O Jornal da Cidade

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O crescimento do número de casos da covid-19 no estado acendeu um alerta em duas universidades estaduais. Mesmo com o decreto estadual que liberou a obrigatoriedade do uso de máscaras no estado, tanto a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) quanto a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) voltaram a tornar obrigatório o uso nas suas dependências.

"Considerando o aumento de casos ativos da Covid-19 nos municípios em que a Universidade do Estado da Bahia desenvolve atividades e as orientações do Comitê de Biossegurança (Cobio) da instituição, a Reitoria da Uneb recomenda o retorno do uso de máscaras dentro de todos os ambientes administrativos e acadêmicos da instituição, nas instalações do interior do estado e da capital, visando à prevenção e ao controle epidemiológico", diz comunicado divulgado pela instituição.

A instituição destaca ainda que a Administração Central da Uneb segue promovendo uma série de ações para o acolhimento da comunidade acadêmica e para a garantia das condições de biossegurança, em todos os campi, sempre pautada pela preservação da vida e pela confiança na ciência.

Já a Administração Central da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) comunicou que tornou obrigatório o uso de máscaras em espaços fechados do campus universitário e também das unidades extra campus. A medida passou a valer na última quarta-feira (8) e foi recomendada pelo Comitê Emergencial para o Enfrentamento da Crise da COVID-19 e pelo Comitê do Plano de Retomada das Atividades Presenciais. A decisão está amparada no Artigo 9ºB da Resolução Consepe 042/2022, e foi oficializada por uma portaria a ser publicada no Diário Oficial do Estado na última quarta-feira.

"A decisão foi tomada após o crescimento do número de casos e de contaminações por covid-19, no estado da Bahia e no Brasil, e tem como princípio a manutenção de ações que visem o cuidado com a vida de quem compõe a comunidade universitária. Em tempo, a Administração Central lembra que a Instituição mantém vigilância epidemiológica constante para a detecção de qualquer caso suspeito de infecção pelo SARS-CoV-2 (vírus causador da COVID- 19) com a realização de exames, na Sala de Testagem (MT 62)", diz o comunicado da Uefs.

A universidade orientou ainda que as pessoas sintomáticas (sinais de gripe ou resfriado) ou potencialmente em contato com transmissores, devem se ausentar das atividades rotineiras e realizar teste para COVID-19. E para aqueles que ainda não completaram o esquema vacinal, fica o alerta de fazerem o quanto antes.

A catadora de materiais recicláveis Lucileide Pereira nunca teve tanta dificuldade para pôr comida na mesa quanto nos quatro últimos meses. Moradora de um barraco na comunidade de Vila Vitória, em Fazenda Grande IV, tem utilizado álcool, galhos e até lixo, como restos de resíduos plásticos, para acender a lenha onde cozinha, do lado de fora da sua residência. Isso porque não tem mais dinheiro para custear o gás de cozinha.

O mais recente dos sucessivos aumentos no preço do GLP gerou um valor médio do botijão em Salvador e Região Metropolitana de R$ 122, de acordo com o Sindicato dos Revendedores de Gás. Na Bahia, o preço flutua e, em média, custa R$ 127.

No mesmo período, cresceu a quantidade de acidentes com queimaduras. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o número de queimados aumentou 18,75% na Bahia no primeiro trimestre de 2022 comparado ao mesmo período do ano anterior.

Enquanto em 2021 a quantidade de queimaduras registradas nos três primeiros meses do ano foi de 384, em 2022, o número saltou para 456. As queimaduras não são lesões de notificação obrigatória nos hospitais públicos da Bahia. Ainda de acordo com a secretaria, até março deste ano, 198 pessoas foram internadas no estado por conta de queimaduras.

Embora a Sesab não tenha informado as causas, um estudo publicado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) aponta a relação direta entre a incidência das queimaduras por líquidos inflamáveis, especialmente o álcool, e o preço do gás liquefeito de petróleo.

José Adorno, cirurgião plástico e presidente da associação, explica que a substituição do gás por essas substâncias é a responsável por grande parte dos acidentes domésticos, especialmente durante a pandemia. A flexibilização da venda da substância pela Anvisa e, consequentemente, o uso indiscriminado do álcool, apenas intensificaram a quantidade de casos.

"Em levantamento que fizemos de março e setembro de 2020, em publicação que será ainda lançada, verificamos que tivemos cerca 700 internações motivadas por álcool em todo o Brasil, e mais de metade dos casos foram acidentes domésticos. Então, a correlação de casos de queimadura acontece tanto com o uso maior do álcool, quanto com o aumento dos preços do gás", esclarece Adorno.

A SBQ foi fundada em 1995 e é uma entidade associativa que reúne multiprofissionais, e que promove campanhas de prevenção de acidentes.

Em 2017, também foi lançada pela SBQ uma pesquisa que aponta que, com o aumento do preço do GLP, também houve um aumento de mais de 366% das queimaduras por álcool entre janeiro e novembro de 2017, em comparação ao mesmo período de 2016. O sexo feminino predomina entre as vítimas, e a faixa etária mais acometida é a dos adultos entre 18 e 59 anos. Nesse público, se encaixa não só Lucineide, como Jucelina e Jorgina, suas irmãs.

Em comum entre as três, além dos pais, está o fato de que lidam, todos os dias, com os riscos de queimaduras na cozinha. Jucelina, que usa álcool, carvão e lenha para cozinhar, já se queimou tantas vezes que não consegue contar.

“Minhas vistas doem muito, e sempre me queimo, mas não chegou a ser grave ao ponto de precisar de hospital”, diz.

Desempregada, está em busca de um emprego como faxineira, mas até trabalhos autônomos não estão fáceis de encontrar, explica.

Jorgina Pereira, por sua vez, não chegou a sofrer danos físicos, mas sua casa já. O teto do imóvel, onde mora com quatro crianças, pegou fogo. Embora ninguém tenha ficado ferido, ela não teve condições de deixar de cozinhar de formas alternativas. “É muito perigoso, mas às vezes tenho que usar para não deixar de cozinhar”, diz.

Ela ressalta, no entanto, que só largou o gás há dois meses, quando passou a cozinhar na lenha, com carvão e álcool. Irmã mais velha das três, Jorgina também atua como catadora de materiais recicláveis. “Com esse tempo chuvoso, ganho ainda menos, de R$ 15 a R$ 20 no dia, e vivo da renda do Bolsa Família [Auxílio Brasil]. Com o auxílio, às vezes, não consigo comprar o gás, embora já me ajude muito”, relata.

O mesmo acontece com Lucileide, que tem dois filhos, de 9 e 11 anos. Utiliza um facão para cortar a lenha, que encontra em matos próximos de casa. Para acender o fogo, usa desde sacos plásticos até garrafas de água sanitária. Quando o fogo acende, coloca uma panela em cima, para que ele se mantenha. E guarda as comidas todas na geladeira, rezando para que não chova de novo. Assim tem vivido há quatro meses, quando as dificuldades se intensificaram.

"Quando consigo um trabalho, é para comprar alimentação para casa, um feijão, um arroz, que agora tá até caro demais. Pior é quando chove, que preciso deixar estiar para fazer alguma coisa, já que a lenha fica molhada, e aí nem consigo acender o fogo", lamenta.

Política de preços internacional
O aumento do preço do gás de cozinha está diretamente ligado ao acréscimo de preço do barril de petróleo na cotação internacional, como explica o economista e integrante do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Alex Gama.

Tanto a Petrobras, como a Acelen, empresa privada que controla a Refinaria de Mataripe desde dezembro de 2021, utilizam a política de Preço de Paridade Internacional (PPI). Esse formato considera o preço dos combustíveis praticado no mercado externo.

"A política das empresas é que haja um reajuste toda vez que ocorra desvalorização do câmbio e aumento do preço do barril. O preço do gás de cozinha, em cerca de R$ 120, representa quase 10% do salário mínimo, o que pesa bastante na cesta de consumo das famílias", diz o economista.

