A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

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O Ministério Público do Trabalho (MPT) obteve na noite desta quinta-feira (18) a decisão judicial que suspende a demissão dos trabalhadores que atuavam na fábrica da Ford, em Camaçari, em cargos de liderança e supervisão. A liminar foi concedida em ação cautelar movida pelo órgão esta semana após tomar conhecimento de e-mails enviados a alguns empregados informando a data de hoje para assinatura de um termo de desligamento, sem prévia negociação.

Em decisão anterior, obtida também em ação do MPT, a empresa estava proibida de demitir empregados de sua fábrica no município de Camaçari, na Bahia, até que sejam negociadas condições coletivas.

A nova liminar foi concedida pelo juiz Alexei Malaquias de Almeida, substituto da 3ª Vara do Trabalho de Camaçari.

As demissões também afetam as empresas que fornecem insumos para a montadora e estão instaladas no complexo industrial no município baiano. Apenas as empresas fornecedoras de insumos que se situam fora da planta não são afetadas pela decisão. Como houve clara intenção de descumprir a liminar anterior, o Judiciário também determinou o aumento do valor da multa para o caso de descumprimento, que passou a ser de R$5 milhões, acrescido de R$250 mil por cada trabalhador atingido.

A intenção de desligar supervisores e líderes, que são considerados pela empresa como ocupantes de funções de confiança, chegou ao conhecimento do MPT no início desta semana, depois que alguns funcionários receberam e-mails com orientações para assinatura de termo de desligamento sem possibilidade de negociação, nem coletiva nem individual.

“Detectamos uma clara movimentação no sentido de dividir a base de trabalhadores, impondo individualmente a alguns empregados condições para o desligamento sem participação e sem o conhecimento do sindicato. Agimos rápido e contamos com a sensibilidade do Judiciários para evitar um dano maior a toda a coletividade”, afirmou a procuradora Flávia Vilas Boas, do MPT na Bahia.

Os primeiros e-mails a que o MPT teve aceso foram enviados para supervisores na terça-feira (16), agendando para esta sexta (19) a assinatura do termo de desligamento. No comunicado, não havia nenhuma menção à possibilidade de negociação dos termos do desligamento.

Na quarta-feira (17), a procuradora Flávia Vilas Boas realizou audiência para apurar os fatos e identificou a clara intenção de descumprimento da liminar. Imediatamente, ajuizou ação cautelar na 3ª Vara de Camaçari, que foi apreciada ainda ontem e teve a decisão publicada por volta das 21h. Com a nova liminar, as dispensas continuam suspensas, mas o valor da multa por descumprimento foi elevado, como forma de sinalizar para a montadora a necessidade de cumprimento das decisões judiciais.

O juiz Leonardo de Moura Landulfo Jorge já havia atendido ao pedido do MPT e concedido liminar no dia 3 de fevereiro determinando a interrupção das demissões em massa na planta de Camaçari enquanto não for concluída a negociação coletiva com o sindicato.

A Ford chegou a recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, que manteve a determinação de condicionar as dispensas ao fechamento de acordo coletivo de trabalho. Outra liminar, referente à planta de Taubaté-SP, também garante a negociação prévia, além de indispor bens como garantia para quitação dos contratos de trabalho.

No início deste mês, em conciliação dentro do processo de dissídio coletivo no TRT da Bahia, a empresa também se comprometeu a manter os contratos de trabalho enquanto negocia com os trabalhadores.

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Os funcionários da Ford voltaram às atividades, em Camaçari, nesta terça-feira (23). Depois de um acordo entre o sindicato da categoria e representantes da empresa, cerca de 700 trabalhadores e prestadores de serviço que atuavam na montadora, que fica na Região Metropolitana, vão trabalhar pelos próximos 90 dias. Está previsto também o retorno de outros trabalhadores em março, abril e maio.

A Ford e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgica, Siderúrgica, Mecânica, de Automóveis, Autopeças de Camaçari chegaram a um acordo parcial, após audiência virtual de dissídio coletivo realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT5-BA), realizada na semana passada.


