O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima quinta-feira (20) o julgamento que deve definir a taxa de correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com potencial de ganhos significativos para os trabalhadores com carteira assinada.

Na ação, aberta pelo partido Solidariedade, os ministros podem determinar que os valores nas contas do FGTS deveriam ter sido corrigidos sempre pela inflação, e não pela Taxa Referencial (TR), como ocorre desde o início dos anos 1990. A ação tramita desde 2014 no Supremo.

O julgamento tem grande relevância tanto para os trabalhadores quanto para o próprio Judiciário, que, ao menos nos últimos 10 anos, viu-se inundado com centenas de milhares de ações individuais e coletivas reivindicando a correção do saldo do FGTS por algum índice inflacionário.

Desde 2019, o andamento de todos os processos está suspenso por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, relator do assunto no Supremo. Ele tomou a decisão depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em 2018, depois de receber milhares de recursos, unificar o entendimento e manter a TR como índice de correção do FGTS, em decisão desfavorável aos trabalhadores.

Isso criou o risco de que as ações sobre o assunto fossem indeferidas em massa antes de o Supremo se debruçar sobre o tema, razão pela qual o relator determinou a suspensão nacional de todos os processos, em qualquer instância, até a decisão definitiva do plenário do STF.

Esta é a quarta vez que a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) sobre o assunto entra na pauta de julgamentos do plenário do Supremo. As outras foram em 2019, 2020 e 2021. Em todas as ocasiões, houve uma corrida para a abertura de ações individuais e coletivas, na expectativa de se beneficiar de uma possível decisão favorável aos trabalhadores.

Segundo estimativas do Instituto Fundo de Garantia, grupo que se dedica a evitar perdas no FGTS por seus associados, chegam a R$ 720 bilhões, no período de 1999 a março de 2023, as perdas dos trabalhadores com a correção pela TR no lugar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) -- um dos índices oficiais de inflação.

O instituto disponibiliza uma calculadora em que é possível saber qual seria a diferença no saldo do FGTS em caso de correção pela inflação.

Jurisprudência favorece trabalhadores
A expectativa da comunidade jurídica é que o Supremo decida que a aplicação da TR para a correção do saldo do FGTS é inconstitucional, estabelecendo algum outro índice inflacionário como taxa de correção -- o INPC ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“O Supremo já decidiu pela inconstitucionalidade da TR como taxa de correção monetária de depósitos trabalhistas e também de dívidas judiciais. Portanto, há esses precedentes que levam a crer em uma decisão similar sobre o FGTS”, disse o advogado Franco Brugioni à Agência Brasil.

Em 2020, o Supremo considerou inconstitucional aplicar a TR para correção monetária de débitos trabalhistas. O entendimento foi de que a forma de cálculo da TR, que é definida pelo Banco Central, leva em consideração uma lógica de juros remuneratórios, não tendo como foco a preservação do poder de compra, que é objetivo central da correção monetária..

A maior reclamação dos trabalhadores com carteira assinada é que a TR costuma ficar sempre abaixo da inflação, o que, na prática, corrói o poder de compra do saldo do FGTS. Pela sua forma de cálculo, a TR ficou zerada por longos períodos, em especial entre os anos de 1999 e 2013. A taxa voltou a ficar zerada em 2017 e 2019. A taxa voltou a ficar zerada por longos períodos em 2017 e 2019, por exemplo.

“A TR não é um índice capaz de espelhar a inflação. Logo, permitir a sua utilização para fins de atualização monetária equipara-se a violar o direito de propriedade dos titulares das contas vinculadas do FGTS”, argumenta o Solidariedade, partido autor da ação sobre o assunto no Supremo.

Quem tem direito?
Em tese, se o Supremo decidir pela aplicação de algum índice inflacionário, todos os cidadãos que tiveram carteira assinada de 1999 para cá teriam direito à revisão do saldo do FGTS, explica Brugioni. Contudo, o mais provável é que haja alguma modulação para amenizar o imenso impacto sobre os cofres da União, avaliou o advogado.

“É possível que o Supremo vá modular a questão de forma a não permitir novas ações, daqui para a frente. Talvez nem abarque quem entrou agora, talvez coloque uma linha temporal. O contrário também é possível”, disse Brugioni.

A Defensoria Pública da União (DPU) entrou como interessada na ação, devido ao grande volume de trabalhadores de baixa renda que procuram atendimento em busca da revisão do FGTS. A DPU chegou a soltar nota pública orientando os interessados a aguardar a análise pelo Supremo antes de acionar o Judiciário.

A DPU informou que, desde 2014, move uma ação civil pública sobre o assunto na Justiça Federal do Rio Grande do Sul, e que esse processo já teve o âmbito nacional reconhecido. Em caso de desfecho favorável no Supremo e na JF, “deve ser publicado um edital a fim de comunicar os interessados para que proponham ações individuais com o objetivo de executar a decisão favorável”, disse a Defensoria Pública na nota.

Sobre o FGTS
O FGTS foi criado em 1966 como uma espécie de poupança do trabalhador com carteira assinada. Antes facultativa, a adesão ao fundo se tornou obrigatória a partir da Consituição de 1988. Pela regras atuais, todos os empregadores são obrigados a depositar 8% do salário de seus funcionários no fundo. Isso se aplica aos empregados urbanos, rurais e, desde 2015, também aos domésticos. O dinheiro permanente sendo do trabalhado e fica vinculado a uma conta, gerida pela Caixa Econômica Federal, e somente pode ser sacado em condições previstas em lei, sendo uma das principais delas a demissão sem justa causa. Hoje o fundo serve para financiar diferentes políticas públicas, em especial o Sistema Financeiro Habitacional.

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Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), calculado pelo IBGE, ficou em 0,37% na Região Metropolitana de Salvador (RMS). O índice teve uma forte desaceleração, registrando uma alta menor que a do mês anterior (1,19%), e foi o mais baixo para um março, na RMS, em três anos, desde 2020, quando havia ficado em 0,10%.

Também foi o menor IPCA-15 do país, inferior ao nacional (0,69%) e o mais baixo dentre os 11 locais investigados separadamente. O IPCA-15 funciona como uma prévia da inflação oficial do mês, refletindo os preços coletados entre 11 de fevereiro e 15 de março de 2023.

Com a desaceleração expressiva no mês, o IPCA-15 da RM Salvador deixou de ser o mais alto do país no acumulado no ano de 2023, tendo agora o 3º maior índice (2,18%) do primeiro trimestre, abaixo das RMs de Belo Horizonte/MG (2,38%) e Belém/PA (2,23%). O Brasil como um todo registra um índice de 2,01%.

Nos 12 meses encerrados em março, a RMS também deixou de ter o maior índice e agora tem o 2º maior (5,88%), atrás da RM São Paulo/SP (6,17%), mas ainda acima do resultado nacional (5,36%). A tabela a seguir mostra os principais resultados do IPCA-15 de março para o Brasil e cada uma das áreas pesquisadas:

Saúde e habitação puxam IPCA-15 da RM Salvador para cima em março

Apesar da desaceleração frente ao mês anterior, o IPCA-15 de março na Região Metropolitana de Salvador (0,37%) foi resultado de aumentos nos preços médios de sete dos nove grupos de produtos e serviços que formam o índice. Os grupos saúde e cuidados pessoais (1,24%) e habitação (1,28%) tiveram os maiores aumentos médios e exerceram as principais pressões inflacionárias na prévia do mês.

