O Jornal da Cidade

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No 12º andar de um prédio no Campo Grande, em Salvador, Júlia Santana** ouvia gritos de sua vizinha de porta com o namorado, em mais uma briga frequente do casal. “Era um prédio com quatro apartamentos por andar e o meu era do lado do dela. Eu ouvia umas brigas, gritaria de vez em quando. Um dia, quando entrei em casa, ouvia muitos gritos, ela reclamando que ele era casado e que ela não sabia, que ela sustentava ele. Ele gritava muito, jogava umas coisas. Ela chorava e gritava para ele parar”, relata.
Júlia revela que ligou para a portaria, ameaçou chamar a polícia, mas ficou receosa. “Fiquei com medo de chamar o elevador, ele abrir a porta e fazer alguma coisa comigo também. Desci, liguei pra polícia e falei que estava saindo de casa porque estava com medo do homem. Foi assustador. Fiquei apavorada”, relatou Júlia sobre um episódio que ocorreu há três anos.

No edifício de Janaína Veiga, no Itaigara, as ameaças que ecoavam pela paredes também geraram pânico. “Meus vizinhos de porta sempre têm brigas homéricas, mas teve uma vez que a gente (ela, o irmão e mãe, que moram juntos) ficou muito assustado. A gente não sabia se era o pai brigando com a filha ou o irmão brigando com a irmã. Era falando que ia bater, que ia fazer acontecer, que ia matar o outro. Eu estava muito nervosa e não sabia o que fazer. Liguei para a portaria falando o que tava acontecendo e que não sabia se ligava para a polícia ou se eles tinham algum código de conduta. Eles falaram que iam tentar ligar primeiro para dizer que estavam ouvindo e prestando atenção. Mas não deu em nada”, narra a estudante de psicologia.

Episódios como esses, a partir de agora, devem ser obrigatoriamente relatados à polícia e aos órgãos competentes, seja em casos de violência doméstica ou familiar contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. A exigência veio após a sanção da Lei 14.278, no dia 12 de agosto, aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Os síndicos ou representantes dos condomínios têm o dever de reportar o ocorrido até 24 horas após a ciência do fato, sob pena de multa que varia de R$ 500 a R$ 10 mil, a depender da gravidade do incidente.

“Essa lei veio como mais um instrumento para proteger essas pessoas vulneráveis. Ela trouxe um dever para que os síndicos ou qualquer representante do condomínio reporte a violência às autoridades, está chamando a sociedade para trabalhar junto com o Estado. Se a pessoa não comunicar, pode responder pelo crime de omissão de socorro, previsto no Código Penal”, analisa a desembargadora Nágila Brito, presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

De acordo com a desembargadora, em 80% dos casos de estupro julgadores por ela, em 2º grau, os crimes foram cometidos por familiares. Este é um exemplo em que nova lei pode auxiliar as possíveis vítimas. “Os crimes intrafamiliares que acontecem no interior do lar são invisíveis e a gente precisa que a própria sociedade se insira para fazer a denúncia. Quem sabe não diminui esse tipo de violência?”, argumenta a desembargadora.

O registro da ocorrência pode ser feito de duas formas. Se algum morador perceber a violência no ato, o mais indicado é ligar diretamente para a polícia, através do telefone 190, que vai deslocar uma viatura até o local. Se não for em flagrante, as denúncias podem ser feitas ou pelo Ligue 180, que recebe especificamente casos de violência contra mulher, ou pelo Disque 100, que recebe qualquer caso de violência doméstica.

Exposição dos síndicos

O receio de Kelson Fernandes, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Edifícios em Condomínios Residenciais, Comerciais e Mistos do Estado da Bahia (Secovi-BA), é que a nova lei exponha os síndicos e administradores dos prédios. “A lei foi bem intencionada e o Secovi não é contra meios para coibir a violência. Mas termina colocando o síndico numa situação muito delicada, porque ele passa a ter a obrigação de denunciar. Ele também é um morador, não tem poder de polícia e pode ficar numa situação vulnerável, terminar virando vítima”, opina.