O acordo garante negociações diretas entre as partes, que serão realizadas durante o prazo de 90 dias, com a garantia de salários para todos trabalhadores que forem ou não convocados para o trabalho. Também ficou decidido que os empregados convocados da Ford e das empresas sistemistas do complexo, que aderirem aos termos pactuados, voltarão ao trabalho para produção das peças de automóveis.

Outro ponto acordado foi que o abono das faltas injustificadas dos trabalhadores convocados desde o dia 28 de janeiro será colocado na mesa de negociação direta, com a Ford assumindo o compromisso de não descontar faltas pelos próximos 90 dias.

Por fim, as partes concordam em pedir conjuntamente a suspensão, pelo período de noventa dias, do Interdito Proibitório que tramita na 4ª Vara do Trabalho de Camaçari, assim como a suspensão da tramitação do dissídio coletivo.

A Ford anunciou em janeiro que decidiu fechar as fábricas que tem no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A empresa informou que a pandemia de covid-19 ampliou o subuso da capacidade manufatureira da fábrica. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

Em um único ano, a fábrica da Ford em Camaçari chegava a produzir 250 mil carros. Em 2015, a empresa alcançou a marca de 1 milhão de unidades produzidas só na fábrica baiana. Fazia 14 anos que a americana havia chegado à Bahia, mas a Ford já estava no Brasil desde 1919 - foi a primeira do ramo a se instalar por aqui.

Agora, os veículos da empresa vendidos no Brasil virão de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Na Bahia, o impacto da saída da montadora é de cerca de 12 mil empregos e de R$ 5 bilhões na economia. Veículos como o Ford Ka e o Ecosport, feitos aqui, sairão de linha.

Publicado em Bahia

Desde que a Ford anunciou em janeiro que deixaria o país, os trabalhadores da montadora enfrentam um período de indefinições de como será feita a dispensa dos funcionários, qual será a indenização e quantos devem retornar ao trabalho para produção de autopeças de reposição dos veículos em circulação.

Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição. Na última mediação que houve no Tribunal, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.

"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato. Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."

Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari (BA) e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.

Assembleia
Na manhã desta terça-feira, 16, o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari (BA) na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação. Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência marcada no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que eles não fiquem sem fazer nada."

Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora, em andamento, continuem. Hoje sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação não pode ter demissão nem assédio moral", diz o sindicalista.

Publicado em Bahia

A Ford apresentou recurso contra as liminares da Justiça do Trabalho que impedem a montadora de demitir sem acordo coletivo os funcionários das fábricas de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, e Taubaté (SP), ambas fechadas no mês passado, quando a montadora anunciou que não produziria mais no Brasil. Em nota, a empresa diz que entrou com os recursos nos Tribunais Regionais do Trabalho competentes

Na sexta-feira, a Justiça do Trabalho proibiu a Ford de demitir funcionários das duas fábricas antes de concluir as negociações das indenizações trabalhistas com os sindicatos. A montadora também está proibida de suspender o pagamento de salários ou as licenças remuneradas.

Na fábrica de Camaçari, que produzia os modelos Ka e EcoSport, a multa em caso de descumprimento da liminar é de R$ 1 milhão de reais, acrescida de R$ 50 mil por trabalhador atingido. Já em Taubaté, onde a Ford produzia motores e transmissões, a liminar prevê multa de R$ 100 mil por funcionário atingido, além de obrigar a empresa a entregar em até 15 dias ao sindicato dos metalúrgicos todas as informações necessárias às negociações. Em até 30 dias, um cronograma de negociação conjunta também deve ser apresentado pela montadora.

Hoje, em sua primeira manifestação desde o comunicado, de 11 de janeiro, sobre o fechamento de todas as fábricas no Brasil, a Ford disse estar engajada "ativamente" no processo de negociação com os sindicatos relacionados à decisão, realizando reuniões regulares no último mês.

Desde o dia do anúncio, todos os empregados, acrescenta a montadora, estão com contratos de trabalho ativos, sem alterações no pagamento de salários e benefícios.

