Segundo especialistas, o fenômeno é comum nesta época do ano. “Nesse período de outono-inverno, já esperamos um aumento da procura por unidades de emergência por pacientes com sintomas virais; é época de umidade, menos calor. Mas outra coisa que precisamos levar em conta é a retomada das atividades e a flexibilização do uso de máscaras. Isso acaba favorecendo a circulação de vírus respiratórios através das secreções que transmitimos ao falar, tossir e espirrar”, diz a infectologista da Secretaria Municipal de Salvador (SMS), Adielma Nizarala.

“Parecia que ia ficar igual uva passa de tanta água que perdi”, “Tô me acabando pelo fundo igual balaio velho”, “Virei rei. Desde 3 da manhã indo ao trono”. Salvador vive um surto de virose e, como perrengue na Bahia vira logo motivo de piada, esses são alguns dos relatos publicados no Twitter por quem pegou a doença. Apesar da corrida para as emergências e farmácias, autoridades de saúde garantem que não há motivo para alarme.

“Estamos observando uma quantidade maior de pacientes em Salvador procurando as emergências e UPAs por conta de quadro intestinal com diarreia, náusea, vômito, dor abdominal e alguns com febre e sintomas respiratórios”, coloca a infectologista do Hospital Aliança Áurea Paste. A virose não é específica de Salvador, já há relatos de surtos também em cidades do Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Pará, por exemplo.

A estudante Alana Soares, de 22 anos, foi uma das infectadas. Ela diz que não chegou a procurar atendimento médico. “Eu tive ainda em abril. Passei o dia todo indo ao banheiro com diarreia e vômito. Aí veio logo um mal estar, uma fraqueza. Mas fui colocando iogurte, fruta e água de côco para dentro e melhorei. No dia seguinte, ainda fiquei com uma diarreia leve, mas, no terceiro dia, acordei como se nada tivesse acontecido”, lembra.

A farmacêutica Débora Almeida diz que, há cerca de uma semana, vem aumentando a procura por medicamentos para tratar viroses. “Tem muita demanda por probióticos e soro de reidratação oral, os clássicos para dor de barriga e vômito. E muitos colaboradores das farmácias estão apresentando esses sintomas também”, conta. Além desses, outros medicamentos procurados são os xaropes, para tosse, e pastilhas para garganta por conta de incômodo e rouquidão.

Que vírus é esse?

No Twitter, alguns relatos mencionaram que médicos deram o diagnóstico de rotavírus para quem apresentou como principal sintoma a diarreia. “Eu peguei e foi uma desgraça!!! Rotavírus segundo os médicos, e disse que tava um surto mesmo. Quando fui atendida vários estavam lá com o mesmo sintoma, terrível terrível”, trouxe uma das publicações. “Rapaz, a médica deu a ideia a minha mãe na emergência que era um surto de rotavírus, que tá todo mundo assim”, apontou outra.

A infectologista Adielma Nizarala explica que, mesmo com a diversidade de sintomas apresentados, é possível que o surto seja de apenas um vírus.

“Muitos vírus respiratórios podem provocar sintomas gastrointestinais também. E cada organismo vai receber o vírus de uma forma. Algumas pessoas podem evoluir de uma gripe para desconforto abdominal, outras podem ter só sintomas de gripe e outras só uma diarreia”, diz.

O infectologista Antônio Bandeira, coordenador do serviço de infectologia do Hospital Aeroporto, acredita que possam ser doenças diversas.

“Tem uma virose intestinal e uma respiratória espalhadas por aqui. 90% das amostras de doenças respiratórias estão dando vírus sincicial respiratório e rinovírus. A parte intestinal tem tido múltiplas causas, como norovírus, rotavírus e adenovírus”.

A infectologista Ceuci Nunes explica que a classificação geral de virose acontece porque a identificação específica da doença é muito difícil. “É complicado identificar porque são diversos e isso demanda metodologia de laboratório específica e complexa que não se faz com todos os pacientes que chegam no hospital. O que pode-se dizer é que é uma virose e que existem surtos desses vírus, principalmente, quando temos chuvas, frio e aglomerações”, coloca.

Há motivo para se preocupar?

Para Ceuci Nunes, o surto tem uma certa duração e deve ter fim sem causar grandes problemas ao sistema de saúde da cidade, já que essas viroses não apresentam gravidade. “É uma coisa sazonal, já espera-se um aumento desse tipo de caso nessa época. O alerta só é ligado se começarmos a perceber quadros incomuns. Com a covid, por exemplo, foi notado um quadro grave e isso chamou a atenção”, complementa Adielma Nizarala.

