Dois filhos da ex-deputada federal Flordelis dos Santos Souza foram condenados nesta quarta-feira, 24, por envolvimento no assassinato do pastor Anderson do Carmo. Ele, que foi morto a tiros em junho de 2019, era marido da ex-parlamentar, acusada de ser mandante do crime.

O Tribunal do Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, condenou Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da pastora Flordelis, a 33 anos 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio triplamente qualificado consumado, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento ideologicamente falso e associação criminosa armada. Ele foi denunciado como quem disparou contra Anderson na noite do homicídio.

Durante o julgamento, ele exerceu o direito de permanecer calado Antes, o filho biológico havia confessado ter sido autor dos tiros que mataram Anderson do Carmo, em vídeo gravado na delegacia. Depois ele negou o crime e afirmou ter sido obrigado a confessar.

Já Lucas Cézar dos Santos Souza, filho adotivo e acusado de comprar a arma do crime, foi condenado a sete anos e meio por homicídio triplamente qualificado. Ele teve sua pena foi reduzida, porque colaborou com as investigações. No julgamento, disse que o irmão queria acabar "com o sofrimento da mãe".

O júri, presidido pela magistrada Nearis dos Santos de Carvalho Arce, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, teve 15 horas de duração e ouviu oito testemunhas. Flávio e Lucas são os primeiros acusados do crime a serem julgados.

Outras dez pessoas, inclusive a própria Flordelis, também respondem pelo mesmo assassinato, mas esses julgamentos ainda não têm data marcada.

Ela recorre ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a acusação.

Flordelis teve o mandato cassado pela Câmara dos Deputados, em agosto do ano passado. Desde o início das investigações, alega que não teve nenhum envolvimento com o assassinato do marido, que tinha 42 anos quando foi morto.

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Guerra às drogas tem cor e endereço marcados em Salvador. É o que aponta um estudo realizado pela organização Iniciativa Negra e que será divulgado nesta sexta (19), véspera da celebração do Dia da Consciência Negra. Segundo a pesquisa, a abordagem policial varia de acordo com os bairros da capital baiana - quanto mais negro, mais letal. O relatório expõe como a violência, a partir do discurso de combate ao tráfico, organiza os territórios através da repressão.

Ao monitorar nos noticiários eventos violentos, os pesquisadores elencaram os bairros que tiveram mais casos entre junho de 2019 e fevereiro de 2021: São Cristóvão, com 118 casos; Sussuarana, com 71; Itapuã, com 62; seguidos por Mata Escura, Nordeste de Amaralina, Lobato, Pernambués, Pituba, Boca do Rio e Brotas.

Segundo a pesquisa Mesmo que me Negue Sou Parte de Você: Racialidade, Territorialidade e (r)existência em Salvador, bairros onde vivem majoritariamente pessoas negras com menos ocorrência de uso e porte de drogas têm números maiores de violência policial do que áreas da cidade onde há mais casos envolvendo substâncias ilícitas e residem pessoas majoritariamente brancas.

Um exemplo, segundo o estudo, é a Pituba, que mesmo tendo altos índices de registros de uso e porte de drogas, não registrou nenhuma morte violenta entre janeiro e dezembro de 2020. Enquanto isso, o Nordeste de Amaralina, composto por maioria negra, aparece com menor número de registros de substâncias ilícitas e mais casos de mortes violentas. Nenhum bairro onde há majoritariamente pessoas brancas aparece de forma significativa no monitoramento de notícias que foi realizado.

“Os dados que apresentamos são com base em catalogações de informações da Rede de Observatório da Segurança e da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Destacamos os dez bairros que mais apareciam nos indicadores da Rede e, a partir disso, fizemos rodadas de entrevistas com moradores.”, explica a pesquisadora Luciene Santana.

Entre os eventos violentos que apareceram na mídia e foram analisados pela pesquisa, entre junho de 2019 e fevereiro de 2021, a ‘violência, abuso e excesso por parte dos agentes do estado’ foi o mais recorrente, com 1.447 registros. Seguido por ‘policiamento’, com 663 e ‘eventos envolvendo armas de fogo’, com 244 notificações. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou no seu anuário deste ano, inclusive, que mortes causadas por policiais cresceram 47% na Bahia, sendo que das 55 cidades brasileiras com mais mortes decorrentes de intervenções policiais, sete ficam na Bahia.