Pelo texto, são os representantes do edifício que devem comunicar os casos às autoridades. Porém, qualquer morador também pode fazê-la, e, se quiser, de forma anônima. O que precisa ser informado na hora da denúncia é o endereço do condomínio, quem seria vítima e possível agressor.

A deputada estadual Ivana Bastos (PSD), autora da lei, esclarece que a ideia para a criação do projeto veio a partir de uma demanda da própria Associação Brasileira de Síndicos, em uma reunião da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), da qual ela é a atual presidente. O dispositivo já está em vigor em 14 estados do Brasil, segundo Ivana.

Para ela, o principal objetivo é atuar na prevenção dos casos de violência. “A partir da hora que o agressor sabe que pode ser denunciado, que está vulnerável a qualquer um denunciar, ela vai pensar duas vezes antes de cometer a agressão. Isso já vai ajudar a diminuir os casos”, comenta a deputada. A Alba também estuda criar um conselho para administrar o que for arrecadado com as multas em ações que combatam a violência contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Ele já existe na Paraíba mas ainda não há previsão de quando será criado na Bahia.

Denúncia por aplicativo

Leonardo Augusto, síndico do Serra do Mar Residence Club, no bairro da Armação, onde há cerca de um mês uma médica foi supostamente jogada da janela pelo namorado e ainda se encontra hospitalizada, conta que o condomínio, mesmo antes do caso, já havia implantado um aplicativo em que os moradores podem relatar qualquer tipo de ocorrência. “Independentemente da lei, a gente sempre aplicou essa prática de denúncias. Se alguém perceber qualquer tipo violência é um procedimento interno acionar as autoridades competentes. O porteiro é acionado, sobe para averiguar a situação e, se comprovando isso, ele passa para o administrador ou síndico, que registra a ocorrência ou liga para o 190”, explica o síndico.

Violência doméstica cresce na pandemia

Segundo dados mais recentes da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), órgão ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, houve um aumento de 14,1% no número de denúncias feitas ao Ligue 180 nos primeiros quatro meses de 2020 em relação ao ano passado. O total de registros foi de 32,9 mil entre janeiro e abril de 2019 contra 37,5 mil no mesmo período deste ano. O destaque maior foi em abril, que apresentou um aumento de 37,6% no comparativo entre os dois anos.

Denúncias em espaços seguros

Após reuniões com legisladores de outros países da América do Sul, a deputada estadual Ivana Bastos comentou ainda que deu entrada em um projeto de lei para facilitar a denúncia de violência doméstica contra as mulheres, crianças, adolescentes e idosos. A ideia do PL, que já é aplicado na Bolívia e no Uruguai, é deixar uma urna em “espaços seguros” (públicos e comuns), como em farmácias e supermercados, para que as vítimas ou qualquer pessoa que se sinta à vontade deixe a ocorrência anonimamente em um pedaço de papel. A polícia recolheria as denúncias nas urnas diariamente e tomaria as próximas providências.

*Nome fictício

Dois pacientes, um na Bélgica e outro na Holanda, foram reinfectados pelo novo coronavírus, informou a rede de TV holandesa NOS, nesta terça-feira (25). O registro vem no dia seguinte ao anúncio de que um homem de Hong Kong havia sido o primeiro caso confirmado de dois diagnósticos da covid-19.

A virologista Marion Koopmans, citada pela emissora, informou que o paciente holandês era uma pessoa idosa com sistema imunológico enfraquecido. De acordo com ela, os casos em que os pacientes permanecem infectadas com o vírus por um longo tempo, com melhoras e pioras, são mais conhecidos. Mas uma reinfecção verdadeira, como nos casos holandês, belga e chinês, requer teste genético do vírus na primeira e na segunda infecção para ver se as duas cepas se diferem.

Apesar disso, Marion disse que reinfecções já eram esperadas. "Que alguém apareça com uma reinfecção, não me deixa nervosa", disse. "Temos que ver com que frequência isso acontece."

