O Jornal da Cidade

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A Volkswagen anunciou nesta sexta (19) que suspenderá a produção de veículos no Brasil pelo agravamento da pandemia da Covid-19. A medida valerá para todas as unidades da empresa no país entre os dias 24 de março e 4 de abril.

De acordo com a marca, a decisão foi tomada diante do crescimento do número de casos da pandemia e da taxa de ocupação dos leitos de UTI no país. "A empresa adota esta medida a fim de preservar a saúde de seus empregados e familiares", disse em comunicado.

Ainda segundo a Volkswagen, serão mantidas apenas atividades essenciais nas fábricas e os funcionários das áreas administrativas atuarão em trabalho remoto.

A paralisação atinge as quatro fábricas da marca no país: São Bernardo do Campo (SP), que produz os modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro, Taubaté (SP), que faz Up, Gol e Voyage, São Carlos (SP), responsável pela produção de motores, e São José dos Pinhais (PR), de onde saem Fox e T-Cross.

'Foco nas vacinas'
Para o presidente da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, em uma entrevista à GloboNews, as empresas e os funcionários, através dos sindicatos, devem estabelecer acordos. Ele disse que boas negociações são possíveis "quando existe boa fé, quando existe bom diálogo entre as partes".

Di Si também fez um apelo, dizendo que é preciso "estimular e comunicar de uma forma clara que a ação não são férias ou um passe para ir em um churrasco, é para ficar em casa".
Sobre a pandemia, o executivo apontou que é necessário "colocar mais foco nas vacinas", além de ações solidárias. "Não pensar no individual e pensar no coletivo, com distanciamento social, uso de máscaras", aconselhou.

Sindicato apoia paralisação
A decisão da Volkswagen foi tomada após negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que pressiona as empresas da região pela paralisação das fábricas, segundo divulgou em nota o Sindicato.

A entidade reforçou ainda que segue em contato com as outras montadoras da região, como Mercedes-Benz, Toyota e Scania, reivindicando a suspensão das atividades.

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, disse que ainda não houve acordo com todas as empresas, mas que a entidade "vai orientar seus associados a abrir negociação com os sindicatos responsáveis por cada planta produtiva, para discutir a situação e a possibilidade de parada, caso a caso".

Anfavea diz acompanhar a pandemia
Também em nota, a Anfavea, associação das fabricantes, disse que acompanha "com muita atenção essa nova fase da pandemia" e que a decisão de paralisações espontâneas está a cargo de cada fabricante, em diálogo com os sindicatos.

A associação também confirma ter aderido ao projeto Unidos pela Vacina, que tem como objetivo vacinar todos os brasileiros até setembro envolvendo iniciativas privadas.

"A exemplo do que foi feito de forma preventiva desde o início da pandemia, a indústria automotiva brasileira continuará ativamente contribuindo com as autoridades para proteger seus funcionários, suas famílias e suas comunidades. Em paralelo, atuará intensamente para a preservação da saúde financeira das empresas, de forma que após o controle da pandemia seja possível voltar a crescer, gerar riquezas e mais empregos para nosso país", disse a Anfavea.

Recordes de mortes e colapso na saúde
O Brasil está prestes a ultrapassar a marca de 290 mil mortes por Covid-19. Na última quinta-feira (18), o país contabilizava 287.795 óbitos segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa, que também registrou 2.659 mortes pela doença nas últimas 24 horas.

Com isso, a média móvel de mortes no país nos últimos 7 dias chegou a 2.096, novo recorde no índice. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +47%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil passa pelo "maior colapso sanitário e hospitalar da história". Em todo o país, 15 estados estão com taxas de ocupação de UTIs iguais ou superiores a 90%. A porcentagem é a mesma para 19 capitais.

Na classificação da Fiocruz, as taxas de ocupação são classificadas em zona de alerta crítico (vermelho) quando iguais ou superiores a 80%;

Leia a íntegra do comunicado da VW:
"A Volkswagen do Brasil comunica suspensão de atividades relacionadas à produção de todas as suas unidades no País, localizadas nos estados de São Paulo e Paraná, a partir do dia 24 de março de 2021 por 12 dias corridos.

Com o agravamento do número de casos da pandemia e o aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI nos estados brasileiros, a empresa adota esta medida a fim de preservar a saúde de seus empregados e familiares. Nas fábricas, só serão mantidas atividades essenciais.

Os empregados da área administrativa atuarão em trabalho remoto. A medida foi tomada em conjunto com os Sindicatos locais."

Leia a íntegra da nota da Anfavea:
"Desde o início da pandemia, a ANFAVEA e suas associadas sempre atenderam e respeitaram as diretrizes sanitárias nacionais e internacionais, e sempre que possível, superando os cuidados recomendados com um único objetivo: preservar a saúde de seus funcionários e de suas famílias.

Acompanhamos com muita atenção essa nova fase da pandemia, mantendo reuniões permanentes com sindicatos, autoridades municipais, estaduais e federais. No que se refere à possibilidade de paralisações espontâneas nas fábricas, a decisão está a cargo de cada montadora, sempre em avaliação da situação sanitária de cada região do país, e em diálogo com os respectivos sindicatos de trabalhadores.

Neste momento, estamos intensificando a comunicação interna para que nossos colaboradores mantenham a segurança dentro e fora do ambiente de trabalho, evitando sobrecarregar o sistema de saúde.