“A guerra às drogas é, na verdade, uma guerra contra as pessoas, e o resultado de um projeto de Estado que elegeu os negros como inimigos, através da negação dos direitos e do uso da violência”, afirma Dudu Ribeiro, historiador e cofundador da Iniciativa Negra.

Em setembro deste ano, um confronto entre policiais e traficantes no bairro de Brotas, que faz parte da lista dos dez mais violentos do estudo, acabou com a morte de um homem, que, segundo a polícia militar, era traficante. Já no bairro Mata Escura, entre o final de 2019 e início de 2020, quarto mais violento, seis homens foram mortos pela polícia, com menos de 20 dias de diferença entre um caso e outro. As duas ações foram decorrentes de operações contra o tráfico de drogas.

Outro dado que chama atenção na pesquisa é a dificuldade do acesso público a equipamentos de cidadania. Em áreas onde a letalidade é vertiginosa, é escassa ou nula a quantidade de equipamentos culturais. O mesmo ocorre com a saúde: bairros com maior número de notícias sobre violência sofrem com baixa cobertura de políticas públicas voltadas à saúde dos moradores. Segundo o estudo, essas ausências representam a política de exclusão e marginalização de certos locais e moradores da cidade.

“O que percebemos é uma ausência do Estado nas localidades em que há mais pessoas negras e mais ocorrências de eventos violentos. Por isso, é fundamental a aplicação de políticas públicas para que haja a prevenção da violência”, explica a pesquisadora Luciene Santana.

No texto, os pesquisadores afirmam que a violência é um fator que co-organiza a vida de moradores dos dez bairros citados no estudo: “Se está acontecendo uma operação policial, se acontecer uma morte ou tiver um toque de recolher, as pessoas não conseguem ir trabalhar, viver a sua sociabilidade e usufruir do direito à cidade”, afirma Luciene.

Discurso x prática

“A guerra às drogas é uma estratégia equivocada, tanto do ponto de vista político, como de discurso, porque, além de não produzir cuidado, não diminui a violência e nem o tráfico de drogas”, afirma Bruna Rocha, que é fundadora da plataforma Semiótica Antirracista e integrante do Programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS).

O programa trabalha com a redução de danos e promoção do cuidado de pessoas que apresentam uso excessivo de álcool e outras drogas, através da garantia de direitos, como acesso à educação, justiça, saúde e recuperação de documentos. Segundo Bruna, há um imaginário racista e conivente com a violência contra pessoas negras que atravessa toda a narrativa de guerra às drogas, fazendo com que seja, na verdade, uma guerra a pessoas e territórios e não às substâncias.

A pesquisa “Mesmo que me negue sou parte de você” também aponta falhas na cobertura midiática. Segundo o estudo, os meios de comunicação privilegiam notícias de ações de patrulhamento, somando 801 no período analisado, mas pouco noticia os efeitos letais destas ações.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirma que atua de forma preventiva e repressiva contra o comércio de entorpecentes e que, desde o início do ano, mais de 15 toneladas foram apreendidas. No que diz respeito à letalidade policial, a SSP-BA ressalta que no primeiro semestre de 2021 o número de mortes em decorrência de ações da polícia diminuiu 33%, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Em setembro deste ano, o secretário de segurança pública, Ricardo Mandarino, chegou a afirmar que apesar de não “suportar drogas”, o comércio deveria ser regulamentado, com política de vendas semelhante ao cigarro para combater o tráfico. Questionada, a SSP-BA afirmou que os estados não têm autonomia para esse tipo de decisão.

Já a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi-BA) reconheceu, através de nota, que o racismo é um problema estrutural e secular, afetando diariamente as relações sociais e limitando o acesso às políticas públicas em diversos campos. Afirmou ainda que a secretaria tem feito investimentos visando a inclusão e combate ao racismo e exemplificou com o Edital da Década Afrodescendente, que viabilizou um conjunto de projetos.

Procuradas para comentar o estudo, tanto a Secretaria de Municipal de Reparação (Semur), quanto a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) não retornaram até a finalização desta reportagem.

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Um casal está foragido da polícia acusado de estuprar e transmitir o crime nas redes sociais, na cidade de Brumado. Policiais da Delegacia Territorial (DT) a cidade cumpriram mandado de busca e apreensão em uma casa situada na zona rural, nessa segunda-feira (8).