Para Gama, a principal causa do aumento do preço do petróleo no exterior ainda é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que reduziu a oferta do gás no mercado europeu. O confronto já se desenrola há mais de 100 dias.

O aumento dos preços, no entanto, é anterior à pandemia. Em março de 2020, o preço do botijão de gás na Bahia custava cerca de R$ 65, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em novembro do ano passado, o produto já era encontrado por R$ 95 no estado.

"Antes da pandemia, o gás de 13 quilos custava aproximadamente 5,8% do salário mínimo. Após a pandemia passou para 7,3% do salário. Hoje essa relação já passa de 8%. Em resumo: o baiano está tendo que se virar nos trinta para comprar", diz o também economista Cleiton Silva.

A desvalorização que a moeda brasileira sofre desde 2020 também explica os aumentos progressivos de preço.

Há formas alternativas e seguras de cozinhar?
De acordo com o major bombeiro militar Leandro Vialto, é possível cozinhar de forma segura sem a utilização de substâncias inflamáveis, desde que sejam usados equipamentos especificamente desenvolvidos para a tarefa, como panela, fornos e fritadeiras elétricas, fogão e forno à lenha ou churrasqueira.

"Líquidos inflamáveis são muito voláteis, o que significa, a grosso modo, que geram uma nuvem inflamável ao seu redor. No momento de tentar acender o fogo, há o risco de ter uma explosão dessa nuvem, gerando queimaduras e até mesmo espalhando o combustível em lugares que não se pretendia, começando, assim, um incêndio", explica.

Em casos como esses, Vialto reforça que, se as chamas de fato se espalharem no caso do uso de um combustível líquido, a chance de apagar só existe se a quantidade de combustível for pequena. O tamanho de um copo, por exemplo. Para isso, a pessoa deve jogar bastante água de forma pulverizada. Se a ação não estiver resolvendo, o recomendado é evacuar o local e ligar para o telefone 193.

Ele também ressalta as situações em que nunca se deve jogar água. É o caso de uma panela em óleo conversível, como óleo de soja, por exemplo. "A água vira vapor ao entrar em contato com o óleo e empurra o óleo para o alto, formando uma nuvem combustível que pega fogo rapidamente e com muita energia, causando um incêndio e grandes queimaduras na pessoa que tentou jogar a água", alerta.

Por isso, o recomendado é simplesmente apagar o fogão abaixo da panela e tampá-la, ou utilizar um pano de algodão molhado para cobrir. Sem o contato com o oxigênio, o fogo apaga. A panela deve ser destampada apenas depois de 10 minutos.

Como proceder em casos de ferimentos
A médica dermatologista Camila Ribeiro chama atenção para que as vítimas de queimaduras não apelem para cuidados caseiros, especialmente se a lesão for de segundo grau. Diferentemente das lesões de primeiro grau, as de segundo contém o aparecimento de bolhas no local. "As pessoas às vezes colocam manteiga, pó de café, clara de ovo, o que não deve ser feito", aponta.

A recomendação é resfriar o local machucado com água corrente fria ou um pano limpo úmido. O uso de gelo deve ser evitado porque tem efeito de queimadura. "Em todos os casos de queimaduras mais profundas, em que haja formação de bolhas, acometimento extenso ou de áreas sensíveis, o paciente deve sempre procurar o pronto atendimento", indica a médica. As bolhas nunca devem ser estouradas em casa porque há risco de infecção.

As queimaduras são divididas em três tipos. Nas de primeiro grau, menos graves, não ocorre o aparecimento de bolhas, pois apenas a camada mais superficial da pele é atingida. No caso das medianas, de segundo grau, além de afetar a epiderme, parte da derme é acometida, por isso são mais profundas. As mais graves, de terceiro grau, prejudicam músculos e ossos.

"A queimadura de terceiro grau é gravíssima, geralmente o paciente interna, vai para a UTI, e há chances de óbito. Elas não são tão frequentes e costumam precisar de cirurgia", explica Camila Ribeiro.

Procurada, a Sesab informou que qualquer Unidade de Pronto Atendimento pode fazer o atendimento inicial. Se o caso for mais grave, o paciente é encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), referência nesse tipo de tratamento.

Auxílio Gás
Há ainda a possibilidade da inscrição no programa Auxílio Gás, promovido pelo Governo Federal, que paga um valor equivalente a 50% do valor médio do botijão de 13 kg. A Caixa Econômica Federal pagará o benefício em conjunto com o Auxílio Brasil, entre os dias 17 e 30 de junho. O Ministério da Cidadania ainda não informou quanto cada família receberá neste mês.

São elegíveis ao Programa Auxílio Gás dos Brasileiros todas as famílias inscritas no CadÚnico, com renda familiar mensal menor ou igual a meio salário-mínimo por pessoa, inclusive as famílias que recebem benefícios de programas do governo. Além disso, podem requerer famílias que tenham alguma pessoa que mora na mesma casa, que recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da assistência social, inscritas ou não no CadÚnico.

Grupos familiares com mulheres vítimas de violência doméstica que estejam sob o monitoramento de medidas protetivas de urgência terão preferência na concessão do benefício.

Para receber o auxílio, é necessário fazer um registro no aplicativo Caixa Tem, por onde é realizado o repasse do benefício. Ainda é possível movimentar e utilizar o auxílio para realizar pagamentos de contas e compras com os benefícios do governo, com um cartão de débito virtual.

Caso tenha dúvidas em relação a ter direito ou não ao benefício, entre em contato com o Canal de Atendimento ao Cidadão, através do número 111.

Oito ararinhas-azuis foram soltas no sábado (11), em Curaçá, no norte do estado. As cinco fêmeas e três machos estavam em um viveiro e voaram pela primeira vez pela Caatinga brasileira. Mais 12 ararinhas-azuis serão soltas neste ano como parte do “Plano de Ação da Ararinha-azul”, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP) em Berlim, na Alemanha. O objetivo é aumentar a população em cativeiro, restaurar seu habitat natural e reintroduzir a espécie, extinta há 20 anos, na natureza.

O coordenador do Plano, Antonio Eduardo Barbosa, explicou que esse primeiro grupo de oito aves foi escolhido entre os mais aptos a sobreviver na natureza. “São animais sadios, que têm musculatura de voo, que interagem e que não apresentam comportamento agonístico, isto é, que não brigam com outro. São os animais mais aptos para a soltura.”

As ararinhas-azuis foram soltas com oito araras-maracanã, espécie com quem dividia o habitat natural e que tem hábitos semelhantes aos seus. Nos últimos dois anos, as ararinhas passaram por adaptação em um viveiro instalado em Curaçá e que envolveu a redução do contato com humanos, o convívio com araras-maracanã, o treinamento do voo, o reconhecimento de predadores e a oferta de alimentos que serão encontrados na natureza.

Para esse projeto de reintrodução, foram criadas, em 2018, duas áreas de preservação em Curaçá e Juazeiro: a Área de Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul e o Refúgio da Vida Silvestre (Revis) da Ararinha-Azul. “Foi uma soltura branda, como chamamos. A gente abre o recinto, mas quer que as aves permaneçam ali. Será ofertada alimentação suplementar durante um ano, para que elas ainda visitem o recinto. Nessa fase experimental, queremos conhecer a dinâmica que as aves vão apresentar”, afirmou Barbosa.

Imagine uma empresa de aluguel de carros que precisa alcançar mais pessoas de um lado e, do outro, startups que têm as ferramentas para criar um sistema de aluguel online e um mecanismo de controle de multas. Com os dois elementos inseridos em uma plataforma, o objetivo da concessionária pode ser alcançado. Essa é a missão do Habitat Cimatec Startups (HCS), ser um espaço para conectar desafios e soluções tecnológicas.