Há exatamente um ano as montadoras tomaram a iniciativa espontânea de paralisar suas linhas de montagem, em alguns casos por mais de dois meses, para proteger seus mais de 120 mil colaboradores. Nos orgulhamos de ter estabelecido e implementado protocolos de saúde que foram usados como modelo para vários outros setores, e ainda de termos colaborado com os primeiros esforços para salvar vidas ao reparar e produzir respiradores e outros itens médicos, bem como no apoio logístico às autoridades de saúde no entorno das nossas mais de 60 fábricas.

Após o retorno, todas as nossas atividades de produção, testes, pesquisas e desenvolvimento tiveram seu ritmo reduzido em função das rígidas medidas de proteção e restrições sanitárias adotadas, e que continuam a ser aperfeiçoadas, tais como a adaptação dos ambulatórios das fábricas, o cuidadoso transporte e monitoramento dos funcionários, além da ampla adoção de procedimentos de distanciamento social, uso de equipamentos de proteção e limpeza individuais, e de higienização de maquinários e ambientes.

Recentemente, a ANFAVEA aderiu ao projeto “Unidos Pela Vacina”, que tem como objetivo vacinar todos os brasileiros até setembro, através de medidas de facilitação logística e de comunicação entre o setor privado, sociedade civil e setor público, com doações de produtos e serviços.

A exemplo do que foi feito de forma preventiva desde o início da pandemia, a indústria automotiva brasileira continuará ativamente contribuindo com as autoridades para proteger seus funcionários, suas famílias e suas comunidades. Em paralelo, atuará intensamente para a preservação da saúde financeira das empresas, de forma que após o controle da pandemia seja possível voltar a crescer, gerar riquezas e mais empregos para nosso país.

A Bahia manteve a alta no número de mortes por covid-19, que vem ocorrendo desde o final de fevereiro, e registrou 143 óbitos nesta sexta (19). Esse é o segundo maior número de mortes registrado na Bahia desde o começo da pandemia, superando os números de 26 de fevereiro (137), e que até ontem (quinta) era o maior do estado.

Ou seja, nesta semana, a Bahia teve quatro dos cinco dias com mais mortes no estado desde o começo da pandemia. Além dos 143 desta sexta, foram registrados 153 mortes na quinta (18), novo recorde de toda a pandemia, 130 na quarta (17) e 118 na terça (16), quarto e quinto maiores números de mortes da pandemia no estado.

Além disso, a Bahia registrou 4.448 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,6%), em 24h, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), no final da tarde desta sexta. No mesmo período, 4.073 pacientes foram considerados curados da doença (+0,6%).

Apesar das 143 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta sexta. E demonstram o crescimento de casos graves, o que tem ampliado a taxa de ocupação nas UTIs. No começo da noite desta sexta, a taxa de ocupação de leitos de UTIs para adultos é de 85%. Das 143 mortes, 141 ocorreram em 2021.

Se analisados apenas os boletins divulgados nesta semana, entre segunda-feira (15) e esta sexta (19), é possível afirmar que pelo menos 180 pessoas morreram na Bahia por covid entre segunda e hoje, número que tende a aumentar com as atualizações dos dados da Sesab.

De acordo com o órgão estadual, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se à sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19.

Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

O número total de óbitos por Covid-19 na Bahia desde o início da pandemia é de 13.885, representando uma letalidade de 1,82%. Dos 762.616 casos confirmados desde o início da pandemia, 730.577 já são considerados recuperados, 18.154 encontram-se ativos. Na Bahia, 44.706 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Situação da regulação de Covid-19
Às 15h desta sexta-feira, 379 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 167 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

A prefeitura de Salvador anunciou que as medidas restritivas já em curso em nove dos 13 municípios da Região Metropolitana serão prorrogadas até o dia 29 de março. De acordo com a prefeitura da capital, a decisão é mais um esforço para diminuir a transmissão da Covid-19 e a taxa de ocupação de leitos de UTI em Salvador – que está em 85%.

Com isso, segue tudo como está. O funcionamento dos serviços considerados não essenciais continua suspenso até as 5h do dia 29. A decisão conjunta foi tomada em reunião virtual realizada nesta sexta-feira (19), com as presenças do prefeito Bruno Reis, do governador Rui Costa e de gestores das cidades da Região Metropolitana (RMS).

O Governo do Estado ainda não confirmou se Itaparica, Vera Cruz, Pojuca e Mata de São João, que desde segunda (15) estão foram do lockdown parcial voltam ou não para as medidas restritivas.

Além disso, o Governo do Estado decretará a antecipação do toque de recolher, de 20h para 18h, a partir de segunda (22) até o dia 29. Nesse mesmo período, está proibida também a venda de produtos não essenciais, a exemplo de eletrodomésticos e vestuário, em hipermercados e atacadistas. Só será permitida a venda de itens de alimentação e limpeza. Dessa forma, assim como as bebidas alcoólicas no fim de semana, a seção deverá ter o acesso fechado ao público. De acordo com o governador Rui Costa, as medidas do toque de recolher e dos itens essenciais vale para todo o estado.

O prefeito Bruno Reis comentou as novas medidas, que, segundo ele, visam ampliar ainda mais o isolamento social. “Os números ainda estão elevadíssimos. Salvador amanheceu com o número de 114 pessoas aguardando leitos, sendo que 62 de UTI. Infelizmente, em março, já passamos de 400 mortes por conta da Covid na cidade. O momento, diante de toda a gravidade que estamos enfrentando, não restava um outro caminho do que adotar essas medidas para que a gente possa seguir vencendo essa batalha contra o coronavírus em nossa cidade”, disse o gestor.

