Pelo quinto dia consecutivo, a Bahia registrou o maior número de pacientes internados em UTIs por Covid-19 desde o início da pandemia, segundo informações do boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) nestat erça-feira (23). De acordo com o boletim, são 915 pacientes adultos e pediátricos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no estado.

O número de novos casos da doença em 24 horas também são considerados altos, foram confirmados 5.025. No total, a Bahia registrou 660.506 casos, desde o início da pandemia. De acordo com o boletim, 66 óbitos que aconteceram em datas diversas, foram contabilizados. Assim o número de mortes pela Covid-19 na Bahia é de 11.320, que representa uma letalidade de 1,71%.

Desde sexta-feira (19) que a Bahia registra diariamente recordes de internações em UTI. Antes, o pico tinha sido registrado em 2 de agosto de 2020, quando 857 internações em UTIs foram contabilizadas.

Segundo boletim desta terça-feira, dos mais de 660 casos, 631.606 já são considerados recuperados. Além disso, 1.022.239 casos foram descartados e 152.847 estão em investigação. Na Bahia, 42.097 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Dentre os óbitos, 56,63% ocorreram no sexo masculino e 43,37% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 55,24% corresponderam a parda, seguidos por branca com 20,35%, preta com 14,55%, amarela com 0,57%, indígena com 0,15% e não há informação em 9,13% dos óbitos.

O percentual de casos com comorbidade foi de 70,50%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (74,43%).

O boletim informa também o número de vacinados na Bahia. Segundo a Sesab, 417.396 pessoas foram vacinados contra o coronavírus, dos quais 69.964 receberam também a segunda dose, até as 15h desta terça.

Os dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até às 17h desta terça.

O boletim completo está disponível no site da Sesab e em uma plataforma disponibilizada pela secretaria de saúde estadual.

Leitos Covid-19 na Bahia
Nesta terça, dos 2.212 leitos ativos na Bahia, 1.536 estão com pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação geral de 69%.

Desses leitos, 1.113 são para atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e estão com ocupação de 80% (893 leitos ocupados). A taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátrica é de 61%, com 22 das 36 unidades em utilização.

Já as unidades de enfermaria adulto na Bahia estão com 58% da ocupação, e a pediátrica com 67%.

Em Salvador, dos 1.059 leitos, 871 estão com pacientes internados. A taxa de ocupação geral é de 82%. A taxa de ocupação da UTI adulto é de 83% e a pediátrica 67%. Os leitos clínicos adultos estão com 82% e o pediátrico com 81% de ocupação.

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O governador da Bahia, Rui Costa, divulgou um pronunciamento nesta terça-feira (23) em que pede para que a população mantenha as medidas de prevenção para evitar a proliferação da covid-19 no estado. O mandatário foi categórico e afirmou que não irá hesitar para tomar medidas mais duras caso as taxas de contaminação e ocupação de leitos de UTI continuem a subir na Bahia.

"Faço um apelo a todos: não é hora de paredões, de festas, bares lotados ou aglomerações. Enquanto a vacina não chega, é preciso usar máscara e manter o distanciamento. Vamos salvar vidas", diz o governador.

Com 80% dos leitos de UTI ocupados em todo o estado, Rui afirma que o governo continuará abrindo novos leitos, mas que sem a colaboração da população, não será possível evitar um colapso do sistema de saúde.

“Continuamos abrindo novos leitos, mas nem esse aumento será suficiente para resolver a situação dramática que se aproxima. Sem a sua colaboração, em pouco tempo faltarão leitos de UTI no setor público e no setor privado. E aí, poderemos ver aqui aquelas cenas tristes que vimos em outros estados e em outros países."

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Uma pesquisa com a participação do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB-UFMG), detectou, nessa segunda-feira (22), a presença da covid-19 em um cachorro que convive com uma família em Belo Horizonte. Este é o primeiro caso da doença em um animal na capital mineira.

A informação foi divulgada pelo coordenador do projeto na cidade, David Soeiro, professor pesquisador do Laboratório de Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias do ICB.


Nesta terça (23), em entrevista do jornal Estado de Minas, ele informou que não há comprovação científica da transmissão de coronavirus de cães e gatos para pessoas. Sociedades protetoras e ONGs a favor do direito dos animais se preocuparam com o bem-estar dos animais contaminados, já que muitos tutores podem abandonar ou ferir um animal quando descobrem algum tipo de doença.