Já o caso belga foi o de uma mulher que contraiu a covid-19 pela primeira vez em março e depois em junho. O virologista Marc Van Ranst disse que em casos como o dela, em que os sintomas foram relativamente leves, o corpo pode não ter criado anticorpos suficientes para prevenir uma reinfecção, embora eles possam ter ajudado a frear a doença.

O especialista também informou à emissora belga VRT que não ficou surpreso com a reinfecção de Hong Kong. "Acho que nos próximos dias veremos outras histórias semelhantes. Essas podem ser exceções, mas existem e não são apenas uma", disse Van Ranst "Não é uma boa notícia."

Um homem de Hong Kong, de 33 anos, se tornou o primeiro caso documentado de reinfecção da covid-19 no mundo, segundo informaram pesquisadores da Universidade de Hong Kong, nesta segunda-feira, 24. O paciente recebeu alta após ser curado do vírus em abril, mas, no início deste mês, testou positivo novamente após retornar da Espanha.

Segundo as autoridades sanitárias locais, a princípio, pensou-se que o homem poderia ser um "portador persistente" do Sars-CoV-2 - o vírus causador da covid-19 -, mantendo o agente em seu corpo desde a infecção anterior.

No entanto, os cientistas afirmaram que as sequências genéticas das cepas de vírus contraídas pelo homem em abril e agosto são "claramente diferentes". Essa descoberta pode ser um retrocesso para quem baseia sua estratégia contra a pandemia na suposta imunidade obtida após a transmissão da doença.

O paciente não teve sintomas na 2ª vez, sugerindo que apesar da exposição prévia não ter prevenido a nova infecção, a indicação é de que o sistema imune preservou algum tipo de memória em relação ao vírus. "A segunda infecção foi completamente assintomática - o sistema imune dele preveniu que a doença se agravasse", afirmou ao The New York Times Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale que não participou do estudo, mas analisou a publicação científica a pedido do jornal americano.

A líder técnica da resposta à pandemia da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, comentou o caso nesta segunda-feira, durante coletiva de imprensa. "Não precisamos tirar conclusões precipitadas, mesmo que este seja o primeiro caso de reinfecção documentado".

Pelo quinto dia consecutivo, a Bahia teve mais de 70 mortes pela covid-19 registradas num período de 24h, quebrando novamente o recorde de óbitos pela terceira vez em uma semana.

De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no final da tarde desta segunda-feira (24), nas últimas 24 horas foram registrados 76 novos óbitos além de 1.158 casos confirmados de covid-19. A taxa de crescimento nos casos é de 0,5%, com 1.433 curados (+0,7%).

Dos 237.208 casos confirmados desde o início da pandemia, 219.941 já são considerados curados e pelo menos 12.286 encontram-se ativos.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 413 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (31,49%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram: Almadina (4.941,43), Dário Meira (4.547,15), Salinas da Margarida (4.257,36), Itapé (4.189,02) e Ibirataia (4.120,95).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 440.173 casos descartados e 84.172 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17h desta segunda.

Na Bahia, 18.929 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence.

Óbitos
A Sesab explica que os 76 óbitos ocorreram em diversas datas, conforme tabela abaixo. A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da covid-19.

Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 4.981, representando uma letalidade de 2,10%. Considerando a média de casos diária, a Bahia deve ultrapassar a marca de 5 mil mortes nesta terça.

Perfil
Dentre os óbitos, 56,05% ocorreram no sexo masculino e 43,95% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 51,80% corresponderam a parda, seguidos por branca com 15,80%, preta com 15,34%, amarela com 0,84%, indígena com 0,12% e não há informação em 16,10% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 76,15%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (77,62%).

A base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus está disponível em https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/.

Após decisão dos trabalhadores para manter a greve por tempo indeterminado, os Correios afirmara esperar que a categoria volte ao trabalho ainda nesta segunda-feira (24). Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirmou justificou sua expectativa com a “responsabilidade para com a população”.

“A paralisação parcial da maior companhia de logística do brasil, em meio à pandemia da Covid-19, traz prejuízo financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade”, diz a nota enviada ao bahia.ba pela empresa.