O que pode e o que não pode

Podem funcionar: locais que comercializam gêneros alimentícios, remédios, serviços de saúde e de utilidade pública indispensáveis. Dessa forma, supermercados, incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente; panificadoras; delicatessens e açougues, além de farmácias, drogarias, agências bancárias, lotéricas, oficinas mecânicas, materiais de construção e serviços públicos considerados essenciais.

Restaurantes e delivery

Também está permitido o funcionamento estabelecimentos comerciais como restaurantes, bares e congêneres em regime de delivery (operação que pode ocorrer até meia-noite), inclusive no sistema de retirada de produtos no local (que pode ocorrer até 18h como estipula o toque de recolher em vigor), desde que mantidas as portas fechadas ao público.

Serviços de saúde

Além disso, seguem autorizados a funcionar, os serviços de saúde (incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente), hospital dia, serviços de imagem radiológica, bem como atendimentos de tratamentos contínuos a exemplo de oncologia, hemoterapia e hemodiálise.

A regra também vale para laboratórios de análises clínicas – incluindo aqueles situados em shopping centers, desde que possuam entrada independente; estabelecimentos que forneçam insumos hospitalares; clínicas veterinárias e pets shops (à exceção do serviço de banho e tosa, que só poderão ser realizados por meio de serviço de delivery); postos de combustíveis; e centrais de telecomunicações (call centers) que operem em regime de 24h.

Escolas

Enquanto as medidas mais duras para frear o avanço da Covid-19 estiverem em vigor, as escolas podem abrir exclusivamente para utilização das instalações com a finalidade de gravação e transmissão de aulas virtuais, observado o protocolo geral para funcionamento das atividades.

Drive-thru

Já shopping centers, centros comerciais e demais estabelecimentos correlatos, estão autorizados a funcionar pelo modelo drive-thru, das 10h às 18h, desde que submetido à aprovação da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e às demais regras da legislação municipal. As normas para o funcionamento desse sistema estabelecem uso obrigatório de máscara e de protetor facial (face shield) para os funcionários responsáveis pelas entregas. O acesso será apenas por carro, sem possibilidade de os clientes saírem dos veículos ou entrarem no espaço interior do empreendimento.

As vendas deverão acontecer, exclusivamente, através de canais on-line (WhatsApp, aplicativos ou através do site do lojista/empreendimento). O pagamento deverá ser realizado previamente, caso não seja possível, através de cartão de crédito, débito ou similar. As estações de entrega deverão ser identificadas e com distância mínima de 3m entre elas, sem mais de um funcionário em cada estação de entrega.

Deve haver acesso exclusivo do estacionamento para carros nessa modalidade drive-thru, com catraca aberta ou acionamento automatizado e sem cobrança de estacionamento. As estações de entrega deverão ser higienizadas sempre antes do uso e ao encerramento das atividades e possuir dispensadores de álcool em gel. Todos os produtos deverão, obrigatoriamente, ser higienizados antes da entrega aos clientes.

Demais medidas

De acordo com o decreto estadual que trata do toque de recolher, está restrita a locomoção noturna da população em equipamentos, locais e praças públicas, permitindo apenas deslocamento para ida a serviços de saúde ou farmácia, para compra de medicamentos, ou situações em que fique comprovada a urgência. A regra não se aplica aos servidores, funcionários e colaboradores, no desempenho de suas funções, que atuam nas unidades públicas ou privadas de saúde e segurança.

A prática de qualquer atividades esportivas coletivas amadoras segue suspensa até 1º de abril, sendo permitidas as práticas individuais, desde que não gerem aglomerações. Também não poderão ocorrer até lá eventos e atividades, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados, que envolvam aglomeração de pessoas, tais como: cerimônias de casamento, eventos recreativos em logradouros públicos ou privados, circos, eventos científicos, solenidades de formatura, passeatas e afins, bem como aulas em academias de dança e ginástica.

Os atos religiosos litúrgicos poderão ocorrer, respeitados os protocolos sanitários estabelecidos, especialmente o distanciamento social adequado e o uso de máscaras, bem como com capacidade máxima de lotação de 30%.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) obteve na noite desta quinta-feira (18) a decisão judicial que suspende a demissão dos trabalhadores que atuavam na fábrica da Ford, em Camaçari, em cargos de liderança e supervisão. A liminar foi concedida em ação cautelar movida pelo órgão esta semana após tomar conhecimento de e-mails enviados a alguns empregados informando a data de hoje para assinatura de um termo de desligamento, sem prévia negociação.

Em decisão anterior, obtida também em ação do MPT, a empresa estava proibida de demitir empregados de sua fábrica no município de Camaçari, na Bahia, até que sejam negociadas condições coletivas.

A nova liminar foi concedida pelo juiz Alexei Malaquias de Almeida, substituto da 3ª Vara do Trabalho de Camaçari.

As demissões também afetam as empresas que fornecem insumos para a montadora e estão instaladas no complexo industrial no município baiano. Apenas as empresas fornecedoras de insumos que se situam fora da planta não são afetadas pela decisão. Como houve clara intenção de descumprir a liminar anterior, o Judiciário também determinou o aumento do valor da multa para o caso de descumprimento, que passou a ser de R$5 milhões, acrescido de R$250 mil por cada trabalhador atingido.

A intenção de desligar supervisores e líderes, que são considerados pela empresa como ocupantes de funções de confiança, chegou ao conhecimento do MPT no início desta semana, depois que alguns funcionários receberam e-mails com orientações para assinatura de termo de desligamento sem possibilidade de negociação, nem coletiva nem individual.