Em Taubaté, os trabalhadores estão organizando uma carreata para sexta-feira, com concentração a partir das 7 horas da manhã no estacionamento da fábrica, como forma de protesto. Hoje, o sindicato dos metalúrgicos da região realizou assembleia com os trabalhadores no local e acusou a Ford de tentar dividir o movimento em defesa dos empregados ao convocar aproximadamente 40 operários a uma volta temporária ao trabalho. A montadora seguirá produzindo por mais alguns meses peças para estoques de pós-venda.

Publicado em Justiça

A decisão de encerramento das atividades da Ford em território brasileiro promete piorar a queda da produção da indústria de automóveis, que bateu recordes ao cair 41,6% em relação ao ano de 2019. Segundo especialistas, o fim da produção da montadora, que foi anunciado em janeiro e decretou o cessamento imediato da produção das suas fábricas, sendo uma delas em Camaçari, vai intensificar ainda mais o processo de queda de produção de veículos em território baiano.

O agravamento da queda do setor, que, segundo o IBGE, representa hoje 12 % do lucro oriundo de atividade industrial na Bahia, acontece devido ao fato da Ford ser a única montadora em atividade no estado. É isso que afirma Luiz Pimenta, economista e especialista em mercado automotivo. “Em 2021, teremos forte redução porque só tem a Ford aqui. A redução que foi de 41,6% vai passar a ser de quase 100%. Porque já acabou a fabricação, não existe mais produção de veículos aqui”, garante.

Quem também garante o impacto mais forte do que nunca nesse tipo de produção é a economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Para ela, no momento, não há possibilidade de que esse impacto seja evitado. “A Ford anunciou a sua saída do mercado baiano junto com o aviso imediato da interrupção das atividades produtivas lá em janeiro. Ou seja, toda a produção que teremos de veículos aqui será oriunda de janeiro, fazendo da queda do setor algo inevitável”, informa.

A Ford decidiu fechar as fábricas que tem no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, em 11 de janeiro deste ano. A pandemia de covid-19 ampliou o sub uso da capacidade manufatureira da empresa, no entendimento da Ford. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

 

Publicado em Economia

O governador Rui Costa (PT) participou de uma reunião virtual com o embaixador da China, Yang Wanming, e com o Grupo de Trabalho formado para encontrar uma alternativa ao fechamento da Ford na Bahia. Em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (20), o petista afirmou que destacou no encontro a qualidade do parque automobilístico, que é o maior da América Latina.

“Destacamos a qualidade do parque automobilístico disponível, que é o maior da América do Sul, assim como toda a força de trabalho, com trabalhadores com grande experiência no setor. Queremos ampliar ainda mais a nossa parceria, que já rendeu bons frutos no estado, como a Ponte Salvador-Itaparica e o VLT do Subúrbio. Não vou medir esforços para recuperar os empregos perdidos com o encerramento das atividades da Ford no nosso estado”, afirmou.

Na terça (19), Rui Costa participou de uma reunião em Brasília com as embaixadas da Índia, Coreia do Sul e Japão. No encontro, ele também destacou a presença do parque automobilístico e a ainda a garantia da Bahia contribuir para que uma nova indústria se instale no estado.

O governador Rui Costa (PT) participou de uma reunião virtual com o embaixador da China, Yang Wanming, e com o Grupo de Trabalho formado para encontrar uma alternativa ao fechamento da Ford na Bahia. Em publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (20), o petista afirmou que destacou no encontro a qualidade do parque automobilístico, que é o maior da América Latina.

“Destacamos a qualidade do parque automobilístico disponível, que é o maior da América do Sul, assim como toda a força de trabalho, com trabalhadores com grande experiência no setor. Queremos ampliar ainda mais a nossa parceria, que já rendeu bons frutos no estado, como a Ponte Salvador-Itaparica e o VLT do Subúrbio. Não vou medir esforços para recuperar os empregos perdidos com o encerramento das atividades da Ford no nosso estado”, afirmou.