Os trabalhadores dos Correios decidiram manter greve por tempo indeterminado em luta por uma pauta que é contra a retirada de direitos importantes da categoria. Entre eles, benefícios como vale-alimentação, vale-cultura, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras.

A orientação do Findect é uma resposta à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve suspensão do acordo coletivo dos trabalhadores dos Correios. Ao bahia.ba, a empresa afirmou que tem preservado empregos, salários, direitos previstos na CLT e outros benefícios – sem detalhar quais.

Salvador teve um fim de semana mais silencioso. Segundo um levantamento da prefeitura, o número de reclamações relacionadas a poluição sonora caíram praticamente pela metade.

De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), que faz esse tipo de fiscalização, de sexta (21) a domingo (23) foram registradas 1,1 mil queixas por conta de barulho. Já no fim de semana anterior, foram 2,2 mil reclamações.

Os bairros mais denunciados por poluição sonora foram Fazenda Grande do Retiro, Paripe, Itapuã, Pernambués, Liberdade, Boca do Rio, São Marcos, Uruguai, Cajazeiras e Periperi. A multa para quem comete esse tipo de infração varia entre R$ 1 mil e R$ 168 mil, de acordo com a quantidade de decibéis excedentes. Além disso, exceder o volume determinado pela legislação é crime, previsto no Artigo 54 da Lei Nº 9.605/1998, que prevê pena de um a quatro anos de reclusão, além de multa.

Nesses três dias, as equipes da Semop, em parceria com a PM, fizeram 301 vistorias, emitiram 33 autos de infração e aprenderam 144 equipamentos, sendo 90% em veículos. Além disso, duas casas de eventos clandestinas foram fechadas em Coutos e Paripe, onde150 pessoas participam de uma festa no empreendimento Chácara da Torre. O local foi interditado por infringir decretos e protocolos de isolamento social.

“A poluição sonora se destaca cada vez mais como um problema de saúde pública. Nesse sentido, vem causando graves prejuízos, principalmente agora em tempo de pandemia. Portanto, o prefeito ACM Neto já deixou claro que iremos intensificar nossas ações, como estamos fazendo. E os números estão mostrando que estamos no caminho certo. Nossa equipe, com o apoio da Polícia Militar, estará incansavelmente atenta e fiscalizando toda cidade”, disse o titular da Semop, Marcus Passos.

De acordo a subcoordenadora de Combate à Poluição Sonora da Semop, Márcia Cardim, essa queda no número de denúncias pode ser explicava. Ela acredita que a fiscalização mais rigorosa por determinação do prefeito ACM Neto impediu algumas festas com aglomerações.

“Essa redução tem sido muito importante para nós. Significa que nossas ações, em parceria com os demais órgãos envolvidos, estão surtindo efeito. Em julho, batemos picos de 2.220 denúncias, com crescimento de 70% do número de reclamações. Neste final de semana, mesmo com as atividades retomando, conseguimos uma redução de mil chamados”, afirma Cardim.

De acordo com decreto municipal, além das atividades sonoras que não sejam para disseminar mensagens de utilidade pública, estão proibidos os funcionamentos de boates, clubes e casas de espetáculo. Já os bares e restaurantes não podem realizar eventos ou contratar atrações musicais e precisam fechar as portas às 23h.

Bares e Restaurantes
Também neste final de semana, entre a sexta-feira (21) e o domingo (23), a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo realizou 1.707 vistorias em bares e restaurantes. No total, 15 estabelecimentos foram interditados e seis tiveram seus alavarás cassados. As ações ocorreram nos bairros do Santo Antônio, Nazaré, Barris, Pituba e São Marcos.

Do início da segunda fase da retomada das atividades econômicas até o último domingo, foram interditados 61 bares, restaurantes e similares.

