Mãe narra desespero ao encontrar filho de 3 anos morto: 'estava com o dente travado'

Mãe narra desespero ao encontrar filho de 3 anos morto: 'estava com o dente travado'

Ao descer as escadas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, a doméstica Daniela Galeão Góes, 25, desabafou: “Ele estava gelado, o dente travado e o pescoço todo marcado”. Após o depoimento, prestado na manhã desta terça-feira, 20, ela ainda procurava respostas para a violência praticada contra seu filho caçula, Luís Fernando, de 3 anos, encontrado morto numa casa no bairro de Valéria, durante a madrugada. “Não consigo entender porque ela fez isso”, disse a mãe, que acusou a vizinha, de apelido Cacau, dona do imóvel onde o menino foi localizado.

O corpo de Luís Fernando Galeão Góes foi encontrado pela própria mãe e outros moradores dentro de um saco de linhagem, debaixo de uma mesa. Na hora, estavam no imóvel a vizinha e a mãe dela, que aproveitaram o tumulto para fugir.

Poucas horas depois, ainda na manhã desta terça, 20, as duas suspeitas foram encontradas mortas com sinais de agressão, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Segundo a polícia, os corpos de Rosenilda de Cássia Gonçalves, de 61 anos, e Uelma Gonçalves da Cruz, 38, foram achados perto de uma fábrica no CIA. Uma equipe da 22ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foi ao local após receber denúncia sobre corpos abandonados na Estrada Santo Antônio do Rio das Pedras.

As mortes das duas serão investigadas pela 22ª Delegacia (Simões Filho). Já o assassinato do menino é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios, em Salvador.

Buscas
Daniela contou que, por volta das 18h de anteontem, Luís Fernando e a irmã, de 4 anos, brincavam com o filho da vizinha, de 7 anos, na Rua Manoel Quirino. “A irmã entrou para fazer xixi e eu o chamei, mas Luís disse que ia continuar brincando com o amigo de pega-pega”, contou. Aproximadamente uma hora depois, a doméstica deu por falta do filho e foi procurá-lo. Os vizinhos disseram que viram o menino ainda brincando.

“Os meninos eram muito amigos. Às vezes o meu filho ficava na casa dela, outras vezes o filho dela ficava lá em casa. Os dois se davam muito bem e eu e ela também. A gente ia juntas buscar cestas básicas”, contou Daniela.

Em busca do filho, a doméstica foi à casa da vizinha, a 100 metros de sua. “Primeiro, ela disse que Luís não estava lá e que o filho já dormia. Pedi para que acordasse o menino. Ela foi lá e instantes depois voltou com o filho, dizendo que Luís ficou brincando com um outro menino que não conhecia”.

Diante das informações, Daniela começou a procurar o filho na região. “Fui gritando pela vizinhança e nisso o horário foi passando, aí publiquei nas redes sociais a foto dele e por volta de 1h30 (madrugada desta terça) parei de novo na porta dela com aquele aperto no coração”.

Daniela foi à casa da vizinha Cacau, mas desta vez levou moradores que a auxiliavam na busca. Foi uma amiga que notou algo estranho no imóvel. “Ela arrodeou a casa e viu através de um buraco na porta dos fundos que havia alguém embalando alguma coisa. Então, implorei para que Cacau abrisse a porta, mas ela e a mãe não queriam abrir, dizendo que perderam a chave. Quando disse que íamos arrombar, ela abriu”.

Ela e os demais vasculham o imóvel. “Entrei e procurei no guarda-roupas, debaixo da cama. Quando estava indo para o banheiro, o marido de minha amiga viu que debaixo da mesa havia um embrulho. Quando abri, era o meu filho, com um corte na cabeça. Foi horrível”.

Nessa hora, Cacau, o filho e a mãe já estavam do lado de fora. “Eu perguntei porque ela fez aquilo, mas ela só respondeu: ‘Ele não está morto, está desmaiado’ e depois fugiram”.
Daniela levou o filho para a UPA de Valéria, onde o médico constatou o óbito. Ele disse a ela que Luís Fernando teria recebido pauladas e foi vítima de estrangulamento.

A mãe, que mora no bairro há quatro anos, não consegue entender o que levou a vizinha a tamanha crueldade: “Já me perguntei várias vezes e não achei resposta”.

O pai soube da morte do filho em São Paulo, onde está há 15 dias. Desempregado, foi em busca de serviço na construção civil. “Ele está arrasado. Está vindo para o enterro”, contou a mãe. Luiz deve ser enterrado hoje.

Cacau morava na Rua Manoel Quirino há quatro meses. Os moradores disseram que ela era de poucas palavras. “Era muito difícil cumprimentar as pessoas. O que ela fez mexeu muito com a gente, todo mundo aqui adorava a criança. Ninguém sabe ao certo o porquê de tanta perversidade”, disse Ana Cláudia dos Santos, 40, moradora do bairro.

Relembre outros casos

2019 - O corpo de Maria Elaine Sobras Cortes, 10 anos, foi encontrado em um terreno em Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário. Um vizinho da vítima, que trabalhava como pedreiro na casa da família, foi preso na ocasião. A polícia não explicou o motivo da prisão e disse apenas que estava relacionada à investigação da morte da garota;

2017 - Roberto Luiz do Rosário Lima, morador de Pedrão, perdeu as netas Sofia, de 1 ano e quatro meses, e Luna Morena, de 5. Desaparecidas até hoje, segundo a família, as meninas estavam no mesmo carro em que seus pais e um motorista foram mortos a tiros, na zona rural do município. O inquérito policial das investigações não apontou suspeitos;

2015 – Rafael Pinheiro de Jesus, 29, acusado da morte de Marcos Vinícius Carvalho, 2, encontrado morto em um areal de Itapuã, foi liberado da prisão no mesmo ano do crime. Ele era padrinho da criança, se entregou à polícia, acompanhado por um advogado, e foi preso em flagrante por ocultação de cadáver. Ele alegou que a criança morreu depois de tomar um mingau e que, desesperado, enterrou o corpo. O caso aconteceu em setembro;

2015 - Uma adolescente de 16 anos confessou ter matado Adonay Santos, 9, em Candeias, na RMS. Segundo a polícia, ela disse que viu o menino empinando pipa e pensou em sequestrar o garoto para pedir resgate de R$ 600. Pegou o menino, trancou em casa, mas não chegou a fazer contato com a família para pedir dinheiro. A adolescente decidiu matar o menino ao perceber que a polícia já estava envolvida nas buscas. A adolescente foi encaminhada para o Ministério Público de Candeias, onde ficou internada provisoriamente por 45 dias.

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    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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