Na terça (19), Rui Costa participou de uma reunião em Brasília com as embaixadas da Índia, Coreia do Sul e Japão. No encontro, ele também destacou a presença do parque automobilístico e a ainda a garantia da Bahia contribuir para que uma nova indústria se instale no estado.

Publicado em Política

O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente do Grupo Caoa, admitiu ter interesse na fábrica que era operada pela montadora Ford em Camaçari. Segundo ele, é preciso saber o que a Ford estaria interessada em vender e quais serão os incentivos concedidos pelo poder público para quem se instalar no local: “o governo também precisa dar condições de trabalho”. Apesar das declarações de Carlos Alberto, que trouxeram a expectativa de uma solução rápida para a situação, a assessoria de imprensa da Caoa informou que “não existe conversa entre a Caoa e a Ford com relação a fábrica de Camacari”.

“Sempre tenho interesse em novos negócios, mas é preciso analisar todo o processo porque não queremos desgastar a nossa imagem. E só iremos para frente se eu sentir muita segurança”, afirmou o empresário em entrevista para o Uol Carros. O chefe do grupo falou que tudo pode acontecer, pois considera bastante os incentivos fiscais do regime automotivo do Nordeste, prorrogado até 2025. Questionada, a montadora Ford não se pronunciou até o fechamento desta edição. O governo da Bahia respondeu através da sua assessoria que não tem conhecimento a respeito do assunto.

A história de Carlos Alberto no ramo automotivo começou com a compra de um Ford Landau numa concessionária em Campina Grande (PB). A revenda falou e ele aceitou recebe-la como compensação pelo automóvel. Em pouco tempo, tornou-se o maior revender da marca Ford no Brasil. Ele chegou a discutir sociedade com a Ásia Motors, que foi comprada pela Kia e que chegou a anunciar o projeto de uma fábrica na Bahia no final da década de 90. Em 2017, a Caoa se consorciou com a chinesa Chery para formar uma nova montadora 100% nacional, a Caoa Chery.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), as demissões da Ford no país podem significar uma perda potencial de mais de 118.864 mil postos de trabalho no país, somando-se os empregos diretos, indiretos e os induzidos pela operação.

A perda de massa salarial no país é estimada pelo Dieese em R$ 2,5 bilhões ao ano, considerando os empregos diretos e indiretos perdidos, além de uma queda de arrecadação de impostos de R$ 3 bilhões anuais.

Segundo estudo da entidade, a Ford chegou a empregar 21.800 pessoas em 1980. Em 1990, tinha 17.578 trabalhadores. Nove anos depois, 9.153. Atualmente, segundo a entidade, são 6.171 empregados, sendo 4.604 mil na unidade de Camaçari, 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE). Destes, 5.000 devem ser demitidos.

Em 2020, a empresa licenciou 139.897 veículos, o que representou 6,8% do total no Brasil. Destes, 84% foram produzidos no país, segundo dados da consultoria Bright. Em 1998, a empresa detinha 7,9% da produção nacional.

Nova montadora
Ontem, o governador Rui Costa esteve à frente de uma comitiva com membros do governo, representantes do setor empresarial e trabalhadores em Brasília, para apresentar a estrutura disponível às Embaixadas da Índia, Coreia do Sul e do Japão. Além do parque automotivo disponível, ele destacou a força de trabalho com expertise no setor e a garantia de que o estado vai contribuir para a implantação de uma nova indústria na Bahia.

Com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, ele iniciou a corrida por novas negociações, que abarquem tanto o setor automotivo quanto outros setores potenciais. A Índia possui uma indústria automobilística de crescimento exponencial, com destaque para a empresa Tata Motors, dona da Jaguar e Land Rover, e a Mahindra, que já possui atividade no Brasil, em Porto Alegre.

“Queremos convidar as fabricantes indianas para conhecer a área antes ocupada pela Ford para avaliar a possibilidade de instalação num dos maiores parques existentes no Brasil, inclusive com porto exclusivo”, disse o governador a Reddy, que respondeu ter interesse de que companhias indianas estejam no Brasil e na Bahia, além de querer iniciar parcerias no campo tecnológico, área que a Índia tem ampliado investimentos, assim como a Bahia.