“Detectamos uma clara movimentação no sentido de dividir a base de trabalhadores, impondo individualmente a alguns empregados condições para o desligamento sem participação e sem o conhecimento do sindicato. Agimos rápido e contamos com a sensibilidade do Judiciários para evitar um dano maior a toda a coletividade”, afirmou a procuradora Flávia Vilas Boas, do MPT na Bahia.

Os primeiros e-mails a que o MPT teve aceso foram enviados para supervisores na terça-feira (16), agendando para esta sexta (19) a assinatura do termo de desligamento. No comunicado, não havia nenhuma menção à possibilidade de negociação dos termos do desligamento.

Na quarta-feira (17), a procuradora Flávia Vilas Boas realizou audiência para apurar os fatos e identificou a clara intenção de descumprimento da liminar. Imediatamente, ajuizou ação cautelar na 3ª Vara de Camaçari, que foi apreciada ainda ontem e teve a decisão publicada por volta das 21h. Com a nova liminar, as dispensas continuam suspensas, mas o valor da multa por descumprimento foi elevado, como forma de sinalizar para a montadora a necessidade de cumprimento das decisões judiciais.

O juiz Leonardo de Moura Landulfo Jorge já havia atendido ao pedido do MPT e concedido liminar no dia 3 de fevereiro determinando a interrupção das demissões em massa na planta de Camaçari enquanto não for concluída a negociação coletiva com o sindicato.

A Ford chegou a recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, que manteve a determinação de condicionar as dispensas ao fechamento de acordo coletivo de trabalho. Outra liminar, referente à planta de Taubaté-SP, também garante a negociação prévia, além de indispor bens como garantia para quitação dos contratos de trabalho.

No início deste mês, em conciliação dentro do processo de dissídio coletivo no TRT da Bahia, a empresa também se comprometeu a manter os contratos de trabalho enquanto negocia com os trabalhadores.

O presidente Jair Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal para derrubar os decretos que instauraram o chamado "lockdown parcial" na Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. As medidas foram adotadas para diminuir o contágio e mortes causadas pela covid-19.

No entendimento do presidente, o fechamento de atividades não essenciais durante a pandemia só pode ocorrer através de uma lei aprovada pelo Legislativo, e não por decretos de governadores. As informações são do G1.

A ação pede que o STF “estabeleça que, mesmo em casos de necessidade sanitária comprovada, medidas de fechamento de serviços não essenciais exigem respaldo legal e devem preservar o mínimo de autonomia econômica das pessoas, possibilitando a subsistência pessoal e familiar”.

Bolsonaro já tinha adiantado que entraria com a ação em sua live semanal na noite desta quinta-feira (18). O presidente disse na ocasião que estava recorrendo ao STF para acabar com "abusos" e que, na visão dele, os governadores impuseram "estado de sítio".

"Bem, entramos com uma ação hoje [quinta]. Ação direta de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal exatamente buscando conter esses abusos. Entre eles, o mais importante, é que a nossa ação foi contra decreto de três governadores", disse o presidente.

Segundo ação, não há previsão na lei para que esse tipo de decreto seja editado por governadores.

“A despeito da naturalidade com a qual esses atos têm sido expedidos, é fora de dúvida que não há, em parte alguma da Lei no 13.979/2020, previsão genérica que delegue competência a instâncias executivas locais para isso", argumenta o governo.

Após a prefeitura de São Paulo antecipar cinco feriados nessa quinta-feira (18), é provável que isso aconteça também aqui em Salvador. O prefeito Bruno Reis (DEM) estuda adiantar pelo menos quatro feriados da capital baiana para conter a circulação de pessoas e, consequentemente, a disseminação do novo coronavírus.

Seriam eles o feriado de 3 de junho (Corpus Christi), 24 de junho (São João), 2 de julho (Independência da Bahia) e 8 de dezembro (Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira de Salvador). No ano passado, o então prefeito ACM Neto e o governador Rui Costa também anteciparam os feriados, no mês de maio, em uma tentativa de frear o avanço do coronavírus em Salvador e na Bahia.

Segundo o prefeito, a antecipação das datas comemorativas está condicionada à prorrogação ou não das medidas restritivas em Salvador por mais sete dias. “Poderíamos antecipar esses quatro feriados. Estão descartadas essas antecipações? Não. Mas, pelo menos pra essa semana nós não vislumbramos isso. Se, muito provavelmente essas medidas tiverem que ser prorrogadas por um período maior, a tendência é que haja antecipações de feriados. Se não for necessário essas medidas foram um tempo maior do que uma semana, talvez não seja necessária a antecipação. Nós vamos discutir isso na reunião de hoje à tarde”, explica Reis.

O prefeito tem uma reunião com outros prefeitos da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), para discutir a prorrogação ou não das medidas restritivas. Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (19), Bruno Reis defendeu a prorrogação em Salvador, mas disse que a decisão será tomada em conjunto.

Para o estudante intercambista colombiano, Juan Pablo Gómez, 18 anos, não pode faltar ovo nas refeições diárias. Quando chegou em Salvador, em março de 2020, o jovem comprava uma placa com 30 ovos por R$ 9, mas, agora, o mesmo item sai por R$ 16. O preço aumentou, apesar da produção de ovos da Bahia ter crescido em 31% no ano passado na comparação com 2019, segundo as Pesquisas Trimestrais da Produção Pecuária referentes ao ano de 2020, divulgadas na quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo aponta que foram produzidas 58,3 milhões de dúzias de ovos no estado em 2020. Com o resultado, a Bahia atingiu recorde de produção em 19 anos, quando foi iniciada a série histórica do IBGE.