Na saúde, o aumento se deu, principalmente, por conta das altas dos preços dos produtos de higiene pessoal (2,26%), em especial, o perfume (5,89%). A alta do plano de saúde (1,21%) também impactou o grupo como um todo. Em relação à habitação, os preços da taxa de água e esgoto (6,60%), do gás de botijão (2,48%) e da energia elétrica residencial (0,99%) foram as principais influências no aumento geral.

Porém, o item cujo aumento mais impactou, individualmente, o resultado do IPCA-15 na RMS em março foi a gasolina (2,54%), do grupo transportes (0,28%), que apesar do aumento geral, teve também os dois itens cujas quedas de preço foram as que mais seguraram a prévia da inflação: seguro voluntário de veículo (-9,13%) e passagem aérea (-10,35%).

Entre os dois grupos de produtos e serviços que tiveram deflação, segundo o IPCA-15 de março, alimentação e bebidas (-0,39%) foi o que mais contribuiu para frear o aumento do IPCA-15 na RMS.

A queda geral no preço dos alimentos se deu, principalmente, por conta dos tubérculos, raízes e legumes (-5,33%), em especial a cebola (-12,22%) e a batata-inglesa (-14,79%), e também das carnes (-1,42%).

Por outro lado, a cenoura (22,99%) foi, dentre todos os itens, a que mais aumentou de preços na RM Salvador, em março. O outro grupo que apresentou deflação, segundo o IPCA-15, foi artigos de residência (-0,18%), influenciado pela queda de preços dos aparelhos eletroeletrônicos (-0,32%), em especial, do televisor (-1,86%)

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, calculado pelo IBGE, teve desaceleração - aumentou menos do que no mês anterior - e ficou em 0,81% na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em janeiro, o IPCA na RMS havia sido de 1,09%.

A inflação registrada na RMS ficou levemente abaixo do resultado do Brasil como um todo no mês, que foi de 0,84%, sendo o 9º maior índice do país.

Mesmo com essa desaceleração, no acumulado dos dois primeiros meses do ano, a inflação na RM Salvador é a maior do país, com alta de 1,90%, enquanto que o índice nacional é de 1,37%.

Já nos 12 meses encerrados em fevereiro, a inflação na RM Salvador acumula alta de 6,51%, apresentando leve queda em relação ao índice de janeiro, que havia sido de 6,53%. Ainda assim, é a segunda mais elevada do país, abaixo apenas do índice da RM São Paulo/SP (6,53%).

Nacionalmente, o IPCA tem aumento acumulado de 5,60% no período. A tabela a seguir mostra o IPCA para Brasil e áreas pesquisadas, no mês e nos acumulados no ano e nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2023.

Inflação de fevereiro na RMS foi puxada pela educação

A inflação de fevereiro na Região Metropolitana de Salvador (0,81%) foi resultado de altas em cinco dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA.

O grupo educação (6,12%) teve o maior e mais relevante aumento de preços para o índice no mês. Foi o maior reajuste para o grupo na RMS desde fevereiro de 2017 (7,20%).

A principal influência para o aumento de preços da educação veio do ensino fundamental (11,25%), que foi o item que exerceu a maior pressão inflacionária no mês na RMS. A pré-escola (10,98%) e o ensino médio (9,78%) também apresentaram reajustes consideráveis de preço.

O segundo aumento de preços mais relevante veio do grupo habitação (2,22%), influenciado pelas altas da taxa de água e esgoto (11,08%) e da energia elétrica residencial (2,66%).

Por outro lado, entre os quatro grupos que registraram deflação na RMS em fevereiro, os mais relevantes foram os transportes (-0,28%) e alimentação e bebidas (-0,21%).

A queda de preços dos transportes na região foi influenciada, principalmente, pela passagem aérea (-12,00%), que foi o item que mais segurou a inflação na RMS em fevereiro. Além disso, os combustíveis (-1,02%) também registraram quedas consideráveis de preço, em especial, a gasolina (-0,80%) e o óleo diesel (-3,20%).

Em relação a alimentação, a queda de preço das carnes (-2,22%) foi a principal influência para a deflação geral do grupo. As aves e ovos (-1,84%) e o leite e derivados (-1,09%) também apresentaram reduções.

A cebola (-16,23%) foi o item que apresentou a maior deflação no mês. Por outro lado, mesmo com a queda geral dos alimentos, a cenoura (15,26%) e o tomate (13,55%) foram os itens que registraram os maiores aumentos de preço em fevereiro na RM Salvador. O grupo que registrou a maior queda de preços no mês foi o de vestuário (-0,49%), que possui peso um pouco menor na composição do índice da RMS.

INPC da RM Salvador também desacelerou em fevereiro e ficou em 0,81%

Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) da Região Metropolitana de Salvador ficou em 0,81%. O INPC mede a inflação das famílias com menores rendimentos.

O índice também desacelerou frente a janeiro, quando havia ficado em 0,95%, mas ainda ficou levemente acima do resultado nacional em fevereiro (0,77%).

No acumulado dos dois primeiros meses de 2023, o INPC da RM Salvador é de 1,77%, o maior do país, e bem acima do nacional (1,23%). Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a RMS também possui o maior índice entre as áreas pesquisadas (6,99%). Nacionalmente, o indicador fica em 5,47%.

O gás de cozinha foi o produto que puxou para cima o custo de vida dos moradores de Salvador e sua Região Metropolitana (RMS) em 2022, com um aumento de 20,76%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que nesta terça-feira (10) divulgou o acumulado do ano passado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o medidor oficial da inflação no Brasil. Segundo os dados do IPCA, a alta acumulada do custo de vida na RMS (6,29%) só foi menor do que os índices apurados nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (6,65%) e de São Paulo (6,61%).

A RMS fechou 2022 com a terceira inflação mais alta do país. E ainda ficou acima do indicador nacional (5,79%), mostram os dados do IBGE. Nos setores de alimentação, habitação, vestuário e educação, o índice regional também superou o nacional, diz a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.

"O valor que se paga para administrar os condomínios aumentou, assim como materiais de limpeza, como sabão em pó, detergente e desinfetante; e o gás de botijão”, detalhou. “Ao longo do ano tem momentos em que há descolamento maior da RMS em relação ao país. Em maio, a taxa foi quase o triplo e em junho, o dobro, do país”, acrescentou.

O economista Antonio Carvalho explica que o processo de desindustrialização na Bahia aumenta os custos de logística devido à necessidade de transporte e, como consequência, a população paga preços mais altos para ter os produtos. “Temos basicamente rodovias e muitas delas não estão conservadas e contribuem no encarecimento do transporte, que afeta quase tudo”, relaciona.

Quanto ao preço do gás de cozinha, ainda há influência de uma “política de oportunismo”, diz ele. “ É um item de consumo essencial, de uso obrigatório. E tanto refinarias quanto distribuidoras cobram mantendo preços elevados para ter lucro maior”.

