Após o hiato provocado pela pandemia da covid-19, que suspendeu o tradicional desfile do 7 de setembro por dois anos seguidos, os chefes do Executivo municipal e estadual, Bruno Reis (União Brasil) e Rui Costa (PT), respectivamente, retomaram a tradição de abrir com o hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia e de Salvador o ato cívico-militar em celebração à Independência, que este ano completa 200 anos. Em cerimônia na Praça 2 de Julho, no Campo Grande, os gestores enalteceram a importância da data e evitaram conotações político-partidárias sobre o marco.
O governador Rui Costa classificou as manifestações tradicionais como “democráticas”. "No passado e no presente, significa sempre um desejo do povo brasileiro em reafirmar suas tradições democráticas. Segundo, o desejo de ter um país melhor, que ofereça comida, condições de trabalho, de renda e dignidade para pessoa humana. Essa é a alma e espirito do 7 de Setembro e dos 200 anos de Independência do Brasil", disse
Já Bruno Reis foi taxativo ao afirmar que a festa da Independência está “fora de qualquer disputa e polarização". "É importante a Independência ser celebrada e reverenciada nesse momento. A independência do Brasil se confunde com uma das principais características do nosso povo. O baiano é independente, autônomo. Celebrar essa data também é enaltecer o nosso povo", enalteceu o gestor.
A abertura do desfile cívico-militar no Campo Grande também contou com a presença do senador Jaques Wagner (PT), do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Adolfo Menezes (PSD) e do presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), além do secretário da Segurança da Bahia, Ricardo Mandarino.
Candidatos ao governo
Apesar de terem ficado fora do ato institucional, os principais candidatos ao governo da Bahia nas eleições deste ano também se manifestaram sobre o bicentenário. Líder nas pesquisas de intenção de voto, ACM Neto (União Brasil) usou as redes sociais para enaltecer para relembrar o papel da Bahia na conquista pela independência do Brasil da colônia portuguesa.
“Hoje, após 200 anos da nossa independência, precisamos lembrar do orgulho que temos do nosso país. Essa foi uma luta conquistada na Bahia, pelos baianos, um povo com força para superar qualquer desafio. É por isso que vamos escrever, mais uma vez, um novo capítulo da história”, escreveu.
Jerônimo Rodrigues (PT), que reservou a data para fazer gravações de campanha, disse em seu perfil no Instagram que “independência é comida na mesa, criança na escola e emprego para a nossa gente”. A legenda acompanha um trecho do seu programa eleitoral no qual faz referência a nome da luta história como Maria Felipa e Maria Quitéria.
Kleber Rosa (PSOL) participou nesta quarta da 28ª edição do tradicional Grito dos Excluído -, que nasceu em contraposição ao “Grito do Ipiranga” -, também no Campo Grande. Em 2022 o evento tem como tema o questionamento “Independência para quem?”. O Grito dos Excluídos tem sido a nossa frente de comemoração da independência há muitos anos. Não é à toa que nós chamamos de Grito dos Excluídos com a finalidade de fazer uma contraposição política e demarcar nossa posição em relação a uma independência verdadeira e popular, um projeto de nação ponta Kleber Rosa.
João Roma (PL) participou de ato no Farol da Barra, em Salvador ,durante a manhã.
Apoiadores de Bolsonaro se reúnem no Farol da Barra em ato pró-reeleição
Enquanto o desfile cívico-militar acontecia no Campo Grande, o Farol da Barra foi tomado pelo verde amarelo, não só pelo bicentenário da Independência do Brasil, mas por ter se tornado palco de mais um ato pró-Bolsonaro em Salvador. Vestidos com camisas da CBF, abraçados a bandeiras do Brasil ou a toalhas com a foto do presidente da República, munidos com buzinas e outras indumentárias com as cores da bandeira brasileira, placas e cartazes com palavra de ordem, uma quantidade expressiva de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, atendeu ao chamado do líder político para atos públicos nesta quarta.
Presente no evento, e de cima de uma dos três trios estacionados em frente ao Farol, o candidato ao governo da Bahia João Roma (PL) deu ênfase ao tom religioso que a campanha bolsonarista tem adotado, reforçando a relação Deus-Pátria-Família ao dizer que “o Estado é laico, mas não ateu”. Ele também fez críticas ao PT. O uso de louvores evangélicos e do Hino ao Senhor do Bonfim foram pontos altos do ato.
A aquisição de armas pelo cidadão comum, críticas e até pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além das próprias manifestações pró-Bolsonaro deste 7 de setembro, que acontecem com maior expressividade em Brasília e no Rio de Janeiro, eram temas recorrentes nas conversas compartilhadas entre pequenos grupos e famílias que ocuparam o gramado do Farol da Barra em clima de euforia e confraternização.
Placas com frases como “Fora PT e coligados”, “Fora comunistas”, “Vai pra Cuba”, Supremo é o povo” também se destacaram em meio a multidão.
Após o ato, o grupo seguiu em caminhada até o Cristo da Barra ao som de paródias em prol do presidente da República e pelo fim do PT, e do Hino Nacional.