"Cultura não é pornografia", diz Lula após assinar a Lei Paulo Gustavo

"Cultura não é pornografia", diz Lula após assinar a Lei Paulo Gustavo

Uma lei cultural precisa de… cultura! E foi por isso que o Balé do Teatro Castro Alves abriu os trabalhos no evento que promulgou a Lei Paulo Gustavo. Com direito a uma das bailarinas cruzando o céu da Concha Acústica do TCA, o grupo foi um dos que se apresentou na cerimônia, que contou com discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.

A Orquestra Afrosinfônica, o Balé Folclórico, o Ilê Aiyê e os cantores Lazzo, Russo Passapusso e Luedji Luna fizeram participações especiais. A noite ainda contou com a atriz da Monica Martelli, que homenageou o amigo Paulo Gustavo. Toda essa festa foi para celebrar a assinatura do decreto que colocou no papel e tornou efetiva a Lei que promete distribuir R$ 3,8 bilhões para o setor cultural dos municípios brasileiros até o final de 2023.

O evento foi aberto ao público e trouxe uma boa quantidade de pessoas à Concha. No palco, além dos artistas, havia uma série de personalidades políticas como o governador da Bahia, Jerônimo, os senadores Otto Alencar e Jaques Wagner, e os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento).

Segundo Margareth Menezes, esse é o maior valor já investido pelo governo no setor cultural. O mecanismo prevê o repasse direto dos recursos da União aos estados e municípios. A formalização desta relação foi elaborada pelo MinC e pactuada com os demais atores envolvidos, como o próprio setor cultural.

“Estamos nesse dia especial, entregando a Lei Paulo Gustavo, que foi fruto do apelo da sociedade civil e da sensibilidade do Congresso Nacional, que ouviu o pedido de socorro do setor cultural brasileiro, que viveu seus piores momentos na fila do osso. Estamos aqui com muito amor e emoção, por tantos motivos especiais”, afirmou a ministra.

A Bahia vai receber R$ 286 milhões da Lei: R$ 146 milhões ficam para o Estado e outros R$ 136 milhões com os municípios. Em seu discurso, Lula provocou Jerônimo dizendo que, caso o governador vá a Brasília, esse valor pode aumentar. “Esse país vai mudar, e é por isso que eu estou aqui. Pra ele mudar, a gente precisa entender que o assassinato que eles fizeram com a cultura é porque ela pode ajudar o povo a fazer a revolução que precisa nesse país para ajudar o povo a trabalhar”, disse o presidente.

Lula afirmou que é preciso tirar estigmas da cultura e entender o quanto o setor pode ser importante para o desenvolvimento do país e luta contra a pobreza: “os ignorantes deste país precisam aprender que cultura não é gasto, que cultura não é pornografia, que cultura não é uma coisa menor”.

Secretário de Cultura e Turismo (Secult) de Salvador, Pedro Tourinho afirmou que o Município está pronto para soltar os editais com o recurso que a cidade receberá. “É um dia histórico, precisa se tornar mais frequente um recurso desse montante para a cultura, que constrói muita renda, emprego. Estamos com tudo engatilhado para soltar os editais e colocar esse dinheiro para circular dentro de Salvador”, disse.

Acesso democrático

Baterista da banda Bailinho de Quinta e produtor de eventos como Bahia Experimental, Thiago Trad afirmou que a chegada da Lei é um desafogo para o setor e avalia que projetos que tenham, principalmente, cunho educacional e formativo com a cultura precisam ser priorizados. Para Trad, mais do que produções culturais poderem ser financiadas com os recursos da Lei, os proponentes precisam pensar em deixar legados com os projetos que usarão dinheiro público. O Bahia Experimental, por exemplo, tinha um espaço multidisciplinar, realizando shows, oficinas e workshops entre músicos diversos em mais de dez cidades.

O texto da lei garante medidas de acessibilidade e ações afirmativas nos projetos, com mecanismos de estímulo à participação e ao protagonismo de mulheres, negros, indígenas, povos tradicionais, populações nômades, segmento LGBTQIA+, pessoas com deficiência e outras minorias. Ela estabelece, ainda, que os chamamentos devem ter oferta de no mínimo 20% das vagas para pessoas negras e mínimo de 10% para indígenas.

Para acessar os recursos, estados e municípios deverão utilizar o sistema da Plataforma TransfereGov, que foi aberta na quinta (12), e dará 60 dias para que sejam registrados os planos de ação, que serão analisados pelo Ministério da Cultura (MinC). Os valores serão liberados após a aprovação de cada proposta.

Do valor total, R$ 2,7 bilhões serão aplicados no setor audiovisual, com R$ 1,95 bilhão voltados ao apoio a produções audiovisuais e o restante destinado a ações como reformas, funcionamento de salas de cinema, capacitação, apoio a cineclubes e à realização de festivais e mostras .

Para as demais áreas culturais serão destinados R$ 1,06 bilhão, voltado a ações na modalidade de recursos não reembolsáveis de apoio ao desenvolvimento de atividades de economia criativa e de economia solidária; ao apoio, de forma exclusiva ou em complemento a outras formas de financiamento; e ao desenvolvimento de espaços artísticos e culturais, de microempreendedores individuais, de microempresas e de pequenas empresas culturais, de cooperativas, de instituições e de organizações culturais comunitárias.

