O ano de 2020 foi desafiador para quem trabalha com serviços. O fechamento de estabelecimentos por conta da pandemia atingiu em cheio a economia e fez o Produto Interno Bruno (PIB) de Salvador encolher 7,8% na comparação com 2019, mas ainda assim a cidade conseguiu produzir R$ 58,9 bilhões em riquezas e manteve a posição de maior economia da Bahia e 2ª do Nordeste.
Os dados sobre o PIB dos municípios em 2020 foram divulgados, nesta sexta-feira (16), pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números apontam que o setor de serviços foi o mais impactado durante o primeiro ano da pandemia. A atividade que, em 2019, representava 71,3% da economia no estado, recuou para 67,4%, no ano seguinte.
Salvador produziu R$ 63,9 bilhões em riquezas em 2019, o que representava 21,7% de todo o PIB baiano. No ano da pandemia, o percentual caiu para 19,3%. Outras cidades que registraram perda de participação no PIB foram Simões Filhos, Porto Seguro, Cairu, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Lauro de Freitas e Itabuna.
O coordenador de Contas Regionais da SEI, João Paulo Caetano, explicou que a queda já era esperada por conta da interrupção das atividades e até encerramento de negócios em segmentos como hotéis, bares, restaurantes e espaços ligados à cultura.
“O setor de serviços foi o mais afetado pela pandemia, foi o que mais sentiu efetivamente os impactos. Salvador perdeu 2,4% de participação no PIB; Simões Filhos, Vitória da Conquista e Feira de Santana, entre outros, todos tiveram perda. A expectativa é de que, em 2021, esses municípios tenham recuperado o que foi perdido em 2020, mas a gente ainda não sabe os resultados”, afirmou.
Crescimento
Os outros dois setores observados na pesquisa tiveram avanço. A indústria apresentou um pequeno crescimento, passando de 21,8% para 22,2%, enquanto o agronegócio registrou o resultado positivo mais expressivo, saindo de 6,8% para 10,4% de participação no Produto Interno Bruto da Bahia. Essa mudança de cenário provocou uma troca de lugares entre as cidades com maior PIB do estado.
O município de Luiz Eduardo Magalhães, com forte atuação na agropecuária, ultrapassou a cidade de Lauro de Freitas, que tem uma economia mais voltada para serviços. Mais do que isso, os dez maiores municípios do agronegócio, que antes da pandemia eram responsáveis por 39% do setor, em 2020, passaram a comandar quase a metade (49%) de tudo o que essa parcela da economia produz na Bahia.
Quando a análise do PIB leva em consideração a distribuição per capita, por exemplo, sete das dez maiores economias são cidades ligadas a agropecuária. A supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, fez uma ressalva.
“O agronegócio é muito importante inclusive por conta do dinamismo que ele cria no setor de serviços. Temos um grupo de atividades no IBGE que chamados ‘outros serviços’ que tem um peso importante nos auxílios a agropecuária. Normalmente, quando esse setor vai bem é por conta desses serviços, e não apenas pela produção de commodities”, explicou.
A queda de 7,8% em Salvador foi a 3ª mais intensa entre as capitais, menor apenas do que as verificadas em Curitiba/PR (-8,1%) e Recife/PE (-8,0%). Foi também o primeiro resultado negativo para a Economia soteropolitana nos 18 anos da série histórica do PIB dos municípios (iniciada em 2002). Na Bahia, o recuo foi de 4,4% e no Brasil de 3,3%.
A pesquisa mostrou que as maiores economias continuam sendo Salvador (19,3%), Camaçari (9,4%), Feira de Santana (4,9%), São Francisco do Conde (3,9%) e Vitória da Conquista (2,3%). Os dez municípios mais fortes economicamente são responsáveis por 48,7% de todo o PIB da Bahia. A participação encolheu, porque em 2019 era de 50,8%.
As maiores mudanças no ranking ficaram com Itagibá, que saiu da 197ª posição para o 55º lugar, Tabocas do Brejo Velho (de 296º para 194º) e Adustina (199º para 126º). Já as cidades que cresceram em participação no PIB foram São Desidério (0,69%), Formosa do Rio Preto (0,61%) e Luís Eduardo Magalhães (0,32%).
Ranking nacional
Apesar dos efeitos da pandemia, Salvador manteve a 12ª posição entre as cidades mais fortes economicamente do Brasil (a 9ª capital). São Paulo (SP) lidera a lista, sendo seguida por Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Belo Horizonte (BH). No Nordeste, os baianos ficaram atrás apenas de Fortaleza (CE).
O coordenador de Contas Regionais da SEI, João Paulo Caetano, explicou que a cidade de Fortaleza desenvolveu uma série de investimentos a partir do porto, que serve para escoamento da produção do estado, e implementou indústrias no entorno do equipamento, o que impulsionou a produção para além dos ganhos com o setor de serviços.
“Essa construção industrial alicerçada em volta do porto fez com que Fortaleza ganhasse participação no PIB e ultrapasse Salvador. Nós também temos um porto, mas ele serve basicamente para escoar a produção, não temos um adensamento produtivo ao redor do porto de Salvador, e esse é um grande diferencial”, explicou.
A lista dos dez maiores PIBs do Nordeste inclui a cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, que produziu R$ 25,7 bilhões, em 2020, e ficou à frente de cinco capitais, como Maceió, Natal e Terezina. Em nível nacional, três municípios que não são capitais entraram no top 10: Osasco, Guarulhos e Campinas, todos em São Paulo.
Confira os dez maiores PIBs da Bahia:
Salvador (19,3%) – R$ 58,9 bilhões
Camaçari (9,4%) – R$ 25,6 bilhões
Feira de Santana (4,9%) – R$ 16,1 bilhões
São Francisco do Conde (3,9%) – R$ 11,9 bilhões
Vitória da Conquista (2,3%) – R$ 7,1 bilhões
Luís Eduardo Magalhães (2,3%) – R$ 7 bilhões
Lauro de Freitas (2,1%) – R$ 6,4 bilhões
Barreiras (2%) – R$ 6,1 bilhões
Simões Filho (1,6%) – R$ 4,9 bilhões
Candeias (1,6%) – R$ 4,9 bilhões
Confira os dez maiores PIBs do Nordeste:
Fortaleza (CE) – R$ 65,2 bilhões
Salvador (BA) – R$ 58,9 bilhões
Recife (PE) – R$ 50,3 bilhões
São Luís (MA) – R$ 33,1 bilhões
Camaçari (BA) – R$ 25,7 bilhões
Maceió (AL) – R$ 22,8 bilhões
Natal (RN) – R$ 22,7 bilhões
Terezina (PI) – R$ 21,6 bilhões
João Pessoa (PB) – R$ 20,8 bilhões
Aracaju (SE) – R$ 16,4 bilhões
Confira os maiores PIBs do Brasil:
São Paulo (SP)
Rio de Janeiro (RJ)
Brasília (DF)
Belo Horizonte (BH)
Manaus (AM)
Curitiba (PR)
Osasco (SP)
Porto Alegre (RS)
Guarulhos (SP)
Campinas (SP)
Fortaleza (CE)
Salvador (BA)