O prefeito ACM Neto (DEM-BA) repudiou nesta segunda-feira (24) uma declaração ameaçadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em que este falou a um jornalista ter vontade de "encher tua boca na porrada". O repórter de O Globo havia perguntando a Bolsonaro sobre cheques somando R$ 89 mil repassados de Fabrício Queiroz à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O comportamento do presidente ontem foi "desproporcional e inaceitável" para um presidente, disse Neto.

"Entendo que nós, políticos, precismos agir com muito equilíbrio, ainda mais em um momento como esse (de pandemia)", disse Neto, ao ser questionado sobre o assunto durante um evento no Alto do Cabrito, na manhã de hoje. "Lamento profundamente, reafirmo aqui meu compromisso com a imprensa livre", acrescentou.

Neto afirmou que autoridades têm obrigações de conviver com perguntas de todo tipo. "Não tem opção de querer ou não querer. Quem está na vida pública tem que aceitar conviver com perguntas incômidas", disse, destacando que prefere não entrar no mérito da pergunta em questão.

Para o prefeito de Salvador, que é presidente nacional do DEM, o momento tem que ser de diálogo diante das complicações enfrentadas pelo Brasil."Tantos desafios, problemas, dificuldades, principalmente no campo econômico", disse, afirmando que era melhor Bolsonaro "manter aquela postura que ele vinha tendo de agir com tranquilidade, de conversar, dialogar".

"Prefiro o Bolsonaro 'paz e amor'. Acho que o Brasil ganha muito mais quando o presidente está comprometido com o diálogo. A gente teve aí dois meses sem nenhum episódio, acho que foi isso, sem polêmicas no final de semana, de maior calmaria na política de Brasília, o que ajuda o Brasil", considerou.

A volta das autoescolas já está autorizada pela prefeitura, mas ainda é preciso aguardar a publicação dos protocolos para o setor, afirmou nesta segunda-feira (24) o prefeito ACM Neto. Neto já havia adiantado na última semana que as autoescolas teriam autorização para retomar as atividades.

A princípio, as únicas aulas presenciais serão as práticas com apenas o aluno e um instrutor. "Respeitando o protocolo específico que será publicado, fruto de entendimento entre equipe da prefeitura e do governo, lembrando que aulas presenciais coletivas não serão permitidas, apenas aquela instrução, ter no carro o instrutor e o aprendiz. Com todo protocolo de higienização do veículo que será exigido", afirmou Neto, durante evento para inaugurar uma geomanta no Alto do Cabrito.

"A partir de amanhã, no que depender da prefeitura", sinalizou, lembrando que a publicação desses protocolos detalhados deve acontecer."de hoje para amanhã".

De repente, os três integrantes da família, antes em rotinas dispersas, passaram a ficar todos em casa. Se até então, em meados de março, enchiam um saco de lixo por dia, hoje, enchem dois. “Nunca fizemos tanta sobremesa. Isso gera mais resíduo”, exemplifica a consultora ambiental Edna Marques, 53 anos. Desde março até julho, a produção de lixo cresceu 7% em Salvador, em comparação ao mesmo período de 2019, diz a Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb).

Diariamente, 800 agentes de limpeza têm coletado, em média, três mil toneladas de resíduos familiares. Eles fazem até 375 viagens diárias pela cidade para coletar o que é produzido nas casas. Edna mora com o marido e a filha. Ela já trabalhava em home office, mas os outros dois também passaram a ter rotina semelhante.

“O que a gente estaria produzindo fora, produzimos em casa. Cozinhar, por exemplo. Nunca experimentamos tantas receitas. Só nos encontrávamos no final do dia. Agora, a produção é o dia inteiro”, diz Edna.

O aumento na produção de resíduo já começou a ser notado depois do dia 16 de março, quando passaram a valer as medidas restritivas impostas pela pandemia da covid-19. Não só o tempo confinados aumentou, como a quantidade de membros da família em casa - o que ocorreu na casa de Edna.

“Aumentou de forma semelhante em toda a cidade o resíduo domiciliar como um todo. As pessoas estão mais dentro de casa. As coisas começam a ser feitas em casa, então a produção fora já não é tão grande”, diz o presidente da Limpurb, Leonardo Oliveira.