Segundo David, cães e gatos se infectam no ambiente doméstico, no contato com as pessoas que estão com coronavírus. "Mas esses animais não transmitem para as pessoas. Eles geralmente são assintomáticos", esclareceu.

O professor orientou que quem tiver testado positivo para coronavírus a manter distância também dos animais.

Adriana Araújo, coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA), reforçou as recomendações do professor.

"É muito importante as pessoas tratarem esse assunto com responsabilidade, tendo clareza de que não há comprovação científica da transmissão do coronavírus de cães e gatos para humanos", recomendou.

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A enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, primeira pessoa a participar da campanha de imunização contra o coronavírus na Bahia, testou positivo para covid-19. Ela começou a apresentar os sintomas três dias antes de tomar a segunda dose.

A diretora do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes, esclareceu que a infecção não tem nada a ver com reação adversa à vacina. A infectologista disse que a proteção maior ocorre após a aplicação da segunda dose e enfatizou que não existe a possibilidade de nenhuma das vacinas que estão sendo aplicadas na população causar a doença.

Ceuci Nunes também explicou que as vacinas são comprovadamente eficazes para evitar os casos graves da covid-19, mas que ainda não existe confirmação de que possam evitar que as pessoas contraiam a forma leve do coronavírus. Ela ressaltou que, por isso, mesmo as pessoas vacinadas devem seguir usando máscara e mantendo o distanciamento social, até que pelo menos 60% da população brasileira esteja imunizada.

Como funciona uma vacina?
Após a picada, o sistema imunológico começa a agir. Mas isso leva um tempo. Todo esse processo conta com o trabalho fundamental de algumas células e tecidos. Você já ouviu falar de todas elas em aulas de biologia: as células dendríticas, especializadas em identificar um agente estranho; os linfonodos, aquelas glândulas que aumentam de tamanho quando se tem uma infecção de garganta, por exemplo; os linfócitos T e B, que fazem a defesa; e os anticorpos, o resultado desse processo inteiro.

“O nosso sistema imunológico funciona compreendendo o que é do nosso corpo e o que é estranho a ele. No momento em que recebemos a vacina, o sistema analisa a química dela, percebe que tem algo estranho e começa a agir. As células especializadas recebem sinais, como se fossem uma orquestra, e orquestram uma ação”, explica o imunologista André Báfica, coordenador do Laboratório de Imunobiologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

Aquela dor provocada pela inflamação da vacina é um sinal. “As células especializadas pegam o antígeno e levam até os linfonodos, que têm uma estrutura muito propícia a iniciar a resposta do corpo, e é onde o samba acontece”, completa o professor.

Entre a chegada da vacina, o envio da mensagem e o início da resposta, vai um período de até 21 dias, sem contar a segunda dose. É por isso que, memes à parte, uma pessoa vacinada já deu um grande passo, mas ainda não é, necessariamente, uma pessoa blindada contra a covid-19.

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Internado no Hospital Aliança, em Salvador, desde a última sexta-feira (19) em virtude de um quadro de covid-19, o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, teve uma piora no quadro clínico na noite desta segunda-feira (22), sendo necessária a transferência para a Unidade de Terapia Intensiva.

Segundo nota da secretaria de Saúde, Fábio evoluiu bem durante a noite e a expectativa é de retorno ao leito clínico ainda hoje.

Ele é assistido pelo pneumologista Sérgio Jezler e pelo infectologista Roberto Badaró. Permanece em uso de medicamentos e segue dependente de oxigênio por cateter nasal. Ainda não há previsão de alta.

'Não tem sido fácil'
Horas antes de ser transferido para a UTI, Fábio Vilas-Boas fez um vídeo no qual relata que não tem sido fácil lutar contra a doença, apesar de estar recebendo assistência médica. "Essa é uma doença traiçoeira, a gente não sabe quem vai melhorar, quem vai piorar", contou no vídeo postado nesta segunda-feira (22).