Viroses podem ser tratadas em casa e, apenas em casos graves, a emergência deve ser procurada

A infectologista diz ainda que não há motivo para a corrida às emergências. “A emergência deve ser procurada em casos graves, com dificuldade respiratória, febre persistente ou outro sintomas que, mesmo com medicamento, não melhoram. Essas doenças duram cerca de três a sete dias. Se passar disso, é motivo de alerta. Quanto aos sintomas gastrointestinais, o risco é a desidratação, que é muito rara, então a emergência deve ser buscada se houver diarreia e vômito por vários dias”, destaca.

A médica, que é infectologista da SMS, afirmou que não há comprometimento das emergências das unidades públicas de saúde em Salvador. Mauro Adam, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB), afirmou que o cenário é o mesmo em relação às unidades privadas.

Cuidado extra com as crianças

As irmãs Gabriela, de 9 anos, e Giovanna, de 13, são algumas das vítimas da virose em Salvador. A mãe, Stela Carvalhal, de 45 anos, conta que os sintomas começaram há cerca de três dias e persistem até hoje. “Depois de um resfriado leve, apareceram sintomas como mal estar, dor abdominal, falta de apetite, vômito e diarreia. Não está sendo nada tão grave, então não levei ao hospital”.

Segundo especialistas, as viroses são mais comuns nas crianças. A pediatra Ludmila Carneiro, coordenadora de Pediatria da Clínica de Saúde e Imagem (CSI), explica o que justifica isso. “Alguns vírus incidem mais sobre as crianças por elas estarem sempre brincando juntas, colocarem as mãos no chão e levarem as mãos e objetos à boca. Além disso, elas têm um organismo menos preparado para receber a virose do que os adultos”, diz.

A infectologista Áurea Paste afirma que cerca de 50% das demandas nas emergências pediátricas estão sendo por sintomas gastrointestinais. “O alerta principal para as crianças é se houver vômito por conta do risco de desidratação, já que dificulta a reposição de líquido. Se a criança estiver prostrada, sonolenta e não aceitando alimento ou líquido, deve, sim, procurar a emergência”, orienta.

A pediatra Ludmila Carneiro acrescenta que os pais não devem levar crianças infectadas às escolas. "Se a criança está apresentando sintomas de infecção, não deve ir à escola para não passar a doença para os colegas e professores, mas também porque o sistema imunológico dela está mais fragilizado, focado em combater os sintomas, então é importante que ela fique em casa para se recuperar", alerta.

Quais são os sintomas comuns das viroses?

Diarreia
Febre
Vômito
Enjoo
Falta de apetite
Dor muscular
Dor na barriga
Dor de cabeça
Secreção nasal
Tosse


Como as viroses são transmitidas?

As viroses respiratórias são transmitidas por gotículas da boca ou do nariz da pessoa infectada para a pessoa saudável. As viroses gastrointestinais também têm essa forma de transmissão, além da transmissão fecal-oral. Nos dois casos, podem ser transmitidas através de objetos ou alimentos contaminados.

Como prevenir viroses?

Como a maioria das viroses é transmitida por gotículas da boca ou do nariz a prevenção para essa doença se dá através de bons hábitos de higiene. Ou seja, lavar as mãos com água e sabão com frequência, higienizar alimentos e evitar o contato com pessoas doentes. Usar máscara é uma excelente opção e, inclusive, é obrigatória para pessoas já infectadas com sintomas respiratórios. Para as viroses com transmissão fecal-oral, inclui-se também a ingestão de água sempre tratada.

Peguei a virose. E agora?

É importante que a pessoa mantenha-se hidratada, ou seja, faça a ingestão de bastante líquido, mantenha alimentação leve e equilibrada e faça repouso. Caso os sintomas piorem, a pessoa apresente febre acima de 38,5ºC por mais de três dias, não consiga se alimentar direito, apresente sangue nas fezes ou tenha vômitos frequentes, é importante que o médico seja consultado para que seja iniciado o tratamento para combater a virose de forma mais eficaz.

A infectologista Ceuci Nunes lembra ainda que, em casos de sintomas respiratórios, principalmente, em pessoas não vacinadas, é importante fazer isolamento e um teste para covid-19.