O local, criado pelo Senai Cimatec, foi inaugurado na quinta-feira (8), durante o Cimatec Startups Conecta Summit, evento de abertura com a participação de empresas, estudantes do Senai e de outras instituições universitárias, startups de tecnologia, pesquisadores e investidores.

“A gente está tentando fazer o que a literatura já está falando há muito tempo. Promover diversidade, colaboração e consistência para que todos se encontrem e aconteça, de fato, a criatividade”, ressaltou Flávio Marinho, Gerente Executivo de MPME e Empreendedorismo do Senai Cimatec.

Para mostrar como a tecnologia é usada na transformação das corporações e consequentemente da sociedade, cinco empresas foram convidadas para compor o painel “Oportunidades de conexão com o futuro”, para falar sobre o que a inovação tem promovido em seus negócios e da importância de um espaço como o HCS para solucionar os desafios que ainda restam e, assim, continuar avançando.

O gerente de Relacionamento com Desenvolvedores da Nvidia, Jomar Silva, abriu as apresentações. A empresa de tecnologia desenvolve software e hardware destinados à inteligência artificial. O investimento já resulta na revolução de equipamentos usados na medicina, no setor automobilístico e no treinamento de robôs, do design à performance. No entanto, o atual projeto de construir uma ferramenta capaz de digitalizar a Terra e mapear os impactos das mudanças climáticas sobre ela, apresenta questões que ainda precisam ser solucionadas. “Estamos falando de algo que é possível, porque essas coisas não são mais ficção científica”, destacou Jomar.

No setor bancário, aparece o Nubank. A empresa, que tem um hub de tecnologia em Salvador, a NuLab, foi apresentada no evento por seu CTO Global, Matt Swann, ao lado do Diretor Sênior de Engenharia, Renan Capaverde. Em nove anos de existência, tem como um dos principais frutos da tecnologia, a ferramenta de sharding, capaz de evitar que, caso ocorra um problema na plataforma, ele seja generalizado.

“Basicamente, eu tenho uma cópia do Nubank para cada conjunto de clientes. É o que a gente chama de sharding, e é super interessante, porque a gente cria uma ferramenta de disponibilidade, ou seja, se der um problema de emissão de fatura no sharding um, só os clientes dele vão ter problemas”, explicou Renan.

Além das três empresas, ainda falaram Paula Puzzi, gerente de Inovação e Sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose; Gleverson Lemos, head de indústria 4.0 da Embraer; Gustavo Schiavotelo, Engenheiro-Chefe de Software e Eletrônica Veicular, da Ford; e Paulo Rogério, cofundador da Vale do Dendê e Afar Ventures.

A Vale do Dendê foi um dos destaques da cerimônia, por ser a corporação soteropolitana entre as empresas que veem na tecnologia, a principal ferramenta de inovação e aceleração de negócios.

“Eu estava nos Estados Unidos, em uma passagem pelo MIT, e comecei a ver essa inovação e falei ‘olha, a nossa Bahia precisa fazer, eu preciso levar isso para a minha cidade’. O nosso nome é inspirado no Vale do Silício. É uma provocação para mostrar que pode haver inovação em qualquer lugar, não apenas na Califórnia. A Bahia também pode inovar”, contou o cofundador da Vale.

Conexão
É olhando para a iniciativa de Paulo, que Samuel São Miguel, de 25 anos, e Jéssica Morais, 24, integrantes do time de inovação de uma empresa de engenharia, começam a acreditar que não é mais tão necessário sair da Bahia para trabalhar com tecnologia. “Para a gente, dá aquele despertar. Nos faz perceber que não tem justificativa ficar pensando tanto em ir para fora, se aqui na Bahia também é possível”, disse Samuel.

Assim como eles, que representam as empresas no ecossistema que o HCS pretende conectar, os estudantes do Senai Cimatec, Juliana Lisboa, 18, Uirá Macedo, 21, e Leon Santana, 21, integrantes de uma equipe de desenvolvimento de veículos, fazem parte do grupo de pessoas com boas ideias para a inovação. “A gente pensa maneiras de garantir a fabricação de carros resistentes e seguros com tecnologia”, conta Uirá.

Habitat Cimatec Startups
O HCS é o local que vai conectar todos as que se debruçam sobre a tecnologia para solucionar problemas, desde empresas, passando por startups, até aqueles com boas ideias, mas sem um time.

Para fazer parte da comunidade, de acordo com Vilson Alves, líder técnico da aceleradora do Senai, basta se cadastrar por meio da plataforma simatestartup.com.br. “Pensamos o programa como uma aceleradora e incubadora para incluir todos os atores possíveis dentro do ecossistema de inovação”, destacou Vilson.

Glossário
Startup: empresa de base tecnológica
Sharding: banco de dados dividido em partes menores
Head: profissional que gerencia pessoas e metas dentro das empresas

Com 100% de aproveitamento em casa, o Bahia vive grande fase na Série B. Depois do triunfo sobre o Sport, 1x0, na Fonte Nova, o Esquadrão chegou aos 22 pontos e se consolidou dentro do G4, em 2º lugar. Agora, o time precisa mostrar fora de casa a força que tem como mandante.

Neste sábado (11), o time visita o Operário, no estádio Germano Kruger, na cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Entre os objetivos está a conquista da primeira vitória fora da região Nordeste.


Este ano, o Bahia disputou cinco jogos como visitante no Brasileirão e somou pontos apenas diante de adversários nordestinos: 1x0 sobre o Náutico, no estádio dos Aflitos, no Recife, e empate por 1x1 com o CSA, no Rei Pelé, em Maceió.

Quando ultrapassou as fronteiras regionais, a equipe acabou derrotada por Ituano, Vasco e Tombense, todos por 1x0. Até mesmo na Copa do Brasil o Bahia apresentou dificuldade fora de casa. Não passou de um empate por 1x1 com o Azuriz, em Pato Branco-PR, pela terceira fase, e teve que decidir a classificação nos pênaltis.

A campanha do Bahia fora de casa na Série B, inclusive, tem deixado o elenco em alerta. Dos 15 pontos disputados, o clube conquistou apenas quatro, o que equivale a 26,6% de aproveitamento.


“A gente espera que a equipe possa ter o comportamento que vem tendo aqui dentro. A gente não pode esperar a energia do torcedor na arquibancada, porque vai enfrentar uma energia contrária”, disse o técnico Guto Ferreira, na Fonte Nova, após o jogo contra o Sport.

Guto, aliás, rejeitou o carimbo de que é característico dos times treinados por ele ser forte em casa e vulnerável fora. O técnico afirmou que, no próprio Bahia, já montou uma equipe com bom desempenho como visitante. Entre estadual, Nordestão, Série B e Copa do Brasil, o tricolor venceu três dos 15 jogos longe da Fonte Nova este ano.

“Se você pegar histórico nosso, eu não consigo enxergar isso. Porque nas equipes que a gente transitou e montou na sequência, isso não aconteceu. Em 2017, no Bahia, nós ganhamos uma sequência de jogos fora e ninguém fala nada”, iniciou Guto.

“Em 2016, nós trocamos o pneu com o carro andando e a gente não conseguiu as peças para fazer um meio-campo forte. A gente passou a ter em 2017 com Edson, com Renê e Matheus [Sales]. Juninho era um jogador mais leve na condição de segundo volante. O Bahia tinha que ter sustentação e não tinha. Esse ano ganhamos fora de casa, poucas, mas passa pelo nosso meio campo, por essa questão de força e de como o adversário vem. Vamos trabalhar para melhorar isso”, completou.

Mudanças
Por falar em meio-campo, Guto vai ser obrigado a fazer mudanças diante do Operário. Logo de cara, ele não conta com os dois principais volantes: Rezende está com lesão na coxa e Patrick foi suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Emerson Santos e Mugni devem ser os titulares.

Na defesa, Didi também sofreu lesão na coxa e está vetado. Ignácio volta a ficar à disposição após cumprir suspensão. Pelo mesmo motivo de Didi, Marco Antônio completa a lista de desfalques.