"Tenho permanecido esses dias internado, tomando medicações não tem sido uma experiência fácil. Uma vaga não é uma garantia que você sobreviverá. Nós precisamos lutar para que a taxa de transmissão diminua. Precisamos evitar que as pessoas continuem se contagiando. Os hopitais não vão dar conta", disse o secretário.

 

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Infectado com coronavírus, o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, foi internado, na noite desta sexta (19), em um leito clínico do Hospital Aliança, em Salvador.

A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde, através das redes sociais. De acordo com o comunicado, o quadro clínico é estável, porém apresenta dessaturação de oxigênio.

A dessaturação do oxigênio é um parâmetro de monitorização que qualifica o desempenho do paciente e contribui para dimensionar o grau de comprometimento da doença no esforço físico.

Na quinta-feira (18), o secretário postou nas redes sociais o resultado de sua tomografia de tórax. O exame apontou 25% do pulmão comprometido. Na ocasião, seu quadro era classificado como "doença leve".

Mais cedo, o secretário havia postado em sua conta no instagram. “Ainda com febre, dor de cabeça, sem olfato. Melhora com novalgina. Tomo bastante água de coco. Dizem que mais 48-72h vai melhorar. Obrigado pelas mensagens.”

Mais cedo, secretário postou em suas redes sociais; Exames de quinta (18) apontavam 25% de comprometimento dos pulmões

 

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A partir deste domingo (21), algumas das principais praias da Bahia ficarão interditadas pelos próximos 15 dias. A decisão diz respeito aos balneários de Camaçari, devido a um decreto publicado na última sexta-feira (19) pela prefeitura da cidade, que determinou a proibição da circulação e da utilização de praias no município até o dia 5 de março.

Entre as praias de Camaçari, estão algumas das mais visitadas do Litoral Norte baiano, como Guarajuba, Barra do Jacuípe, Itacimirim, Jauá e Arembepe. A medida foi adotada como parte das restrições de combate ao avanço da covid-19.

Em nota, o prefeito de Camaçari, Elinaldo (DEM), explicou que a decisão foi motivada pelo aumento de casos da doença na cidade e, sobretudo, para evitar o colapso na rede pública de saúde do município.

“Estamos aqui reunidos com a Polícia Militar (PM) para garantir o cumprimento do que foi determinado pelo governo do estado. E eu faço um apelo aos responsáveis pelos condomínios que não permitam, de forma nenhuma, a realização de qualquer tipo de festa nos espaços. Precisamos endurecer as restrições com o objetivo maior, que é salvar a vida da nossa população”, ressaltou.

Além das praias, a prefeitura de Camaçari também determinou a interdição de outros espaços públicos pelo mesmo período, como jardins públicos, praças, campos, parques e quadras esportivas.

A cidade também está incluída entre os 343 municípios que tiveram toque de recolher decretado pelo governo estadual. O toque de recolher, que determina o fechamento de estabelecimentos comerciais das 22h às 5h, teve início na noite da última sexta-feira (19) e vai até quinta-feira (25).

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O início da campanha de vacinação contra a covid-19 levou esperança a milhões de brasileiros que esperam pelo momento em que poderão retomar uma rotina mais próxima à qual estavam habituados até o início da pandemia. Mesmo que lentamente, a imunização está avançando entre profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco.

O entusiasmo, no entanto, não deve levar ninguém a abrir mão de cuidados pessoais, sob risco não só de adoecer em um momento em que o sistema de saúde continua sob pressão, mas também de colocar em perigo a estratégia nacional de imunização. Especialistas lembram que, além de nenhuma vacina ser 100% eficaz, principalmente diante do risco de surgimento de novas variantes, o corpo humano demora algum tempo para começar a produzir os anticorpos que protegerão o organismo contra a ação do novo coronavírus.

Tempo médio
Segundo a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), a pediatra Isabella Ballalai, em média o tempo mínimo para que o sistema imune esteja apto a responder adequadamente contra a presença de qualquer agente patogênico causador de doenças é de, no mínimo, 14 dias após receber a primeira dose de uma vacina. Mas cada imunizante tem seu próprio tempo médio para ativar o sistema imunológico, conforme descrito por seus fabricantes.