A empresa afirma que o Aterro Sanitário de Salvador, na estrada do CIA-Aeroporto, para onde vai o resíduo produzido nas casas, tem capacidade de absorver o aumento e não foram registrados problemas. Não foi informado quais são os bairros com maiores produções de resíduos na cidade.

Para evitar acúmulo de lixo desordenadamente, a empresa recomenda o descarte do resíduo no local indicado, próximo ao horário de passagem de coleta.

O aumento de produção de lixo foi acompanhado da desativação dos 90 pontos de entrega voluntária de material reciclável, distribuídos em 50 bairros. O projeto foi suspenso durante a pandemia, como medida de segurança, segundo a Secretaria de Cidade Sustentável (Secis). A alternativa foi buscar novas formas de manter a coleta seletiva.

“Na minha rua tem sempre catadores avulsos passando. Já sei o horário que eles passam, o que torna possível a realização da coleta”, comenta a jornalista Izabelle Souza, 39.

Ela cumpre isolamento social com a filha, em casa, e viu crescerem os resíduos gerados pela utilização do serviço de delivery e de limpeza, por exemplo. Ainda não há estimativa se o início da retomada da economia impactou a produção do lixo doméstico.

Os soteropolitanos também passaram a descartar mais entulho, no mesmo período. São 2,5 mil toneladas de entulho recolhidas por dia - 5% a mais que entre março e julho do ano passado. Os destaques são as regiões do Subúrbio, o Vale das Pedrinhas e a Boca do Rio. A elevação, acredita Leonardo, é resultado direto dos reparos feitos em casa, por muitas famílias. “Percebemos que nessas áreas não há descarte correto, é jogado na rua, o que é um problema muito grande”, afirma o presidente da Limpurb.

Descartados incorretamente, os entulhos podem contribuir para alagamentos, por taparem bueiros, por exemplo.

A forma correta de descartar esse tipo de material é no Ecoponto, localizado da na Rua Wanderley Pinho, na Pituba. Se os resíduos ultrapassarem o limite permitido - três metros cúbicos - é preciso contratar uma empresa especializada para fazer a remoção.

Como evitar produção excessiva de lixo?

Na casa de Vanusa Gazar, coordenadora do programa Recicle, também houve aumento de resíduo. “Nunca vi a gente trocar tanto o rolo de papel higiênico”, conta a bióloga, que passa a quarentena com os dois filhos. A produção de lixo, ela acredita, sempre foi “preocupante ao meio ambiente”.

“Eu sou uma pessoa anticonsumista, mas se você perceber, tem muito mais gente consumindo, comprando pela internet. São embalagens e mais embalagens”, diz.

Os hábitos alimentares também mudaram. São mais caixas de encomenda, mais papéis e investidas culinárias. Tente você mesmo o cálculo: quantas vezes, neste mês, uma embalagem com comida, livros ou roupas chegou na sua casa? A bióloga que trabalha com manejo e destinação de resíduos acredita que o crescimento da geração de resíduos vem da amplificação desse hábito de consumo, e não só o fato de a quantidade de pessoas em casa ter aumentado.

Mas é possível evitar a produção excessiva. Primeiro, ela aconselha, é preciso reconhecer os próprios excessos. “Eu preciso mesmo comprar isso? É importante que a gente se pergunte”, pontua. Depois, reconhecer que tudo o que produzimos tem um impacto no meio ambiente e se lembrar, sempre, de que o resíduo não some apenas porque saiu das nossas casas.

Além disso, criar estratégias para reaproveitamento e coleta seletiva dos resíduos e tentar fazer uso de material biodegradável. Ela, por exemplo, faz coleta seletiva do resíduo e mantém contato com cooperativas para entregar o material (veja lista de contatos de cooperativas). Se a produção cresceu, nada impede pensar formas de uma destinação menos danosa ao meio ambiente.