A conversa com o embaixador do governo do Japão, Akira Yamada, seguiu o mesmo viés. A indústria automotiva do país é composta por grandes empresas, a exemplo da Nissan, Toyota e Honda.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Antônio Alban, destacou a possibilidade de parcerias para desenvolvimento tecnológicos, além dos incentivos fiscais, como atrativos. Ele citou a capacidade de formação de mão de obra, o centro de tecnologia instalado no estado, que está entre os maiores do Brasil. “Queremos propiciar junto à manufatura a tecnologia embarcada”, pontuou Alban.

O embaixador da Coreia do Sul, Kim Chan-Woo, disse ter ficado impressionado com a estrutura do Senai Cimatec. O representante sul coreano assegurou difundir as informações com o setor industrial de seu país. Ele citou o exemplo da Hyndai no Brasil e a necessidade de uma menor burocratização para mais negócios com este país.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim destacou a formação dos profissionais baianos que buscam novas oportunidades após os desligamentos da Ford. “As visitas às embaixadas permitiram passar um pouco da qualificação técnica dos profissionais, formados pelo Senai e escola técnica, e ainda apresentamos a amplitude do complexo deixado pela Ford, o maior da América do Sul”.

Convocação de trabalhadores
Na última segunda, a Ford iniciou uma convocação oficial para que empregados das fábricas retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, de acordo com  os sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades, segundo informação publicada pelo jornal O Globo. Mas os funcionários resistem. As entidades são contra a volta dos funcionários até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do país.

“A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero, está tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui em Camaçari”, afirma Julio Bonfim.

Segundo ele, a multinacional não negociou ainda como será o processo de demissão nem sentou formalmente com os sindicatos para discutir as rescisões e indenizações. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirma.

Procurada pela reportagem, a Ford não se manifestou sobre a convocação aos trabalhadores e sobre eventual negociação com sindicatos.


Demitido na segunda-feira (11) da semana passada, um grupo de trabalhadores das fábricas de Camaçari e Taubaté foi chamado para um retorno temporário. A tarefa é produzir peças de reposição para estoque. A informação foi divulgada pelos trabalhadores, também responsáveis por divulgar a rejeição da proposta. A argumentação é de que eles não foram informados como serão pagos os direitos trabalhistas daqueles que estão sendo desligados.

“Ninguém voltou porque a Ford fez foi um tapa na cara. Não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirmou Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. Bonfim relatou que a empresa alugou um galpão em Simões Filho para descarregar 90 caminhões de fornecedores que se concentraram em frente à unidade baiana depois do anúncio do fechamento.

Na segunda (11), a Ford anunciou que encerraria a produção de veículos no país. Só em Camaçari cerca de 12 mil trabalhadores perderão os empregos, incluindo mão de obra das sistemistas. O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito para apurar o processo de desmobilização das fábricas.

A Ford não confirmou o chamamento para a produção de peças de reposição. É certo que houve o encontro na última segunda (18) para tratar das demissões. Com informações da Exame, O Globo e do Terra.

Publicado em Brasil

Ao contrário do que desejam os milhares de desempregados pelo fechamento da fábrica da Ford em Camaçari, a solução para crise causada pela decisão da montadora norte-americana vai demorar de ser superada. Ainda que a notícia de que quatro montadoras chinesas estariam interessadas em assumir a operação – divulgada pela rede de televisão CNN – dificilmente a operação da fábrica seria retomada ainda este ano. E muito provavelmente em um patamar bem distante da capacidade atual de produção de 250 mil veículos por ano.

No comunicado em que anunciou às suas concessionárias a decisão de abandonar a produção de veículos no Brasil, a montadora sinalizou que tentou encontrar um parceiro para a operação, ou mesmo um comprador, antes de se decidir pelo encerramento das atividades. Segundo o comunicado, não houve interessados.

