrada do homem armado, mas a porta não tem trinco e ele entrou assim mesmo. Não tinha como ninguém fazer nada. O cara foi para o fundo, puxou o vereador pela camisa e disse: ‘eu só quero ele’. E começou a atirar”, contou uma estemunha que estava também no bar e acabou se ferindo na correria. Ela tem o nome preservado por segurança.

A mulher de Júnior CCA também foi atingida e socorrida para o Hospital José Mário dos Santos (Ouro Negro) em Candeias e, posteriormente, transferida para o Hospital do Subúrbio. Outras três pessoas, uma estava no bar e outras duas passavam na hora, também foram atingidas e socorridas para o hospital da cidade. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.

A testemunha acredita que o vereador pode ter sido morto por um homem ligado ao tráfico de drogas. Um boato que circula na cidade dá conta de que vítima teve apoio de uma facção da cidade para se eleger e que o fato o colocou na mira da outra organização criminosa.

Em outubro de 2020, um mês antes das eleições municipais, Júnior CCA prestou queixa na 20ª Delegacia Territorial (DT/Candeias), em função de áudios que circularam nas redes sociais e o associavam ao tráfico de drogas. Júnior CCA é filho de um empresário do ramo de alimentação, dono do restaurante CCA. A Polícia Civil informou apenas que o caso será apurado pela 20ª Delegacia (Candeias)

Parentes do Vereador não quiseram falar com o CORREIO. O corpo dele foi velado no Plenário da Câmara Municipal de Candeias e enterrado nesta segunda-feira, 25. Quem deve assumir o cargo deixado por André Luiz é a primeira suplente do PP, partido do prefeito, Rita Loira, hoje secretária.

Um tiroteio no Imbuí, na noite de domingo, 24, assustou moradores. Segundo uma das residentes no bairro, foi possível escutar três tiros por volta das 23h. Eles foram acompanhados de gritos de desespero e barulho de carros acelerando.

Os tiros atingiram Lucas Souza Araújo, 29 anos, e foram disparados dentro de um bar, ao lado da Barraca do Zurca, na Praça do Canal. Houve muita correria no local.

Uma testemunha, que preferiu não se identificar, relatou que Lucas estava com mais um homem e uma mulher. Segundo o relato, a vítima teria abordado uma mulher acompanhada do namorado, que se irritou e efetuou os disparos.

De acordo com a 39ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), na noite do crime, o Centro Integrado de Comunicações (Cicom) acionou policiais militares da unidade após informações de disparos de arma de fogo. No local, a guarnição localizou a vítima, isolou a área e acionou a equipe responsável pela perícia e remoção do corpo. A Polícia Civil investigará o crime.

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou na quinta-feira (17) seis pessoas pela morte de João Alberto Silveira Negras, homem negro que foi morto após espancamento em um supermercado Carrefour de Porto Alegre em novembro.

Os seguranças acusados das agressões, Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borge, a funcionária do supermercado Adriana Alves Dutra, além de outros três funcionários, Paulo Francisco da Silva, Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende vão responder por homicídio triplamente qualificado com dolo eventual (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima). O MP incluiu ainda o racismo como forma da qualificação por motivo torpe.

O MP também informou que vai emitir parecer favorável pelas prisões preventivas de Kleiton, Rafael e Paulo e pela conversão em preventiva da prisão temporária de Adriana. Clique para ler a denúncia completa.

Quem são os denunciados:

Giovane Gaspar da Silva: ex-PM temporário, autor da agressão
Magno Braz Borges: segurança, autor da agressão
Adriana Alves Dutra: funcionária do Carrefour que tenta impedir gravação e tem, segundo a polícia, comando sobre os demais funcionários
Paulo Francisco da Silva: funcionário da empresa terceirizada de segurança Vector que impede acesso da esposa à vítima que agonizava
Kleiton Silva Santos: funcionário do mercado que auxilia na imobilização da vítima
Rafael Rezende: funcionário do mercado que auxilia na imobilização da vítima

“É forçoso concluir que este padrão de abuso e descaso para com a integridade física e moral da vítima só pode se explicar pelo sentimento de desconsideração, senão desprezo, que os denunciados demonstraram ter para com ela, certamente a partir de um a leitura preconceituosa relacionada à sua fragilidade sócio-econômica e origem racial”, diz um trecho da denúncia.

Para o promotor André Gonçalves Martinez, qualquer um dos denunciados poderia ter intervido e ajudado a evitar a morte.

