Desde que a Ford anunciou em janeiro que deixaria o país, os trabalhadores da montadora enfrentam um período de indefinições de como será feita a dispensa dos funcionários, qual será a indenização e quantos devem retornar ao trabalho para produção de autopeças de reposição dos veículos em circulação.

Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição. Na última mediação que houve no Tribunal, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.

"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato. Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."

Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari (BA) e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.

Assembleia
Na manhã desta terça-feira, 16, o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari (BA) na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação. Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência marcada no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que eles não fiquem sem fazer nada."

Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora, em andamento, continuem. Hoje sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação não pode ter demissão nem assédio moral", diz o sindicalista.

Publicado em Bahia

A Ford apresentou recurso contra as liminares da Justiça do Trabalho que impedem a montadora de demitir sem acordo coletivo os funcionários das fábricas de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, e Taubaté (SP), ambas fechadas no mês passado, quando a montadora anunciou que não produziria mais no Brasil. Em nota, a empresa diz que entrou com os recursos nos Tribunais Regionais do Trabalho competentes

Na sexta-feira, a Justiça do Trabalho proibiu a Ford de demitir funcionários das duas fábricas antes de concluir as negociações das indenizações trabalhistas com os sindicatos. A montadora também está proibida de suspender o pagamento de salários ou as licenças remuneradas.

Na fábrica de Camaçari, que produzia os modelos Ka e EcoSport, a multa em caso de descumprimento da liminar é de R$ 1 milhão de reais, acrescida de R$ 50 mil por trabalhador atingido. Já em Taubaté, onde a Ford produzia motores e transmissões, a liminar prevê multa de R$ 100 mil por funcionário atingido, além de obrigar a empresa a entregar em até 15 dias ao sindicato dos metalúrgicos todas as informações necessárias às negociações. Em até 30 dias, um cronograma de negociação conjunta também deve ser apresentado pela montadora.

Hoje, em sua primeira manifestação desde o comunicado, de 11 de janeiro, sobre o fechamento de todas as fábricas no Brasil, a Ford disse estar engajada "ativamente" no processo de negociação com os sindicatos relacionados à decisão, realizando reuniões regulares no último mês.

Desde o dia do anúncio, todos os empregados, acrescenta a montadora, estão com contratos de trabalho ativos, sem alterações no pagamento de salários e benefícios.

Em Taubaté, os trabalhadores estão organizando uma carreata para sexta-feira, com concentração a partir das 7 horas da manhã no estacionamento da fábrica, como forma de protesto. Hoje, o sindicato dos metalúrgicos da região realizou assembleia com os trabalhadores no local e acusou a Ford de tentar dividir o movimento em defesa dos empregados ao convocar aproximadamente 40 operários a uma volta temporária ao trabalho. A montadora seguirá produzindo por mais alguns meses peças para estoques de pós-venda.

Publicado em Justiça

Trabalhadores da Ford voltaram a protestar contra o fechamento da fábrica da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador, na manhã desta quinta-feira (21). Há 10 dias, a montadora anunciou que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil.

Muitos trabalhadores estão no local e uma fila de carro está na entrada da sede da montadora, com mais funcionários chegando para a mobilização. O protesto foi convocado por entidades sindicalistas, que pedem a volta dos empregos perdidos.

Durante a manifestação, os trabalhadores tiraram os uniformes e os penduraram em um alambrado que contorna a sede da fábrica. Nesses uniformes, eles escreveram nomes de familiares que também serão afetados com a perda dos empregos, a frases de pedido de respeito.

A montadora alega que serão cinco mil empregos afetados. No entanto, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Júlio Bonfim, afirma que o impacto será da perda de emprego de 12 mil trabalhadores diretos.

Com o encerramento das atividades no Brasil, a Ford também fechará as fábricas de Taubaté (SP) e Horizonte (CE), além de Camaçari.

Fechamento da Ford
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Júlio Bonfim, o impacto será da perda de emprego de 12 mil trabalhadores diretos. No entanto, a Ford alega que serão cinco mil empregos afetados.

Júlio Bonfim falou ainda sobre os empregos dos trabalhadores indiretos, de empresas que prestam serviço à montadora. Segundo ele, esses empregos indiretos somam 60 mil trabalhadores.

O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo, contou que a cidade, que tem arrecadação anual de cerca de R$ 1,3 bilhão em impostos, perdeu R$ 30 milhões do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e mais R$ 100 milhões do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da receita líquida, com o fechamento da montadora de veículos.