Fiocruz
A dose da AstraZeneca, por exemplo, é capaz de atingir uma eficácia geral de proteção da ordem de 76% 22 dias após a aplicação da primeira dose. O percentual pode superar os 82% após a pessoa receber a segunda dose, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por produzir, no Brasil, a vacina em parceria com a farmacêutica e a Universidade de Oxford.

Um estudo publicado na revista científica The Lancet, no início do mês, sustenta que a maior taxa de eficácia é atingida quando respeitado o intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dose.

Butantan
O Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac no desenvolvimento da CoronaVac, afirma que são necessárias, em geral, duas semanas após a segunda dose para que a pessoa esteja protegida, já que esse é o tempo que o sistema leva para criar anticorpos neutralizantes que barram a entrada do vírus nas células. Ainda segundo o instituto, uma quantidade maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, também variando de indivíduo para indivíduo.

"É importante esperar, porém, que grande parte da população tenha sido imunizada antes de voltarmos aos antigos hábitos, para evitar contaminar outras pessoas, já que o indivíduo que tomou a vacina ainda pode transmitir o vírus. Mesmo após a imunização, ainda será preciso manter medidas de segurança, como o uso de máscara e a higienização constante das mãos."

Cuidados
“Ao tomar uma vacina, a pessoa tem que aguardar pela ação do seu próprio sistema imunológico, que vai produzir os anticorpos que irão protegê-la”, reforça Isabella, destacando a importância de, mesmo após tomar a segunda dose, a pessoa continuar usando máscaras, evitando aglomerações, higienizando as mãos e objetos e respeitando as recomendações das autoridades sanitárias.

“É muito importante que as pessoas entendam que será preciso continuar tomando os mesmos cuidados por mais algum tempo. Este ano tende a ser melhor que 2020, pois já temos mais conhecimento e algumas respostas à doença, mas, infelizmente, 2021 será ainda de distanciamento e de uso de máscaras”, acrescenta a vice-presidente da SBIm, acrescentando que, para diminuir a transmissão da doença, será preciso vacinar, no mínimo, 60% da população brasileira.

“Ainda temos muitos desafios para controlar a doença. Há o risco do surgimento de novas variantes – mesmo que a maioria das vacinas esteja demonstrando ser eficaz também contra algumas das variantes já identificadas, em algum momento isso pode não ocorrer. Logo, ainda não é hora de relaxar. Ainda não é hora de retirarmos as máscaras e desrespeitar o distanciamento social”, alerta Isabella.

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O sistema de saúde baiano inspira cuidados e preocupação, segundo afirmam os secretários de Saúde de Salvador (SMS) e da Bahia (Sesab), Léo Prates e Fábio Vilas-Boas, respectivamente. Isso porque a fila para a internação de pacientes com a covid-19 não para de crescer. Além disso, nos últimos 10 dias, houve aumento na média de mortes diárias pela doença causada pelo novo coronavírus no estado. Em 06 de fevereiro, 40 pessoas tinham morrido pela infecção na Bahia. Nesta terça-feira, 16, o número de óbitos saltou para 66. No auge da pandemia, no ano passado, 70 mortes diárias foram registradas no estado.

Já o número de pessoas que aguardavam leitos para internação no estado chegou a atingir 104 nos últimos dias, segundo o secretário estadual Fábio Vilas-Boas. Esse número costumava ficar em 30. “Hoje, 80 pessoas não conseguiram. Isso significa que tem 80 pessoas que não são atendidas na hora que precisam, por causa da pressão no sistema”, explica o secretário, que garante ainda estar conseguindo fazer a regulação de pacientes com covid-19 em um prazo de 24 horas. “Mas está ficando cada vez mais difícil”, lamenta.

Caso o número de pacientes aguardando internação continue crescendo nessa velocidade, é possível que o sistema de saúde do estado entre em colapso. “Tem unidades hospitalares de Salvador que já estão 100% ocupadas, apesar da taxa geral ser menor, em torno de 75%. Nós regulamos no sábado, junto com o governo do estado, 54 pessoas. Ontem (na segunda, 15) foram 48. Mas no auge da pandemia eram 60. O sistema está muito mais pressionado”, alerta Léo Prates, que comanda a pasta municipal da Saúde.

“Ou nós revertemos a curva de crescimento ou, em breve, teremos que tomar medidas duras. Se a curva de crescimento for mantida, corre o risco de colapso. Mas é claro que o governador e o prefeito agirão antes disso acontecer”, diz o secretário Léo Prates.