“Num mundo ideal, a melhor solução seria encontrar um outro grande player disposto a ocupar o espaço”, explica Vladson Menezes, diretor-executivo da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Como ponto positivo para uma eventual solução neste sentido, ele destaca a modernidade da estrutura, com equipamentos de última geração e um sistema de produção integrado a um porto, que facilita tanto o escoamento dos produtos, quanto operações de importação e exportação.

Por outro lado, o momento do mercado automotivo no país indica dificuldades para o plano de fazer a maior fábrica de automóveis da América do Sul retomar suas atividades de produção, pondera Vladson Menezes. Ele calcula que mesmo com uma definição rápida, o mais provável é que a retomada do processo de produção dificilmente se dê ainda este ano. “Eu vejo uma situação muito difícil de se reverter em 2021 porque a nova empresa não vai chegar hoje e começar a operar amanhã”, destaca.

“Quanto houver uma manifestação clara de interesse ainda será necessário que aconteça um processo de negociação com a Ford pelos equipamentos e com os governos, em relação aos incentivos fiscais”, calcula. Ele ainda acrescenta que existe a possibilidade de uma eventual empresa interessada ter planos de realizar uma operação menor que a tocada pela Ford até a última sexta-feira e, consequentemente, trazer menores impactos econômicos e gerar um número menor de empregos.

Empresas interessadas?
A rede de televisão norte-americana CNN informou que existem quatro empresas chinesas interessadas em assumir a operação da Ford em Camaçari. Seriam elas: Great Wall Motors, Changan Auto, Gelly e GAC. O Grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, estaria por trás para trazer alguma dessas marcas ao país, de acordo com informações publicadas pela emissora.

Procurada, a Ford afirmou que facilitará “alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis”. As montadoras chinesas não responderam os questionamentos da emissora sobre o assunto e o grupo Caoa afirmou que não iria comentar. Questionada, a assessoria do governo da Bahia informou que tomou conhecimento do suposto interesse das empresas chinesas através de notícias divulgadas pela mídia.

Na última terça-feira, o governo estadual realizou a primeira reunião de um grupo de trabalho criado para buscar soluções para o problema. A intenção é encontrar uma nova montadora para operar a fábrica em Camaçari.

“Esse grupo irá trabalhar para apresentar o que a Bahia tem a oferecer para esses investidores, que é uma belíssima estrutura, já que temos a maior planta industrial automotiva da América do Sul, estrutura portuária, o parque tecnológico do Senai Cimatec Industrial, inclusive com campo de prova”, destacou o governador Rui Costa.

Segundo ele, já foram enviados documentos para embaixadas de outros países, em busca de auxílio para encontrar uma empresa interessada em assumir a estrutura.

O governador também fez questão de reforçar que o estado vai dar todo o suporte necessário aos trabalhadores, inclusive com a elaboração de um banco de dados para servir de subsídio para empresas que possam vir a empregá-los. Além do governador Rui Costa e de trabalhadores da Ford, participaram representantes da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, da Casa Civil e das secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz), Desenvolvimento Econômico (SDE) e Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).

“Nesse momento, toda ajuda é significativa e esse grupo já está discutindo como trazer uma nova empresa para ocupar o parque em Camaçari, um pátio que com certeza não deve ser desperdiçado”, avaliou Júlio Bonfim, presidente do sindicato.

Vladson Menezes lembrou que a fábrica de protótipos do Cimatec Park foi inaugurada em conjunto com a Ford e que o centro de pesquisas do Sistema Fieb deve ser o destino dos engenheiros que a Ford mantiver em seu centro de desenvolvimento na Bahia. Segundo ele, há um interesse por parte da Fieb em ampliar a parceria com a Ford na área de pesquisa e desenvolvimento de produtos. “Depende apenas dos planos da empresa”, diz.

O governo ainda está verificando a situação do terminal de uso privativo do estado, que está cedido à Ford em regime de comodato. Após o anúncio da empresa, o estado passou a avaliar os documentos relacionados à estrutura. Questionada sobre os planos para o porto, a Ford, por sua vez, informou não ter nada a comentar sobre o assunto.

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