“Esse ano já perdemos cerca de R$ 30 milhões e a partir do ano que vem cerca de R$ 130 milhões. O município tem uma receita anual de R$ 1,3 bilhão e vai perder R$ 130 milhões, vai perder mais de 10% da capacidade de arrecadar. Sendo que a receita era de recurso próprio e o R$ 1,3 bilhão era toda a receita. São receitas do Fundeb, do SUS, que juntas dão esse total”, disse o prefeito de Camaçari.

O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente do Grupo Caoa, admitiu ter interesse na fábrica que era operada pela montadora Ford em Camaçari. Segundo ele, é preciso saber o que a Ford estaria interessada em vender e quais serão os incentivos concedidos pelo poder público para quem se instalar no local: “o governo também precisa dar condições de trabalho”. Apesar das declarações de Carlos Alberto, que trouxeram a expectativa de uma solução rápida para a situação, a assessoria de imprensa da Caoa informou que “não existe conversa entre a Caoa e a Ford com relação a fábrica de Camacari”.

“Sempre tenho interesse em novos negócios, mas é preciso analisar todo o processo porque não queremos desgastar a nossa imagem. E só iremos para frente se eu sentir muita segurança”, afirmou o empresário em entrevista para o Uol Carros. O chefe do grupo falou que tudo pode acontecer, pois considera bastante os incentivos fiscais do regime automotivo do Nordeste, prorrogado até 2025. Questionada, a montadora Ford não se pronunciou até o fechamento desta edição. O governo da Bahia respondeu através da sua assessoria que não tem conhecimento a respeito do assunto.

A história de Carlos Alberto no ramo automotivo começou com a compra de um Ford Landau numa concessionária em Campina Grande (PB). A revenda falou e ele aceitou recebe-la como compensação pelo automóvel. Em pouco tempo, tornou-se o maior revender da marca Ford no Brasil. Ele chegou a discutir sociedade com a Ásia Motors, que foi comprada pela Kia e que chegou a anunciar o projeto de uma fábrica na Bahia no final da década de 90. Em 2017, a Caoa se consorciou com a chinesa Chery para formar uma nova montadora 100% nacional, a Caoa Chery.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), as demissões da Ford no país podem significar uma perda potencial de mais de 118.864 mil postos de trabalho no país, somando-se os empregos diretos, indiretos e os induzidos pela operação.

A perda de massa salarial no país é estimada pelo Dieese em R$ 2,5 bilhões ao ano, considerando os empregos diretos e indiretos perdidos, além de uma queda de arrecadação de impostos de R$ 3 bilhões anuais.

Segundo estudo da entidade, a Ford chegou a empregar 21.800 pessoas em 1980. Em 1990, tinha 17.578 trabalhadores. Nove anos depois, 9.153. Atualmente, segundo a entidade, são 6.171 empregados, sendo 4.604 mil na unidade de Camaçari, 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE). Destes, 5.000 devem ser demitidos.

Em 2020, a empresa licenciou 139.897 veículos, o que representou 6,8% do total no Brasil. Destes, 84% foram produzidos no país, segundo dados da consultoria Bright. Em 1998, a empresa detinha 7,9% da produção nacional.

Nova montadora
Ontem, o governador Rui Costa esteve à frente de uma comitiva com membros do governo, representantes do setor empresarial e trabalhadores em Brasília, para apresentar a estrutura disponível às Embaixadas da Índia, Coreia do Sul e do Japão. Além do parque automotivo disponível, ele destacou a força de trabalho com expertise no setor e a garantia de que o estado vai contribuir para a implantação de uma nova indústria na Bahia.

Com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, ele iniciou a corrida por novas negociações, que abarquem tanto o setor automotivo quanto outros setores potenciais. A Índia possui uma indústria automobilística de crescimento exponencial, com destaque para a empresa Tata Motors, dona da Jaguar e Land Rover, e a Mahindra, que já possui atividade no Brasil, em Porto Alegre.

“Queremos convidar as fabricantes indianas para conhecer a área antes ocupada pela Ford para avaliar a possibilidade de instalação num dos maiores parques existentes no Brasil, inclusive com porto exclusivo”, disse o governador a Reddy, que respondeu ter interesse de que companhias indianas estejam no Brasil e na Bahia, além de querer iniciar parcerias no campo tecnológico, área que a Índia tem ampliado investimentos, assim como a Bahia.

