21% dos idosos baianos não estão imunizados contra a covid-19

21% dos idosos baianos não estão imunizados contra a covid-19

Mesmo com a vacina anticovid disponível em toda a Bahia, 21% dos idosos do estado ainda não tinham tomado as duas doses até o domingo (15), não completando o esquema de imunização. São 1.299 milhão de pessoas com 60 anos ou mais que tomaram as duas doses frente a 1.637 milhão de idosos que não concluíram o processo. Os dados são do Painel Vacinação COVID-19, iniciativa do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), dentro do projeto ModCovid19.

Para piorar, 83 mil pessoas com 60 anos ou mais na Bahia não tomaram sequer a 1ª dose. Ou seja, 5% do total dessa população ou um em cada 20 idosos baianos. Dos que tomaram a 1ª dose, 16,42% não retornaram para completar o esquema, cerca de 255 mil baianos.

Professor da Ufal, o doutor Krerley Oliveira também reponsável por coordenar o estudo, explicou que a estimativa populacional utilizada é a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2020, disponibilizada no Ministério da Saúde através do Datasus. É daí que são coletados, também, os dados com o número de pessoas vacinadas. A equipe do projeto atualiza a base de dados pelo menos duas vezes por semana.

Os dados preocupam os cientistas, uma vez que os idosos fazem parte do grupo de risco da doença. Tanto que, no início da vacinação, em janeiro desse ano, foram os primeiros beneficiados junto com os profissionais de saúde. A prefeitura de Salvador, por exemplo, começou a vacinar os adultos de 59 anos em abril. Como os imunizantes possuem, no máximo, três meses de intervalo entre as doses, houve tempo para que todos os idosos estivessem imunizados.

“Cada pessoa que não se vacina contribui para que a doença continue existindo. Mas, no caso dos idosos, o perigo é ainda maior, pois eles têm mais chance de sentir os efeitos perversos da doença, já que são grupo de risco. Isso também vale para quem tem comorbidades. Não se vacinar, portanto, é colocar a vida em risco”, argumenta o professor Gesil Sampaio Amarante, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e membro do Portal Geocovid MapBiomas.

“Nosso país já começa a ter problemas com a variante Delta e essas pessoas não vacinadas estão mais vulneráveis. Essa cepa, até onde mostram os estudos, pode ser barrada pelo esquema vacinal completo. No entanto, quanto mais o vírus for propagado, maior será a chance de surgir variantes, inclusive alguma que aí sim possa tornar as vacinas inúteis. Precisamos correr com a vacinação antes que isso aconteça”, defende.

Bahia vacinou 70% da população de 18 anos ou mais com 1ª dose

A Bahia já aplicou a primeira dose do imunizante em quase 70% da sua populaçã, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Até às 16h dessa quarta-feira (18), eram 7,541 milhões de pessoas com 18 anos ou mais vacinadas frente a população adulta de 11,149 milhões de habitantes.

No entanto, alguns especialistas não acham que ainda seja hora de comemorar algo. O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, explica que o correto é calcular o percentual de vacinados referente a população total daquela região, não apenas da população adulta.

“Todos contraem e transmitem (inclusive bebês). Então, não podemos deixá-los de fora da contagem, mesmo que hoje ainda não seja possível vaciná-los, pois se contraem e transmitem, fazem parte do cálculo do limiar da imunidade comunitária”, argumenta.

Levando isso em consideração e como a população baiana estimada é de 14,931 milhões de pessoas, de acordo a última projeção realizada em 2020 pelo IBGE, o percentual de baianos vacinados com a primeira dose é de 50,5%. Mas Isaac ainda pondera que a imunização só ocorre com as duas doses.

“Fora a Janssen, os estudos clínicos das vacinas foram feitos para duas doses. Qual o motivo de se estampar "100% da população adulta vacinada com uma dose"? É tipo dizer que 100% das pessoas chegaram a 50% do caminho?”, questiona. Até o momento, 3,456 milhões de baianos completaram a imunização, o que equivale a apenas 31%.

Para o professor Krerley Oliveira, com esse percentual de imunização, ainda não é possível prever quando o estado terá 70% da população vacinada com as duas doses. Ele explica que a estimativa do painel não pode ser tratada como certeza porque há uma série de variáveis que podem mudar o ritmo de vacinação no país. Essas variáveis passam desde a quantidade de vacinas disponibilizadas até a própria adesão das pessoas à vacinação. Segundo Oliveira, o Painel analisa o ritmo de vacinação em duas doses nos últimos 30 dias.

"Digamos que Salvador tenha 3 milhões de pessoas com mais de 20 anos. 80% disso é o correspondente a 2,4 milhões de pessoas. O que a gente calcula é: no ritmo atual de vacinação de Salvador, quantos dias são necessários para completar as duas doses desse público? É uma estimativa, não é algo que a gente pode garantir que vai ocorrer ou sequer se vai ocorrer, já que tudo é dinâmico nesse processo. Agora, por exemplo, temos a expectativa de entrar uma terceira dose, que já mudaria completamente as coisas", explica.