O gás é tão importante que foi uma das primeiras aquisições da psicóloga Franciele Luz, 23, na casa nova onde vai morar com o noivo. Ela se mudou na segunda-feira (09) e conta que já garantiu o botijão. “Gostamos de cozinhar. Para nós o gás é essencial, tanto que optamos por mudar e ter primeiro uma cozinha mais estruturada”.

O casal pagou R$ 116 pelo combustível, mas só porque conseguiu desconto e já tinha o botijão. Do contrário, o investimento chegaria em torno de R$ 300. “O gasto foi doloroso, mas poderia ser bem pior”.


Franciele e o noivo já tinham o botijão de 13 quilos, caso contrário, teriam de pagar cerca de R$ 300

(Foto: Acervo Pessoal)

Aumentos sucessivos
Em 2022, sucessivos aumentos no preço do Gás Liquefeito de Petróleo - GLP fizeram com que o valor médio do botijão em Salvador e na Região Metropolitana ficasse em R$ 122 em junho, segundo o Sindicato dos Revendedores de Gás. No mesmo período, cresceu a quantidade de acidentes com queimaduras. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o número de queimados aumentou 18,75% na Bahia no primeiro trimestre de 2022 comparado ao mesmo período do ano anterior. Isso porque, sem dinheiro para o gás, baianos se arriscaram usando álcool para cozinhar.

Este ano, a Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe desde o processo de desinvestimentos da Petrobras, em 2021, reduziu o preço do GLP em 13,2%. O novo preço vale desde o início de 2023. A empresa informou que os preços dos combustíveis produzidos na refinaria seguem critérios de mercado, que levam em consideração variáveis como custo do petróleo adquiridos a preços internacionais, dólar e frete.

Outros “vilões”
Além de habitação, o setor de alimentação e bebidas (11,87%) na RMS teve o segundo maior aumento acumulado no Brasil em 2022 e liderou a contribuição no destaque negativo da região. Houve pressão nas taxas dos itens consumidos em casa (12,72%), mas também da alimentação fora (9,33%). O grupo saúde e cuidados pessoais teve o terceiro maior aumento (10,08%) e a segunda principal contribuição para a elevação do custo de vida do ano.

É o que o professor Fabrício Pitombo Leite, da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), observa. Na alimentação, ele cita aumento da inflação em produtos como farinha de trigo, pão francês e óleo de soja, que ultrapassou o índice nacional. Na saúde, com exceção de hospitalização e cirurgia, todos os outros itens de serviço tiveram alta.

Na contramão, transportes (-2,40%) e comunicação (-2,87%) ajudaram a conter a inflação. Gasolina (-24,89%) teve deflação recorde e etanol (-33,66%) também teve queda histórica. Serviços de acesso à internet (-15,04%) e dos aparelhos telefônicos (-5,20%) registraram variação negativa.

Apesar de no último mês do ano, a inflação na RM Salvador (0,39%) ter ficado abaixo da nacional (0,62%), sendo a 3a menor do país, a previsão os especialistas para 2023 é de que os preços voltem a subir devido aos reajustes em transportes, como aumento dos combustíveis, anunciados para 2023.

Vestuário teve maior alta desde início do Real
Segundo o levantamento do IBGE, o grupo vestuário teve o maior aumento de preço no ano passado, na RMS, e a inflação mais alta para esse grupo desde a adoção do Real, em 1994 (22,39%).

“Embora não exerça tanto impacto no índice geral de inflação, por ter peso menor nas despesas das famílias, o grupo vestuário mostrou altas praticamente ininterruptas, na RMS, desde agosto de 2021”, explica a pesquisa.

O grupo ainda foi quem teve maior aumento em dezembro, marcando crescimento de 1,95%. Os preços voltaram a subir de forma significativa, após uma variação negativa em novembro (-0,01%)

Para o economista Antonio Carvalho, a retomada das festas populares e chegada do verão explicam o aumento dos preços no setor. “Salvador especificamente teve retorno do Festival da Virada e querendo ou não soteropolitano compra roupa para participar destas festas”, exemplifica.

Ele também considera a compra de roupas de banho, incluindo short de praia e camisetas, como alvo de grande demanda por conta da expectativa para a estação mais quente depois de dois anos de distanciamento social.

O aumento da inflação tem levado os brasileiros de menor renda a ter de fazer escolhas não apenas ao comprar alimentos, mas também na hora de usar produtos básicos de higiene pessoal, como sabonete e xampu. No segundo trimestre deste ano, aumentou em 9% o número de banhos sem uso de sabonete entre os que tomam o segundo banho diário, comparado ao mesmo trimestre de 2018.

Os dados foram revelados por um estudo nacional sobre hábitos de higiene e consumo feito pela consultoria Kantar e obtido com exclusividade pelo ’Estadão’. Por meio de um aplicativo, a consultoria monitora diariamente o comportamento de 4 mil pessoas. Os hábitos de higiene desse grupo representam um universo de 115 milhões de brasileiros, pouco mais da metade da população do País. Hoje, quase 70% da população toma dois banhos diariamente.

"Não é que os brasileiros estejam abandonando o sabonete, mas um em cada cinco banhos é apenas com água, e essas ocasiões são feitas por cerca de 31% da população", afirma Jenifer F. Novaes, executiva sênior da consultoria e responsável pela pesquisa.

O acompanhamento desse quesito, iniciado no segundo trimestre de 2018, mostra que, desde 2019, as ocasiões de banho sem sabonete têm crescido. O pico foi atingido no segundo trimestre de 2021, com um avanço de 28% ante o mesmo período de 2018. "A situação vinha se complicando antes da pandemia, piorou no auge da pandemia e agora perdeu fôlego. Mas ainda se mantém em um patamar elevado em relação a 2018?, ressalta Jenifer.

Desde o último trimestre do ano passado até o segundo trimestre deste ano, a trajetória da quantidade de banhos sem o uso de sabonete é ascendente e aumentou 3,9%, aponta pesquisa.

O crescimento de banhos só com água ocorreu apenas entre os brasileiros das classes D e E, segmento no qual a renda média individual é de R$ 791,63, equivalente a 65% do salário mínimo. A região Sudeste foi a principal alavanca desse crescimento, onde estão 54% dos indivíduos com essa rotina. Destes, mais da metade (53%) é mulher, a maioria mães que trabalham em tempo integral e são responsáveis pelo sustento da casa.

"O aumento da inflação e o agravamento do cenário econômico levaram o consumidor a ter de fazer escolhas, seja cortando produtos, seja racionalizando o uso para que durem mais", afirma Rafael Couto, diretor de soluções avançadas da consultoria.

Esse é o caso de Ulisses dos Santos, de 38 anos, educador infantil. "Os produtos de higiene pessoal subiram demais, principalmente o aparelho de barbear, o desodorante e o sabonete Nem me fale", observa.

Santos não chegou a cortar o sabonete, mas está racionalizando o uso nos dois banhos diários. A forma encontrada para gastar menos o produto foi mudar o jeito de tomar banho. Hoje, primeiro ele se molha, depois fecha a torneira do chuveiro, ensaboa o corpo. Só depois dessas etapas ele volta para debaixo do chuveiro. "Desse jeito economizo muito: 50% no sabonete e também gasto menos água e energia", conta.