A conversa com o embaixador do governo do Japão, Akira Yamada, seguiu o mesmo viés. A indústria automotiva do país é composta por grandes empresas, a exemplo da Nissan, Toyota e Honda.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Antônio Alban, destacou a possibilidade de parcerias para desenvolvimento tecnológicos, além dos incentivos fiscais, como atrativos. Ele citou a capacidade de formação de mão de obra, o centro de tecnologia instalado no estado, que está entre os maiores do Brasil. “Queremos propiciar junto à manufatura a tecnologia embarcada”, pontuou Alban.

O embaixador da Coreia do Sul, Kim Chan-Woo, disse ter ficado impressionado com a estrutura do Senai Cimatec. O representante sul coreano assegurou difundir as informações com o setor industrial de seu país. Ele citou o exemplo da Hyndai no Brasil e a necessidade de uma menor burocratização para mais negócios com este país.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim destacou a formação dos profissionais baianos que buscam novas oportunidades após os desligamentos da Ford. “As visitas às embaixadas permitiram passar um pouco da qualificação técnica dos profissionais, formados pelo Senai e escola técnica, e ainda apresentamos a amplitude do complexo deixado pela Ford, o maior da América do Sul”.

Convocação de trabalhadores
Na última segunda, a Ford iniciou uma convocação oficial para que empregados das fábricas retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, de acordo com  os sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades, segundo informação publicada pelo jornal O Globo. Mas os funcionários resistem. As entidades são contra a volta dos funcionários até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do país.

“A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero, está tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui em Camaçari”, afirma Julio Bonfim.

Segundo ele, a multinacional não negociou ainda como será o processo de demissão nem sentou formalmente com os sindicatos para discutir as rescisões e indenizações. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirma.

Procurada pela reportagem, a Ford não se manifestou sobre a convocação aos trabalhadores e sobre eventual negociação com sindicatos.


Demitido na segunda-feira (11) da semana passada, um grupo de trabalhadores das fábricas de Camaçari e Taubaté foi chamado para um retorno temporário. A tarefa é produzir peças de reposição para estoque. A informação foi divulgada pelos trabalhadores, também responsáveis por divulgar a rejeição da proposta. A argumentação é de que eles não foram informados como serão pagos os direitos trabalhistas daqueles que estão sendo desligados.

“Ninguém voltou porque a Ford fez foi um tapa na cara. Não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirmou Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. Bonfim relatou que a empresa alugou um galpão em Simões Filho para descarregar 90 caminhões de fornecedores que se concentraram em frente à unidade baiana depois do anúncio do fechamento.

Na segunda (11), a Ford anunciou que encerraria a produção de veículos no país. Só em Camaçari cerca de 12 mil trabalhadores perderão os empregos, incluindo mão de obra das sistemistas. O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito para apurar o processo de desmobilização das fábricas.

A Ford não confirmou o chamamento para a produção de peças de reposição. É certo que houve o encontro na última segunda (18) para tratar das demissões. Com informações da Exame, O Globo e do Terra.

Publicado em Brasil

Os objetos pessoais já estavam todos embalados em caixas e os móveis já tinham sido retirados. A autônoma Ailane Santos Costas, 28 anos, se preparava para se mudar e começar uma vida nova, quando teve todos os seus planos interrompidos pelo ex- companheiro, Alan Carlos Mota Soares, 42.

Segurando um revólver, ele invadiu o imóvel e cumpriu a promessa que fez: "Eu não falei que ia te matar?". Ailane foi assinada com vários tiros na escada de casa, quando ainda tentava fugir, na noite desta quinta-feira (14), na localidade de Barra de Pojuca, em Camaçari. Em seguida, o criminoso se matou com a mesma arma. Ele não aceitava o fim da relação.

O crime foi testemunhado pelo vizinho de Ailane, o cozinheiro Francisco Ramos Santos Filho, 38. Ele estava no imóvel quando tudo aconteceu, consertando um tanque a pedido dela. “Como ela ia embora, queria deixar tudo funcionando para o dono da casa. Antes de atirar, ele deu várias coronhadas nela”, contou Francisco ainda em estado de choque.

A casa fica no segundo andar de um imóvel. No térreo funciona uma igreja, onde acontecia um culto na hora do crime. Com o barulho dos disparos, os fiéis entraram em pânico.