"Minha mãe, que faz consultas de rotina aqui, já deu de cara com as portas fechadas mais de uma vez por conta dos roubos", conta a designer de unhas Vanessa Conceição, 33 anos, em frente a Unidade de Saúde da Família (USF) da Avenida San Martin. O local, só em 2022, já teve o serviço temporariamente suspenso duas vezes por conta da violência. Lá, em janeiro deste ano aconteceu um arrombamento e, em março, um assalto a mão armada. E o problema não está restrito a essa unidade de saúde. Episódios de violência prejudicaram o atendimento em pelo menos outros 58 prestadores de serviços públicos da cidade, de acordo com levantamento da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS).

Este ano, 13 postos de saúde foram alvo ou cenário de crimes na capital (veja a lista abaixo) e precisaram parar de funcionar por pelo menos um dia. Na área de educação não foi diferente. De janeiro para cá, 40 escolas precisaram interromper as aulas para a recuperação de infraestrutura após bandidos invadirem as unidades. Os equipamentos de assistência social não ficam fora da mira de criminosos: seis Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) já fecharam por furtos ou assaltos em 2022.

As paralisações em diversos serviços são resultado de um problema mais amplo, explica Sandro Cabral, professor de estratégia no setor público no Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa e na Universidade Federal da Bahia (Ufba); além de autor de diversos trabalhos na área de segurança pública.

"Segurança é um problema multifacetado. A sensação de insegurança é o pior que pode acontecer. Sem segurança, ninguém vai à rua, comércio não vende, educação é prejudicada e saúde também. Esse problema afeta diversas esferas da economia e, sobretudo, as pessoas em vulnerabilidade social que mais precisam desses serviços", afirma Cabral.

Quem paga o preço?

Os CRAS de Valéria, Lagoa da Paixão, São Cristóvão, Cajazeiras, Parque São Bartolomeu e Castelo Branco foram os seis que fecharam por conta de violência nas comunidades onde estão instalados. O CRAS de Castelo Branco foi alvo de assalto no dia 29 de abril, quando bandidos levaram celulares dos funcionários que estavam no local. Os centros da Liberdade, de São Bartolomeu, Itapuã e Fazenda Grande do Retiro também passaram por assaltos em 2021.

Ivonildo da Silva, 31, está desempregado e tem no CRAS de Castelo Branco um porto seguro para a assistência econômica - através do pedido de auxílio -, psicológica e social. Ele revela ter medo que a unidade pare de funcionar de vez após o roubo em abril: "Se o CRAS para de funcionar por roubo ou furto prejudica a gente que precisa do serviço e acaba não encontrando", desabafa.

Diretora de proteção social básica da Secretaria de Promoção Social de Salvador (Sempre), Emanuele Rodovalho afirma que os constantes ataques aos equipamentos, seja por roubo ou furto, são obstáculos para o pleno funcionamento do serviço. "Desde o ano passado, vários CRAS foram assaltados. Quando acontece, a gente precisa interromper o serviço para prestar apoio à equipe. São paradas momentâneas, que nunca chegaram a mais de um dia, mas atrapalham a população que precisa".

Ela ressalta que o programa concede serviços e benefícios para pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social.

A USF de San Martin também oferece diversos serviços. Por lá, além de clínico geral e dentista, existem outras especialidades a serviço da população. Vanessa [do começo da reportagem], porém, diz que o lugar precisa de segurança para não ser alvo de criminosos. "Demos graças a Deus quando essa unidade veio para cá. Minha mãe vai na clínica geral, no dentista e pega encaminhamentos para exames. Porém, de nada vai adiantar ter isso sem poder abrir por causa de roubo. A gente precisa de melhora aqui porque é muito exposto e a fuga dos bandidos é fácil", afirma.

Bruno Carianha, coordenador administrativo do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps), enfatiza que o cenário é preocupante e diz que o sindicato tem demandas para tentar frear a onda de violência nos serviços. "Nossa demanda é ter agentes da Guarda Municipal nas unidades de trabalho da prefeitura como um todo, desde unidades de saúde, CRAS, CREAS, Centro Pop até Conselho Tutelar. Para todos ambientes que são objeto desse tipo de comportamento social de furtos, roubos e violência contra os trabalhadores", enumera Carianha, que pede investimento na GCM e em vídeo monitoramento.

Procurada, a Prefeitura de Salvador afirmou que trabalha para ampliar a segurança de servidores e usuários dos serviços de saúde da capital, está intensificando a implantação de um sistema de câmeras para vídeo monitoramento das unidades. "No momento, 66 unidades básicas já dispõem do sistema de monitoramento 24 horas. Com isso, os órgãos de segurança pública terão acesso às imagens nos postos, fato que possibilita uma resposta ágil aos possíveis episódios de violência que forem registrados. A ideia da gestão é ampliar gradativamente a instalação das câmeras nos postos de saúde para atingir 100% das unidades da rede beneficiada com o vídeo monitoramento", informa.

A prefeitura destacou também que, com o aumento do efetivo anunciado este mês pelo prefeito Bruno Reis, a Guarda Civil Municipal (GCM) deverá intensificar as rondas nas imediações dos postos e unidades de saúde municipais, no sentido de contribuir para o aumento da segurança nas localidades.

Escolas

As escolas também têm parado sistematicamente por conta da insegurança. Segundo a Diretoria de Infraestrutura Escolar da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smed), o prejuízo financeiro e educacional provocado pelas ocorrências envolvendo segurança pública também são enormes. Por conta das ocorrências, a Smed sistematicamente precisa fazer a recuperação do sistema elétrico, já que os cabos são os principais alvos dos furtos. Além disso, é preciso trocar janelas, portas, quadros e cobertura por conta de atos de vandalismo. Já foram gastos, ainda segundo a diretoria, R$ 1,2 milhão com a recuperação das escolas. As obras também provocam, geralmente, a suspensão de aulas pelo período de uma semana até um mês, a depender do prejuízo.

A interrupção das aulas pesa no bolso dos contribuintes, mas também é um problema para o aprendizado das crianças. Além das suspensões por arrombamentos, as escolas fecharam por conta de episódios de violência nos bairros. Em maio, dois colégios pararam as aulas após confronto entre facções em Valéria. Antes disso, escolas de Cajazeiras e Águas Claras também suspenderam as aulas, afetando milhares de alunos. Entre esses estudantes estão os netos da técnica de enfermagem Solange Andrade, 53, que mora em Valéria.

Ela já perdeu as contas de quantas vezes os pequenos deixaram de ir para a aula por conta da violência. "Acontece toda vez durante a guerra [entre as facções] que eles fazem aqui. Os professores ficam inseguros, os pais não mandam as crianças para a aula com medo de algo no caminho e os meus netos acabam ficando sem aula".

Procurado para comentar o impacto da situação no setor educacional, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) não respondeu até a publicação desta reportagem.

Resposta da SSP

A Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) também foi procurada para responder sobre o cenário de medo que tem interrompido e prejudicado os serviços públicos em Salvador. Por meio de nota, o órgão informou que não foi acionada elas secretarias municipais por conta das ocorrências.

"A Secretaria da Segurança Pública informa que em nenhum momento foi procurada por órgãos municipais para relatar qualquer tipo de problema recorrente. Lembra que nas operações em Águas Claras e Valéria, instituições de ensino e de saúde privadas e públicas, exceto algumas municipais, funcionaram normalmente", diz o texto enviado pela assessoria.