O avanço de 31% na produção do alimento ocorreu após dois anos seguidos em queda e foi o maior crescimento percentual da série. Com um aumento absoluto de 13,7 milhões de dúzias em um ano, a Bahia foi o terceiro estado mais intenso entre os produtores, em 2020.

Dono da Avícola do Vale, Jackson Rodrigues dobrou a produção de ovos entre 2020 e janeiro de 2021, passando de uma fabricação diária de 100 mil ovos para 200 mil. O empreendedor percebeu o aumento na demanda pelo alimento no ano passado.

“Os granjeiros expandiram a produção porque teve mais consumo nacional. Como somos uma granja nova, a expansão já era planejada, mas também sentimos que existia uma procura maior pelos produtos”, explica Jackson.

Preços mais altos
Mesmo com o aumento da demanda, a situação não é das melhores para os granjeiros, garante o dono da Avícola do Vale. De acordo com ele, os custos de produção têm encarecido bastante sob a influência da alta do dólar. A partir do 3º trimestre de 2020, Jackson percebeu um crescimento de 100% no preço da soja, de 80% no valor do milho e de mais de 80% no custo das embalagens - todos insumos necessários para a granja.

“Nossa moeda está desvalorizada, então, estão vendendo os itens para o exterior e o preço vai lá pra cima. Com isso, temos retraído a produção para tentar sobreviver”, explica Jackson.

O problema, de acordo com ele, é a dificuldade para repassar os custos para o consumidor. No meio do ano passado, o granjeiro vendia uma placa de 30 ovos no atacado de R$ 9,50 a R$ 10. Atualmente, o item é comercializado por R$ 12 a R$ 12,50. Entretanto, o dono da avícola pontua que a placa deveria ser vendida no atacado por R$ 14 para cobrir os custos de produção.

Proprietário da granja Ovos Caipiras, em Feira de Santana, José Oliveira explica que o ovo tem uma característica diferente de outros alimentos porque sofre uma interferência em seu preço que praticamente é semanal. Ele explica que, entre março e maio de 2020, no início da pandemia, o preço subiu bastante porque a oferta não dava conta da demanda: muitas pessoas foram ao mercado de vez e tentavam estocar para evitar muitas saídas de casa.

“Depois disso, entrou em estabilidade porque a produção estava em alta. Aí despencou o preço. Mas, ao mesmo tempo, os insumos, por conta do dólar, subiram demais. Está insustentável. Muitos granjeiros estão fechando”, avisa José, que produz cerca de 200 mil ovos por dia.

Há uma expectativa no setor de que uma eventual aprovação do novo Auxílio Emergencial aqueça o mercado novamente. Também há a torcida para que bares, restaurantes e similares - grandes consumidores de ovos - possam voltar a operar com normalidade.

Reajustes
Se os clientes já reclamam do preço da placa do produto, as críticas só devem aumentar com novos reajustes. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, o preço ao consumidor do ovo subiu 5,71% em 2020 na Região Metropolitana de Salvador. Em 2019, o reajuste tinha sido de 1,91%. Para esse ano, os valores ficaram ainda mais caros. De acordo com o instituto, no acumulado de janeiro e fevereiro, o ovo de galinha registrou alta de 4,15% na RMS.

As Pesquisas Trimestrais da Pecuária para o ano de 2020 apontam ainda que a produção brasileira de ovos de galinha foi de 4 bilhões de dúzias em 2020 - 3% maior que a de 2019. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado pelo aumento do consumo do produto em meio à recessão instaurada por conta da pandemia, por se tratar de uma proteína de valor mais acessível em comparação às carnes.

Responsável por 28,9% do total, São Paulo é o líder na produção nacional de ovos de galinha. A Bahia respondeu, em 2020, por 1,5% do total, frente a 1,2% em 2019.

Outros índices:

Frango
Assim como a produção de ovos, o abate de frango na Bahia avançou em 2020 na comparação com 2019 ao registrar um aumento de 6,6%, o que fez com que o estado chegasse a um novo recorde histórico desde 2006. No ano passado, foram abatidos 127.239 milhões de animais - 7.910 milhões a mais do que no ano anterior. Esse foi o sexto crescimento anual consecutivo no abate de frangos na Bahia.

No Brasil, 2020 também foi ano de recorde no abate de frangos. Foram abatidos quase 6 bilhões de animais - 3,3% a mais do que em 2019 (mais 190,8 milhões de cabeças). O abate cresceu em 14 das 19 unidades da Federação com resultados para essa atividade no ano passado. A produção baiana representou 2,1% do total, mantendo-se estável em relação a 2019.

O IBGE pontua que o frango é uma carne com valor mais acessível do que as demais e, como não teve destaque na pauta de exportações em 2020, é possível considerar que boa parte do aumento no abate foi destinado ao consumo interno.

Leite
Em 2020, a aquisição de leite apresentou o 4º aumento consecutivo (+22,3%) e chegou a 564.512 milhões de litros de leite adquiridos pelos estabelecimentos de laticínios sob algum tipo de inspeção sanitária no estado, cerca de 103 milhões de litros a mais que em 2019 e o patamar mais alto em 23 anos.

Nacionalmente, os laticínios sob serviço de inspeção sanitária captaram 25.5 bilhões de litros em 2020 - um aumento de 2,1% em relação a 2019. Houve aumento no volume captado em 14 das 26 unidades da Federação participantes da pesquisa.