De acordo com as investigações, o imóvel foi utilizado para gravação e transmissão de cenas de sexo e abuso, no final do mês de outubro. Segundo o delegado Paulo Henrique de Oliveira, as apurações concluíram que um casal foi responsável pela ação criminosa. “Eles devem ser indiciados por estupro de vulnerável, instigar e auxiliar outra pessoa ao uso indevido de droga ilícita e divulgação de cena de estupro de vulnerável”, disse o delegado.

Na casa, foram apreendidos computadores, documentos e substâncias que serão submetidas à perícia. “Identificamos alguns objetos que apareceram durante a live”, acrescentou Paulo Henrique.

O delegado também solicitou as prisões preventivas dos suspeitos, que foram deferidas pelo Poder Judiciário e eles estão sendo procurados.

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Um homem morreu e ao menos outros quatro ficaram feridas após um tiroteio na Praia da Preguiça, no bairro do Comércio, em Salvador. De acordo com a Polícia Militar da Bahia (PM), os disparos começaram por volta das 12h40 deste domingo (7).

A PM informou que militares da 16ª CIPM foram acionados para averiguar ocorrência de disparos de arma de fogo, em que vários indivíduos foram atingidos.

No local, foi encontrado um homem já morto. As outras quatro vítimas foram levadas o Hospital Geral do Estado (HGE). Não há informação sobre o estado de saúde delas.

São eles: um adolescente de 17 anos e três adultos de 22, 25 e 26 anos.

Um dos sobreviventes seria Fernando. Uma familiar dele revelou que ele costuma trabalhar como guardador de carros na região onde o crime ocorreu. “Ele tinha indo dar um mergulho, quando aconteceu”, disse à reportagem.

A Polícia Militar isolou a área e acionou o Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc) para realizar as medidas legais.

Ainda não se sabe as causas do tiroteio, que será investigado pela Polícia Civil.

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A bolha de proteção da família para tentar dar mais segurança à estudante Jamile Sanches Araújo Miranda, 18 anos, não conseguiu evitar que ela fosse mais uma vítima da violência. Jamile estava no carro com os pais quando foi baleada no bairro de São Cristóvão, na noite dessa quarta-feira (27).

Segundo informações de familiares, Jamile tinha ido ao cinema com os pais e uma amiga, que não via há 2 anos. Na volta, o pai de Jamile resolveu dar uma carona para a jovem, que morava na Rua Iolanda Pires. Inicialmente, a Polícia Militar havia informado que a jovem estava em um carro por aplicativo.

A amiga de Jamile fez todas as indicações para que eles chegassem e saíssem do local com segurança, mas, na hora de sair do bairro, eles foram abordados por dois homens armados, que mandaram a família sair do local com brevidade. Depois, outros dois homens apareceram atrás do carro, também armados, e atiraram. Um tiro foi para o alto e o outro, na direção do carro, atingindo Jamile na cabeça.

"Vimos dois meliantes apontando a arma para gente e mandaram a gente voltar de ré e eu voltei de ré. Por estar voltando de ré, e saíram mais duas pessoas na rua e não percebi fizemos a manobra pelo final da rua. Por nós termos passado um pouco antes e termos passado com sucesso, eu já estava com uma velocidade acima do permitido, tentando sair dali. Ao chegar em um certo ponto, eu não vi mais ninguém. O meliante saiu e eu não percebi, só vi quando já estava do meu lado, do motorista, e ele deu dois tiros. Minha esposa disse que ele deu um para cima e o outro tiro atingiu o vidro do carro, o encosto, e depois a cabeça da minha filha", relatou o pai em entrevista à TV Bahia.

"A luz interna estava acesa, farol baixo, com todo o protocolo de segurança. Segundo o pai, dava para ver que só estavam os três no carro, mas mesmo assim, o cara atirou na maldade, pra matar e atingiu ela na cabeça, que estava sentada no banco de trás", detalhou o parente.

Jamile era filha única do casal, que está em choque com a perda. "Os pais estão em estado de choque. Ela era filha única deles. E era muito querida. Eles tinham tanto cuidado com ela, por conta da violência, que não deixavam ela pegar ônibus e no entanto ela morreu dentro do carro", desabafou o parente.