Os preços do trio - sabonete, água e energia elétrica - também pressionam o orçamento da maquiadora Nayalla Mendes de Carvalho, de 35 anos. Mas ela tem mantido a rotina de dois banhos diários e ambos com sabonete. Nayalla frisa que o banho mais rápido hoje é por conta do gasto com a eletricidade e a água. Apesar de ter constatado a alta do preço do sabonete, diz que "está pagando o que tem de pagar". "Estou economizando é no xampu", conta a maquiadora.

Nos últimos meses, Nayalla observou uma alta de 24% no preço do xampu que costuma usar. Neste caso, acha arriscado trocar de marca. Por isso, a saída para economizar foi reduzir a frequência de uso do produto. "Lavava o cabelo quatro vezes na semana e agora são duas. O resto a gente disfarça e usa cabelo preso."

Bernardo Remus, de 29 anos, diretor de arte, é outro que optou por reduzir a frequência de uso e a quantidade utilizada a cada vez do creme para pentear o cabelo. Nos últimos meses, o creme para cabelo cacheado subiu 33%. "Agora o preço do frasco está chegando a R$ 40?, observa.

Para driblar a alta de preços, Remus, Nayalla e muitos consumidores têm optado pela compra de embalagens econômicas de produtos para cabelo. Esse movimento fica nítido nos resultados do estudo. No segundo trimestre deste ano, o consumo de produtos para cabelo em embalagens de 400 mililitros (ml) a 599 ml cresceu 6,8% em unidades ante o primeiro trimestre de 2022.

Frascos com mais de 600 ml registraram um acréscimo de 4,1%, na mesma base de comparação. Juntas, essas embalagens maiores responderam por 31% do mercado, com avanço de 2 pontos porcentuais entre os dois períodos. Em contrapartida, o consumo de embalagens com até 399 ml ficou estável no segundo trimestre deste ano ante o primeiro.

Apesar de a comida estar no foco das pressões inflacionárias, os preços dos produtos de higiene pessoal registram altas equivalentes aos dos alimentos. Em 12 meses até agosto, o preço do sabonete subiu 27,97%, enquanto alta do óleo de soja foi de 27,52%, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15, a prévia da inflação oficial do País.

Neste ano, até agosto, o reajuste do sabonete (20,95%) superou o do óleo de soja (19,76%), de acordo com o IPCA-15. No mesmo período, a inflação dos produtos de higiene pessoal (11,85%) e da alimentação no domicílio (12,79%) foram praticamente equivalentes e mais que o dobro do IPCA-15 geral (5,02%).

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) diz, por meio de nota, que encerrou o ano passado com inflação setorial de 3,1%, 7 pontos porcentuais abaixo do IPCA. De acordo com a nota, "nesse período (2021), não havia espaço para repassar preço, pois o consumidor seguia com sua despesa mensal crescente e comprometida. A atual situação (2022) é diferente, há um certo ‘respiro da renda’ com a deflação em alguns itens".

Em 12 meses até julho, a entidade ressalta que o IPCA acumulou alta de 10,1%, enquanto a inflação dos cuidados pessoais foi de 8,5%. "Esse resultado da inflação do setor nos últimos 12 meses foi fortemente impactado pela inflação de sabonetes (27,2%); produtos para pele (16,9%), produtos para cabelo (12,4%) e produtos para higiene bucal (11,8%). No ano passado, os fabricantes fizeram muito esforço para não repassar aumento de preços. Tal movimento tem um limite, e 2022 vem sendo o ano de, aos poucos, operacionalizar a recomposição de margens em prol da sustentabilidade financeira dos negócios", diz a nota

Segundo a entidade, as razões para os aumentos desses produtos estão relacionadas à alta de preços de insumos, principalmente os importados, que passaram por momentos de escassez no mercado. Como exemplo, a Abihpec cita o sebo animal, que teve redução de oferta para produção de itens de higiene e beleza por causa do maior interesse em abastecer o mercado de biodiesel.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é calculado pelo IBGE e funciona como uma prévia da inflação oficial, ficou em 0,97% na Região Metropolitana de Salvador (RMS) em abril. Número abaixo do registrado em março (1,06%) que fez da região a única a mostrar redução entre as 11 áreas que foram pesquisadas de forma separada em todo o país. Em janeiro e fevereiro, a RMS tinha registrado inflação de 1,08% e 0,91% respectivamente.

A desaceleração, no entanto, não reduziu também o volume de gastos no orçamento dos moradores da RMS. Seja no aluguel, no valor do condomínio, no mercado ou na hortfruti, Inara Almeida, 21 anos, só pensa em uma frase na hora de quitar os pagamentos mensais: "Está tudo absurdamente caro", reclama.

Ela vê seus gastos crescerem desde 2019, quando saiu de Feira de Santana para morar em Salvador e estudar na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Porém, nunca sofreu tanto para arcar com as contas como em 2022. Nos últimos meses, a estudante viu aluguel, taxa de condomínio, laticínios, verduras e legumes machucarem seu bolso.

"Esse ano está impossível. Me mudei com minhas colegas de casa para um apartamento pior e pagamos R$ 600 reais a mais do que em 2019. O condomínio aumentou uns R$ 100. [...] No mercado, nem se fala. Até no hortfruti, estou sofrendo. Tomate e cenoura dispararam, está muito mais caro", conta ela, que passou a abrir mão de itens que faziam parte da sua feira e acredita que os preços estão mais altos do que nunca.

Aumento para todo lado

A percepção de Inara não é à toa. A mesma pesquisa do IBGE que registrou a desaceleração do IPCA-15 verificou que nenhum grupo de produtos dos nove analisados registrou redução. Oito deles, inclusive, apresentaram preços mais caros. Alimentação e bebidas com aumento de 2,02%, panificados com 5,39%, tubérculos, raízes e legumes com 7,28% e habitação com 1,70% são os principais vilões do orçamento de quem vive na RMS. A cenoura, citada pela estudante, é o produto que mais disparou, com 19,49% de aumento.

A doméstica Márcia Ribeiro, 60 anos, também sente na pele os preços nas alturas nessas áreas de consumo. "Aumentou foi tudo! Só o tomate está saindo por R$ 10 o quilo, a batatinha saindo por R$ 11. Pobre já não estava podendo comer carne, agora a verdura também saiu do cardápio. O aluguel ia aumentar R$ 300. Tive que conversar com o proprietário para que não subisse tanto porque não teria condições", conta ela, que cita também aumentos no pão, que subiu 5,98%, e no gás, com alta de 5,91%, segundo o IBGE.

Associada fundadora da Associação das Donas de Casa da Bahia, Marinelma Gomes afirma que o cenário é dos mais complicados na RMS e no estado como um todo. "Estamos vivenciando um momento bastante crítico. As famílias não estão conseguindo garantir os produtos básicos na mesa. [...] A cesta básica e o gás são os produtos que mais subiram e desafiam as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social", afirma ela.

