O Jornal da Cidade

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"Eu tenho certeza que se eu não tivesse a minha pele negra, se eu não tivesse vindo da família que eu venho, de baixa renda, que representa uma categoria de trabalhadores, porque nós somos militantes sindicais, representando a agricultura familiar, isso não estaria acontecendo", disse a prefeita de Cachoeira, cidade do recôncavo da Bahia, Eliana Gonzaga de Jesus (Republicanos), após ter recebido ameaças de morte.

Por causa das ameaças, uma reunião entre a prefeita e o secretário da de Segurança Pública da Bahia (SSP), Ricardo Mandarino, decidiu que a prefeita vai receber escolta policial.

Eliana Gonzaga de Jesus é a primeira mulher negra a ser eleita prefeita de Cachoeira. Ela afirma que não tem inimigos e acredita que as ameaças são causadas por racismo ou motivações políticas.

"Não é normal, não é natural que uma mãe de família deixe sua casa sem nenhum motivo, sem nenhuma justificativa, só a títulos de ameaças sem fundamentação alguma", disse a prefeita.

A prefeita de Cachoeira teve que se mudar de cidade por causa das ameaças que vem recebendo. O carro que ela anda é blindado e a prefeita anda escoltada por policiais e seguranças particulares.

O clima de insegurança começou em Cachoeira em novembro do ano passado, quando um dos apoiadores, que trabalhou na campanha de Eliana de Jesus, foi assassinado com dez tiros, dois dias depois da eleição. Ivan Passos morreu no dia 17 de novembro, próximo à delegacia da cidade.

"A cidade foi inundada com uma conversa de uma suposta lista onde constava diversos nomes de militantes nossos, dizendo que Ivan era o primeiro apenas da lista, onde constava o meu nome, o do meu marido, o do meu filho e de diversos companheiros de luta na nossa trajetória", explicou a prefeita.

Depois desse assassinato, a prefeita começou a receber ameaças e prestou queixa na polícia.

"No dia 2 de dezembro, eu recebei uma ligação. Quando eu atendi, foi uma rajada de metralhadora". afirmou.
Por precaução, pessoas ligadas a Eliana de Jesus se mudaram para outras cidades. Uma delas foi Georlando Silva, que foi candidato a vereador nesta última eleição também pelo partido Republicanos.

Georlando Silva não foi eleito, mas assumiu o cargo de coordenador de obras da prefeitura de Cachoeira. Ele também recebeu ameaças e chegou a postar um vídeo nas redes sociais contando a situação.

No dia 7 de março deste ano, o militante foi assassinado com 19 tiros na cabeça no meio da rua, perto do centro de Cachoeira.

Apesar da situação, Eliana de Jesus diz que vai resistir às ameaças e continuar exercendo o cargo de prefeita.

"Nós temos o sangue de guerreiros, que gritaram o grito da independência aqui em Cachoeira. Nós não vamos envergonhar os nosso ancestrais. Nós temos a honra, o dever e a obrigação de honrar todos os sangues dos nossos antepassados que foram derramados por essa liberdade"

Um homem morreu e outro foi preso durante uma operação realizada em Cachoeira, no dia 19 de março deste ano, pelo Departamento de Polícia do Interior (Depin). A SSP-BA informou que eles são suspeitos de envolvimento nas ameaças feitas à prefeita.

Ainda de acordo com a SSP-BA, o homem que morreu é suspeito de homicídio em Cachoeira e possuía mandado de prisão em aberto. Ele morreu após troca de tiros com os policiais. Com ele, foram apreendidos um revólver e munições.

Já o outro homem foi preso em flagrante em um imóvel no município, também com revólver e munições, além de porções de crack e cocaína. As identidades de ambos suspeitos não foram divulgadas.

Racismo

Em nota, a União dos Municípios da Bahia (UPB), entidade representativa dos gestores municipais, repudiou as ameaças sofridas pela prefeita de Cachoeira. Nesta quarta-feira (21), o presidente da entidade, Zé Cocá, manifestou preocupação com a segurança de Eliane de Jesus e afirmou que situações como essa precisam ser coibidas para garantir a liberdade do voto na Bahia e no Brasil.