Ainda de acordo com a nota da SSP-BA, os números relativos à violência na cidade estão em declínio. "Em Salvador, de janeiro a maio de 2022, os homicídios estão com redução de 15,2%, os feminicídios com queda de 50% e os roubos em ônibus com diminuição de 34,5%", apontou a pasta

Veja os equipamentos afetados pela violência em 2022:

POSTOS DE SAÚDE

USF San Martin III – Assalto a mão armada dentro do posto
Distrito Sanitário Itapuã - Assalto a mão armada dentro do posto
CAPS São Caetano - Assalto a mão armada na entrada do posto
SAE São Francisco – servidora assaltada na entrada da unidade
USF San Martin III - Arrombamento da unidade
Distrito Centro Histórico – Arrombado várias vezes
USF PERNAMBUEZINHO – Furto
SEDE do Distrito Sanitário Cabula/Beiru - Tentativa de arrombamento
USF Resgate - Furto de computador, cpu, teclado, mouse e ar condicionado
USF Vila Fraternidade – Posto é fechado mais cedo por conta da insegurança da localidade
USF Fazenda Coutos I – Posto é fechado mais cedo por conta da insegurança da localidade
USF Estrada da Cosisa – Tentativa de arrombamento
USF Ato de Coutos I – Tentativa de arrombamento

ESCOLAS

E.M PERIPERI
E.M MOURÃO DE SÁ
CPP PERIPERI
E.M DE PARIPE

E.M CIDADE DE JEQUIÉ
CMEI SÃO GONÇALO
CMEI AMARALINA
E.M PROFESSOR CARLOS ONOFRE
E.M JOSE CALAZANS

E.M JOIR BRASILEIRO
E.M SANTA ANGELA DAS MERCÊS
E.M PERMINIO LEITE
CMEI IACY VAZ
CMEI YÊDA BARRADAS

E.M LUIZA MAHIM
E.M JORGE AMADO
CMEI UNIÃO BOCA DO RIO
E.M RAYMUNDO LEMOS
CPP BAIRRO DA PAZ
CPP SÃO CRISTÓVÃO

E.M ALEXANDRINA SANTOS PITA
E.M ROBERTO CORREIA
E.M PROFESSORA ALITA RIBEIRO

CMEI TEREZA HELENA MATA PIRES
COMPLEXO AUSTRICLIANO
E.M CONEGO EMILIO LOBO
CMEI SEMENTE DO AMANHÃ

E.M EDUARDO CAMPOS
E.M SÔNIA CAVALCANTE
CPP NOVA BRASÍLIA
CPP CANABRAVA

E.M OLGA BENÁRIO
E.M ADROALDO RIBEIRO
E.M ANTÔNIO EUZÉBIO
E.M EUGENIA ANNA DOS SANTOS
CPP SUSSUARANA
E.M DE ENGAMADEIRA

E.M MANOEL FLORENCIO
CMEI SANTA MÔNICA
E.M JULIETA VIANA

CRAS

- CRAS Valéria;
- CRAS Lagoa da Paixão;
- CRAS São Cristóvão;
- CRAS Cajazeiras;
- CRAS Castelo Branco;
- CRAS Parque São Bartolomeu

 

A oferta de ações que resultou na privatização da Eletrobras movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões, depois de o preço de cada papel ser definido a R$ 42 na noite de quinta-feira (9), segundo fontes de mercado. O ajuste de preço foi alvo de uma intensa disputa entre investidores locais e estrangeiros, que só terminou depois das 20h. A venda da estatal de energia via Bolsa foi o maior movimento de desestatização do País em duas décadas. A fatia do governo e do BNDES no negócio deve cair a cerca de 35%.

O preço de R$ 42 representou um desconto de 4% em relação ao valor da ação ao fim do pregão de quinta-feira, de R$ 44. Além de ter sido uma das maiores ofertas de ações em todo o mundo no ano de 2022, a operação da Eletrobras também foi a maior operação na B3, a Bolsa brasileira, desde a megacapitalização da Petrobras, em 2012, que movimentou R$ 100 bilhões.

Grandes investidores marcaram presença na operação, entre eles o fundo 3G Capital - dos fundadores da Ambev - e banco Clássico, de José Abdalla Filho, que também é um relevante acionista da Petrobras. A demanda total, considerados todos os tipos de investidores teria superado R$ 70 bilhões.

Mas a oferta da Eletrobras teve um empurrão importante da possibilidade de uso de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de ações. Foi a primeira vez em cerca de 20 anos que o trabalhador brasileiro teve essa oportunidade. Antes, isso ocorreu com papéis da Vale e da Petrobras.

Diante da oportunidade, a demanda foi alta: cerca de 350 mil pessoas reservaram ações da companhia. O teto para uso do FGTS era de R$ 6 bilhões, mas a demanda ficou em R$ 9 bilhões, ou 50% a mais. Por essa razão, deverá haver uma redução em relação aos valores reservados por trabalhadores.

O investidor que fez uso de seu FGTS para entrar na oferta não poderá se desfazer do investimento por um prazo de no mínimo 12 meses - exceto em alguns casos, como o de demissão sem justa causa.

De olho em ganhos de eficiência

Em relação à privatização da companhia, um dos primeiros passos esperados por fontes de mercado ouvidas pelo Estadão é a troca de executivos da companhia e também do conselho de administração Com a redução de sua participação, o governo terá menos assentos no colegiado, abrindo espaço para que fundos de investimento indiquem seus representantes.

A partir dessa mudança, o novo conselho deverá fazer uma mudança geral no quadro administrativo da empresa, incluindo todo o alto escalão.

Analistas do setor acreditam que a empresa poderá ter mais fôlego para investir, incluindo em fontes de energia renováveis. "A Eletrobras terá exatamente o mesmo modelo de governança que já foi testado em outras privatizações do setor elétrico na Europa.

A disponibilidade de caixa e o uso do mercado de capitais para novas captações vão permitir novos planos de investimento que são essenciais no segmento", aponta Fabio Coelho, presidente da Amec, associação que representa mais de 60 investidores, entre locais e estrangeiros, que têm investimento de mais de R$ 700 bilhões na Bolsa brasileira.

Segundo Coelho, um dos pontos relevantes na "nova Eletrobras" será uma maior agilidade na tomada de decisão. "É importante ressaltar que o governo continuará sendo o maior acionista individual, e que, portanto, terá acesso a maior porcentual dos lucros esperados, justificando, assim, o interesse público na operação", comenta.

Mais próxima do setor privado

Sócio do M3BS Advogados e especialista em negócios públicos, Lucas Miglioli afirma que, com a privatização, a Eletrobras deve se tornar mais eficiente. "Tornando sua burocracia mais compatível com a do setor privado, terá mais agilidade para enfrentar um cenário cada vez mais competitivo e ávido por novas tecnologias", disse. "A expectativa é de que, ao deixar de ser controlada pela União, a Eletrobras deixe de atuar como mera operadora e ganhe protagonismo no setor."

Para o público em geral, uma das expectativas é de que a conta de luz fique mais barata, mas pode não ser bem assim. Sócio do PMMF Advogados e especialista em direito público, Ulisses Penachio lembra que apenas parte do novo capital - aquele destinado à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - poderá gerar alguma redução nas tarifas. "A médio e longo prazo, o impacto da privatização na tarifa tende a ser neutro", aponta.

Já pensou no que vai dar de presente no Dia dos Namorados? Apesar de muita gente ser contra os rótulos é difícil encontrar alguém que não goste de receber um mimo nessa época do ano. Embora o movimento nas lojas dos shoppings só esteja aquecendo, faltando três dias para a data, na Avenida Sete de Setembro já está difícil de transitar. Para facilitar a vida dos indecisos – e dos sem tempo para bater uma perna à caça do agrado ideal, listamos algumas opções no varejo que podem ajudar na escolha certa para derreter o coração ‘daquela pessoa’.

Antes de tudo, é preciso preparar o bolso. Uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-BA) revelou que, em média, os presentes estão 16,88% mais caros, na comparação com o ano passado. Mas, se garimpar direitinho, é possível encontrar boas opções custando até R$ 100. “Uma dica é chegar no ouvido dela e dizer: ‘vida, trouxe um kit de maquiagem para você’. Ela vai pirar”. A sugestão é da estudante Isabela Ribeiro, 19, que é o amor do Natan Silva, 22.