"Nesses 18 anos eu tentei evitar isso, nunca deixei ela andar sozinha, de ônibus, de metrô, porque eu tinha muito medo de acontecer alguma coisa", disse o pai em entrevista à TV Bahia.

A jovem já tinha concluído o ensino médio e se preparava para ingressar no ensino superior. "Era uma menina exemplar. Já tinha concluído os estudos e sonhava fazer medicina veterinária. Toda a família está arrasada. Ela tinha acabado de completar 18 anos no dia 24 de setembro", lamentou.

Socorro
Os policiais ajudaram a socorrer a vítima, que foi encaminhada para o Hospital Menandro de Farias e, após a regulação, para o Hospital Geral do Estado (HGE). Jamile não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

No entanto, em nota, a Polícia Civil informou que a jovem estava em um carro da família e passava pela ua da Adutora, em uma localidade conhecida como Planeta dos Macacos, quando foi atingida pelo disparo. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).

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Um empresário, que não teve a identidade divulgada, teve um mandado de prisão cumprido no Residencial Villa Toscana, na Rua Conselheiro Corrêa de Menezes, no bairro do Horto Florestal. A prisão ocorreu na manhã dessa quarta-feira (27), durante a Operação Invólucro, que tem como alvo um grupo empresarial, do setor de embalagens plásticas, que teria sonegado mais de R$ 15 milhões em impostos aos cofres estaduais. Estão sendo cumpridos um mandado de prisão e 17 mandados de busca e apreensão em Salvador e Lauro de Freitas.

No escritório de uma fábrica de embalagens, localizada no bairro do Caji, em Lauro de Freitas, as equipes apreenderam um notebook, dois computadores, dois pendrives, diversas escrituras de imóveis e outros documentos processuais diversos.

Entre os documentos localizados, foram apreendidas diversas escrituras de imóveis em vários pontos do estado da Bahia. A titular da Dececap, delegada Márcia Pereira, avaliou as ações. “Trata-se de um trabalho executado com maestria por todas as instituições envolvidas nesta Força-Tarefa. Mais importante ainda é coibir crimes financeiros, que refletem em falta de recursos para serviços públicos a serem oferecidos a sociedade”, afirmou.

O gestor das empresas, que já foi preso, responde a outra ação penal, também por sonegação fiscal. Segundo o MP, também foi determinado o bloqueio dos bens das pessoas físicas e jurídicas envolvidas para garantir a recuperação dos valores sonegados. As investigações apontam que o suspeito criava empresas em nome de laranjas.

O crime consistia na inclusão de pessoas sem condições econômicas e financeiras no quadro de sócio dos diversos estabelecimentos criados. Em seguida, estas organizações eram abandonadas e imediatamente continuadas por outros estabelecimentos, no mesmo segmento de mercado, deixando para trás débitos tributários e ao mesmo tempo blindando o verdadeiro gestor do grupo.

As ações realizadas com o objetivo de coibir crimes financeiros praticados por um grupo empresarial do segmento de embalagens plásticas, que resultaram em uma sonegação fiscal de mais de R$ 15 milhões, tiveram a atuação da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), da Coordenação Especializada de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Ceccor/LD), do Draco.

Além da Polícia Civil, a Força-Tarefa é composta pela Promotoria Regional de Combate à Sonegação Fiscal, Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal (GAESF), do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), e Inspetoria Fazendária de Investigação e Pesquisa (INFIP), da Secretaria da Fazenda.

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O advogado José Luiz de Brito Meira Júnior, acusado de matar a namorada Kézia Stefany, de 21 anos, foi transferido nesta quinta-feira (21) para o Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

Preso desde o dia do crime, no domingo, José Luiz estava na Polinter, esperando uma decisão judicial sobre a ausência de Sala de Estado Maior para que ele ficasse preso em Salvador. A lei prevê esse tipo de sala para prisão de advogados e, na sua ausência, prisão domiciliar.

A sala de Estado Maior tem "instalações e comodidades condignas", segundo a lei. A decisão da Justiça diz que existe uma unidade prisional compatível com isso, que é o Batalhão de Choque, onde também costumam ficar presos policiais militares.

Ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil seção Bahia (OAB-BA) publicou nota reforçando que "atua sempre na defesa das prerrogativas de advogados presos". Nessa terça-feira (19), a OAB-BA apresentou à Justiça pedido de sigilo das investigações. No mesmo dia, o pedido foi retirado.

Crime
Instantes depois de chegar ao condomínio de luxo no bairro do Rio Vermelho na companhia do namorado, o advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, a jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, retornou à portaria ensanguentada pedindo ajuda. “Luiz quer me matar ”, disse a vítima, de acordo com o depoimento de um porteiro que estava de plantão no dia do crime no condomínio Terrazzo Rio Vermelho. Meia hora depois, Kezia foi baleada na cabeça e não resistiu.

O CORREIO teve acesso ao conteúdo do interrogatório de um funcionário do condomínio. Ele é uma das testemunhas do inquérito que apura o feminicídio que tem como único suspeito o namorado da vítima. O advogado José Luiz foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça da Bahia. No entanto, o acusado deverá cumprir prisão domiciliar pela falta da unidade prisional denominada Sala de Estado Maior, a que advogados, como José Luís, têm direito por lei.

Em seu depoimento, o porteiro disse que, na madrugada do último dia 17, o casal chegou ao Terrazzo Rio Vermelho, situado na Rua Barro Vermelho, por volta das 1h30. Cerca de cinco minutos depois, ele percebeu que havia uma confusão no prédio e que uma mulher gritava por socorro. Ele relatou à polícia que, por volta das 2h, Kezia acessou o elevador e chegou à portaria “estando ensanguentada, afirmando: ‘Luiz quer me matar ’”, diz trecho do depoimento, que não especifica o tipo das lesões que causaram o sangramento da vítima.

O porteiro relatou à polícia que na hora acalmou Kezia, pedindo que ela ficasse na portaria. A namorada do advogado criminalista fiou no local por 15 minutos e depois decidiu retornar ao apartamento onde morava com o acusado. Logo em seguida, o porteiro ouviu um tiro. Minutos depois, Luiz bateu no vidro da portaria, “pedindo auxílio e depois desceu, voltando para o apartamento, trazendo a Sra. Kezia que estava baleada (sic)”, conforme trecho do documento.

“Que o Sr Luíz arrastava o corpo da mesma, segurando-a na altura do busto e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em posição mais próximo da portaria e saiu dali, tendo o depoente informado os fatos à polícia (sic)”, detalha outro trecho do interrogatório.

No final do depoimento, um policial perguntou se o porteiro tinha conhecimento de brigas anteriores do casal.

“Positivamente, inclusive algumas vezes pediu para proibir a entrada dela no condomínio, e o depoente registrou, mas depois era o próprio Sr Luiz quem levava a mesma para o imóvel, mas nunca percebeu uma confusão como a de presente data”, diz o último parágrafo do interrogatório.

A reportagem vem tentando falar com o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, mas não conseguiu até o momento.

Exonerado
Por causa do seu envolvimento na morte de Kezia, o advogado criminalista José Luiz foi exonerado da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Bahia (OAB-BA) nesta segunda-feira (18). Ele era membro da comissão há pelo menos três anos.

“A exoneração visa proteger todo mundo, inclusive ele, para não ser acusado de estar interferindo na OAB. Tudo isso tem a intenção de preservar os envolvidos. Ele vai passar por um processo disciplinar, então, a melhor coisa para que não haja qualquer tipo de respingo, a decisão mais coerente é o afastamento dele definitivo”, declarou n a manhã desta segunda, o advogado Adriano Batista, presidente da comissão e conselheiro da OAB-BA.

De acordo com Batista, Meira poderá perder o direito de exercer a profissão. “Nesse momento, ele vai passar por um processo disciplinar que vai analisar a possibilidade ou não de ele sofrer uma suspensão prévia. Se condenado futuramente no processo criminal, ele poderá ter a carteira dele cassada definitivamente. Todo advogado que tem uma condenação penal passa por um processo de exclusão dos quadros da OAB”, disse.

O conselheiro e presidente da comissão comentou ainda sobre a relação do crime com um dos integrantes da OBA. “A gente fica muito triste em ver um advogado envolvido numa suspeita de feminicídio. Ele não é condenado ainda, está se defendendo, mas a gente não gostaria que tivesse um advogado envolvido com isso. A OAB esse ano fez uma campanha contra o feminicídio. Então, isso é muito triste pra a gente que um advogado esteja sendo acusado deste crime. Mas é isso mesmo. Se for culpado, ele terá que pagar sua dívida com a sociedade”, declarou.