A UPB afirmou que acionará à Secretaria Estadual de Segurança Pública sobre a necessidade de apuração dos fatos e culpados.

A União de Negras e Negros pela Igualdade Racial (UNEGRO), o Bloco Afro Ilê Aiye e o Instituto de Mulheres Negras Luiza Mahin também se manifestaram sobre o caso.

Em nota, as entidades do movimento negro e social manifestaram seu repúdio e extrema preocupação com as ameaças cotidianamente recebidas pela prefeita Eliana de Jesus.

As entidades consideram "um absurdo inaceitável que uma mulher negra democrática e legitimamente eleita, seja mais uma vez alvo da violência de grupos autoritários e violentos que não aceitam a vontade do povo expressa pelo voto. Repudiamos as ameaças de mortes, os ataques racistas e misóginos, conclamamos as autoridades competentes a apurarem e punirem os culpados. Não podemos permitir que o feminicídio político de mulheres negras que vitimou Marielle Franco se torne cotidiano no país”.

A Bahia registrou 117 mortes e 3.652 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,4 %) em 24h, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no final da tarde desta sexta (23). No mesmo período, 3.313 pacientes foram considerados curados da doença (+0,5%).

O total de mortes por covid-19 na Bahia é de 17.804. A taxa de letalidade da doença na Bahia é de 2,03%. Apesar das 117 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta sexta. 113 delas ocorreram em 2021, sendo 96 no mês de abril.

De acordo com a Sesab, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se à sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Dos 877.484 casos confirmados desde o início da pandemia, 843.954 já são considerados recuperados, 15.726 encontram-se ativos. Na Bahia, 46.840 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Situação da regulação de Covid-19

Às 12h desta sexta-feira, 77 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 52 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

A Prefeitura de Salvador anunciou, na noite desta sexta-feira (23), o reajuste na tarifa de ônibus da capital a partir da próxima semana. A partir de segunda-feira (26), a tarifa passa a custar R$ 4,40. O aumento de 20 centavos representa um percentual de reajuste de 4,76%. O último reajuste aconteceu em março de 2020, quando a tarifa passou a custar os atuais R$4,20.

De acordo com a Prefeitura, o reajuste anual é previsto em contrato com as concessionárias que operam o transporte público em Salvador e deveria ter acontecido desde março. No entanto, por conta do processo de intervenção em uma das empresas do sistema, a CSN, e do agravamento da pandemia, o prefeito Bruno Reis decidiu adiar o reajuste tarifário. Ainda segundo a prefeitura, o aumento foi autorizado em função do aumento de insumos básicos para a operacionalização do serviço, em especial o preço do óleo diesel, que teve aumento acima dos 20% nos últimos meses.

“A Prefeitura buscou adiar este reajuste o máximo possível por entender se tratar de um momento delicado para toda a população. Porém esse déficit poderia agravar ainda mais a crise vivida no transporte público, levando inclusive a um colapso do sistema, o que não podemos permitir que aconteça”, disse o secretário de mobilidade, Fabrizzio Müller.

A análise para definição do valor da tarifa foi realizada pela Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal). O cálculo é feito de acordo com as variações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do preço do diesel e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período de 12 meses entre o último reajuste e o mês anterior ao da revisão tarifária.

No primeiro trimestre de 2021, o Governo do Estado assinou, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), 37 protocolos de intenções, com previsão de investimentos de R$ 5,2 bilhões e a geração de 2,2 mil empregos diretos e 3 mil indiretos. 86% deles tem previsão de se instalar no interior do Estado, onde a grande parte do investimento será aplicado, mais de R$ 4,8 bilhões, criando 1,8 mil empregos diretos.

"Apesar da pandemia, o trabalho por aqui não parou. Acredito que o ambiente de negócios saudável e a economia estável do Estado permitiram que continuássemos atraindo bons negócios. Destaco que a interiorização dos investimentos continua sendo uma prioridade para o governo baiano. Fechamos 2020 com 76% dos investimentos atraídos para o interior e agora apresentamos um balanço de primeiro trimestre com números que mostram a mesma tendência", afirma o vice-governador João Leão, secretário da pasta.