 

Cerca de 80 representantes de municípios baianos participaram, de forma virtual, da reunião de monitoramento das arboviroses urbanas (dengue, zika e chikungunya), promovida pela Secretaria da Saúde da Bahia, nesta quarta-feira (4). Eles representam os 5 núcleos regionais de saúde e dos 17 municípios que hoje são considerados de alto e altíssimo risco para epidemia de dengue.

Os 17 municípios com coeficiente de incidência para dengue maior que 100 casos para cada 1000 habitantes ficam localizados nos núcleos de saúde Sudoeste, Sul, Oeste, Centro-Norte e Norte. São eles: Urandi, Floresta Azul, Coaraci, Potiraguá, Apuarema, Santa Cruz da Vitória, Mirangaba, Caatiba, Oliveira dos Brejinhos, Chorrochó, Remanso, Abaré, Caculé, Itajuípe, Caldeirão Grande, Érico Cardoso e Ipupiara. Outros 8 municípios estão em alerta do mesmo nível para chikungunya e 1 para zika.

A epidemiologista chefe da Coordenação de Doenças por Transmissão Vetorial, Sandra Oliveira, explicou que, entre as ações dos planos de contingência, os municípios precisam dar atenção especial para as devidas notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). É a partir destes dados que a Sesab norteia as ações de mapeamento para apoiar os municípios no combate às endemias.

Salas de monitoramento
Segundo a secretária Adélia Pinheiro, as salas de monitoramento dos municípios em alerta precisam de no mínimo três técnicos para fortalecer as ações como fiscalização de terrenos urbanos, mutirões de limpeza e fornecimento regular de água.

“É preciso inserir a população nas ações de combate a essas endemias com sensibilização e educação. Máquinas de UBV pesado devem ser a última medida a ser adotada, afinal os vetores de disseminação (o mosquito aedes aegypti) podem ser eliminados antes ainda de estarem na fase alada, que é quando transmitem o arbovírus”, explicou a secretária que, além de médica, também é doutora em saúde pública.

As arboviroses como dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana, são doenças epidêmicas transmitidas pela fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti. O crescente aumento no número de casos dessas arboviroses está diretamente associado à ampla disseminação das populações do Aedes aegypti. Por isso é tão importante a eliminação dos criadouros.

Entre as ações já tomadas pela Sesab para evitar que as endemias se tornem epidemias nos municípios estão a disponibilização de insumos como soro fisiológico, sais de reidratação oral, dipirona, paracetamol e aquisição de novas máquinas para aplicação de UBV costal.

Na área de qualificação de recursos humanos na assistência, foi disponibilizado material pedagógico para o treinamento de profissionais de saúde nas unidades de urgência e emergência.

“Os profissionais precisam estar preparados para fazer a identificação correta dos sintomas das doenças. Quando não tratada adequadamente, a dengue e chikungunya levam a óbito”, alertou a secretária Adélia Pinheiro.

 

Publicado em Saúde

Chuva e calor formam a dupla perfeita para a proliferação do Aedes Aegypti, conhecido como mosquito da dengue, mas que também provoca zika e chikungunya. Nesta época do ano, é até esperado pelas autoridades de vigilância epidemiológica um aumento dos casos das três doenças. A Bahia já tem aumento de 8,3%, 10 cidades em epidemia de dengue e 50 municípios em alto e altíssimo risco. Mas, na contramão do cenário estadual, Salvador registrou de 3 de janeiro a 23 de abril deste ano uma queda de 54% no número de arboviroses em relação ao mesmo período do ano passado.

Em 2021, foram 517 casos (299 de dengue, 179 de chikungunya e 39 de zika). Já em 2022, foram registrados 234 casos (163 de dengue, 59 de chikungunya e 12 de zika). Em relação às mortes por arboviroses, foram quatro óbitos por dengue e um por zika no ano passado. Este ano, apenas uma morte foi confirmada por dengue.

Em janeiro deste ano, Salvador registrou o menor dado do Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) dos últimos 16 anos. De acordo com a prefeitura, a capital apresentou em janeiro uma Infestação Predial (IIP) de 1,5%. Isso significa que a cada 100 imóveis visitados pelas equipes de saúde, menos de dois apresentaram focos do mosquito. Como o índice é medido a cada três meses, o próximo resultado será divulgado em maio.