O momento crítico também afeta a estudante Carol Freitas, 23, que, de um tempo para cá, não consegue comprar o básico com valor que usava para fazer "compras completas". "Antes, com R$ 400 ou R$ 500 a gente fazia uma feira completa, com direito a tudo. Hoje, você deixa R$ 1.000 no mercado para trazer só o básico. É impressionante como café, arroz, feijão e outras coisas simples estouraram de preço", fala Carol.

Por que o preço não cai?

Economista da Fecomércio-Ba, Guilherme Dietze explica porque, mesmo com a redução da inflação de maneira geral, os consumidores não observam queda nos valores das contas. "Uma desaceleração não significa queda de preço, que está subindo quase 1% na região e ficou muito próximo do registrado em março. Ainda está aumentando muito para os consumidores. Houve crescimento nos valores do que mais pesa para o consumidor: alimentação, transporte, habitação. Por mais que outros grupos desçam, não tem como sentir alívio em abril", diz.

Ainda de acordo com Dietze, por conta do momento de altos preços em diversos setores de consumo, seria preciso uma redução relevante na inflação para ver o resultado disso nos principais grupos de produtos. "Mesmo com uma acomodação ou uma redução pequena, estamos falando de um patamar muito elevado [na inflação]. Se você tiver essas pequenas variações, não muda muito no bolso do consumidor porque já está tudo muito caro. Precisaria de uma redução maior, mas o cenário não indica isso", afirma o economista, fazendo uma projeção.

O alívio não chegou no bolso muito porque, mesmo com o resultado de abril, o IPCA-15 acumula alta de 4,09% no ano de 2022 na RMS. Isso porque, até março, a RMS registrou um acumulado de 4,31% na inflação, o maior do Brasil. Com o resultado atual, a região metropolitana deixa ser a que tem o acúmulo mais alto, caindo para a 3º dentre as 11 RM pesquisadas, ficando atrás apenas das regiões metropolitanas de Curitiba/PR (5,32%) e do Rio de Janeiro/RJ (5,03%) e o município de Goiânia/GO (4,87%).

No acumulado de 12 meses encerrados em abril, o IPCA-15 da RM Salvador seguiu acelerando e chegou a 12,36%. O resultado faz com que o número regional continue acima da média nacional de 12,03%. Agora, a RMS é a 4º região com acúmulo mais elevado dentre os locais pesquisados, abaixo da RM Curitiba/PR (15,16%), de Goiânia (13,09%) e da RM Recife/PE (12,43%). Nesse indicador, apenas Brasília/DF (9,98%) ainda mantém aumento menor que 10,00%.

O ano vira, e o aluguel aumenta. Em 2022, ele ficará quase 18% mais caro em relação ao ano passado. Isso porque o índice usado na maioria dos contratos, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), variou 17,78% nos últimos 12 meses. O acumulado é considerado alto pelo setor e, sobretudo, pelos inquilinos. Por isso, mais de 90% dos proprietários não aplicam o reajuste integral, segundo o presidente do Sindicato da Habitação da Bahia (Secovi-BA), Kelsor Fernandes.

A maioria dos locatários tem usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele mede a inflação geral do país e fechou em 10,06%, em 2021, um valor 76% menor que o IGP-M. Essa também é a recomendação do economista Edísio Freire, que dá algumas dicas de negociação (leia no final da matéria).

A professora de biologia Bruna Saraiva, 23, foi uma das que conseguiram negociar. Ela teria um aumento de 66% no aluguel. O que era R$ 600 ia virar R$ 1 mil. Porém, após conversar com o proprietário, ele abaixou para 50%. Agora, ela pagará R$ 900 pelo apartamento em Pirajá, em Salvador, que divide com a mãe.

“Não teria condição de pagar. Antes da pandemia, tinha dois empregos. Agora, tenho um só, então minha renda reduziu 50%. Liguei e entendi o lado dele, porque, apesar da situação ser absurda, ele também teve o preço do aluguel ajustado e ficaria inviável se não ajustasse o daqui”, narra Bruna.

A advogada Daiana Ribeiro, 39, que acabou de ter um filho, conseguiu reduzir 9% o aumento do aluguel. Antes do acordo, ele tinha aumentado 30%. “Pagava R$ 950. A proprietária pediu R$ 1.250 e, com o acordo, fechamos em R$ 1.150”, conta. Segundo Daiana, a proprietária sempre foi compreensiva. Ela mora há sete anos no imóvel, que fica na Vila Laura, com o esposo.

Com a pandemia, ela teve um aumento de 15% nos custos, por isso, tem tido mais dificuldade em pagar as contas. “A situação está muito mais difícil por causa da pandemia, pois as despesas fixas aumentaram bastante, como energia, gastos com alimentação, transporte, plano de saúde. Já o salário não acompanhou a mesma alta”, relata.

A estudante de medicina veterinária Kathleen Ribeiro, 22, que mora em Ilhéus, no sul da Bahia, não conseguiu negociação. Esse mês, ela pagou R$ 100 a mais que em 2021, pois o proprietário aplicou o reajuste integral do IGP-M. “Ele já veio falando que o preço era esse, que não podia fazer por menos”, conta.

Já Lavínia Muniz dos Anjos, 20, sairá da casa dos pais, em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo baiano, para Salvador, com o noivo. O motivo é a volta às aulas presenciais da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em março. Os valores dos apartamentos, porém, adiam a mudança. “Os preços estão muito altos. Não tem nada mais barato que R$ 700, sem mobília, e em lugares muito afastados, como Lauro de Freitas e Camaçari, ou em bairros perigosos. Já com mobília, fica R$1.200”, narra Lavínia.

Proprietários deixam de usar IGP-M
Na avaliação do Secovi-BA, o aumento do IGP-M no último ano foi atípico. “Há anos ele é utilizado nos aluguéis e sempre teve o comportamento adequado, nunca uma disparada como a que aconteceu em 2021. As variações foram para patamares completamente fora do razoável”, avalia Kelsor Fernandes, presidente do Secovi-BA e que está no mercado imobiliário há 40 anos.

Por esse motivo que a maioria dos proprietários negocia o reajuste e não o aplica totalmente. “Ninguém aplicou esse percentual exagerado, só se o contrato estiver muito defasado. Dentro de nossa empresa, 100% dos contratos foram negociados. Na maioria, pela inflação, ou um pouco a mais, para ajustar com o preço de mercado. Também tem proprietário que não está fazendo reajuste, por conta do desemprego”, pontua Fernandes.

Na imobiliária do diretor e 2º secretário Noel Silva do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), o percentual de aumento está entre 12 e 13%. “Se não houver oposição ao valor, o papel do proprietário é mandar o boleto com o novo valor. Mas, a maioria negocia, porque os salários não sofreram esse mesmo reajuste”, explica Silva. Além do IPCA, outros índices podem entrar no contrato, como o Índice de Preços do Consumidor (IPC), que terminou o ano em 9,73%, e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), que variou 13,84%.

Perspectivas para 2022
Para o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (ADEMI-BA), Claudio Cunha, as perspectivas de 2022 vão depender do controle ou não da pandemia da covid-19. “A divulgação das taxas de juros futuras e da inflação para este ano demonstra que há uma tendência de normalização, mas tudo vai depender do crescimento da covid”, avalia. A meta do IPCA para 2022 é de 5%. Já as taxas de juros estão 9,25% e a projeção é que ela aumente para 11,75% até o fim do ano.