O segmento de Eletricidade e Gás (Energias Renováveis) é o que mais contribui para a interiorização do desenvolvimento, que beneficia 42 municípios baianos, principalmente na região semiárida do estado. O setor nos empreendimentos atraídos e incentivados pelo Governo do Estado.

Dos R$ 5,2 bilhões de protocolos assinados este ano, R$ 4,5 bi são de renováveis. São 14 projetos de energia eólica, que preveem se instalar em Xique-Xique e Itaguaçu da Bahia. E seis de energia solar em Juazeiro. Juntos, os parques vão gerar 2,5 mil empregos indiretos durante a construção das usinas.

Este ano, sete empreendimentos entraram em operação, gerando um investimento de mais de R$ 1 bilhão no estado e 390 novos postos de trabalho diretos. Mais uma vez renováveis liderou o processo com a entrada de cinco parques eólicos em operação e a implantação de uma linha de transmissão.

O estado tem um total de 438 empreendimentos incentivados que estão sendo acompanhados, com previsão de investir R$ 71,2 bilhões e gerar 54,3 mil vagas de empregos diretos. 90 projetos são de Renováveis e eles serão responsáveis por 75% (R$ 40,6 bi) do investimento. A previsão é que até 2022, 260 empreendimentos estejam implantados ou ampliados e injetem no estado R$ 21,9 bilhões, gerando 19,6 mil empregos diretos.

O prefeito Bruno Reis anunciou nesta sexta-feira (23), em coletiva de imprensa, a data do retorno das aulas em Salvador. De acordo com o calendário apresentado, desta sexta até o dia 30, acontece a semana de visitação e acolhimento. Já no dia 3 de maio, começam as aulas semipresenciais.

No retorno, as escolas vão funcionar presencialmente de segunda a sexta. Os alunos da rede municipal vão frequentar as escolas em dias alternados: segunda, quarta e sexta em uma semana e, na semana seguinte, na terça e quinta. Esse rodízio vai garantir o cumprimento de carga horária igual para todos os alunos.

Nos dias em que não tiverem aulas presenciais, os alunos vão realizar atividades como aula online, aulas pela TV, estudos dirigidos e atividades impressas.

Os protocolos obrigatórios também foram divulgados. Tanto para as escolas públicas, quanto para as privadas, será exigido o uso de máscaras, acesso às instituições com controle de fluxos, organização de horários para evitar aglomerações no acesso entre outras coisas.

Quanto à semana de acolhimento, a prefeitura definiu que acontecerá exclusivamente para alunos matriculados e os alunos devem ser escalonados em grupos por dia. Além disso, todas as atividades devem garantir a execução do protocolo sanitário.

Uma pesquisa feita pela ONG mexicana "Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal" deu a Feira de Santana, no interior da Bahia, o título de 9ª cidade mais violenta do mundo. No top 50 também são litados os muncípios baianos de Vitória da Conquista (20ª posição) e Salvador (28ª).

A ONG é considerada uma das principais entidades internacionais no monitoramento de taxas de crimes violentos, segurança pública, narcotráfico e políticas de governo.

O principal dado utilizado no estudo é a taxa de homicídios em cidades com mais de 300 mil habitantes. É feita uma média levando em conta o número de assassinatos a cada 100 mil habitantes.

O levantamento é feito anualmente levando em conta dados oficiais ou fontes alternativas, como jornais e portais de notícia.

No caso das cidades baianas, a ONG afirmou que os dados usados no estudo foram encontrados publicamente no site da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

A SSP-BA, no entanto, discorda do veredito. Em nota, o órgão afirmou que o estudo usa fontes não oficiais, como recortes de jornais e revistas para levantar informações.

"Diferentemente do que foi divulgado pelo estudo, a taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais por 100 mil habitantes em Vitória da Conquista foi de 35,8, em Salvador fica em 40,8 e na cidade de Feira de Santana 62,9", corrige.