A subcoordenadora de Ações de Controle das Arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Cristina Guimarães, lembra que a dinâmica do mosquito Aedes Aegypti sofre oscilações. Em 2019, por exemplo, Salvador passou por um surto de dengue e toda a Bahia teve um salto em um período de um ano de três para 40 óbitos pela doença.

Mas Cristina destaca a importância do papel de cada município e atribui a queda dos casos em Salvador também à permanência das ações de combate ao mosquito durante todo o ano. “O Centro de Controle de Zoonoses, através dos 1.500 agentes de combate às endemias, vem trabalhando durante todo o ano, então, no período em que se costuma ter aumento de casos, o trabalho é apenas intensificado. São ações em domicílios junto com campanhas educativas que vêm fazendo efeito”, diz a subcoordenadora.

Cristina pede que a população não dificulte a entrada dos agentes nos domicílios, mas ressalta que a CCZ não consegue contemplar todas as residências da cidade e, por isso, conta com o apoio dos cidadãos. “O ideal é que cada munícipe faça uma inspeção no seu domicílio uma vez por semana à procura de água parada”, orienta. A população também pode contribuir informando ao Canal Fala Salvador, através do telefone 156, locais de possíveis focos de mosquito.

Bahia tem aumento de 8,3% de casos
O surgimento de casos é esperado para esse período do ano, mas, na Bahia como um todo, os casos de janeiro a abril de 2022 já superam os do mesmo período de 2021. Até o dia 23 de abril, foram 24.579 casos notificados das três doenças este ano. No mesmo período do ano passado foram 22.684 casos, um aumento de 8,3%. Os dados são da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

“A gente já espera, na época de sazonalidade, um aumento de casos dessas doenças, mas a ideia é que sejam feitas ações para controlar o índice de infestação pela presença do vetor. Os diferentes números entre as regiões da Bahia são explicados pela incidência de chuva, mas também pelas ações de cada prefeitura em relação ao controle do mosquito”, diz a epidemiologista da Sesab, Sandra de Oliveira.

Em algumas cidades, houve uma disparada de casos. Em Itabuna, o aumento de 2021 para 2022 é de cerca de 200%. Segundo a secretária de saúde do município, Lívia Mendes, de janeiro a abril do ano passado foram 150 casos de dengue, zika e chikungunya registrados por lá; já este ano, são 466. A secretaria já considera que há um surto epidêmico na cidade.

As dez cidades em epidemia listadas pela Sesab são Urandi, Coaraci, Floresta Azul, Potiraguá, Apuarema, Mirangaba, Caatiba, Santa Cruz da Vitória, Remanso e Oliveira dos Brejinhos.

“A gente já tinha ações em andamento porque são doenças esperadas para essa época, mas agora estamos intensificando as atividades dos agentes no combate à água parada e as campanhas de conscientização da população”, diz a secretária de saúde.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia (Divep/Sesab) informou que está em alerta para situação epidêmica de dengue e chikungunya nas macrorregiões de saúde Sudoeste e Norte. Outras regiões que preocupam são: Sul, Centro-Norte e Oeste.

O virologista e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gúbio Soares, explica que a combinação de água e calor atua como uma incubadora para os óvulos do mosquito Aedes Aegypti.

“O mosquito deposita o óvulo na água parada e o calor faz com que os óvulos eclodam. Em três dias de água parada, as larvas já começam a ser liberadas e, em cinco dias, já há mosquito. E vale destacar que mesmo que a água seque, os óvulos podem ficar ali até cerca de um ano só esperando que ali encha de água novamente para eles eclodirem”, diz.

Dengue

A doença que mais preocupa agora na Bahia é a dengue, com os 10 municípios em estado de epidemia, 52 com médio risco, 33 municípios com alto risco e 17 com altíssimo risco para a doença.

Ao todo, foram 14.732 casos de dengue registrados em 271 municípios. A doença é a única das três arboviroses com registro de mortes; são quatro óbitos confirmados e 12 em investigação no estado. No ano passado, foram 14.509 casos no mesmo período (aumento de 1,5%).

Chikungunya

Em relação à chikungunya, já são 9.290 casos em 2022, um aumento de 19,6% em relação às notificações do mesmo período do ano passado, quando foram registrados 7.765 casos. No total, 193 municípios notificaram casos. No acumulado de 2022, 25 municípios apresentaram médio risco, 16 municípios apresentaram alto risco e 8 altíssimo risco para chikungunya. Não há registro de óbitos.