Já Vilas-Boas lembra que existem medidas a serem tomadas para evitar esse colapso, como restrição de circulação das pessoas e isolamento social. Nesta terça-feira, 16, o governador Rui Costa, inclusive, anunciou o decreto sobre o toque de recolher no estado, que será publicado nesta quarta, 17, e entrará em vigor na sexta-feira, 19.

No entanto, o problema vivido pelas autoridades é a velocidade com que a doença tem se espalhado nos últimos dias. “Se continuar do jeito que as pessoas estão transmitindo a doença umas para as outras, e se nós não conseguirmos acompanhar com o aumento de leitos, por exemplo, [o colapso] pode sim se tornar uma realidade. Nós estamos lutando para que isso não aconteça”, garante Fábio Vilas-Boas.

Gripários

O agravamento da situação nas unidades de saúde já ocorre nos gripários de Salvador, que funcionam nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) dos Barris, Pau Miúdo, Paripe e Pirajá voltados para os pacientes com sintomas gripais, característicos também da covid-19. O CORREIO foi até a UPA dos Barris e do Pau Miúdo e constatou a grande fila de espera, doentes que chegavam a todo momento e profissionais sobrecarregados.

Nos Barris, por volta das 11h, a situação era a mais dramática. Do lado de fora do gripário, cerca de 50 pessoas aguardavam atendimento e os carros que traziam pacientes chegavam a causar um pouco de congestionamento na entrada.

Morador da Vasco da Gama, Jeferson Cadu, 24 anos, foi com o filho de um ano buscar atendimento. O pai estava com dor de cabeça, febre e garganta inflamada, enquanto o filho tinha catarro no peito. “Desde sexta estou assim, mas só vim mesmo por eu ter piorado de ontem (anteontem) pra hoje. Cheguei 9h30 aqui, já são 11h e tem muita gente na minha frente. Não faço ideia de quando serei atendido. Acho que tinha que ter mais opções, tinha que ser mais rápido. Essa fila grande não deveria ser permitida”, reclamou.

A situação também gerou estresse em alguns doentes. Um homem que não quis se identificar, em um determinado momento, teve uma espécie de surto por causa da demora de atendimento e chegou a ofender verbalmente funcionários do gripário. Ele teve que ser acalmado por três policiais militares. Depois, ao CORREIO, o homem contou que esse era o segundo dia seguido que ele ia ao local buscando atendimento.

“Ontem (na segunda, 15) me disseram que eu só seria atendido no final da tarde. Então fui embora e cheguei hoje 6h30 e até agora não consegui ser atendido. Eles alegam que tem pacientes graves que tem prioridade, mas é inadmissível ficar aqui durante 5h e não ser atendido por ninguém”, disse o rapaz, que sentia dor de cabeça e no corpo, febre e diarreia.

Uma outra mulher, que também preferiu o anonimato, contou que saiu de Águas Claras até os Barris para buscar atendimento. “Ontem (segunda, 15) eu não imaginava que demoraria tanto e como estava sem dinheiro, com fome e cansada, voltei para casa. Vim hoje de novo mais preparada para encarar esse sofrimento”, desabafou.

Profissionais

A pressão no sistema de saúde – boa parte dela também causada pelo fato das pessoas terem relaxado nas medidas de isolamento e nos protocolos para controlar o espalhamento do coronavírus - não afeta só os pacientes, mas também os profissionais que tem de lidar com a sobrecarga de trabalho.

“Eles ficam estressados e acabam descontando na gente. Sempre é assim”, diz o funcionário que foi agredido verbalmente pelo paciente nervoso. “Essa quantidade de pessoas que você está vendo esperando é até tranquila em comparação com outros dias recentes”, apontou outro profissional.

Coordenador médico do gripário do Pau Miúdo, Elmar Dourado tem observado o aumento no número de atendimentos e a pressão no sistema. “Vejo que os profissionais da saúde estão com medo e cansados, desgastados. Estamos trabalhando no limite e esperamos que não haja esse colapso”, disse o médico, que tem lidado com o aumento de atendimento na unidade. “Nossa média de atendimentos mensais era 1,1 mil pessoas, o que saltou para 4,1 mil em dezembro, 4,5 mil em janeiro e, agora em fevereiro, a expectativa é ultrapassar 5 mil”, disse.