“É difícil encontrar uma mulher que não goste de maquiagem. Algumas usam mais, outras menos, mas todo mundo usa nem que seja um batonzinho. Se o namorado conhece bem a pessoa ele vai saber o que ela usa, mas também pode pedir dica para alguém que conhece a moça”, orienta Isabela.

As vendedoras da loja Boca Roxa, no Center Lapa, contaram que os kits podem ser montados na hora da compra, ao gosto e ao bolço de cada cliente.

Já Natan, vulgo Bê ou Inho, disse que o segredo é escolher alguma coisa prática e funcional. “Eu quero uma sandália ou uma bermuda. Quando a gente compra alguma coisa que a pessoa vai usar, ela lembra da gente com mais frequência, porque toda vez que ela ver aquilo ou alguém comentar que é bonito, ela vai lembrar quem deu”, dá a dica.

Na Avenida Sete de Setembro é possível encontrar bermuda em moletom de R$ 69,99 na Grippon, e lojas de calçados com produtos a partir de R$ 29,99.
Segundo a pesquisa da Fecomércio-BA, os itens de vestuário são os que apresentam os maiores aumentos em um ano. A calça comprida feminina registrou alta de 45,31%, seguida da camiseta masculina (33,97%) e da blusa (31,94%).

A professora Andreia Carvalho, 28, namora com o administrador Thiago Conceição, 33, há cinco anos e contou que eles são um casal clichê, ou, como ela prefere, ‘um casal raiz’. “Eu gosto de chocolate, com caixinha de coração e ursinho. Me julguem, mas eu gosto. Dia de tratar a namorada bem é todos os dias, mas essa data tem um simbolismo especial porque deve ser também um dia de reflexão, um momento para ser aproveitado a dois e para pensar no que a união representa”, opina, em tom romântico.

Um cartaz na vitrine da loja Cacau Show do Shopping Piedade avisa que tem presentes a partir de R$ 10,90: uma placa de chocolate com a frase ‘Eu te amo’. Há também caixas quadradas, retangulares, em formato de coração e até cestas recheadas com as guloseimas. Os preços começam em R$ 19,90. Na unidade do Shopping Itaigara tem caixa de chocolate Love 112g por R$ 42,90. Já o ursinho pode ser encontrado nas Lojas Americanas do Piedade e do Center Lapa a partir de R$ 19,99.

O radialista Carlos Emanoel, 30, está namorando há cinco anos. Questionado sobre o que representa a data, ele brincou: “Dia de dor de cabeça e de gastos. Na verdade, meu amor já deveria bastar”, riu e completou, “representa um dia especial, para lembrar da pessoa amada e de que mesmo casados seremos eternos namorados, e que cada ano é um aprendizado constante para o casal. Esse ano, estou pensando em comprar roupa ou perfume”, disse, mas não quis contar mais detalhes.

O Boticário está com promoções. No Shopping da Bahia, um stand na porta da loja apresenta kits de R$ 29,90.

Já o estudante Matheus Lima, 25, vai presentear o namorado com um jantar. “É um restaurante que ele adora. Fiz a reserva, mas não vou contar para não estragar a surpresa. Comprei também uma sandália que ele estava querendo”, disse.

Opções variadas
Outra dica são as bolsas e mochilas, práticas, funcionais e acessório fashion. No Relógio de São Pedro é possível encontrar modelos de R$ 30. Com esse valor dá para comprar também bijuterias nas inúmeras lojas da Avenida Sete de Setembro.

Quem tem paquera que curte a vida fitness pode investir na roupa nova de ginástica como presente. Na C&A, é possível encontrar calça legging de R$ 19,99 e o top de R$ 25,99; ou bermudas e camisas em preços similares. No Shopping Bela Vista, a Melinda Melinda tem colares de R$ 79.

A livraria Leitura, no Shopping da Bahia, tem opções variadas de preço e a possibilidade de montar kits com canecas, corações e livros.

Quem busca um presente mais picante, as lingeries são uma boa pedida. Nos shoppings e na Grippon da Avenida Sete de Setembro, modelos sensuais podem ser encontrados a partir de R$ 49,99. Biquínis e sungas também são opções para quem pretende gastar até R$ 100.

Na Home Center Ferreira Costa há presentes de R$ 19,90 a R$ 129. São opções como quadros temáticos por R$ 19,90, canecas e porta-retratos a partir de R$ 26,90, além de almofadas de R$ 66,90.

Para a garçonete Larissa Souza, 37, a pressão é maior. “Minha namorada e eu estamos completando seis anos de namoro em junho, então precisa ser alguma coisa especial”, disse, enquanto olhava as vitrines.

No Shopping Paralela algumas lojas estão com promoções. Na Chilli Beans, na compra de dois óculos de sol, o cliente ganha Light Box e jogo exclusivo. Na Riachuelo, na compra de um kit de relógio, feminino ou masculino, o cliente ganha um brinde.

A pesquisa da Fecomércio-BA apontou reajuste de 23,12% no preço de acessórios e calçados esse ano, maquiagem (19,42%), produtos para pele (15,54%), bijuterias (12,08%) e perfumes (7,46%) aparecem em seguida.

Outra alternativa é comprar pela internet, mas também é preciso ter alguns cuidados com as possíveis ciladas do e-commerce. O engenheiro da computação, cofundador e CEO da Legiti, plataforma antifraude transacional, Pedro Sanzovo, deu orientações para evitar ser uma vítima.

As principais dicas são comprar em lojas de confiança, não clicar em links suspeitos e desconfiar de descontos milagrosos. É preciso também ficar atento com imposição de falsas urgências, acompanhar o processo de pagamento com atenção e checar o registro de dados.

“Desconfie de promoções que exigem uma compra rápida, com mensagens dizendo que é a última peça do estoque ou 'restam apenas duas unidades'. Muitas vezes, o golpista faz isso para pressionar o consumidor a tomar uma decisão sem analisar os riscos da transação”, explica Sanzovo.

Os casais ouvidos na reportagem frisaram que ganhar presente é muito bom, mas que ser lembrado com um beijo, telefonema carinhoso ou abraço é a forma mais segura de demonstrar afeto e de ter certeza que é amor e não 'golpe'.

Promoções

Shoppings, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais montaram programações e promoções especiais para o Dia dos Namorados. Nesta quinta-feira (9), os cantores Alex Góes e Eva Cavalcante farão um show para os casais no Shopping Paseo, a partir das 18h. Haverá até espumante. No sábado (11), o cantor Alessandro Paiva faz apresentação no Shopping Itaigara, a partir das 12h30. Ele promete repertório eclético.

Já no domingo, o cantor Adelmo Casé comandará o jantar dos namorados no Mahi Mahi, na Vitória. A casa preparou um menu exclusivo de buffet livre, que inclui entradas e opções variadas de massas como prato principal, além de sobremesas. O evento começa às 17h e o show será às 19h. A mesa para duas pessoas custa R$ 300.

No Salvador Shopping quem comprar a partir de R$ 80 pelo site até 12 de junho vai levar para casa um kit Floratta in Blue, composto por perfume de 30ml, hidratante corporal de 200ml e caixa de presente. No primeiro pedido ou nas compras acima de R$ 200, o frete é grátis e as entregas são feitas em até 2 horas. No domingo, às 16h30, o cantor Arthur Ramos, o DJ Telefunksoul e o violinista Felipe Evan fazem apresentação no shopping. Casais serão presenteados com um kit com duas taças de cristal exclusivas e uma garrafa de vinho de 375ml. A promoção é válida até durar o estoque.

O Shopping da Bahia apostou na distribuição do Pack Pocket Express em pontos estratégicos do estabelecimento, com cupons para adquirir serviços e produtos disponíveis ao longo do mês. Já o Bela Vista terá programação musical às 18h na Praça Central (dentro do Arraiá do Bela) com show de Madina, e às 19h, apresentação na Praça de Alimentação (Boteco do Bela) com Rick Oliveira.