Para reverter o cenário do mercado imobiliário, Cunha defende que se recupere a produção industrial, para acompanhar a demanda reprimida. Segundo ele, a baixa produção com o aumento do consumo que causou o aumento dos índices, e, consequentemente, os valores dos aluguéis. “Precisamos ter uma recuperação e descentralização da produção industrial para atender a demanda e os preços voltarem a se equilibrar. A partir do segundo semestre, já poderemos notar uma redução”, afirma o presidente da Ademi-BA.

FGV lança novo índice, o IVAR
Em janeiro, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) lançou um índice só para mensurar a evolução dos valores dos apartamentos residenciais alugados no Brasil: o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR). Segundo o coordenador do IPC Brasil do FGV IBRE, Paulo Picchetti, o IVAR é calculado através dos valores de transação, com base em contratos de locação e seus reajustes.

“O IGP-M contem centenas de itens, criado para representar o total da economia brasileira, enquanto o IVAR é composto apenas de informações sobre aluguéis residenciais, portanto, representa mais diretamente a evolução dos valores dos aluguéis”, defende Picchetti. Por enquanto, o índice só analisa quatro capitais brasileiras – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. Sobre a expansão da análise para outras cidades e para Salvador, Paulo Picchetti disse que seria “quando fornecedores de informações sobre contratos de aluguéis permitirem amostras robustas e representativas para outras cidades”.

Para um dos diretores do Creci-BA, Noel Silva, esse índice, por ser muito baixo, não será considerado pelos locatários. Em dezembro de 2021, o IVAR subiu 0,66%, mas a variação dos últimos 12 meses foi negativa, de –0,61%. “Esse índice é muito baixo e só está sendo baseado em quatro capitais brasileiras, então não representa o mercado como um todo. Os aluguéis não subiram esse preço”, argumenta. Já Kelsor Fernandes, presidente do Secovi-BA, desconsidera a possibilidade de ele ser usado nos contratos. “Precisa ser criado um banco de dados e fazer isso em todas as cidades, principalmente, as capitais”, avalia.

Como negociar
O economista Edísio Freire explica que há uma defasagem do aumento do salário mínimo em relação à inflação. Por isso, há espaço para negociação. “O IGP-M destoa do crescimento da renda. O salário mínimo teve reajuste de 10,18%, enquanto o IGP-M, de 17,78%. Só aí, você perde 7% de poder de compra, porque o salário não aumenta na mesma proporção. Partindo dessa lógica, é razoável o bom senso entre as partes e um acordo, para não ficar um reajuste fora da capacidade de pagamento”, orienta.

Ele indica a utilização do IPCA. “Para o dono do imóvel, é mais importante a própria manutenção do aluguel, já que, se ele perder o inquilino, não tem a garantia de restituição da renda de imediato. A oferta de um ajuste na faixa do IPCA garante um preço de inflação geral, mais justo, mas cada caso é um caso”, aconselha Freire.

Publicado em Economia

Diante de um 2021 que deve deixar de presente uma inflação de dois dígitos – coisa que não acontecia desde 2015 - o consumidor sabe bem o que sofreu em cada ida ao supermercado. Diante desse cenário, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) fez uma lista com os alimentos que mais dispararam de preço no país e os que mais recuaram nos últimos 12 meses, até o novembro.

E no topo da lista está o açúcar refinado, que subiu 53,05%. O maracujá (52,02%), seguido por filé mignon (39,07%) e café em pó (38,69%) vieram logo em seguida entre os vilões. Alimentos preparados e congelados de carne bovina (33,71%) e o frango em pedaços subiram 28,68%. O economista e pesquisador do IBRE, responsável pelo levantamento, Matheus Peçanha explica que boa parte da inflação nos alimentos em 2021 foi decorrente cenário climático que impactou a produção agrícola brasileira até meados de outubro. Outro motivo veio do aumento do custo de alimentação dos animais, altamente dependentes do milho e da soja.

“Mesmo agora com a melhoria no cenário climático, há alguma demora no repasse da queda pela cadeia, além de outros custos que ainda impactam esse mercado, como o diesel em virtude do preço dos fretes”, analisa.

Mas, se por um lado, tiveram os alimentos que fizeram com que muita gente gastasse mais do que esperava, houve produtos que aliviaram mais o bolso, como o preço do limão caiu 18,50%, o da maçã 16,30% e o da banana-da-terra recuou 11,05%. Já o arroz variou -8,27% e o feijão mulatinho -2,02%.

No caso do professor Abraão Oliveira, 40 anos, as despesas com alimentação passaram de R$ 1,2 mil, situação que o levou a optar por comprar mais em atacado e congelar todas as sobras para não perder nada e zerar qualquer desperdício.

“Foi um ano extremamente difícil porque, de fato, foi possível perceber claramente o aumento de preço em diversos produtos, por mais que eu tentasse economizar mudando os locais de compra e a quantidade. Já vivíamos um ano atípico por conta da pandemia, mas, mesmo assim, esses gastos se superaram bastante com relação a 2020”.

O economista e Conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-BA), Edval Landulfo, acrescenta ainda que a desvalorização do real e o dólar fortaleceram a alta dos vilões, assim como a crise hídrica. Não foi um ano fácil para ninguém. Isso sem contar o enfrentamento de outros sucessivos aumentos nas despesas com energia elétrica, gás e combustível.

“A alta do dólar favoreceu muito para os produtores brasileiros venderem para o mercado externo, ao invés do mercado interno, porque vender em dólar era muito mais vantajoso do que em reais, diante da desvalorização da nossa moeda. Então, o frango, a carne bovina, o trigo, a soja e outros grãos causaram um impacto negativo em vários alimentos e o consumidor pagou muito caro por isso e por outros produtos e serviços de primeira necessidade também”.

Aperto continua
Por mais que o bolso tenha sentido o peso desse aumento no ano que passou, infelizmente, não vai ser agora que o gasto com o supermercado vai aliviar o orçamento. De acordo com o educador financeiro Antônio Carvalho, o sacrifício para equilibrar as contas, continua.

“Embora seja difícil fazer prognósticos exatos do comportamento da economia e o IPCA (principal índice da inflação) tenha recuado um pouco no último trimestre de 2021, por mais otimista que sejamos, devemos esperar ainda nos primeiros meses de 2022 a continuidade dos aumentos, ainda como reflexo do ritmo do ano anterior”, comenta.

No momento, umas das saídas é reduzir as compras dos itens mais caros para provocar uma queda na demanda. “Existe o oportunismo do empresariado que, ao longo da pandemia, foi experimentando preços mais altos e, como as vendas continuaram altas, mantiveram o ritmo de aumento, gerando o que chamamos inflação de demanda. Cabe então ao consumidor pesquisar preços, buscar marcas mais baratas e produtos substitutos, que possam atender a mesma necessidade”, aconselha.