Elmar também destaca que tem atendido mais casos de pessoas jovens e em estado grave. “São inclusive pacientes que estão demandando mais oxigênio. Estamos com uma demanda maior do que a prevista. Só hoje (ontem) chegaram dois carregamentos de oxigênio na unidade, o que não é normal. O tempo de regulação aqui ainda é inferior a 24h, mas essa semana está tudo muito complicado, seja por falta de leitos ou até transporte, devido à sobrecarga do sistema”, lamentou.

Comparada à UPA dos Barris, a situação na unidade do Pau Miúdo era visivelmente mais confortável. Enquanto a reportagem esteve no local, três pacientes aguardavam regulação para um leito de hospital. Já nos Barris, eram quatro pessoas. A quantidade de pessoas que esperava atendimento também era menor no Pau Miúdo. A dona de casa Gisele Conceição, 34 anos, chegou ao local às 9h com o marido e o filho. O casal estava com sintomas da covid-19.

“Fico preocupada com essa situação, pois tem muita gente minimizando o vírus. Vejo mais pessoas saindo para a rua, sendo que a população não está sendo muito vacinada. Isso tudo assusta”, disse Gisele.

O secretário estadual de Saúde concorda com ela. “Se a vacina tivesse chegado em grande quantidade, para muitas pessoas, esse problema seria ignorado. Mas a vacina, na prática, não chegou. São poucas pessoas imunizadas e o início da vacinação está produzindo uma falsa sensação de liberdade”, argumenta Fabio Vilas-Boas.

Camaçari

A situação preocupante não é só nas UPAs de Salvador. Os moradores de Camaçari, por exemplo, organizaram um protesto para esta quarta-feira, 16, logo mais às 9h, para reclamar da demora no atendimento para os casos de covid-19.

“São as pessoas que passaram o dia todo esperando atendimento que organizaram esse protesto. Os próprios médicos da UPA estão saturados. Eles não estão aguentando a demanda”, disse uma das organizadoras, que preferiu não se identificar.

Uma médica que trabalha na cidade, que também preferiu o anonimato, confirmou o aumento na busca por atendimento. “A UPA vive lotada, sendo a grande maioria dos pacientes com covid-19, que ficam dias esperando a regulação. Tem consultório sendo usado como internamento, a sala de procedimento também. Tem paciente ficando internado com maca do Samu, pois não temos mais estrutura”, desabafa.

Ainda segundo essa médica, o principal problema vivido é a falta de unidades para escoar os pacientes na regulação. “Além da exaustão, os profissionais trabalham tristes vendo a situação dos pacientes sem ter muito o que fazer. E, ultimamente, trabalhamos com muito medo, pois os pacientes e acompanhantes ficam irritados e descontam em nós. Essa semana um funcionário da portaria foi agredido em pleno corredor”, contou.

Em nota publicada no dia último dia 09, a Secretaria da Saúde de Camaçari (Sesau), afirmou que já estava tomando as medidas necessárias para resolver os problemas na unidade.

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A Bahia registrou 66 mortes e 3.849 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,6%) em 24h, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) nesta terça (16). No mesmo período, 3.802 pacientes foram considerados curados da doença (+0,6%). Nesta terça, o governador Rui Costa decretou toque de recolher em todo o estado, a partir da próxima sexta (19), das 22h às 5h, por sete dias, com possibilidade de prorrogação.

As 66 mortes ocorreram em diversas datas. 59 delas em 2021, sendo quatro nesta segunda (15) - número que ainda pode crescer.

De acordo com a Sesab, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 10.864, representando uma letalidade de 1,71%.

Na última semana, os números demonstraram uma tendência de crescimento dos óbitos e de quadros clínicos mais graves, o que tem ampliado a taxa de ocupação nas UTIs. De acordo com a Sesab, a Bahia tem nove hospitais com taxa de ocupação para covid em 100%.

Dos 635.494 casos confirmados desde o início da pandemia, 609.546 já são considerados recuperados e 15.084 encontram-se ativos. Na Bahia, 41.457 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

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