Com os dados da SSP, Feira de Santana cairia para a 11ª posição, Salvador para 36ª e Conquista para 37ª.

Apesar da discordância da secretaria, o estudo estudo aponta um crescimento dos crimes de homicídio em Feira de Santana. Em 2017, por exemplo, a cidade estava em 15º lugar na lista, com índice de 60,23 homicídios a cada 100 mil habitantes. Agora, a taxa subiu para 67,46.

Salvador, por outro lado, caiu na mesma comparação. Em 2017, a capital baiana aparecia em 20º lugar, com índice de 54,71. Agora, em 28º, apresenta taxa de 46,80 – também por homicídios a cada 100 mil habitantes.

Termina nesta sexta-feira (23) o prazo para manifestação de interesse na lista de espera do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2021/1. A inclusão nessa lista pode ser solicitada apenas por quem se inscreveu no SiSU 2021/1 e não foi classificado em nenhuma das duas opções de curso escolhidas. O candidato deve fazer seu login na página da seleção e escolher para qual das graduações deseja concorrer.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), a relação dos candidatos que manifestarem interesse será repassada para as instituições participantes do SiSU 2021/1 e será de responsabilidade delas a realização das próximas chamadas da seleção. Essas convocações serão feitas nas próprias páginas das instituições de ensino, conforme calendários definidos por elas e diante da disponibilidade de vagas a serem preenchidas.

Matrículas
Também se encerram nesta sexta-feira (23) o prazo para matrícula dos aprovados na primeira chamada do SiSU 2021/1. Os convocados que deixaram para a última hora devem consultar o site do Sisu e a página da instituição para a qual foram classificados para conferir os documentos necessários para ingressar na instituição selecionada.

Vagas
Ao todo 206.609 vagas foram oferecidas pelo SiSU 2021/1 em 5.571 cursos superiores, de 109 instituições públicas e que contemplam graduações presenciais e a distância (EaD). No caso das instituições federais, obrigatoriamente, pelo menos 50% de suas vagas foram oferecidas por meio do sistema de cotas, lei federal que reserva oportunidades aos estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas (havendo percentual para pretos, pardos e indígenas e pessoas com deficiência). Nas demais instituições participantes do Sisu, a oferta de vagas ou não pela Lei de Cotas ficou a critério delas. Algumas adotaram o mesmo modelo das federais, outras definiram suas próprias ações afirmativas.

 

 


O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Walderly Rodrigues, confirmou nesta sexta-feira (23) que o Censo Demográfico será adiado porque o Orçamento de 2021 não traz verbas para realização da pesquisa. "Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021. As consequências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo desse ano, em particular em decisões tomadas na Junta de Execução Orçamentária", afirmou, segundo o G1.

"As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocado no processo orçamentário e, como falado aqui, novas decisões sobre alocação e realização do Censo têm a fase preparatória, serão comunicadas, sempre atentando para as orientações que, do ponto de vista da saúde, vierem determinadas pelo Ministério da Saúde", acrescenta o secretário.

No Congresso, a verba do Censo já tinha sido cortada de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. Com esse valor, a realização da pesquisa era inviável, já havia dito o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo. No início do mês, o IBGE já havia suspendido a realização de provas do concurso que selecionaria os recenseadores.

A direção do IBGE afirmou em março que sem o Censo 2021 as ações do governo para o pós-pandemia ficam fragilizadas. "Sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia serão fragilizadas pela ausência das informações que alicerçam as políticas públicas com impactos no território brasileiro, particularmente em seus municípios", afirma a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, e o diretor de Pesquisas, Eduardo Rios-Neto, em artigo publicado pelo jornal "O Globo" e reproduzido na página do órgão.

O novo No Limite, reality da Globo, tem estreia prevista para dia 11 de maio. A nova versão do programa vai reunir ex-BBBs. O programa será semanal e vai ao ar às terças e domingos. Inicialmente estão previstos 11 episódios. Dez serão gravados durante uma viagem a uma praia deserta.