Além dos funcionários diretamente envolvidos na morte de João Alberto, o Grupo Carrefour também é alvo de uma série de investigações e de uma ação judicial abertas na esteira do assassinato. A Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre abriu dois inquéritos civis para buscar reparação e investigar a política de direitos humanos no supermercado. Há ainda duas frentes de investigação criminais relacionadas ao episódio em curso no Ministério Público Federal. Enquanto a Procuradoria do Rio Grande do Sul apura o funcionamento de mecanismos de fiscalização de empresas de segurança privada pela Polícia Federal, os procuradores do Rio de Janeiro investigam medidas adotadas pela PF e também por supermercados, shopping centers e bancos para enfrentamento do racismo estrutural nos serviços de vigilância.

Publicado em Justiça

O barbeiro Davi Oliveira tinha 23 anos quando foi assassinado no último domingo, no município de São Félix, no Recôncavo. O empacotador Vitor Santos Ferreira de Jesus tinha 25 anos quando foi morto no bairro de Pirajá, em Salvador, em junho. São casos distantes no tempo e no espaço, e não teriam muito em comum não fosse o fato das vítimas serem negras e terem perdido a vida durante operações policias. Uma infeliz coincidência, diriam alguns, uma coincidência que corre em 97% dos casos na Bahia, segundo pesquisadores.

Um relatório elaborado pela Rede de Observatórios da Violência, divulgado nesta quarta-feira (9), apresenta dados sobre mortes ocorridas durante operações policiais em cinco estados brasileiros. Rio de Janeiro lidera em número absoluto de mortes, mas quando se observa a proporção de negros assassinados nessas ações é a Bahia quem lidera do ranking. Foram 650 casos entre janeiro e dezembro de 2019, com 474 vítimas negras. O número pode ser maior já que em 161 situações a cor da vítima não foi informada. Brancos somam 15 ocorrências ou 3% do total.

O que se espera é que inocentes não sejam mortos em nenhuma situação, independentemente da cor, e que os suspeitos sejam presos e levados a julgamento. Então, por que existe essa diferença entre negros e brancos?

A questão é a proporcionalidade, diriam outras pessoas. Afinal, a população de pretos e pardos na Bahia é maior que as do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Ceará, onde a pesquisa também foi realizada, mas não é bem assim. A pesquisa mostra que o número de baianos que se autodeclaram dessa raça é de 76%, então, os estudiosos se debruçaram sobre o motivo para essa diferença de 21% no número de mortes.

Para os pesquisadores que elaboraram o relatório, as operações são realizadas em áreas precisas da cidade e voltadas para uma população específica. Além disso, a política de segurança pública atual, e questões como desigualdade social, problemas de acesso à educação e à saúde corroboram com o cenário, e esse caldeirão resulta no principal fator dessa discrepância: o racismo. A integrante da Rede de Observatórios da Bahia e coordenadora de pesquisa da ONG Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, Luciene Santana, é quem explica.

“Quando analisamos os dados percebemos que tanto no imaginário das pessoas como o que vemos recorrentemente na mídia, é que pessoas negras são as que mais morrem em operações policiais. Por isso, o nome do nosso relatório é ‘A cor da violência policial: a bala não erra o alvo’, porque ela atinge majoritariamente pessoas negras. Pensando nessa estrutura do racismo, quem são essas pessoas e esses territórios que são passíveis de serem mortos e violentados? A Bahia, proporcionalmente, é o estado que mais mata negros em operações policiais”, afirmou.

Dificuldades na pesquisa
Os dados que serviram de base para a elaboração do relatório foram fornecidos pelas Secretarias de Segurança Pública dos estados, com exceção da Bahia. Algumas pastas entregaram informações parciais e que foram complementadas pelos pesquisadores. A Bahia foi a única que não forneceu nenhum dado. Luciene contou que usou informações repassadas por organizações parceiras da Rede, porque os pedidos feitos diretamente ao governo, via Lei de Acesso à Informação, não foram atendidos.

“Houve uma dificuldade muito grande em obter esses dados, inclusive o que mais no assusta em relação à Bahia é que a gente não consegue ter essas respostas”, disse. “Nós entendemos que é através dos dados da segurança pública que a gente analisa onde podemos melhorar, a parir do conhecimento desses dados estatísticos. Então, se o governo não quer divulgar esses dados nós temos dificuldade em conhecer a realidade dos estados”, afirmou.

