Salvador: mais de 90 mil jovens podem, mas não foram se vacinar

Salvador: mais de 90 mil jovens podem, mas não foram se vacinar

Em Salvador, há 93.575 pessoas de 25 a 39 anos que já poderiam ter tomado a primeira dose da vacina, mas ainda não buscaram a imunização. Dos 548.030 cadastrados nessa faixa etária para receber o imunizante, mostra a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), 452.273 compareceram aos postos de vacinação. Embora o número corresponda a 82% do total, isso quer dizer que 18% da população que poderia estar vacinada com a primeira dose ou dose única ainda não está. O resultado pode ser casos de covid-19 que poderiam ser evitados.

Desde a última segunda-feira (9), quando pessoas com idade entre 26 e 27 anos começaram a ser vacinadas, a SMS tem fortalecido a campanha para que os jovens se vacinem. Na manhã de imunização desse público, o movimento não atendeu às expectativas, o que fez a vacinação de pessoas de outras idades ser retomada. Nesta segunda-feira (16), quem nasceu nos anos 2000, ou em anos anteriores, pode ser imunizado.

A imunização dos mais jovens é vista como fundamental para atravessar a pandemia e conter os índices de contaminação, porque eles têm maior fluxo fora de casa - para ir e voltar do trabalho, por exemplo. A Indonésia inverteu a prioridade de vacinação dos mais velhos para os mais jovens, baseada no fato de que eles estão em idade mais ativa e, portanto, são vetores mais recorrentes de proliferação do coronavirus.

“Não é só uma questão de ela ser importante para não ter a doença, é uma questão de humanidade, se não for por voce, que seja pelos outros”, opina Ingrid, que viu uma tia passar 18 dias internada numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com complicações causadas pela covid-19.

Para reduzir os faltosos, a SMS diz que tem enviado mensagens de texto para o celular deles, com alertas sobre a importância da vacinação. Agentes comunitários e de combates às endemias também realizam visitas domiciliares para convocação do público.

Jovens não se vacinarem é prolongamento da pandemia, avalia imunologista

Entre os motivos para jovens não terem comparecido aos pontos de vacinação, aparecem desde a falta de liberação no trabalho, a "preguiça" e a crença de que a vacinação pode esperar. "Conheço pessoas da minha idade que não priorizaram os dias certos e adiaram por motivos diversos - estágio, trabalho, preguiça -, mas se vacinaram", conta Felipe Ferraz, 24 anos.

O estudante de Medicina Veterinária se vacinou logo quando a imunização foi liberada. Para quem esperou um ano e cinco meses por aquele dia 12 de agosto, a espera de duas horas na fila pareceu nada.

"Estava mais ansioso e animado mesmo pra conseguir minha dose", diz Felipe.

Para Ricardo Khouri, imunologista e pesquisar da Fiocruz, a não adesão de parte dos jovens à vacinação tem a ver com a sensação de que como o índice de letalidade é mais baixo entre eles, a vacinação não é necessária. “Porém, é muito importante entender que a vacinação é crucial para proteção individual e coletiva”, pontua Khouri. A vacina protege individualmente, mas não só. “Ela protege coletivamente, pois reduz a circulação do vírus”, ressalta.

Ele evidencia três pontos quando se fala em vacinação do mais jovens: é impossível saber quem vai evoluir para uma forma grave e óbito, maiores de 60 anos e imunossuprimidos possuem uma resposta imunológica comprometida e um jovem infectado pode servir como vetor de contaminação para eles, e o vírus é “muito plástico” - a notar pelas três variantes em circulação no país.

“O vírus modifica sua estrutra durante a replicação, surgindo a possibilidade de escapar da proteção vacinal. Esse, que seria o pior cenário, resultaria numa anulação de todos os benefícios conquistados”.

Mas, não é só a falta de entendimento de que a covid-19 pode ser grave em pessoas mais jovens que torna a vacinação mais tímida, acredita a infectologista e pesquisadora da Fiocruz Fernanda Grassi. "Falta esclarecimento e campanhars. Seria necessário explicar aos mais jovens que à medida que eles não se vacinem, eles também podem ter quadros graves", acrescenta. Do 1,2 milhão de casos de covid-19 na Bahia, 41% ocorreram em baianos com idade entre 20 e 39 anos. Dos 26.118 falecidos, 1.773 tinham menos de 40 anos, segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

E mesmo os jovens que foram garantir a primeira dose no prazo certo não podem se considerar "protegidos", destaca a infectologista. O impacto da vacinação de pessoas na faixa dos 20 anos ainda não foi sentido na rotina hospitalar, como já é possível observar entre os mais velhos, pois ainda "não houve tempo", segundo Fernanda. Até o último domingo (15), os leitos de UTI estavam ocupados em 42%. Em maio deste ano, 16 cidades baianas chegaram a ter 100% dos leitos ocupados. A infectologista explica que não adianta tomar a primeira dose e retornar à normalidade, principalmente com a variante delta à espreita.

"Uma dose não protegere contra a variante delta, somente duas. Se a variante delta predominar no país, é muito inquietante. É preciso alertar sobre a necessidade de se vacinar completamente", avisa.

A preocupação da SMS, além da adesão dos mais jovens, também tem sido essa - reforçar a imprescimbilidade da segunda dose. Há 49 mil pessoas aptas a receber a segunda dose que ainda não buscaram os postos. O secretário municipal de Saúde de Salvador, Léo Prates, fez um apelo público no último final de semana": “Eu quero lembrar que a pessoa só está imunizada com a segunda dose. As vacinas só garantem a eficácia contra a variante delta só se faz com as duas doses".

Serviço

O que que fazer antes de se vacinar?
- O público habilitado pode conferir o nome na lista da SMS, www.saude.salvador.ba.gov.br.
- Caso o nome não esteja na lista, é necessário fazer o recadastramento do cartão SUS, disponível no site recadastramento.saude.salvador.ba.gov.br, ou através das Prefeituras-Bairro, mediante agendamento prévio.

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    Para receber a dose, deve ser apresentado documento de identificação com foto, cartão SUS de Salvador e caderneta de vacinação. Vale destacar que a aplicação será feita somente na presença dos pais ou responsável legal, garantindo um acompanhamento adequado e a segurança das crianças e adolescentes. Para a vacinação nas escolas, as crianças deverão portar documento de autorização dos pais e ou responsáveis.



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