Gritos e tiro
Moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho, no bairro na Rua Barro Vermelho, relataram à polícia terem ouvido gritos vindos do apartamento onde mora o advogado criminalista. Em denúncia feita à polícia, ainda durante a madrugada, moradores contaram ter visualizado um homem arrastando uma mulher desacordada pelos corredores, deixando um rastro de sangue no caminho. Antes disso, houve disparos de arma de fogo no local, ainda conforme relatos de testemunhas feitos pouco antes da 4h.

Advogado criminalista é suspeito de matar namorada de 21 anos no Rio Vermelho

No início da manhã deste domingo (17), logo após a madrugada do crime, moradores do condomínio Terrazzo Rio Vermelho que saíram para caminhar ou passear com o cachorro disseram à equipe do CORREIO não terem ouvido nenhum barulho de disparo ou gritos com pedidos de socorro.

No Terrazzo, funcionários confirmaram que algo estranho aconteceu durante a madrugada, mas foram orientados a não comentar nada sobre o caso. Sob anonimato, uma moradora contou que, pela manhã, ainda havia marcas de sangue perto do elevador.

Em prédios vizinhos, também pela manhã, moradores recebiam informações em grupos de WhatsApp e já conheciam a identidade do suspeito. Localizado na Rua Barro Vermelho, o condomínio é uma construção à beira-mar, com vista e saída para a badalada Praia do Buracão, e possui segurança 24h, piscina, salão de jogos, spa fitness com jacuzzi, sauna e outros espaços de serviço e lazer.

Tiro acidental
Em entrevista ao CORREIO horas depois do crime, o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, disse que o suspeito tinha uma vida tranquila, sem histórico de episódios de violência, principalmente contra a mulher. “Eu fui colega dele. Estudamos juntos na Universidade Católica e nunca houve nada que pudesse dar a entender que ele estaria envolvido numa situação dessa”, declarou.

Segundo Arjones, o tiro disparado foi acidental. “Ele disse que estavam tendo uma discussão de casal quando ela teria pegado a arma. Ele foi tentar tirar da mão dela e, no momento da confusão, a arma disparou”, explica. O casal namorava há cerca de dois anos. Na briga, ainda segundo o advogado, o rapaz também foi ferido, mas não por arma de fogo, que ele tem porte e está legalizada.

“Ele a levou para o HGE no carro de sua irmã. O pessoal pediu para ele estacionar o carro e, como estava de bermuda e sem documentos, foi para a casa da irmã. A polícia chegou lá no momento em que ele estava tomando banho para ir se apresentar na delegacia”, afirmou Arjones.

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O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos, disse na terça-feira (19) que a loja Zara utilizava um "código de discriminação" para dar tratamento diferenciado a pessoas fora do perfil de clientes desejados. O caso foi explicado em coletiva após a conclusão de inquérito que investiga crime de racismo contra uma delegada negra em uma loja Zara no Shopping Iguatemi de Fortaleza.

O delegado afirmou na coletiva que uma ex-funcionária da loja explicou como funcionava o procedimento. Quando se identificava alguém "fora do padrão" entrando, o sistema de som dizia a frase "Zara zerou". "Isso era um comando que era dado pra que todos os funcionários da loja ou pelo menos alguns a partir de então começassem a observar aquela pessoa não mais como consumidor, mas como suspeito em potencial que precisava ser mantido sob vigilância da loja", explicou o delegado.

As pessoas que o sistema alertava eram negras ou usavam "roupas simples", diz o delegado. “A partir do acionamento do código Zara zero, a pessoa não seria mais tratada como um cliente, mas sim como alguém nocivo ao atendimento da loja e por isso teria que ser acompanhada de perto pelos funcionários ou até mesmo ser retirada do local de modo discreto. O alvo principal eram pessoas 'mal vestidas', dentro do padrão deles, ou pessoas negras”, diz. Para ele, as provas levantadas mostram que a Zara tinha "uma política de atendimento racista, preconceituosa e discriminatória".