Bahia ainda não começou a vacinar adolescentes
A insistência no cálculo com base na população vacinável é devido ao fato do estado não ter iniciado a vacinação no público menor de 18 anos, o que equivale a cerca de 3,8 milhões de pessoas. Outros estados brasileiros estão com a imunização mais avançada e já aplica doses em menores de idade. É o caso de Roraima, Amapá, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Maranhão, além do Distrito Federal

Na Bahia, Salvador será a primeira cidade a avançar para o público de 12 a 17 anos. Segundo a Sesab, nenhum outro município concluiu a vacinação do público de 18 anos ou mais - requisito para que se avance à próxima etapa –, o que a prefeitura de Salvador espera fazer já nessa semana. Além disso, a Sesab informa que o Ministério da Saúde ainda não enviou doses específicas para essa faixa etária.

Para isso, os jovens terão que realizar o recadastramento do SUS no site da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e, no caso das crianças com comorbidades, é possível fazer um outro cadastro. Quem realiza, nesse caso, é um médico, com a mesma senha usada no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb). Até então, 3 mil jovens com comorbidades estão cadastrados no sistema da SMS.

Lista das 10 cidades que mais vacinaram pessoas com a primeira dose de acordo com o portal Geocovid:
Maetinga – 131,31%
Jussiape – 97,71%
Guajeru – 78,62%
Ibicuí - 77,63%
Mortugaba – 76,17%
Catolândia - 74,8%
Palmeiras – 72,44%
Contendas do Sincorá - 72,26%
Barro Preto – 69,09%
Cristópolis - 68,35%

As cidades de Maetinga e Jussiape chamam a atenção pelo elevado índice de vacinação, chegando até mesmo a ultrapassar os 100% no caso de Maetinga, que é o menor município baiano com apenas 2,8 mil habitantes, de acordo com a projeção mais atualizada do IBGE. No entanto, a prefeitura contesta o cálculo do órgão e afirma que, só de cadastros feitos nas unidades de saúde, são quase 8 mil.

Essa diferença nos dados faz com que a cidade receba menos vacina. Atualmente, eles estão imunizando com a primeira dose quem tem 23 anos ou mais. “Nós estamos cobrando um novo censo. A Sesab está ciente dessa situação. Inclusive, a prefeita já cobrou ao governador o envio de uma maior quantidade de vacina”, disse Sabrina Souza, secretária de Saúde de Maetinga.

Lista das 10 cidades que mais vacinaram pessoas com a segunda dose de acordo com o portal Geocovid:
Jussiape – 48,73%
Catolândia - 39,09%
Contendas do Sincorá - 37,4%
Abaíra - 34,89%
Piatã - 32,67%
Mortugaba – 31,98%
Maetinga – 31,58%
Rio de Contas – 31,46%
Banzaê - 31,17%
Mulungu do Morro – 30,34%

Mais de 290 mil pessoas ainda não tomaram 2ª dose na Bahia

Em toda a Bahia, são 290 mil o número de pessoas que não retornaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose da vacina, segundo a Sesab. A situação também preocupa as autoridades de saúde, que lançaram uma campanha nas redes sociais para estimular a adesão a vacinação. "Reforce, segunda dose já. Vamos todos estar vacinados, conto com vocês", disse a secretária da Saúde em exercício, Tereza Paim, num dos vídeos publicados em rede.

A pasta também reforça que a imunização só acontece após a segunda dose da vacina e quem não toma as duas doses fica vulnerável. “Por isso, acompanhe o cronograma, confira o local e data da sua segunda dose e complete o seu esquema vacinal contra a covid-19", pediram.

172 municípios registraram mortes por covid em agosto
As consequências da não vacinação são a permanência de casos e óbitos de covid. Até às 16h dessa quarta-feira, 172 das 417 cidades baianas tinham registrado mortes pela doença. Os dados são da Central Integrada de Comando e Controle da Saúde, site mantido pela Sesab com dados da covid-19.

A cidade de Nova Soure, no nordeste da Bahia, não registrou morte em agosto, mas só em julho foram dois óbitos por covid, o que abalou o município de 27 mil habitantes que já está sendo vacinado, mas num ritmo mais lento do que outros locais. Por lá, a imunização ainda é em quem tem 23 anos ou mais, enquanto outras cidades da Bahia já vacinam a população de 18 anos.

Para o secretário de Saúde de Nova Soure, Ernesto da Costa Lima Junior, é a vacinação que impedirá que novos óbitos ocorram na cidade. Ele explicou que a demora em diminuir a idade do público alvo está relacionada com o cuidado da secretaria em buscar todos os que podem tomar a vacina.

“A maioria dos municípios estão avançando sem buscar as pessoas que são cadastradas na unidade de saúde. A gente faz um levantamento fiel das pessoas atendidas pela secretaria e vamos atrás deles para tomar as doses. É um processo de busca ativa. Vamos nas casas, informamos que a vacina está disponível... é algo até complicado, pois temos que ir na zona rural, mas o importante é que todos sejam imunizados”, defende.

 

Itens relacionados (por tag)

  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.