O último episódio será ao vivo, no dia 20 de julho. Os participantes terão que se eliminar, sem interferência do público, que só deve votar na final. A apresentação será de André Marques.

Nesta quinta (22), o colunista do BuzzFedd, Fefito, anunciou os primeiros nomes de ex-BBBs que estarão no jogo. Um deles é a baiana Anamara Barreira, a Maroca, ex-policial militar, que participou do BBB 10. Outra baiana, Carol Peixinho recusou o convite.

Além de Anamara, Alan Passos, que formou casal com Grazi Massafera no BBB 5, Gleici Damasceno, vencedora do BBB 18, Guilherme Napolitano (BBB20), Marcelo Zulo (BBB4), Tatiele Polyana (BBB14), Antonella Avallaneda (BBB4), Arcrebiano Araújo (BBB21), Hadson Nery (BBB20), Solange Vega (BBB4), Paula Amorim e Kaysar Dadour (BBB18). No total, 16 ex-BBBs estarão no game.

O professor municipal Everton Esteves Rosário, de Cícero Dantas, nordeste da Bahia, morreu de covid com apenas 28 anos, nesta terça-feira (20). Sua partida causou comoção entre familiares, alunos e colegas do rapaz, que projetava um longo futuro como educador. O caso de Everton é um retrato da face letal da covid-19 na Bahia, que cada vez mais ganha contornos joviais. Em abril, um a cada três baianos vítimas da doença são jovens ou adultos, com idade de 20 a 59 anos.

Nunca antes essa população tinha contribuído tanto com o número de óbitos durante a pandemia. Em janeiro, por exemplo, apenas 19,18% das mortes ocorridas eram de pessoas nessa faixa etária. Com o passar dos dias, o índice foi aumentando progressivamente: 25,26% em fevereiro, 28,50% em março e 33,12% nos 20 primeiros dias de abril. Essa constatação foi feita com os dados mais atualizados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) de mortes ocorridas nesses meses.

No entanto, não é apenas o poder público que está preocupado com o tema. Dados de registros de óbitos feitos nos Cartórios de Registro Civil do País, coletados do Portal da Transparência do Registro Civil, mostram o mesmo fenômeno. Em janeiro, o percentual de mortes de pessoas entre 20 e 69 anos, segundo os Cartórios, foi de 20,35%, o que aumentou para 26,17% em fevereiro, 29,17% em março e 30,58% nos 15 primeiros dias de abril.

Segundo a infectologista Jacy Andrade, professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a tendência observada na Bahia ocorre no Brasil inteiro e é justificada pelo comportamento dessa população mais jovem e a maior transmissibilidade da covid causada pela nova variante do vírus. “Muitos jovens não estão aderindo às medidas de segurança que são recomendadas, como distanciamento social e uso de máscara. Com essa variante, que é mais transmissível, mais jovens apresentam a forma grave da doença”, relata.

Ainda para a cientista, a realidade é um sintoma da necessidade do país ampliar a sua cobertura vacinal e, com a fabricação de mais doses, imunizar a população que tem entre 20 e 59 anos. Os idosos já começaram a ser vacinados desde janeiro de 2021 e isso está causando a queda nas mortes por covid dessa população, o que faz com que o reflexo do número de óbitos entre os jovens seja cada vez maior.

“O mais importante é a vacinação, eu acredito, por ter começado primeiro com o grupo de idosos. Apesar da lentidão na chegada de novas doses, a gente assiste a queda no número de mortes no grupo mais idoso, o que é muito bom. Isso vai impactar de forma significativa nos dados", diz.

De fato, segundo os dados da Sesab, em janeiro, 80,06% das mortes por covid eram de idosos, ou seja, pessoas com mais de 60 anos. Isso caiu progressivamente para 74,08% em fevereiro, 71,06% em março e 66,48% nos 20 primeiros dias de abril. Os Cartórios também enxergam o mesmo fenômeno: 78,5% em janeiro, 73,03% em fevereiro, 69,96% em março e 67,92% nos 15 primeiros dias de abril.