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  • Oswaldinho apresenta projeto de valorização dos artistas locais de Camaçari

    Visando transformar Camaçari num grande vetor artístico e cultural da Bahia, o pré-candidato a prefeito do município, Oswaldinho Marcolino (MDB), quer criar um calendário de festas para oportunizar os artistas locais. A iniciativa faz parte das ações de pré-campanha do emedebista divulgada na última terça-feira (27), no podcast 'Pod Mudar'.

    Ao lado do músico e pré-candidato a vereador pelo MDB, Marcelino Corda Bamba, o político detalhou a sua proposta e reforçou a importância da contratação dos profissionais da música e artistas da terra em eventos financiados com recursos públicos.

    "A criação de um calendário de eventos para Camaçari é de extrema importância para o incentivo da nossa cultura e do turismo, além de trazer protagonismo aos nossos e nossas artistas, possibilitando que sobrevivam do seu ofício. Músicos, cantores, produtores, assistentes e toda a cadeia do entretenimento será beneficiada. A princípio queremos promover eventos e atividades mensalmente na sede e na nova orla que será construída na minha futura gestão", comunicou.

    O líder da oposição em Camaçari ainda acusou a prefeitura de atrasar o pagamento dos artistas locais e expôs um desabafo de um músico, que alega estar há oito meses sem receber o cachê acordado para tocar no São João de 2023, na gestão de Elinaldo Araújo (União).

    "Por que a prefeitura paga para os grandes artistas cachês altíssimos e com 50% do valor antecipado e não faz o mesmo com os artistas locais, que além de receberem pouco, precisam esperar por meses. As oportunidades já são poucas e quando tem é um suplício, esse é mais um descaso que a prefeitura faz com seus conterrâneos que vivem da arte em nossa cidade"

  • Oswaldinho prestigia bloquinhos em Camaçari e defende a criação do "Camaval"

    Lançado como pré-candidato pelo MDB para concorrer a prefeitura de Camaçari, o radialista e publicitário Oswaldinho Marcolino defendeu, durante a sua participação no carnaval de rua da costa do município, uma oxigenação da festa na região metropolitana, com criação de circuito oficial. O político se rendeu aos agitos da folia em Barra de Jacuípe e Barra do Pojuca, no domingo (11) e nesta segunda (12).

    Cercado de entusiastas, apoiadores, também dos pré-candidatos a vereadores do MDB, Oswaldinho celebrou a democracia e a irreverência da festa popular, mas apontou que Camaçari detém a segunda maior economia e a quarta maior população do estado, e, por isso, tem condições de oferecer um carnaval mais estruturado para a população e para atrair turistas no período.

    "Sendo a segunda maior economia da Bahia e a quinta do nordeste, é inadmissível que o poder municipal não fomente o carnaval na cidade, que envolve além de diversão e cultura pro povo, geração de renda, circulação de recursos e oportunidades de trabalho pra toda a cadeia do entretenimento da cidade", reforçou.

    Entre os projetos de sua pré-campanha, o emedebista propõe a criação do "Camaval", festa inspirada no Carnaval de Salvador, com circuito oficial, desfile de trios elétricos, camarotes, arquibancada, blocos e grandes atrações.

    "Camaçari pode e merece ter um carnaval de verdade. Batizado carinhosamente de Camaval, o meu projeto, se concretizado, vai colocar nossa cidade no roteiro dos principais destinos de entretenimento da Bahia e beneficiar milhares de famílias que sobrevivem do comércio ambulante, alimentação e transporte", finalizou.

  • Jerônimo e Bruno reverenciam Iemanjá; governador frisa desejo de vitória em Salvador

    O governador Jerônimo Rodrigues (PT), preferiu o início da manhã para reverenciar a Rainha do Mar Iemanjá e já marca presença no Rio Vermelho desde às 6h da manhã. Segundo ele, tratou-se de um momento não apenas de homenagem, mas de ‘juntos agradecer a Iemanjá, a nossa Rainha do Mar!”.

    Na Casa de Iemanjá, na Colônia de Pescadores, acompanhado do vice-governador Geraldo Júnior Júnior (MDB), pré-candidato à prefeitura de Salvador, ao depositar presentes à Rainha do Mar, não negou que seu maior desejo, além de paz no mundo, muita força para trabalhar pelos que tem fome, bem como o fim da fome e da corrupção, está uma eleição vitoriosa na capital baiana.

    “Primeiro estou agradecendo e pedindo a Iemanjá paz no mundo e muita força para trabalhar pelos que têm fome e mais precisam. Lógico, em Salvador em especial é um ano eleitoral e espero que a Rainha do Mar Iemanjá também conduza os destinos para que seja uma eleição vitoriosa para o Brasil, para que a gente possa eleger vereadoras, vereadores, prefeitos e vices conscientes do seu papel na política, contra a corrupção, de poder se dedicar ao máximo para a gente trabalhar para a gente gerar emprego e matar fome”, frisou.

    Em sua comitiva estavam ainda, deputados, secretários de Estado e vereadores.

    Enquanto isso, o prefeito Bruno Reis participará da festa à partir das 15h. O gestor acompanhará a saída da procissão de entrega do presente principal na praia. Esta manhã, ele cumpre agenda na Câmara Municipal de Salvador (CMS), para a leitura da Mensagem do Executivo, na abertura dos trabalhos legislativos.

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