Índice de Intenção de Consumo das Famílias tem queda de 18,3% em Salvador

Índice de Intenção de Consumo das Famílias tem queda de 18,3% em Salvador

O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da cidade de Salvador registrou queda de 18,3% em maio, ao passar de 104,3 pontos em abril para os atuais 85,2 pontos, o menor patamar desde janeiro de 2018. No contraponto anual, a retração foi de 12,2%. O destaque negativo do indicador foi o item Momento para Duráveis que apontou recuo de 37,5% e atingiu os 47,8 pontos em maio, o menor patamar já registrado na série histórica.

De acordo com a avaliação do consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, as famílias soteropolitanas estão priorizando o consumo dos bens essenciais como alimentos e medicamentos, em vez de comprar produtos como geladeira, fogão ou televisor. “Necessita de segurança no emprego e na renda para poder arcar com as parcelas da compra, o que não se vê no momento”, diz.

A maior cautela das famílias nos gastos pode ser observada nas quedas dos itens Nível de Consumo Atual e Perspectiva de Consumo, de 19,2% e 22,2%, respectivamente. A pontuação do primeiro foi de 64,8 pontos e 79,7 pontos para o segundo.

“A principal questão é o desemprego ou o risco de perder o atual trabalho. Sem uma previsão clara da retomada da economia e o prolongamento do período de quarentena, amplia-se o número de fechamento de lojas e demissões”, declara o economista. A segurança no Emprego Atual caiu 14,2% ao passar de 119,3 pontos em abril para 102,4 pontos em maio. E a perspectiva de uma melhoria profissional do responsável pelo domicílio também recuou, 21,3% em relação a abril e bate nos 101,8 pontos.

Dietze afirma que embora o governo tenha liberado o auxílio emergencial de R$ 600, não conseguiu amenizar o impacto na avaliação sobre a renda. O item Renda Atual retraiu 15,9% e volta a área de insatisfação, abaixo dos 100 pontos, com 94,7 pontos. “De fato, o forte aumento do desemprego gerou um efeito negativo muito forte sobre o rendimento das famílias”.

O item Acesso a Crédito ficou 4% abaixo do patamar de abril e chega aos 105 pontos. Como mostrou a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), dos endividados, cerca de 90% possuem dívida no cartão de crédito, que está sendo uma modalidade para as famílias complementarem a renda neste momento de crise.

Na avaliação por faixa de renda, a queda foi muito similar, de -18,2% para o grupo com renda de até 10 salários mínimos e -19,2% para os que ganham acima deste valor. No entanto, quem está sentindo mais a crise, conforme o economista, obviamente, são as famílias com renda mais baixa. A pontuação para esse grupo foi de 82,6 pontos, enquanto para a faixa de renda mais alta o resultado em maio foi de 112,1 pontos.

A Fecomércio-BA já havia divulgado os números de endividamento e inadimplência, que sofreram forte aumento devido ao desemprego e queda da renda. A tendência para os próximos meses será de mais quedas no ICF.

O consultor econômico da Fecomércio-BA recomenda que as famílias reduzam os gastos supérfluos, renegociem dívidas e contas em atraso, evitem entrar em crédito que tenha taxa de juros muito alta, como é o caso do cheque especial, ou que gastem sem programação no cartão de cartão de crédito, por exemplo. “Não é uma situação trivial, mas é importante tentar ajustar o orçamento doméstico a nova realidade e evitar dívidas e problemas que se tornem uma bola de neve”.

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