O Shopping Barra resolveu apostar em uma viagem de lua de mel para atrair os clientes. A cada R$ 400 em compras os consumidores recebem um cupom para concorrer a uma viagem para Mucugê, na Chapada Diamantina. O cadastro das notas fiscais será 100% online no site www.namoradosshoppingbarra.com.br, e compras aos domingos valem o dobro. Três casais serão contemplados com três diárias, e com direito a roteiro turístico. A promoção é válida até 14 de junho, e o sorteio acontecerá no dia seguinte.

No Salvador Norte, os clientes que realizarem R$ 350 em compras até 12 de junho poderiam escolher, gratuitamente, um kit de perfume O Boticário. No entanto, a promoção foi tão procurada que os kits já esgotaram. Resta agora só a programação musical. No domingo, os cantores Dan Valente e Hérico Oliver realizam um show a partir das 19h, no piso L3.

Casais mais aventureiros podem aproveitar o domingo para participar de uma remada. O passeio pela Baía de Todos os Santos será realizado pelo Clube de Remo Kaiaulu Va’a, com saída da Praia da Preguiça, na Av. Contorno. Os valores alternam entre R$ 50 e R$ 110, de acordo com o horário escolhido, que pode ser pela manhã ou no pôr-do-sol. As vagas são limitadas e podem ser reservadas através do WhatsApp (71) 98419-6372.

Fiscalização

A Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) informou que montou uma operação, batizada de Afrodite, em referência à deusa grega do amor, para fiscalizar as lojas no período de vendas do Dia dos Namorados. Os vendedores, porém, afirma que o movimento com foco na data ainda está abaixo do normal para a época. Nos estabelecimentos, o romantismo da data disputa espaço com a decoração junina e a trilha sonora de forró.

Os fiscais do Procon-BA observam a ocorrência de vendas casadas e se as informações obrigatórias estão sendo divulgadas, como a disponibilização dos preços, prazos de validade, tradução dos produtos importados e disponibilização de Código de Defesa do Consumidor no estabelecimento. Os alvos principais são as lojas de lingerie, sex shops e motéis de Salvador. As denúncias podem ser feitas através do aplicativo Procon-BA Mobile ou no e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

Nesta semana, a Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon) também deu início à fiscalização. No primeiro dia, 20 estabelecimentos foram vistoriados e dois, notificados por ausência de preço e do Código de Defesa do Consumidor. Em caso de autuação, as multas chegam de R$ 900 a R$ 9 milhões.

Denúncias podem ser feitas pelos aplicativos Codecon Mobile e Fala Salvador, nos sites dos órgãos e no Fala Salvador, no número 156. As duas operações de fiscalização seguem até o dia 10 de junho.

Dicas práticas para escapar dos golpes on-line:

1. Compre em lojas de confiança - O primeiro passo para uma compra segura é saber quem está do outro lado. Antes de comprar, é fundamental que o cliente pesquise sobre a loja. Assim como acontece com a compra presencial, pode haver fraude nas vendas on-line;

2. Não clique em links suspeitos - Mensagens nas redes sociais, por SMS ou até e-mails aleatórios são forte indicativo de golpe, especialmente se o consumidor jamais procurou os serviços daquele comércio;

3. Desconfie de descontos milagrosos – Muitas empresas oferecem descontos e benefícios extras nas compras, mas nunca ao ponto de ser uma situação fora do comum. O consumidor precisa ficara atento para evitar golpes disfarçados de ofertas milagrosas;

4. Fique atento com urgências - Os fraudadores têm diferentes formas de atrair as vítimas para falsos descontos e, uma delas, é trazer um senso de urgência com frases do tipo “são as últimas peças”, fazendo o cliente tomar uma decisão sem analisar os riscos;

5. Acompanhe o pagamento com atenção - O pagamento é uma das etapas que mais requer a atenção. Desde as opções que a empresa oferece para se realizar a transação até a finalização. Todo o processo precisa ser acompanhado de perto, a fim de identificar qualquer ação suspeita;

6. Cheque o registro de dados - O contato do cliente com a empresa pelo e-commerce depende da sua identificação. Por essa razão, o registro de dados não pode ser desprezado ou feito com pressa. Garantir que não há nada errado pode evitar golpes.

Imagine o desaparecimento de um patrimônio que não pode ser encontrado em qualquer outro lugar do planeta. A extinção de animais, plantas e produções que só existem em uma região. É para este cenário que o Brasil, em especial o Nordeste, caminha através do desmatamento da Caatinga, bioma exclusivamente nacional. A Bahia já perdeu territórios que somam a extensão de 2 milhões de campos de futebol. O valor traduz a maior redução de hectares das formações savânicas da Caatinga entre todos os estados, de 1985 a 2020, segundo a rede colaborativa MapBiomas.

No total, a Bahia representa 16,96% do total de área queimada entre os nove estados em que o bioma se encontra - Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais. De acordo com um estudo da rede, dos 10 municípios que mais perderam vegetação natural na Caatinga, oito são baianos.

O município de Campo Formoso, localizado no norte da Bahia, lidera a lista, com perda de 80 mil hectares, seguido de Serra do Ramalho, Bom Jesus da Lapa, Itaberaba, Rodelas, Macururé, Queimadas e Jeremoabo. Completam a lista Petrolina, em Pernambuco, e Jaíba, em Minas Gerais. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a extensão do bioma é de 844.453 km².

Em busca de esperança, pesquisadores das federais do Rio Grande do Norte, do ABC e da USP procuraram mapear áreas prioritárias de restauração da Caatinga. O estudo, desenvolvido entre 2014 e 2021, foi publicado neste ano. O foco foi buscar locais importantes para o ecossistema, tanto em termos de proteção de espécies de plantas ameaçadas de extinção, quanto para facilitar a movimentação das espécies no bioma.

Na pesquisa, 939 das bacias da Caatinga são consideradas de alta prioridade para restauração, sendo 86 de prioridade máxima. A Chapada Diamantina é uma das áreas prioritárias citadas no estudo. Para o autor sênior do estudo e professor associado do Departamento de Ecologia da UFRN, Carlos Roberto Fonseca, a região é “uma das áreas mais importantes de toda Caatinga”. Isso porque, das 350 espécies de plantas ameaçadas do bioma no Brasil, muitas se encontram no território baiano. Uma única microrregião na Chapada abriga 106 espécies ameaçadas de extinção, explica.

“Em termos de números impactantes para a Bahia, descobrimos que uma pequena bacia hidrográfica perto da Chapada Diamantina tem 106 plantas ameaçadas de extinção. E esta área deve ter toda a atenção do governo estadual”, aponta.

Segundo o professor, o Boqueirão das Onças, parque nacional situado na Bahia, é um ponto positivo, sendo “a área mais íntegra da Caatinga como um todo''. O local está em posição favorável, quando comparada aos exemplos da pesquisa, que são meio-termo entre a desertificação, estágio avançado de degradação, e o processo natural de sucessão vegetal, quando a vegetação ainda é capaz de se recuperar naturalmente.

O pesquisador José Alves Siqueira, doutor em biologia vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), concorda. “É a última grande área selvagem de todas as caatingas do Nordeste brasileiro”. “Pesquisas iniciadas em 2006 apresentam uma flora rica, com mais de 900 espécies de plantas reunidas em 120 famílias botânicas, com espécies endêmicas da Caatinga, ameaçadas de extinção e até novas espécies que serão apresentadas brevemente à comunidade científica e que já se encontram no limiar da extinção”, informou Siqueira.

