Corpos de rifeiros mortos em Barra do Jacuípe são enterrados sob forte comoção

Corpos de rifeiros mortos em Barra do Jacuípe são enterrados sob forte comoção

Sob lágrimas e lamentações, o velório dos rifeiros Rodrigo da Silva Santos, de 33 anos, e Hynara Santa Rosa da Silva, 39, mortos em Barra do Jacuípe, aconteceu no cemitério Bosque da Paz, na tarde desta segunda-feira (12). Reunidos no salão cerimonial, cerca de 200 pessoas entre familiares, amigos, influencers e clientes se juntaram para dar o último adeus ao casal.

Definidos como alegres e alto astral por aqueles que os conheciam, Rodrigo e Hynara, que foram velados e enterrados juntos, deixaram todos os presentes e seus cerca de 190 mil seguidores nas redes sociais profundamente abalados com suas mortes. Amiga de infância de Rodrigo, a motorista Carla Iglesias, 45, contou que Dignony, como era conhecido nas redes sociais, sempre foi uma pessoa sonhadora e do bem.

“Eu vi Rodrigo na barriga da mãe dele. Desde a infância, ele era um menino que sempre sonhou, um filho exemplar, não tinha nada para reclamar dele. Era um menino de boa índole”, afirmou a amiga.

Vivendo a infância em Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, o sonho de Rodrigo era trabalhar como produtor ou empresário no ramo musical. Ele chegou a desenvolver a carreira, que não decolou como pretendia. Como alternativa, há três anos, ele começou a vender rifas e conseguiu ascender socialmente. Segundo Carla, o novo padrão de vida do amigo, que exibia seu dia a dia nas mídias sociais, pode ter incitado inveja e motivado o crime.

“Ele era novo no ramo de rifa. Ameaça não foi [a causa do crime], porque ele não devia nada a ninguém. Certamente foi inveja, povo que não gosta de ver ninguém bem, crescer na vida. E eles cresceram rápido, mas não deviam nada”, reiterou a amiga, emocionada.

Desolada, a mãe de Rodrigo permaneceu ao lado do caixão do filho durante todo o velório. Já a afilhada do casal, a jovem Eduarda Oliveira, 13, disse querer preservar a imagem dos padrinhos vivos. “Vou sentir falta de tudo deles. Eu me sinto muita abalada com tudo que aconteceu. Era uma coisa que eu não queria [estar vivendo]. Está todo mundo triste”, frisou.

Também presente para a despedida, o empresário Francisco Júnior, vizinho e amigo do casal, lembrou que Rodrigo e Hynara sempre apareciam alegres e afirmou ser essa a imagem que fica como legado deles. “Meu filho brincava com o filho deles, eles tinham uma relação no parquinho, no condomínio. Eu fiquei assustado [ao receber a notícia], não se tem mais segurança, ficamos reféns dessas pessoas. Foi chocante, ficamos tristes, porque acabou uma família”, lamentou.

Crime
Com a morte, Rodrigo e Hynara deixaram um menino de 3 anos de idade órfão. A mulher ainda deixou um garoto de 9 anos, fruto de um outro relacionamento. No momento do crime, o casal estava em uma praia em Barra do Jacuípe, local turístico da orla de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. Eles estavam curtindo a tarde de domingo (11) e, logo após um banho de mar, foram alvejados com diversos tiros que atingiram o peito e a cabeça de ambos.

Segundo testemunhas apontam, os suspeitos estavam próximo a um quiosque quando executaram os disparos. A Polícia Militar informou que o chamado para o caso aconteceu por volta das 18h30 e que agentes da 59ª CIPM, que atua na região, isolaram o local e acionaram o Departamento de Polícia Técnica, que procedeu com a perícia e remoção dos corpos.

Procurada, a Polícia Civil não informou se já houve avanços na investigação, identificação do autor do crime, motivação para os homicídios ou linha de investigação. Eles ressaltaram que informações não serão divulgadas para não atrapalhar a investigação.

Últimos momentos
Horas antes do ocorrido, Rodrigo fez uma sequência de stories anunciando suas rifas à beira mar e no comando de uma moto aquática. Já Hynara, conhecida como Naroka, apareceu triste nos stories do Instagram para seus mais de 100 mil seguidores, contando que tinha acabado de conversar com uma amiga da época da escola, o que a fez voltar a memórias de dificuldades vivenciadas no passado.

Um dia antes do duplo homicídio, Naroka, que acreditava que os sonhos costumavam ser “avisos”, relatou a uma amiga um presságio que teve na véspera de sua morte. “Sonhei que eu estava com você no Comércio, com roupa de academia e parou um carro e chamou o nome dela, aí deram um tiro, eu me escondi atrás da árvore e consegui rastejar até meu carro e comeu a chamar ela, porque meu carro é blindado... eles atiravam tanto e eu saí correndo até a polícia... e a acordei assustada”, dizia ela na mensagem.

Relembre outros casos
Em setembro deste ano, o influenciador Leonardo Andrade, 31 anos, foi sequestrado e relatou ter sido torturado e agredido durante as seis horas que passou no cativeiro, refém de quatro homens armados, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo da Bahia. Já a influenciadora baiana Sheila Matos, mais conhecida como Sheuba, mudou de bairro, em junho deste ano, após ter sido vítima de tentativa de sequestro na Fazenda de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, onde morava.

Em comum entre ambos os casos, está a exposição que dá o tom do estilo de vida dos influenciadores digitais, considerados subcelebridades, que ganham fama e dinheiro com o compartilhamento do seu cotidiano. De acordo com Jacqueline Muniz, especialista em segurança pública indicada pelo governo de transição para ser responsável pelas pautas de segurança nacional, o perigo a que são submetidos os influencers aumenta o proporcionalmente ao seu círculo de interação.

“Além dos amigos, conhecidos, vizinhos e parentes, os influenciadores digitais têm a vida monitorada e hoje é muito fácil, através dos aplicativos de rastreamento, de identificar os trajetos dessas pessoas. Então esse trabalho em rede multiplica os riscos”, aponta.

A exposição aos admirados, apesar de essencial ao trabalho, não se limita ao alcance a apenas este público. Dessa forma, além dos maiores cuidados comuns de serem adotados por essas pessoas, como mecanismos de segurança em casas e carros, Muniz destaca a importância de não culpabilizar as vítimas, mas sim rever políticas públicas de segurança. Para ela, a condução de um processo investigativo exemplar pode impedir o aparecimento de novos casos.

“Hoje, os possíveis agressores estão no campo de interação das vítimas. Ao dar uma resposta à sociedade, à família e aos fãs dessas celebridades, isso mobiliza todo mundo. Quando pessoas como essas, que falam nossa língua no cotidiano são vitimadas dessa forma fatal, todos nós começamos a nos sentir inseguros. Por isso, a resposta precisa ser ao público”, enfatiza.

Itens relacionados (por tag)

  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.