A Rede de Observatórios da Segurança é a única iniciativa que monitora operações policiais. O acompanhamento é feito desde 2018, no Rio de Janeiro, e de junho de 2019, nos cinco estados que formam o grupo. Há dois dias, o CORREIO mostrou que o mês de novembro foi o mais violento de 2020, com 127 homicídios registrados pela SSP.

Contexto
Para o doutor em Sociologia e pesquisador da Rede e do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC), Ricardo Moura, existem falhas na política de segurança pública adotada pelos estados. Ele destacou a necessidade de se rever procedimentos e práticas, e frisou que é importante discutir o assunto.

“A gente precisa denunciar e colocar essa pauta [em discussão]. A gente não pode permanecer naturalizando isso, então, o trabalho da Rede é muito importante nesse sentido, porque ele coloca essa questão em pauta, levanta esse questionamento”, disse.

Ele contou que a atuação policial acontece dentro de um contexto que potencializa a morte da população negra, e que esses fatores precisam ser considerados. No Ceará, negros e partos são 66,9% da população, mas representam 87% dos mortos.

“Essa atuação da polícia ocorre em meio a uma série de lacunas. As áreas onde essas intervenções se dão são justamente as áreas nas quais os serviços são mais precários, então, a presença do Estado não corre dentro de uma esfera de promoção de saúde, de prevenção, de educação, de assistência social, mas ela ocorre sob a mão pesada da polícia. Isso é muito característico da nossa sociedade, excludente e desigual”, afirmou.

Moura contou que quando se fala em segurança, geralmente, é entendido apenas como necessidade de mais repressão. “Há um termo do IBGE chamado assentamentos precários que são justamente as áreas onde os serviços são mais insuficientes, e quando você faz uma sobreposição dos locais de mortes por intervenção você percebe que eles coincidem exatamente com os mapas dos assentamentos precários”, contou.

Procurada, a SSP se posicionou através de nota. Confira na íntegra:

A Secretaria da Segurança Pública ressalta que as ações policiais são realizadas após levantamentos de inteligência e observação da mancha criminal. A SSP destaca ainda que todos casos que resultam em mortes são apurados pela Corregedoria e, existindo indício de ausência de confronto, os policiais são afastados, investigados e punidos, caso se comprove a atuação delituosa.

 

A Rede é um projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, formada por cinco observatórios locais, mantidos em parceria com as organizações: Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC); O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos. Clique e veja o relatório na íntegra.

Ranking em mortes absolutas em 2019:

RJ – 1.814 mortes;

SP – 815 mortes;

BA – 650 mortes;

CE – 136 mortes;

PE – 74 mortes;

Proporção de negros por estados:

BA – 76,5%

CE – 66.9%

PE – 61,9%

RJ – 51,7%

SP – 34,8%

Proporção de negros mortos em operações policiais:

BA – 96,9%

PE – 93,2%

CE – 87,1%

RJ – 86%

SP – 62,8%

 

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A semana começou com terror na Joana Angélica. Na manhã desta segunda-feira (7), por volta das 9h10, três bandidos, dois deles armados, entraram na loja de calçados Di Santinni, renderam clientes e vendedores, prenderam pessoas em banheiros e no depósito do local e levaram todo dinheiro que estava no escritório da loja. A ação, que durou cerca de 40 minutos, teve negociação com a polícia, que chegou logo e encontrou os bandidos com reféns, e terminou com a fuga dos três suspeitos pelo andar de cima do prédio da Di Santinni.

Nilton Barreto, subgerente da Di Santinni, estava no local durante o crime. Segundo ele, a loja seguia o funcionamento normal até a chegada dos assaltantes. "Tava tudo certo até que, por volta das 9h10, eles chegaram na loja armados, mandaram todos ficarem no chão e anunciaram que era um assalto. Logo depois de render todo mundo, começaram a perguntar pelo dinheiro, que estava localizado no escritório, que fica no andar de cima da loja", conta o subgerente.

De acordo com outro subgerente, Raianderson Santana, 34, os suspeitos pareciam saber exatamente onde o escritório e o cofre do local estavam localizados. "Depois que todos foram rendidos, eles já queria ir logo lá pra cima pra conseguir acesso ao cofre no escritório, onde iriam pegaram o dinheiro. Eles já entraram aqui nessa intenção, de ir até o escritório, que eles já sabiam onde era", lembra.