De acordo com a Polícia Civil, a 33ª Delegacia (Monte Gordo) apura o caso de feminicídio seguido de suicídio. “Conforme informações iniciais, Alan Carlos agrediu e efetuou disparos de arma de fogo contra a ex-companheira. Equipe do Serviço de Investigação em Local de Crime de Homicídios (SILCH / RMS) expediu as guias de remoção e perícia em local de crime”, diz nota a policia em nota.

Ailane trabalhava como designer de unhas e há três anos morava junto com Alan no imóvel, que fica na Rua Filogônio de Oliveira. Os dois tinham rompido o relacionamento no último fim de semana. Já Alan era segurança de um hotel em Costa do Sauípe.

Vizinhos disseram que o casal vivia em constante discussão, tudo por causa do ciúmes de Alan. “Toda hora ela terminava, mas perdoava ele. Eram brigas intermináveis, porque ele era muito ciumento. Não queria que ela trabalhasse, queria mantê-la presa dentro da própria casa”, contou uma vizinha.

O casal teve uma briga recente no final de semana e Ailene decidiu ir embora e voltar para a casa dos pais, na cidade de Dias d’Ávila. Ainda na briga do final semana, Alan havia prometido que a mataria, caso o deixasse. Então, na manhã de quinta, enquanto Alan estava trabalhando, Ailene resolver arrumar tudo para deixar a casa. Empacotou as coisas, se desfez de alguns móveis e objetos. Ela já estava pronta para deixar o imóvel, mas havia um problema na boia do tanque e chamou Francisco para fazer o conserto.

Por volta das 17h30, Ailene e Francisco subiram as escadarias que dão acesso à casa. Cerca de 10 minutos depois, Alan surgiu segurando a arma. “Eu fiquei estático e ele começou a dar coronhadas nela, muitas. E depois ele disse: ‘Eu não falei que ia te matar?’”, contou Francisco. Nessa hora, Ailene correu e desceu as escadarias, mas não passou do portão, porque Alan havia trancado a fechadura. “Foi quando eu ouvi os tiros”, contou ele.

Depois dos disparos, Alan retornou para o imóvel e olhou para o cozinheiro. “Ele, calmamente, disse: ‘fique tranquilo, não é nada com você’. Aí foi para a janela e viu que havia uma viatura da polícia”, detalhou a testemunha. Os policiais foram chamados por vizinhos, que ouviram os gritos da vítima enquanto era espancada.

Ao perceber que os policiais forçavam o portão para acessar ao imóvel, Alan correu para um quarto e se matou com um tiro na cabeça. Quando os PMs conseguiram arrombar o portão, o corpo de Ailene, que estava escorada na porta, caiu para fora do prédio.

Publicado em Polícia

Ao contrário do que desejam os milhares de desempregados pelo fechamento da fábrica da Ford em Camaçari, a solução para crise causada pela decisão da montadora norte-americana vai demorar de ser superada. Ainda que a notícia de que quatro montadoras chinesas estariam interessadas em assumir a operação – divulgada pela rede de televisão CNN – dificilmente a operação da fábrica seria retomada ainda este ano. E muito provavelmente em um patamar bem distante da capacidade atual de produção de 250 mil veículos por ano.

No comunicado em que anunciou às suas concessionárias a decisão de abandonar a produção de veículos no Brasil, a montadora sinalizou que tentou encontrar um parceiro para a operação, ou mesmo um comprador, antes de se decidir pelo encerramento das atividades. Segundo o comunicado, não houve interessados.

“Num mundo ideal, a melhor solução seria encontrar um outro grande player disposto a ocupar o espaço”, explica Vladson Menezes, diretor-executivo da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Como ponto positivo para uma eventual solução neste sentido, ele destaca a modernidade da estrutura, com equipamentos de última geração e um sistema de produção integrado a um porto, que facilita tanto o escoamento dos produtos, quanto operações de importação e exportação.

Por outro lado, o momento do mercado automotivo no país indica dificuldades para o plano de fazer a maior fábrica de automóveis da América do Sul retomar suas atividades de produção, pondera Vladson Menezes. Ele calcula que mesmo com uma definição rápida, o mais provável é que a retomada do processo de produção dificilmente se dê ainda este ano. “Eu vejo uma situação muito difícil de se reverter em 2021 porque a nova empresa não vai chegar hoje e começar a operar amanhã”, destaca.