Faixas etárias
A faixa etária onde mais se enxerga redução nas mortes foi a com mais de 80 anos, os primeiros a serem vacinados. Em janeiro, segundo a Sesab, 32% dos óbitos por covid eram dos maiores de 80. Em abril, o percentual caiu pela metade para 16%. Os que estão entre 70 e 79 anos apresentaram uma leve redução: 27% em janeiro para 25% em abril. Já os que estão com 60 e 69 anos, justamente os que começam agora a tomar a segunda dose da vacina, são os únicos idosos que possuem crescimento nas mortes. Em janeiro eram 22% do total de óbitos e agora são 26% em abril.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos são a população com 60 anos ou mais. Já os adultos são aqueles cuja idade varia de 26 a 59 anos. Jovens, por sua vez tem entre 18 e 25 anos. Na outra ponta dos dados, o aumento de mortes é registrado de forma mais expressiva na faixa etária dos adultos de 40 a 49 anos, segundo a Sesab. Abril nem terminou e as 144 mortes dessas pessoas já superam as 115 de todo fevereiro e 79 em janeiro de 2021. O mesmo ocorre com os adultos de 30 a 39 anos. Já são 69 mortes em abril, mais do que as 50 de fevereiro e as 30 de janeiro desse ano.

Outro adulto falecido, com apenas 34 anos, foi o estudante Jailton Almeida dos Santos Barbosa, mais conhecido como Jaime, que cursava Arquitetura e Urbanismo na Ufba. Natural de Amargosa, o rapaz contribuiu em vida na formação do Conselho Municipal de Juventude da cidade e ajudou na formação cultural de conterrâneos. “Ele contribuía com as aulas e pesquisas trazendo sempre reflexões repletas de curiosidade e inquietações", afirmou, em nota, a direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Já o professor Everton, aquele que você conheceu no início da reportagem, era admirado pelo seu compromisso e preocupação na formação dos alunos. “Ele parte deixando muitas lições de amor, amizade e solidariedade”, diz a nota do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cícero Dantas (Sindic). Também em nota, José Aumir Batista, diretor do Colégio Municipal Monsenhor Galvão, onde Everton ensinava, se solidarizou com a perda. “Hoje ficamos com um vazio no peito, sufocados com essa partida”, disse.

Na prática
Diretor médico do Hospital Espanhol, o infectologista Roberto Badaró diz que esses números são observados cada vez mais na rotina prática da instituição, que há mais de um ano trabalha 24 horas por dia como um hospital de campanha para casos graves de covid. “No início da pandemia, nós recebíamos paciente com a média de idade de mais de 60 anos. Mas com as mutações do vírus, nós estamos recebendo mais pacientes jovens”, diz. Para o médico, isso é só mais um sinal de que as pessoas precisam se proteger do vírus.

“Mesmo com vacinação, ainda não podemos abrir mão das medidas de distanciamento e uso de máscara. O fenômeno da reinfecção é real, pois temos variantes diferentes circulando. Esperamos que as vacinas sejam capazes de parar essa pandemia”, argumenta.

Já Fábio Vilas-Boas, secretário da Sesab, diz que metade dos pacientes baianos possuem menos de 50 anos. “Há uma inversão no perfil demográfico dos internados, com a prevalência de mais jovens. A vacina tem ajudado a reduzir mortes nos idosos, os que tem mais de 70 anos principalmente. A gente espera que, ampliando a vacinação, os números melhorem cada vez mais”, relata.

Na tarde de quinta-feira (22), a Bahia recebeu mais 222.500 doses de vacina conta o coronavírus. Foram 180,5 mil doses da vacina Oxford/Astrazeneca e 42 mil doses da Coronavac. A remessa está sendo distribuída entre regionais de saúde pela Coordenação de Imunização do Estado através de aeronaves do Grupamento Aéreo da Polícia Militar e da Casa Militar do Governador. Em seguida, as vacinas seguem por meio terrestre para os municípios atendidos por cada regional de saúde.