Estudo com vacina inglesa é pausado também na Bahia

Estudo com vacina inglesa é pausado também na Bahia

Depois de um paciente apresentar reação grave, os estudos com a vacina criada pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, na Inglaterra, foram paralisados também no Brasil. Em Salvador, os mais de mil voluntários que já receberam pelo menos uma dose da vacina, aguardam novas instruções do laboratório que gere a pesquisa no país. Na capital, o estudo começou no dia 10 de julho e desde então 1.100 voluntários já receberam a primeira dose do medicamento, e 500 já tomaram a segunda. No total, o estudo, que foi iniciado em 10 de julho na cidade, vai contar com 2.500 soteropolitanos.

O Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, que realiza os estudos no país, afirma que a pausa é comum ao procedimento. “Como parte dos estudos clínicos randomizados e controlados da vacina de Oxford contra o coronavírus em andamento, nosso procedimento padrão de revisão foi acionado e voluntariamente pausamos a vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança por um comitê independente. Esta é uma ação rotineira que deve acontecer sempre que for identificada uma potencial reação adversa inesperada em um dos ensaios clínicos, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos estudos”, diz a nota enviada pelo instituto.

Uma das mais de 19 mil pessoas que se inscreveram para participar de forma voluntária dos estudos em Salvador, o dentista Igor Menezes, 36 anos, foi selecionado e tomaria a segunda dose da vacina na última terça-feira (8). Ao invés disso, recebeu uma ligação adiando o procedimento para a próxima segunda-feira (14). “Não sei se esse já é o tempo que eles sabem que demora para regularizar tudo, ou se podem acabar adiando de novo, mas estou tranquilo. Antes de tomar a vacina eles já avisaram que já haviam acontecido duas reações e mesmo assim eu quis tomar. Agora são três num universo de milhares, então nada muda. Não tive vontade de parar, de desistir. Vou esperar a marcação da segunda dose” , conta

Já a médica pneumologista Larissa Voss Sadigursky, que também participa dos estudos, recebeu as duas doses nos dias 21 de julho e 28 de agosto, e se diz segura. “Sei que esse é um procedimento super comum em qualquer pesquisa que envolva vacina. Diversos medicamentos que hoje e a gente usa já passaram por isso. A vacina já foi aplicada em mais de 10 mil pessoas e esse é um caso. Essa pausa só mostra a seriedade com que o estudo está sendo feito, apesar de estar acontecendo de forma acelerada, não se está pulando etapas básicas de segurança”, comenta ela, que não sentiu qualquer efeito colateral grave, apenas experimentando leve dor no corpo e enjoo nos dias seguintes à dose.

Pausa natural
Questionada pelo CORREIO sobre uma expectativa de retomada dos testes, a assessoria do Instituto D'Or disse não ter ainda essa informação. Especialistas afirmam, no entanto, que a pausa é natural. “Eventos adversos como esse são muito comuns nessa fase de pesquisa. E o estudo, quando isso acontece, tem que ser parado por um momento e o caso investigado, até para confirmar se o que ocorreu foi relacionado à vacina, se teve alguma outra causa que pode ter levado o paciente a essa complicação. É muito cedo para criar a associação de que a vacina faz mal ou que causa efeitos colaterais”, explica a médica infectologista do Hospital CardioPulmonar, Clarissa Ramos.

A médica comenta ainda sobre a mielite, reação que acabou gerando a pausa nos estudos. “Essa inflamação nos nervos pode acontecer em algumas doenças virais, como a própria infecção por zika, que tem um quadro parecido. Outras vacinações prévias podem levar também a esse quadro. È algo raro, mas que pode acontecer, tanto com doenças virais quanto com outras vacinas”, comenta.

Ela destaca, ainda, que reações como essa podem acontecer em processos de estudo para novas vacinas e que a pausa é justamente para entender se essa reação pode acontecer com um universo grande de pessoas quando a vacina vier a ser liberada “Com a vacina a gente tá tentando estimular o nosso sistema imunológico a combater uma doença. Em geral esses quadros de inflamações ocorrem, muitas vezes, por uma reação autoimune. Então é preciso parar para avaliar se foi a vacina que causou isso ou se é uma reação do corpo daquela pessoa, que depende de cada organismo. O que precisa ser avaliado é a proporção. Porque todo medicamento, toda vacina, pode trazer um efeito colateral, um prejuízo. Então é preciso avaliar, em se tendo um efeito desse, qual o percentual de pessoas que corre risco de desenvolvê-lo”, finaliza ela.

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    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

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    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

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    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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