A extinção é um dos efeitos do desmatamento. Caso as áreas apontadas não sejam restauradas, haverá o empobrecimento do solo e desaparecimento da Caatinga. “São plantas micro endêmicas, só ocorrem em uma pequena região, espécies únicas que a gente tem que tomar cuidado. Se não fizermos nenhuma ação, vamos ver o desaparecimento dessas espécies. Com as mudanças globais as espécies não vão conseguir se movimentar e vão estar desaparecendo”, afirma Carlos Roberto Fonseca.

As comunidades locais também são afetadas. Sobretudo, os donos de pequenas propriedades cuja plantação é a principal fonte de renda. A trabalhadora rural, Cátia Machado, de 58 anos, vive da agricultura familiar em Uibaí, norte da Bahia, e é prejudicada pelo processo de queimada que atinge seu plantio. “Eu vivo um choque. É uma situação complicada, principalmente, quando começam a colocar fogo aqui na roça da gente. Queima a mata todo e tem prejuízo porque o fogo sobe”, afirma.

O proprietário rural, Gutemberg Paiva, de 60 anos e também de Uibaí, conta que teve 40% da área destruída pelo fogo. “A situação da Caatinga na nossa região é crítica; Há muito desmatamento. As queimadas [acontecem] praticamente todos os anos e o pessoal que queima não é punido. Por volta do mês de agosto de 2020 [a propriedade] pegou fogo que queimou praticamente toda minha área. Tudo que é vegetação e ser vivo da Caatinga foram embora”, reclama.

A queimada, ato de colocar fogo em plantio como preparação do solo é feita por produtores vizinhos de Cátia. Sem controle, as chamas atingem outras produções e ainda empobrecem o solo, dificultando o processo de recomposição vegetal e se associando ao desmatamento da Caatinga.

Para Ricardo Dobrovolski, professor no Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e doutor em Ecologia e Evolução, a recuperação também é dificultosa pois sua taxa de crescimento é lenta até mesmo pela restrição da água. “A região de Irecê, onde teve historicamente a produção de feijão, hoje é muito impactada. Produz muito pouco [porque] sofreu colapso ambiental pela forma que a agricultura foi desenvolvida”, exemplifica.

O impacto da agropecuária

O processo de degradação ambiental é histórico e acentuado desde a colonização portuguesa. No entanto, práticas ainda reverberam o costume. A exemplo do pastoreio com carga excessiva e agricultura escalonada. Segundo especialistas, a agropecuária é a principal causa do desmatamento na Caatinga. Nas últimas 3 décadas houve incremento em áreas de uso agropecuário nas áreas naturais do bioma. Ao analisar a cobertura e uso de terra da vegetação, um estudo do Mapbiomas quantificou um aumento de 1456% da área de agricultura entre 1985 e 2020

O autor sênior do estudo, Carlos Fonseca, lembra que “boa parte das áreas prioritárias de restauração [citadas na pesquisa] estão dentro de propriedades privadas", ressalta acerca da degradação presente nas terras de grandes proprietários pecuaristas.

“A agricultura é a maior responsável pela remoção da vegetação nativa. Isso é válido para todos ambientes terrestres no mundo. No Brasil por exemplo já desmatou aproximadamente 30% da vegetação nativa”, salienta Ricardo Dobrovolski.

Para Fonseca, o ideal seria o apoio e respeito dos proprietários às terras. Ambientalistas, no entanto, acreditam que este cenário só será possível com maior apoio do governo na fiscalização. Coordenador no MapBiomas Caatinga, Washignton Rocha atenta para o monitor de fiscalização de desmatamento do projeto, disponível para Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará e São Paulo. Através do monitoramento é possível que a sociedade civil exerça pressão nos representantes públicos.

Atuação pública

O Coordenador do grupo interdisciplinar de estudos sobre a Caatinga, Aurélio de Lacerda denuncia a falta de fiscalização governamental e desinteresse na proteção ambiental. "A Constituição de 1988 tratou dos outros biomas, como Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica, mas não constitucionalizou a Caatinga. Já é uma irresponsabilidade das forças políticas. Falta proteção", diz.

Para entender quais atividades estão sendo feitas para cuidado com a Caatinga, a reportagem entrou em contato com o Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama) e as prefeituras das oito cidades com destaque negativo na região baiana - Campo Formoso, Bom Jesus da Lapa, Itaberaba, Rodelas, Macururé, Queimadas, Jeremoabo e Serra do Ramalho. Apenas a última retornou o contato.

“A Secretaria do Meio Ambiente tem projetos de recuperação de áreas degradadas na Caatinga e no alagadiço. Temos o viveiro Semeia com mudas nativas do nosso bioma. As mudas são doadas aos produtores rurais para que sejam plantadas em seus lotes. [Além disso], temos o banco de sementes no município”, diz o diretor do Meio Ambiente, José Nunes.

Iniciativas de conservação

De acordo com informações do Centro Nordestino de Informações sobre Plantas da Associação Plantas do Nordeste são 27 unidades de conservação na Bahia. Do total, 12 se encontram na depressão sertaneja meridional, 8 no complexo da Chapada Diamantina e o restante está espalhado pelo estado. Para especialistas, é preciso mais incentivos do governo federal, estadual e de cada município.

O "Recaatingamento" é um plano de manejo sustentável que visa recuperar e conservar áreas da Caatinga em dez comunidades de Juazeiro. O coordenador técnico do órgão que apoia o projeto, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) Luís Almeida conta que comunidades de fundo de pasto, grupos que usufruem de áreas de forma compartilhada, passaram a ter as duas principais fontes de renda impactadas pelo desmatamento. Tanto criação de pequenos ruminantes, como produção de produtos de agrobiodiversidade, a exemplo do umbu, começaram a ser afetados pelo ciclo de chuva e solo desfavorável.

O principal desafio do projeto é promover o desenvolvimento sustentável, educando essas famílias produtoras e distanciando a realidade de grandes produtores responsáveis pelo desmatamento. De acordo com Luís, 31 áreas já foram "recatingadas" ou estão em processo. As ações são feitas em parceria com o governo estaduais, empresas privadas e órgãos internacionais

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e e Secretaria do Meio Ambiente do governo da Bahia foram contatados pela reportagem acerca das atuações ecológicas, porém, não retornaram as solicitações.

O Bahia não fez uma grande partida contra o Sport, mas o gol salvador de Vitor Jacaré, aos 32 minutos do segundo tempo, foi o necessário para o tricolor vencer o clássico e alcançar o sexto triunfo em seis jogos como mandante na Série B.

Após a partida, o técnico Guto Ferreira analisou o desempenho do tricolor. O treinador pontuou as dificuldades da partida e valorizou a boa entrada de Jacaré no segundo tempo.

"Se fosse resumir em poucas palavras, foi um jogo difícil, truncado, amarrado. Acho que no primeiro tempo a gente teve mais volume de jogo, no segundo tempo, antes das substituições, a gente caiu um pouco, e não podemos esquecer que temos alguns jogadores, como o Mugni, que ficaram muito tempo parados. Ele [Mugni] se multiplica em campo e é normal cansar. Djalma também está entrando, Davó sentiu câimbras, e assim vai", iniciou o treinador.

"No jogo passado eu entrei com o Jacaré e todo mundo disse que eu errei. Quem decidiu foi o Jacaré. Tudo passa pela equipe adversária, o momento", completou.

Guto aproveitou ainda para exaltar a festa da torcida do Bahia na Fonte Nova. Cerca de 27 mil torcedores marcaram presença no duelo. No último sábado, contra o Criciúma, o público havia sido de 33 mil.

"A retomada foi muito importante, contra uma equipe que vinha vencendo o Bahia, estava engasgada, e o torcedor pôde vibrar. A equipe se superou, aqui [Fonte Nova] é fantástico. Vi coisas aqui que há muito tempo eu não via. Nem em 2017, quando ganhamos a Copa do Nordeste, eu vi tanta energia", afirmou.

O próximo adversário do Bahia na Série B será o Operário. A partida será realizada neste sábado (11), na cidade de Ponta Grossa, no Paraná.