No ano passado, a Bahia respondeu por 2,2% de todo o leite adquirido no país, aumentando mais um pouco sua participação nessa produção nacional, que era de 1,8% em 2019.

Bovinos
Em 2020, foram abatidos 958.899 bovinos na Bahia. O resultado representa uma queda de 19,8% em relação a 2019, o maior recuo da série histórica do IBGE, iniciada em 1997. No ano passado, foram abatidas 237.151 cabeças de gado a menos ante 2019.

Foi também a maior queda percentual entre todos os 24 estados com informações sobre abate de bovinos no ano passado. Em 2020, a Bahia ficou com 3,2% de participação no ranking do abate de bovinos, abaixo da verificada em 2019 (3,7%).

Na Bahia, o resultado do abate bovino, em 2020, foi a primeira retração após três anos de variações positivas, o que resultou no menor número de animais abatidos em 14 anos, desde 2006.

No país, em 2020, foram abatidas 29,7 milhões de cabeças de bovinos em estabelecimentos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Foi registrada uma queda de 8,5% em relação a 2019, após três anos de crescimento.

Segundo o IBGE, ocorreu o ciclo de alta na bovinocultura em 2020. O preço da arroba subiu e o bezerro, um dos principais insumos de produção, estava escasso e valorizado, o que levou os criadores a deixar de abater as fêmeas, poupando-as para a criação de bezerros.

Suínos
O abate de suínos teve retração de 0,8% na Bahia em 2020 ante 2019. No ano passado, foram abatidos 141.740 animais, 1.170 a menos do que no ano anterior, quando o estado registrou recorde na atividade desde o início da série histórica do IBGE em 1997.

No Brasil, foram abatidas 49.3 milhões de cabeças de suínos em 2020, um recorde nacional, com aumento de 6,4% em relação a 2019. Desde 2005, ocorrem altas ininterruptas do abate de suínos no país. A Bahia representou apenas 0,3% do abate nacional em 2020, mesmo percentual de 2019.

A fila de espera por leitos de Unidade de Terapia Intensiva na Bahia não diminui e o tempo de espera tem sido cada vez maior. Se, na primeira onda da pandemia o aguardo durava entre 12 e 18 horas; agora, a média passou a ser até 48h, diz a subsecretária de saúde da Bahia, Tereza Paim. Em Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), um paciente morreu, nesta quinta-feira, 18, após 9 dias esperando leito de UTI. Segundo a Sesab, nessa segunda onda já ocorreu de, em um único dia, 24 pessoas morrerem na expectativa de uma vaga. A média de mortes no aguardo por atendimento especializado era de seis por mês, na primeira onda.

Em Rio de Contas, no Centro-Sul do estado, a paciente Eva Rosa de Jesus, 68 anos, esperou sete dias por uma vaga de UTI no centro de covid da cidade. A idosa tinha obesidade e cardiopatia. Também tomava remédios para a depressão. Deixou uma filha e dois netos. Entre os 24 mortos na fila contabilizados pela Sesab no espaço de 24 horas, havia pacientes com outras doenças além da covid-19.

“Por desconhecimento, algumas pessoas procuram o serviço de saúde mais tarde e muitas vezes chegam em franca insuficiência respiratória. Eles não conseguem aguardar esse momento de acolhimento no próprio pronto-atendimento ou intra-hospitalar”, explicou Tereza Paim ao Jornal da Manhã de quinta-feira, 18.

A subsecretária informou ainda que há um protocolo para inserção dos pacientes nos leitos. A Central Estadual de Regulação define, junto com o médico assistente, a prioridade, ou seja, quem é o paciente mais grave e elegível. Às vezes, é um paciente idoso, mas está melhor que um jovem com um quadro tão grave que não vai conseguir sobreviver. “Todos os dias, em todas as unidades e todos os leitos de UTI, as pessoas e os profissionais têm de fazer escolhas. E pacientes muito graves, às vezes, não conseguem chegar ao êxito”, explicou.

O CORREIO entrou com um pedido, ontem, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), para saber quantas pessoas já morreram, ao todo, no estado, esperando UTI. A Sesab explicou que “existem diversas variáveis que podem influenciar o dado, uma vez que a doença pode evoluir de forma muito rápida no paciente. Às vezes, sequer dá tempo de o profissional fazer a avaliação completa, dar o diagnóstico e devidos encaminhamentos”, diz a nota.

Na manhã de quinta-feira, 18, a Bahia tinha 446 doentes de covid-19 na fila por UTI. Outros 177 pedidos eram para leitos clínicos de adultos. O maior número foi registrado na última sexta-feira (12), quando 513 solicitações para internamento de UTI chegaram à Central Estadual de Regulação. São, ao todo, 2.861 leitos ativos, entre UTI e clínicos. O número máximo foi alcançado em agosto de 2020, época em que a Bahia dispunha de 2.923 leitos, de UTI e clínicos. A secretaria disse que o número de UTI foi superado em relação a agosto, já os leitos clínicos não houve ainda a necessidade de expandir para a quantidade anterior, pois a ocupação está abaixo de 70%

Já a taxa de ocupação somente para a UTI adulto chegou a 86%. A região do estado com a maior taxa é o Sul, com 92%. A menor é no Centro-norte, com 57%. Os dados são da Sesab e organizados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) - veja em detalhes no final da matéria. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a Bahia conta com 4.588 respiradores e ventiladores. Destes, 3.893 na rede do Sistema Únido de Saúde (SUS).