“Quanto houver uma manifestação clara de interesse ainda será necessário que aconteça um processo de negociação com a Ford pelos equipamentos e com os governos, em relação aos incentivos fiscais”, calcula. Ele ainda acrescenta que existe a possibilidade de uma eventual empresa interessada ter planos de realizar uma operação menor que a tocada pela Ford até a última sexta-feira e, consequentemente, trazer menores impactos econômicos e gerar um número menor de empregos.

Empresas interessadas?
A rede de televisão norte-americana CNN informou que existem quatro empresas chinesas interessadas em assumir a operação da Ford em Camaçari. Seriam elas: Great Wall Motors, Changan Auto, Gelly e GAC. O Grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, estaria por trás para trazer alguma dessas marcas ao país, de acordo com informações publicadas pela emissora.

Procurada, a Ford afirmou que facilitará “alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis”. As montadoras chinesas não responderam os questionamentos da emissora sobre o assunto e o grupo Caoa afirmou que não iria comentar. Questionada, a assessoria do governo da Bahia informou que tomou conhecimento do suposto interesse das empresas chinesas através de notícias divulgadas pela mídia.

Na última terça-feira, o governo estadual realizou a primeira reunião de um grupo de trabalho criado para buscar soluções para o problema. A intenção é encontrar uma nova montadora para operar a fábrica em Camaçari.

“Esse grupo irá trabalhar para apresentar o que a Bahia tem a oferecer para esses investidores, que é uma belíssima estrutura, já que temos a maior planta industrial automotiva da América do Sul, estrutura portuária, o parque tecnológico do Senai Cimatec Industrial, inclusive com campo de prova”, destacou o governador Rui Costa.

Segundo ele, já foram enviados documentos para embaixadas de outros países, em busca de auxílio para encontrar uma empresa interessada em assumir a estrutura.

O governador também fez questão de reforçar que o estado vai dar todo o suporte necessário aos trabalhadores, inclusive com a elaboração de um banco de dados para servir de subsídio para empresas que possam vir a empregá-los. Além do governador Rui Costa e de trabalhadores da Ford, participaram representantes da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, da Casa Civil e das secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz), Desenvolvimento Econômico (SDE) e Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).

“Nesse momento, toda ajuda é significativa e esse grupo já está discutindo como trazer uma nova empresa para ocupar o parque em Camaçari, um pátio que com certeza não deve ser desperdiçado”, avaliou Júlio Bonfim, presidente do sindicato.

Vladson Menezes lembrou que a fábrica de protótipos do Cimatec Park foi inaugurada em conjunto com a Ford e que o centro de pesquisas do Sistema Fieb deve ser o destino dos engenheiros que a Ford mantiver em seu centro de desenvolvimento na Bahia. Segundo ele, há um interesse por parte da Fieb em ampliar a parceria com a Ford na área de pesquisa e desenvolvimento de produtos. “Depende apenas dos planos da empresa”, diz.

O governo ainda está verificando a situação do terminal de uso privativo do estado, que está cedido à Ford em regime de comodato. Após o anúncio da empresa, o estado passou a avaliar os documentos relacionados à estrutura. Questionada sobre os planos para o porto, a Ford, por sua vez, informou não ter nada a comentar sobre o assunto.

Publicado em Bahia

Após o anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, os trabalhadores da empresa convocaram uma assembleia extraordinária para esta terça-feira, 12. O encontro será realizado a partir das 5h30, na frente da fábrica de Camaçari.

A convocação, feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, deve reunir trabalhadores de todos os turnos e também das empresas de autopeças fora do complexo Ford. De acordo com Júlio, após a assembleia na frente da fábrica, os trabalhadores vão marchar para o centro de Camaçari.

Em vídeo divulgado em seu perfil nas redes sociais, Júlio Gomes, disse estar surpreso com a decisão, que chamou de inusitada. "Fui convocado de emergência pelo presidente da (Ford) América do Sul, Lyle (Watters) e também da diretora de RH da América do Sul, Fernanda, para uma reunião, onde também estavam o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, e diretores do sindicato. Fomos pegos de surpresa. Estamos convocando todos os trabalhadores amanhã (terça), às 5h30".