Já para a educadora financeira Renata Maia, é necessário ter cautela, sobretudo, diante das despesas de início de ano. “A situação econômica permanece incerta. Eu enxergo como saída uma educação financeira que permita o consumidor ser independente de cenários. Por mais que haja uma interferência entre altas e baixas de inflação, independente do quadro que o mesmo se encontre, o controle, organização e planejamento vão contribuir para que esse consumidor possa fazer um reajuste orçamentário quando precisar”.

OS VILÕES DA INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS

. Açúcar refinado (53,05%)
. Maracujá (52,02%)
. Filé mignon (39,07%)
. Café em pó (38,09%)
. Alimentos preparados congelados de carne bovina (33,71%)
. Pimentão (31,68%)
. Açúcar cristal (31,25%)
. Frango em pedaços (28,68%)
. Feijão fradinho (25,97%)

OS MOCINHOS DA INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS

. Fígado bovino (-0,37%)
. Sucos de fruta (-0,66%)
. Pernil suíno (-1,27%)
. Uva (-1,84%)
. Feijão-mulatinho (-2,02%)
. Banana d’água ou nanica (-4,17%)
. Arroz (-8,27%)
. Banana-da-terra (-11,05%)
. Maçã (-16,30%)
. Limão (-18,50%)

Fonte: FGV

Publicado em Brasil

O preço do tomate salgou o tempero dos baianos. O produto aumentou de 50% a 133% entre 1 de outubro e 29 de novembro deste ano, segundo o Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE). O que mais encareceu foi o tomate de segunda, de menor qualidade, cuja caixa de 20 a 22 quilos, saltou de R$ 30 para R$ 70 (+133,3%).

Nos mercados de Salvador, o preço do tomate chegou a R$ 8,98 o quilo, na rede Hiper Ideal. Em um mercado na Baixa de Quintas, o produto ainda é encontrado por R$ 5,20/kg. Para driblar o aumento, os baianos passaram a consumir menos a fruta. Macarronada ao sugo e à bolonhesa terá molhos menos vermelhos, já que o ingrediente está mais raro nas receitas.

A assistente administrativa Sarah Fonseca, 19, consumia de 1,5 kg a 2 kg de tomate por semana. Agora, compra essa mesma quantidade a cada 30 dias. Ou seja, seu consumo reduziu mais de 75%. “Só sei cozinhar com tomate, cebola e pimentão. É a base da minha comida. Então, continuo comendo todo dia, mas reduzi a quantidade”, conta Sarah.

Em um almoço com uma amiga, ela modificou uma receita para não gastar tanto. “A gente foi fazer macarrão à bolonhesa. Eram muitos tomates para fazer o molho, não me recordo quantos, mas a gente só usou dois, porque não dá para cozinhar sem tomate”, explicou a assistente administrativa.

O aumento de preço do tomate rasteiro, que foi de 50% no último mês, tem diminuído a margem de lucro dos restaurantes italianos de Salvador. É o caso do restaurante Bottino, no Rio Vermelho. Em outubro, a cantina pagava R$ 2,60/kg. Agora, o mesmo produto passou a custar R$ 4 - uma alta de 53,8%. “Toda vez que existe aumento de alguma matéria-prima, principalmente, que a gente usa em abundância, a gente perde margem”, reconhece Claudio Bottino, dono do restaurante. Ele pontua que não repassou o preço para os clientes nem fez alterações no cardápio.

Aumento geral

Não foi só em Salvador que o preço do tomate disparou. Várias outras capitais tiveram alta, de acordo com o último levantamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (Ipca), de outubro. Em Belo Horizonte (MG), o aumento foi de 36%; em Vitória (ES), 48%; e na cidade de Goiânia (GO), 33%. “A média de preços foi muito elevada em praticamente todas as regiões do Brasil, não foi algo específico de Salvador”, afirma Guilherme Dietze, economista da Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio-BA).

Segundo ele, houve uma redução da produção do tomate, o que fez encarecer os preços. “Tivemos uma estiagem muito grande e, logo na sequência, uma geada. Isso complicou a safra e o plantio de alguns produtos como o tomate. Daí vem uma produção bem mais baixa, que acarreta um preço mais elevado”, esclarece o economista.

Contudo, ele acredita que a situação deva se normalizar no próximo mês. “Voltamos a ter período chuvoso e isso, de certa forma, melhora a produção. Pode ser um indicativo de que o aumento foi pontual e não uma inflação geral”, estima Dietze.

Conab

A Companhia Nacional de Abastecimento, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), explicou, por meio de nota, que, em outubro, houve pouca disponibilidade do produto no mercado, por conta de vários fatores, e isso afetou o preço do tomate em novembro.

“As geadas de julho provocaram perdas na lavoura e necessidade de replantio, postergando a disponibilidade do produto no mercado. Além disso, as temperaturas um pouco mais amenas seguraram o amadurecimento do fruto, reduzindo ainda mais sua oferta. As chuvas também contribuíram com o cenário, na medida em que dificultam o andamento da colheita”, esclarece a Conab.

A companhia ainda afirmou que o nível de oferta atual deriva da diminuição da área plantada na safra de inverno e que os dados oficiais do Ceasa/BA ainda não foram repassados para o governo federal.

A Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) confirma que houve redução da área plantada. "O aumento do valor do tomate é devido à redução de área plantada, reflexo dos aumentos dos custos de produção, como alta dos insumos. Além disso, esse período é de safra em Pernambuco e Paraíba, mas é um período de plantio do hortifruti aqui na Bahia", pontua a Federação.

O coordenador de Estudos e Projetos Agrícolas da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), Marcelo Libório, acrescenta ainda que o ciclo da cultura do tomate é curto e isso influencia diretamente no preço. "Se a lavoura for bem conduzida, com cerca de seis a sete meses ela se esgota.

Essa característica de ser uma cultura rápida faz com que o produtor se planeje em função do preço. Quando ele percebe que o mercado está demandando o fruto ele planta, ele deixa de plantar ou reduz a área", explica Libório.

Na Bahia, a região que se produz tomate é, principalmente, a Chapada Diamantina, nos municípios de Mucugê e Ibicoara. "Nessa região, se encontram os grandes produtores. Já no entorno desses municípios, estão os pequenos e médios produtores", informa Marcelo Libório.

Como economizar

Uma forma de se esquivar dos altos preços é fazer como Sarah Fonseca, lá do começo da reportagem: comprar menos. Ao menos, a estratégia deve ser adotada até que o preço dê uma aliviada, orienta a presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia (MDCCB), Selma Magnavita.

“O consumidor pode deixar de usar até que baixe o preço, porque é a demanda que faz o preço. Se você não consome, o tomate vai ficar na prateleira. E vão ter que desovar baixando o preço ou jogando fora”, aconselha Selma.

Ela pontua que os aumentos de preço estão cada vez maiores. “Tudo que está aumentando de preço, está aumentando desastrosamente. Não são mais 20, 50 centavos. Agora são R$ 3 ou mais. O consumidor precisa observar isso para driblar a carestia, substituindo, trocando de marca, ou não comprando. Se tiver a necessidade absoluta de comprar aquele produto, compre menos. Porque se não fizer isso, vai sempre abalar o bolso”, recomenda.