Reféns
Além de render as pessoas na loja, os bandidos também fizeram reféns, que permaneceram no banheiro e no depósito do local. Um deles foi Raianderson. "Eu estava no escritório quando eu ouvi os gritos. Depois disso, eu corri pra cá para ver o que estava acontecendo, aí vi todo mundo no chão com as mãos na cabeça e fiz a mesma coisa. Eles levaram algumas pessoas para trancar no banheiro e depois levaram outros para o depósito, eu fui um deles", lembra.

Dois funcionários, que não quiseram revelar a identidade, descreveram o momento de angústia quando estavam expostos a ação dos criminosos. "Você vem trabalhar, ganhar seu dinheiro honestamente e, de repente, tem um sujeito apontando a arma pra sua cabeça e ameaçando sua vida, foi uma coisa horrível", diz.

Outra funcionária afirma que ação a deixou com medo e teme que que isso volte a acontecer. "Aqui, normalmente, não fazem isso. A gente não tá acostumado com assalto desse tipo, com os bandidos armados e rendendo todo mundo. Isso me deixou assustada, não quero estar presente se isso acontecer de novo", declara.

Alguns dos funcionários feitos de reféns foram liberados pela loja por estarem muito abalados com a situação. Raianderson afirma que o momento mais tenso ocorreu com a chegada da polícia. "Na hora que iam nos liberar, perceberam que estava cheio de policial e queriam nos usar de escudo para não receber os tiros. Aí todo mundo ficou assustado pensando que ia morrer caso as coisas ficassem complicadas pra eles", conta.

Os bandidos chegaram a negociar com a polícia e, apesar da declaração de que fariam os reféns de escudo no meio da ação, não feriram nenhuma das pessoas presas com eles no depósito pela ação não ter acabado em troca de tiros.

Fuga
Temendo a ação dos policiais, os bandidos começaram a liberar os reféns para que a polícia os recebesse e ficasse distraída enquanto decidiam como fugiriam do local.

Raianderson conta que a liberação dos reféns aconteceu no mesmo momento em que os suspeitos subiram para procurar uma saída no andar de cima. "Quando eles viram que sair pela parte debaixo seria complicado, subiram para o andar de cima no mesmo instante que nos liberaram pra atrasar a ação dos policiais", explica.

No andar de cima, os bandidos conseguiram quebrar uma grade que dava acesso ao telhado de outra loja, fugiram e não foram encontrado pelos agentes da polícia.

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Um tiroteio deixou três pessoas feridas e duas mortas na tarde desta segunda-feira (16), na Praia de Boa Viagem, no bairro de mesmo nome, na Cidade Baixa, em Salvador. A Polícia Militar informou ao CORREIO que o crime aconteceu por volta das 16h e que policiais da 17ª CIPM (Uruguai) prestaram socorro aos feridos, levando-os para a UPA de Santo Antônio, no bairro dos Dendezeiros.

Após profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatarem a morte de dois homens, outra equipe policial se manteve no local até às 18h custodiando os corpos até a chegada do serviço de investigação da Polícia Civil. Antes com acesso limitado, a Praia de Boa Viagem está liberada para banho desde 7 de outubro.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, um homem que está no restaurante Caranguejo do Baiano mostra pessoas correndo na praia aos gritos e gente abaixada dentro do estabelecimento. "Muito tiro, um cara caído ali, todo mundo correndo, foi tiro demais. Deve ter atingido muita gente. Meu Deus do céu, o que é isso? Tem crianças aqui ainda brincando", narra.

Conforme informações iniciais apuradas pela Polícia Civil, quatro homens a bordo de um veículo da marca Toyota chegaram no local atirando. O levantamento cadavérico foi feito por uma equipe do Departamento de Homicidio e Proteção à Pessoa (DHPP) e foram expedidas guias de perícia e remoção dos corpos.

A autoria e a motivação do crime ainda são desconhecidas. O crime será investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios da Baía de Todos os Santos (DH/BTS).

O CORREIO solicitou informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), mas não teve retorno até esta publicação. No boletim desta segunda da secretaria, no qual são registrados os principais crimes em Salvador e RMS, constam quatro homicídios: duas mortes de pessoas do sexo masculino foram notificadas na Praia de Boa Viagem e mais dois homens morreram nesta madrugada na Rua Jardim Botânico, na localidade Vila Verde, no bairro de São Cristóvão.

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