O caso com a delegada foi em 14 de setembro. A Polícia Civil indiciou o gerente da Zara, Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, por racismo. O crime de racismo pode gerar prisão de 1 a 3 anos e multa ao funcionário suspeito. A loja também pode receber uma punição cível.

Em nota, a Zara disse ontem que a abordagem da delegada não foi motivada por questão racial, mas seguindo protocolos de saúde. Disse ainda que não tolera discriminação racial.

Gerente indiciado
A delegada Ana Paula Barroso teve um tratamento diferenciado em relação a outras clientes que entraram na loja sem máscara, mesmo sem estar se alimentando, diz a polícia.

As imagens das câmeras de segurança mostram isso, afirma a polícia. "Nas imagens, é possível ver quando a vítima é expulsa do local, quando minutos antes, o mesmo funcionário atendeu uma cliente que, mesmo não consumindo nenhum alimento, não fazia o uso correto da máscara. A cena foi observada em outras situações onde outros clientes também não foram retirados da loja ou abordados para que utilizassem a máscara de forma correta".

Oito testemunhas foram ouvidas, além da vítima e do suspeito. Uma mulher negra, de 27 anos, que relatou uma situação similar nas redes sociais está entre as pessoas que prestaram depoimento.

Leia a nota da Zara sobre o caso:

A Zara Brasil, que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação, quer manifestar que colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa. A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos.

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O túnel da Via Expressa, na Avenida Heitor Dias, está cada vez pior para os motoristas. Vândalos roubaram 225 projetores de LED que iluminavam a passagem e deixaram o ambiente desconfortável para quem trafega pela região. O prejuízo, segundo a Diretoria de Serviços de Iluminação Pública (Dsip), vinculada à Secretaria de Ordem Pública (Semop), é de R$ 510 mil aos cofres públicos.

Uma apuração preliminar indica que os vândalos usaram ganchos e cordas, ficaram suspensos e arrancaram o suporte dos projetores, roubando as luzes em seguida. As caixas de passagem não foram danificadas, já que possuem sistema antifurto. “Os eletrodutos são chumbados e soldados na parede do túnel o que impediu o furto dos cabos”, explica o gerente de manutenção da Dsip, Leonardo Pimentel.

Diante do ocorrido, a Dsip registrou um boletim de ocorrência do furto na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, na Baixa do Fiscal.

No primeiro semestre de 2021, o prejuízo por conta do vandalismo na iluminação pública ultrapassa R$ 200 mil. Há ainda danos frequentes a passarelas.

Quem flagrar vandalismo contra o patrimônio público deve denunciar através do Fala Salvador, no número 156, ou pelo portal www.falasalvador.ba.gov.br.

Mais policiamento, integração das equipes de segurança e até plantão de final de semana na delegacia. Essas são algumas das ações que estão em prática, a partir desse domingo (17), no bairro da Barra, em Salvador, com o lançamento da Operação Barra em Paz. O objetivo é garantir a segurança de baianos e turistas, além de coibir a ação de criminosos na orla da Barra. Há pelo menos dois meses que o local é cenário de ocorrência de diversos crimes violentos.

A ação foi deflagrada pela 14ª Delegacia Territorial (DT) da Polícia Civil e tem o apoio da Polícia Militar, Secretarias Municipais de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e Ordem Pública (Semop), além da Guarda Civil Municipal (GCM). A principal mudança trazida pela operação é a instauração dos plantões de final de semana na delegacia civil da Barra.

“Normalmente, as delegacias funcionam em horário administrativo para notificação de procedimento: flagrante, prisão, cumprimento de mandato, instauração de inquérito. Em finais de semana, as pessoas tinham que ir para a Central de Flagrantes. Agora nós teremos equipe na delegacia da Barra para atender aos sábados e domingos, das 10h às 22h”, explica a titular da DT/Barra, delegada Mariana Ouais.

A delegada também explica que a instauração desse plantão vai facilitar o trabalho realizado pela Polícia Militar (PM) e Guarda Civil Municipal (GCM). “Antes, qualquer situação de prisão em flagrante ou de termo circunstanciado, a viatura tinha que se deslocar para até a Central de Flagrantes, aguardar o atendimento e isso desfalcava a Barra. Quanto menos viaturas, menos segurança”, argumenta.