De acordo com Júlio, a Ford já anunciou a suspensão de trabalho para esta terça e quarta, 13. "Não vai ter ônibus, mas temos que fazer um ato amanhã, no horário da entrada do primeiro turno. Todos trabalhadores dos dois turnos. Vamos fazer carona solidária, de bicicleta. Convoco, inclusive, o prefeito de Camaçari (Elinaldo Araújo) e o governador (Rui Costa) para se juntarem a nós. Essa é uma luta pelo emprego de todos os trabalhadores. É um momento gravíssimo para nossa economia, especialmente para a Região Metropolitana de Salvador. São 8 mil trabalhadores diretos e com as empresas de auto-peças chegamos a 12 mil trabalhadores na Bahia", disse Júlio.

Governo do Estado diz que procura alternativas

Em nota, o Governo da Bahia anunciou que o governador Rui Costa foi informado do fechamento da Ford através de uma reunião virtual com representantes da montadora. O governador diz já ter entrado em contato com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) para discutir a formação de grupo de trabalho para avaliar possibilidades alternativas ao fechamento. Ainda segundo a nota, o governo estadual também fez contato com a Embaixada Chinesa para sondar possíveis investidores com interesse em assumir o negócio na Bahia.

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Uma mulher foi presa em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, suspeita de matar os dois filhos, um bebê de 1 ano e uma menina de 8 anos. As crianças foram achadas mortas dentro de casa, em um condomínio no bairro de Lama Preta, na madrugada desta segunda-feira (11). A mãe foi presa em flagrante.

A Polícia Militar informou que uma equipe do 18ª Batalhão (BPM/Camaçari) foi até o local após denúncias de que havia duas crianças mortas na casa. As crianças não tinham sinal de violência exterior e a causa das mortes será conhecida após perícia. A mãe, que também teria tentado tirar a própria vida, passou mal e foi levada por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a UPA de Abrantes, com apoio da PM.

Parentes da mãe acreditam que ela pode ter sofrido algum surto. "Não tem explicação. A gente está sem entender. Porque era uma mãe dedicada, uma mãe esforçada", contou uma familiar em entrevista à Record Bahia. "A dedicação com os filhos dela era uma dedicação maravilhosa... A família está arrasada, a gente está abalada, porque a gente não sabe o porquê. Não era uma mãe irresponsável. Uma mãe competente, uma mãe que corria atrás, cuidava direitinho, nunca deixou à toa. Eu não sei porque agiu assim, teve esse comportamento, do nada", acrescenta.

Outro familiar diz que a mãe da mulher afirmou que ela não estava normal. "Sempre cuidou dos filhos dela muito bem, gostava de levar eles para os lugares. Amava de paixão, muito carinho. A gente está todo mundo sem entender o que foi que aconteceu. Mas a mãe dela disse que ela não estava em si".

A casa ficou isolada aguardando perícia. A ocorrência foi registrada na 18ª Delegacia, que vai investigar o caso.

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A Ford decidiu fechar as fábricas que tem no Brasil, incluindo a de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A pandemia de covid-19 ampliou o subuso da capacidade manufatureira da empresa, no entendimento da Ford. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

A produção vai cessar imediatamente nas fábricas de Camaçari e Taubaté, com algumas partes continuando por alguns meses para dar suporte com produção de peças de estoque para o pós-venda. No último trimestre de 2021, será fechada também a planta da Troller, em Horizonte (CE).

A empresa afirma que irá trabalhar em colaboração com os sindicatos para "minimizar os impactos do encerramento da produção". “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, afirmou Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global", diz comunicado da empresa.

"A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo", acrescenta.

Com a decisão, os veículos comercializados no mercado brasileiro passarão a ser importados, em sua maioria vindo das unidades de Argentina e Uruguai, além de outras regiões fora da América do Sul.

Em 2019, a Ford já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Na época, com isso, deixou de vender o Fiesta, um dos modelos de maior sucesso no país, e deixou o mercado de caminhões por aqui.

Camaçari
O prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (Democratas), lamentou o anúncio do fim da produção de veículos. Ele disse que será uma grande perda para Camaçari e a Bahia.

"Com muita tristeza, recebemos esta notícia da Ford. Infelizmente, a crise provocada pela pandemia da covid-19 trouxe consequências ruins para a área da saúde e, também, para a economia, fazendo com que pequenos e grandes negócios se tornem inviáveis. Lamento o fechamento da fábrica e me solidarizo com os trabalhadores", disse Elinaldo.

O prefeito disse que vai acompanhar a situação de perto. "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para reduzir o impacto para os trabalhadores, pais e mães de família que vão perder o seu sustento", disse, afirmando que a prefeitura vai "intensificar diálogos" com outras empresas em busca de novos investimentos.

Fonte: Correio

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