Filhas perdem mães por falta de leito
Maria Rosa Novais, 36, filha de Eva Rosa de Jesus, conta que a mãe morreu em 3 de março. Após colocar marca-passo, em dezembro passado, ela começou a ter constantes episódios de falta de ar e cansaço. Foi duas vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio de Contas, onde fez exames e recebeu medicamentos.

No processo, foi descoberto um cisto no rim e gordura no fígado. Com a piora do quadro, Maria levou a mãe ao hospital e ela fez dois testes de covid-19: o de sangue deu negativo e o RT-PCR positivo. Ela foi então transferida para o centro de covid para aguardar o leito de UTI. “Todos os dias o médico falava que ela precisava de UTI, que a situação era grave e que ela tinha que fazer exames. Ela não teve melhora nenhuma do primeiro dia ao último”, conta a filha.

Maria Rosa ficou no centro de covid os sete dias que a mãe recebeu o atendimento. “Foi muito difícil, fiz tudo por amor. Eu vi que ela não estava bem desde o dia que cheguei. Só sei que pela espera de um leito de UTI eu perdi minha mãe e é algo muito triste, porque a gente vem naquela esperança, todo dia chegava um médico dizendo ‘estamos correndo atrás’, e ela só piorando. A gente se sente culpada, sente aquele aperto no coração, mas tudo é pela vontade de Deus”, diz ela.

Outra mulher, também de nome Rosa, faleceu em 28 de fevereiro na fila da regulação para um leito de UTI. Ela tinha 76 anos, era hipertensa, diabética e depressiva há 9 anos. Após três dias à espera de transferência, Maria Rosa Brito morreu, na UPA de Ribeira do Pombal.

“É um sentimento de impotência, da gente querer fazer alguma coisa e não conseguir. As UPAs tinham mais de 190 pessoas na frente, esperando regulação. Essas coisas a gente vê nos jornais e acha que não vai acontecer com a gente”, conta a professora Joelma Brito, 51, filha da paciente. Antes disso, a idosa tinha ido ao hospital da cidade, após parada cardíaca. Quando os médicos testaram para covid-19 e deu positivo, ela teve que sair de lá e esperar a vaga de UTI na UPA.

“Foi um sofrimento muito grande, infelizmente, ela não resistiu e não deu tempo de ser transferida. Foi muito doloroso ver uma pessoa morrendo, aos poucos, precisando de oxigênio, de um melhor atendimento, e nós não termos conseguido”, acrescenta.

Maria Rosa Brito deixa, além de Joelma, dois filhos e dois netos. Após ter testado positivo para a covid-19, ela também contaminou alguns dos filhos. “Quando ela morreu, já estava constatado que minha família estava contaminada, então nem velório teve direito, a gente não pôde se despedir direito, abraçar os irmãos, ficou cada um chorando sua dor no seu canto”, descreve Joelma.

Atualmente, são 6 pacientes de Ribeira do Pombal que aguardam regulação, quatro para leitos de UTI e dois para enfermaria. Há mais de três dias que eles aguardam a vaga. “Normalmente, a gente conseguia uma transferência em 24 horas, mas esses últimos dias, está demorando três a quatro dias. A gente está tendo uma dificuldade muito grande de transferência, o que antes a gente conseguia com tranquilidade”, conta a secretária de saúde da cidade, Lakcelma Costa.

Em Itaberaba, 9 pessoas aguardam leitos de UTI ou de enfermaria atualmente. Em Mata de São Joao são seis esperando vaga de UTI e três para enfermaria. Em Anguera, Cachoeira e Santa Cruz Cabrália, um paciente morreu nesse aguardo.

Colapso do sistema
O governador Rui Costa (PT), afirmou em entrevista ao BA TV, na noite de quarta-feira, 17, que acredita que o sistema de saúde baiano já está em colapso porque, na visão dele, uma demora de 24 horas ou mais para regular um paciente para leito hospitalar já indicaria a sobrecarga.

Para a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), Adielma Nazarela, apesar de não haver um medidor preciso, já se pode sim afirmar que um colapso do sistema de saúde. “Se um sistema tem mais demanda do que ele consegue absorver, ele é um sistema que, por hora, está colapsado, porque está tendo uma falta de leitos de UTI. Mas é preciso se dizer que não está faltando assistência em Salvador. Nós não teremos o que aconteceu em Manaus, que as portas das UPAs ficaram fechadas”, enfatiza a médica.

Adielma Nazarela ainda acrescenta: “eu posso não conseguir atender de imediato o paciente que precisar, hoje, de UTI, mas, em mais ou menos 24 horas ele terá esse leito, é algo muito dinâmico. Do ponto de vista de leitos de UTI, a rede está saturada, mas, do ponto de vista da assistência, não tenho esse colapso, porque consigo atender todos os pacientes”.

A infectologista também pontua que, se um paciente morrer na fila da regulação, não quer dizer que ele morreu por falta de leito de UTI. “A falta de leito não é causa da morte do paciente, se o quadro é grave, ele morreria na UPA ou na UTI. Tudo que se oferta nos leitos de UTI de hospitais a gente é capaz de ofertar, nossa função é dar condições para que ele dê continuidade ao tratamento na UTI”, esclarece.

A diferença, segundo a médica, da estrutura de um gripário para uma UPA e uma UTI no hospital é a concentração de vários serviços e médicos especialistas em um só lugar. Ela ainda diz que sempre houve uma demanda grande e o tempo de espera, mesmo antes da pandemia, também era grande. Tenho 20 anos de formada e faz 20 anos que vivencio isso, não é uma realidade de agora. E você tinha um perfil específico de pacientes com prioridade, os acamados, neuropatas, por exemplo", afirma.