Com esse incremento, pelo menos 18 agentes, entre escrivães, investigadores e delegados, vão passar a atuar no local no final de semana, divididos em dois plantões, com nove pessoas cada. Isso vai durar até o Carnaval. Segundo a delegada, a Polícia Civil não tem efetivo suficiente para manter um projeto desse por mais tempo ou em várias delegacias.

“Nos últimos cinco anos, nosso efetivo diminuiu bastante, principalmente com a reforma da previdência. Nós não temos esse efetivo. O que estamos fazendo agora é deslocar pessoas de outras unidades, que não são de locais turísticos, para dar esse suprimento, mas a Polícia Civil hoje não detém essa capacidade de manter plantões em todas as delegacias de pontos turísticos”, relata.

Como a delegacia não atende somente ao bairro da Barra, outros bairros serão beneficiados com essa medida, como a Graça e o Corredor da Vitória.

Final de semana não teve ocorrência na Barra
A Operação Barra em Paz foi lançada no Farol da Barra, poucos minutos antes do famoso pôr do sol do local. A PM e GCM também estiveram presentes. O major Uildnei Carlos do Nascimento, responsável pela 11ª Companhia Independente da PM, destacou que, neste final de semana, nenhuma ocorrência foi registrada na Barra.

“Nós já estamos com a Operação Verão em prática e, antes disso, nós aumentamos o efetivo aqui no bairro, somando esforços com as outras instituições para que a paz e segurança reine na Barra. Temos bases de segurança no Farol da Barra, no Porto da Barra, policiamento 24 horas, circulação de viaturas e serviço de inteligência”, aponta.

A GCM também pretende reforçar as ações feitas no local. “Nós vamos continuar mantendo nossos esforços para manter o controle de acesso no Porto da Barra para evitar aglomerações, estamos fazendo fiscalizações do mercado informal com a Semop e estamos aumentando nosso efetivo no final de semana”, diz o inspetor geral Marcelo Oliveira Silva. Diariamente, 100 agentes da instituição atuam na Barra, segundo o inspetor.

Nesse final de semana, quem frequenta a Barra começou a perceber aumento no efetivo de segurança. O ambulante Bruno Sousa Rocha, 33 anos, conhecido como Bruno da Pipoca, foi assaltado na Barra há cinco meses e sabe bem do perigo que ronda a região. “Ontem e hoje, graças a Deus, foi uma benção. Mudança total. Antes não víamos tantos policiais como agora. Espero que, com isso, episódios como o que eu vivi não volte a acontecer”, diz.

Em 16 de agosto, um casal em situação de rua que tinha um barraco no local foi atacado em um incêndio criminoso no Porto da Barra. Dias depois, o homem e a mulher morreram por complicações causadas pelas queimaduras.

Em dia 5 de setembro, Rodrigo Cerqueira de Jesus, mais conhecido como Tosca, foi assassinado durante um tiroteio em uma das ruas do Porto da Barra. A mãe da vítima e uma terceira pessoa foram baleadas na ocasião.

No dia seguinte, o corpo de um homem apareceu boiando no Porto, com os pés amarrados e marcas de violência.

Duas semanas depois, em 21 de setembro, um homem com problemas mentais apavorou quem curtia a praia do Porto da Barra. Com uma faca em mãos, ele invadiu a faixa de areia e ameaçou banhistas. A Guarda Civil Municipal (GCM) foi chamada e conseguiu mobilizá-lo.

No dia 10 de outubro, em meio ao feriadão do dia 12, Uéslei Nielson Cruz Santos, de 28 anos, estava na na praia do Porto da Barra, por volta das 19h, quando foi executado a tiros ao lado de familiares, amigos e demais banhistas. Antes de apertar o gatilho, o atirador chamou o que se supõe ser o apelido de Uéslei: “Meio-Dia”.

Na última sexta-feira (15), um guardador de carros foi morto a tiros no final da manhã, a 200 metros do Farol da Barra. Maurício Lima Santos, de 30 anos, foi socorrido por policiais militares para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a PM, o baleado é credenciado pela prefeitura para atuar como guardador de carros na região. Testemunhas contaram que dois homens chegaram em uma moto preta atirando contra a vítima e fugindo, em seguida. Um dos suspeitos de envolvimento no crime foi preso ainda na sexta-feira.