Selma Magnavita ainda diz que é mais vantajoso, em vez de comprar a fruta, optar pelos molhos de tomate já prontos. Além disso, vale até mesmo substituí-lo por alimentos de coloração semelhante, como cenoura, abóbora, caqui, melancia e goiaba, e abusar de temperos como páprica e cúrcuma. “É preciso deixar de ser radical no uso do tomate nas receitas, trazendo a criatividade”, conclui.

Restaurantes italianos sofrem com escassez de tomate pelati

Os restaurantes italianos de Salvador que trabalham com o tomate pelati - do tipo enlatado, sem casca - relatam a escassez do produto. Importado, o produto chega à capital de navio, transportado direto da Itália pelo Atlântico. “Além do aumento do preço, a falta do tomate, principalmente enlatado, tem atrapalhado bastante. O preço está só aumentando. Em outubro, a gente pagava R$ 24 por uma caixa de 2kg. Agora, estamos fazendo cotação e está R$ 33”, conta a supervisora de compras do restaurante Di Liana, Tábata Polecco.

Em breve, Tábata diz que será preciso fazer um reajuste no preço dos pratos. “A gente não consegue achar com nenhum fornecedor e estamos tentando achar onde tem, comprando pelo preço de mercado, tentando negociar. Mas o valor está muito alto. Por enquanto, não estamos tendo prejuízo, porque essa falta tem só 15 dias. Mas vamos reajustar o cardápio”, afirma a supervisora de compras, que não sabe ainda de quanto será o reajuste.

Já no restaurante Bela Napoli, no Caminho das Árvores, foi feito um estoque de tomate pelati, quando se soube que o setor ia ter problemas com o abastecimento. “Quando vi que estava tendo isso, pela experiência, a gente já saiu buscando no mercado. Comprei antes da alta da procura e fiz estoque até dezembro, porque a gente não pode deixar que isso afete o preço ou repassar para os clientes”, esclarece Gian Angelino, dono do Bela Napoli. O preço normal que ele pagava em uma caixa de 20 kg de tomate pelati era R$ 45 a 50. No final de outubro, ela chegou a custar R$ 140. Agora, está em torno de R$ 100.

Para as baianas de acarajé, a situação também está difícil. Se o tomate continuar a subir de preço, o vinagrete da baiana vai sumir, segundo a presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Santos.

“Não temos como repassar os preços dos insumos para os clientes, porque os clientes também estão sem dinheiro”, explica Rita. “O que vai acontecer é não colocar a salada, se continuar no preço que está”, alerta. Ela comprava, há um mês, o quilo de tomate por R$ 2,95. Hoje, a mesma quantidade está por R$ 5,99 - um aumento de 103%.

Preço do tomate:
G Barbosa: R$ 7,95
Big Bompreço: R$ 8,19/kg
Hiper Ideal: R$ 8,98/kg
Rede mix (Pituba): R$ 5,98/kg
Mercado Acupe de Brotas: R$ 5,89/kg
Mercado Super Barato (Baixa de Quintas): R$ 5,20/kg

Aumento do tomate de outubro para novembro*:
Tomate Extra - R$70 para R$120 (+71,4%)
Tomate Primeira - R$60 para R$90 (+50%)
Tomate rasteiro - R$60 para R$110 (+83,3%)
Tomate segunda - R$30 para R$70 (+133,3%)
*Caixa de 20 a 22kg

Fonte: Ceasa/SDE

Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, calculado pelo IBGE, ficou em 1,22% na Região Metropolitana de Salvador (RMS). O índice teve a segunda aceleração seguida, aumentando mais do que no mês anterior - 0,70% em agosto e 1,11% em setembro. Foi a maior inflação para um outubro em 16 anos, quando havia ficado em 1,26%, em 2005.

Também foi o IPCA mais alto desde dezembro de 2019 (1,26%).

Ainda assim, a inflação da RMS seguiu um pouco abaixo da registrada no país como um todo, onde o IPCA foi a 1,25%, em outubro - o maior para o mês desde 2002. O índice foi o 7o entre as 16 áreas investigadas separadamente pelo IBGE.

Alta no acumulado desde janeiro

Com o resultado do mês, o IPCA na RM Salvador já tem alta de 8,11% no acumulado de janeiro a outubro de 2021. Fica pouco abaixo do índice nacional (8,24%), mas se mantém como o maior acumulado para um ano desde 2015, quando havia fechado dezembro com uma alta de 9,86%.

Nos 12 meses encerrados em outubro, a inflação na RM Salvador também seguiu acelerando e ficou em 10,38%. Nesse acumulado, ultrapassou a barreira dos dois dígitos pela primeira vez em pouco mais de 5 anos e meio. A última vez que isso havia ocorrido tinha sido em fevereiro de 2016, quando o acumulado em 12 meses estava em 10,47%.

Enquanto isso, no Brasil, o IPCA acumula alta de 10,67% nos 12 meses encerrados em outubro, com 12 das 16 áreas investigadas também apresentando inflação igual ou maior que 10,00%.

Nove grupos de produtos apresentaram alta

Pelo segundo mês consecutivo, todos os nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA apresentaram altas, na Região Metropolitana de Salvador. Antes de setembro de 2021, isso não acontecia, para um mês fechado, em pouco mais de três anos, desde maio de 2018.

Com o maior aumento no mês, o grupo transportes (2,53%) também liderou as pressões inflacionárias, puxado pelas passagens aéreas (43,38%), que tiveram a maior alta dos pesquisados pelo IBGE.

Em seguida, combustíveis (2,27%), e a gasolina (2,08%) deu a segunda maior contribuição individual para a alta do custo de vida na RM Salvador, em outubro. No ano de 2021, a gasolina já sobe 36,57% na RMS; em 12 meses, a alta acumulada é de 52,15%.

Os alimentos tiveram o segundo maior aumento médio neste ano (1,03%), abaixo apenas do registrado em janeiro (1,08%), e foram a segunda principal pressão inflacionária em outubro, na RM Salvador. As contribuições mais importantes no grupo vieram do tomate (21,91%), segunda maior alta dentre os itens considerados no IPCA), das refeições fora de casa (1,04%) e do frango em pedaços (5,04%).

Por outro lado, 4 dos 5 produtos que mais contribuíram para segurar o aumento do IPCA da RMS em outubro foram alimentos, liderados pelo lanche fora de casa (-3,91%), o pão francês (-1,49%) e a cebola (-9,64%).

Com o segundo maior aumento mensal entre os grupos, vestuário (2,31%) exerceu a terceira principal pressão de alta sobre o IPCA, na RMS. Foi puxado pelas roupas em geral (2,49%), sobretudo as femininas (3,26%).

INPC

Na Região Metropolitana de Salvador, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com menores rendimentos (até 5 salários mínimos), também acelerou para 1,20% em outubro. Foi o 7º maior índice entre as 16 áreas pesquisadas e acima do resultado do país como um todo (1,16%).

No ano de 2021, o INPC acumula alta de 8,37% na RM Salvador e chega a 10,67% nos 12 meses encerrados em outubro. No Brasil como um todo, os acumulados são, respectivamente, 8,45% e 11,08%.

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