A média de regulação hoje em Salvador é de 24 a 36 horas. Antes, era de no máximo 12 horas. A movimentação nas UPAs também cresceu exponencialmente: agora são 400 pacientes por dia em cada uma das 17 unidades. Antes, a média era 250 por dia em cada pronto atendimento. Nas últimas 24 horas, a SMS registrou 204 solicitações de regulação. Desse total, 117 aguardavam leito clínico e 85, UTI.

Taxa de ocupação de leitos de covid-19 por região da Bahia (fonte: Sesab/SEI)
Centro-leste - 76% enfermaria e 82% de UTI
Centro-norte - 25% enfermaria e 57% UTI
Extremo-sul - 50% enfermaria e 75% UTI
Leste - 72% enfermaria e 86% UTI
Nordeste - 69% enfermaria e 88% UTI
Norte - 20% enfermaria e 84% UTI
Oeste - 51% enfermaria e 88% UTI
Sudoeste - 58% enfermaria e 91% UTI
Sul - 66% enfermaria e 92% UTI

Políticos e figuras públicas se manifestaram prestando condolências a Herzem Gusmão. Prefeito de Vitória da Conquista, Herzem morreu na noite desta quinta-feira (18), vítima de coronavírus. Foram mais de três meses lutando contra a doença desde que foi internado em Conquista até a sua transferência para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde faleceu aos 72 anos. O velório e o enterro do prefeito acontecem nesse sábado (20), em Vitória da Conquista.

O primeiro a ir a público foi o secretário de saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas. Recém recuperado do coronavírus, Vilas-Boas chegou a ficar internado em UTI e teve 95% do seu pulmão comprometido pela mesma doença que tirou a vida de Herzem.

Em sua conta do Twitter, o secretário escreveu prestou seus sentimentos ao povo de Vitória da Conquista e à família do Prefeito.

Prefeito de Salvador, Bruno Reis afirmou que Herzem Gusmão era "uma das grandes figuras públicas da nossa Bahia. É realmente uma grande perda porque ele era um líder que trazia esperança à população de Vitória da Conquista. Que Deus conforte a família e os amigos nesse momento de extrema dor".

Presidente nacional dos Democratas, ACM Neto escreveu que "infelizmente, a Covid segue interrompendo milhares de histórias em nosso país. Dessa vez, foi um grande amigo e parceiro político, o prefeito Herzem Gusmão. Tenho certeza que ele vai deixar muita saudade nas pessoas que, como eu, tiveram o privilégio de sua convivência". O ex-prefeito de Salvador publicou uma foto junto a Herzem Gusmão e prestou solidariedade aos familiares, amigos e à população de Vitória da Conquista.

Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Júnior lamentou o falecimento de Herzem, a quem chamou de seu amigo pessoal. "Lamentamos por essa precoce perda e que Deus nos ajude a superar esse difícil momento. Nosso abraço sentido na família, amigos e nos conquistenses", escreveu.

Secretário da saúde em Salvador, Leo Prates afirmou que Gusmão deixou um legado de alguém que sempre defendeu os interesses de sua terra, seja atuando no rádio ou na política.

Presidente estadual do Democratas, Paulo Azi emitiu comunicado à imprensa declarando uma imensa tristeza, principalmente levando em consideração o agravamento da pandemia no Brasil como um todo.

"Herzem deixa um legado de muito trabalho e dedicação por Conquista, mesmo antes de ser prefeito. Muito querido e carismático, sempre era muito firme em seus posicionamentos e ao defender seus ideais. É uma grande perda para sua querida Conquista, mas também para a Bahia. Meus sentimentos à família e aos amigos. Que Deus dê a ele o descanso eterno e conforte o coração de todos neste momento de dor", afirmou Azi.

Governador da Bahia, Rui Costa também foi a público lamentar o falecimento de Herzem. "Recebo com muita tristeza a notícia do falecimento de Herzem Gusmão, prefeito de Vitória da Conquista, uma das grandes cidades do nosso Estado. Na política, atuamos em campos opostos, mas procurando sempre cumprir a nossa missão", escrevou o Governador antes de prestar solidariedade a amigos e familiares do prefeito de Conquista.

A Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba) decretou luto oficial. Presidente da Casa, Adolfo Menezes afirmou que eles foram companheiros de Legislativo entre 2015 e 2018. Menezes definiu Herzem como um pessoa obstinada, com um grande senso de responsabilidade pela coisa pública, além de desejar que a agora prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, honre o legado deixado por seu antecessor.

O governo federal publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) a Medida Provisória 1.039, que recria o auxílio emergencial a vulneráveis. O benefício será pago a 45,6 milhões de brasileiros, em quatro parcelas com valores entre R$ 150 e R$ 375 cada. As regras são mais rigorosas e não haverá novo cadastro para quem eventualmente ficou de fora do programa em 2020, mas agora precisaria da ajuda.

Embora a MP tenha sido editada nesta quinta, 18, o governo já antecipou que os pagamentos devem começar apenas em abril.

Outras duas MPs liberam os valores necessários para bancar os benefícios. Uma traz um crédito extraordinário de R$ 42,575 bilhões para pagar o auxílio. Outra contém um crédito de extraordinário de R$ 394,56 milhões para bancar as despesas operacionais do auxílio e contratações temporárias relacionadas à viabilização do programa.

Os créditos extraordinários ficam fora do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. A emenda constitucional 109, antes conhecida como PEC emergencial, permitiu que até R$ 44 bilhões das despesas com o auxílio fiquem fora das regras fiscais, incluindo o teto.