Dicas de como evitar produção excessiva de lixo

1) Pediu delivery? Envie mensagem ao restaurante e diga que não precisa da talheres e pratos descartáveis, nem guardanapos;
2) Busque formas de reaproveitar o resíduo - como na compostagem - e enviar material reciclável para cooperativas;
3) Reconheça os próprios excessos e pense que, depois da sua casa, o lixo não desaparece;
4) Se possível, use sacolas de papel ao ir no supermercado;
5) Evite fazer compras que virão somente de outras cidades, pois a quantidade de resíduo gerado será maior.

Onde descartar o entulho:

Ecoponto: Rua Wanderley Pinho, próximo à Petrobras, na Pituba

Após ser diagnosticada na última semana com o novo coronavírus, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) precisou ser internada na manhã desta segunda-feira (24) no hospital particular, DF Star, na Asa Sul, em Brasília.

Em nota ao portal G1, o hospital informou que a parlamentar deu entrada na unidade “para realização de exames clínicos e investigação de doença autoimune”.

Ainda conforme a nota, “a deputada encontra-se no quarto e está cumprindo o período de isolamento referente à Covid-19. Ela passa bem, mas ainda sem previsão de alta”, diz.

Cientistas em Hong Kong anunciaram, nesta segunda-feira (24), a confirmação do primeiro caso no mundo de reinfecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa com o resultado foi aceita para publicação no "Clinical Infectious Diseases", da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

"Um paciente aparentemente saudável e jovem teve um segundo caso de infecção pela Covid-19 diagnosticado 4 meses e meio depois do primeiro episódio", declararam os cientistas, da Universidade de Hong Kong, em um comunicado.
Os pesquisadores testaram o código genético do vírus e descobriram que o vírus da segunda infecção pertencia a uma linhagem diferente da primeira. Ao ser contaminado pela primeira vez, o paciente, um homem de 33 anos, teve apenas sintomas leves; na segunda, nenhum sintoma.

"Nossos resultados provam que a segunda infecção é causada por um novo vírus, que ele adquiriu recentemente, em vez de uma disseminação viral prolongada", afirmou Kelvin Kai-Wang To, microbiologista clínico da Universidade de Hong Kong.
A pesquisadora Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da USP, que fez parte da equipe que sequenciou o genoma do coronavírus no Brasil, confirmou ao G1 que, conforme a árvore filogenética dos vírus, eles são diferentes (uma árvore filogenética detalha as relações entre várias espécies e as mutações que elas sofreram).

"Claramente, a origem da primeira amostra é diferente da segunda. Portanto, é uma reinfecção, e não um vírus que estava cronicamente na pessoa e sofreu mutação no decorrer do tempo", afirma.
Para a cientista, a principal consequência da descoberta é que, com a reinfecção possível, a transmissão da doença se mantém, porque mesmo pessoas que já tiveram a doença podem se infectar de novo.

"Isso tem consequência, porque você mantém o vírus circulando por muito tempo. Endemia é isso. É um problema", avalia Sabino.
Quem são as brasileiras que sequenciaram o genoma do novo coronavírus

Segundo os cientistas de Hong Kong, a segunda "versão" do vírus é mais próxima à que circulou na Europa entre julho e agosto (o paciente havia voltado de uma viagem à Espanha). Já o primeiro vírus era semelhante aos que circularam em março e abril.

OMS diz que 'é possível'
A líder técnica da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, disse que "é possível" que este seja o primeiro caso confirmado de reinfecção no mundo.

"O que entendemos é que pode ser um caso de reinfecção. É possível", afirmou a líder técnica.

"Acho que é importante colocar isso em contexto. Houve mais de 24 milhões de casos relatados até agora, e precisamos olhar para isso a nível de população. É muito importante que documentemos isso, e, em países que podem fazer isso, que o sequenciamento seja feito. Isso ajudaria muito. Mas não podemos pular para nenhuma conclusão, mesmo que esse seja o primeiro caso documentado de reinfecção", disse.

Van Kerkhove lembrou ainda, que, segundo o que se sabe até agora, todos que são infectados pelo Sars-CoV-2 desenvolvem algum nível de imunidade contra ele – a questão é saber o quão protetora ela é e por quanto tempo dura.