Os dez municípios com mais casos acumulados de chikungunya em 2022 são: Macarani, Itambé, Santa Cruz da Vitória, Brumado, Maiquinique, Coaraci, Feira da Mata, Caculé, Potiraguá e Serra do Ramalho.

Zika

Já os casos de zika também tiveram um incremento de 35,9%, com 557 notificações em 2022, contra 410 registradas no mesmo período de 2021. 69 municípios realizaram notificação para esse agravo. Os cinco municípios com mais casos acumulados em 2022 são: Caculé, Itambé, Malhada das Pedras, Potiraguá e Encruzilhada. Não há registro de óbitos.

A Sesab informou que a Divep está monitorando os possíveis surtos das arboviroses urbanas nas macrorregiões. Nos 10 municípios categorizados como de alto e altíssimo risco para as três arboviroses, a Sesab já autorizou a liberação do inseticida e UBV pesado, bem como tem providenciado manter o abastecimento de inseticidas nos núcleos regionais.

“Estamos realizando reuniões com os secretários de saúde e equipes dos Núcleos Regionais de Saúde e municipais para garantir o planejamento intersetorial das atividades de controle. A Sesab também realiza o monitoramento das Salas Municipais de Coordenação e Controle do Aedes aegypti para orientar sobre as ações de bloqueio vetorial”, explica a secretária estadual da Saúde, Adélia Pinheiro.

O que fazer para eliminar o mosquito
O principal meio de transmissão das três arboviroses, dengue, chikungunya e zika, é a picada de mosquitos Aedes Aegypti, os mesmos que transmitem a febre amarela.

Daí a importância dos cuidados em casa, uma vez que os mosquitos Aedes se proliferam em locais com água armazenada. Os principais focos de combate devem ser frascos plásticos, galões, pneus, vasos de plantas, recipientes de todos os tamanhos como tampinhas de garrafa ou mesmo sacolas plásticas, o ambiente perfeito para a fêmea depositar seus ovos.

Os primeiros cuidados que devemos ter para reduzir os locais de proliferação do mosquito e evitar as doenças são:

tampar lixeiras;
tampar tonéis e caixas d’água;
manter as calhas sempre limpas;
limpar ralos e colocar telas;
deixar garrafas e recipientes com a boca para baixo;
preencher os pratos de vasos de plantas com areia;
manter lonas para materiais de construção e piscinas sempre esticadas para não acumular água;
limpar com escova ou bucha os potes de água para animais.

Quais são os sintomas?

Dengue
O primeiro sintoma da Dengue é a febre alta, entre 39° e 40°C. Tem início repentino e geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira no corpo. Pode haver perda de peso, náuseas e vômitos.

Zika
Tem como principal sintoma o exantema (erupção na pele) com coceira, febre baixa (ou ausência de febre), olhos vermelhos sem secreção ou coceira, dor nas articulações, dor nos músculos e dor de cabeça. Normalmente os sintomas desaparecem após 3 a 7 dias.

Chikungunya
Apresenta sintomas como febre alta, dor muscular e nas articulações, dor de cabeça e exantema (erupção na pele). Os sinais costumam durar de 3 a 10 dias.

Alguns sintomas da dengue podem ser também sintomas de gripe e covid, são eles: febre, dor de cabeça, dor no corpo, cansaço e mal-estar. Mas alguns pontos podem ajudar a diferenciar os sintomas. O ponto chave é o quadro respiratório. Tosse, produção de escarro, dor no peito, falta de ar e alteração do olfato e paladar são sintomas apenas da Covid-19 ou gripe e não aparecem no quadro de dengue.

Por outro lado, há sinais característicos da doença causada pelo Aedes aegypti. Quando a pessoa apresenta manchas vermelhas na pele, dores nas articulações e problemas gastrointestinais, o paciente provavelmente está com dengue. Estes sintomas não são muito frequentes em pessoas infectadas pelo coronavírus, apesar de possíveis.

“Logo a qualquer sintoma compatível com as doenças, a pessoa deve procurar o serviço de saúde da rede pública ou privada do seu município. E é importante que o profissional de saúde encaminhe para diagnóstico laboratorial, faça a notificação do caso e preste as orientações necessárias”, orienta a epidemiologista da Sesab, Sandra de Oliveira.

Vacinas

Mesmo com pesquisas há décadas, ainda não há vacinas para a zika e chikungunya. Para a dengue, somente um imunizante está disponível no Brasil, mas apenas no mercado privado e com restrições de uso. O CORREIO procurou os principais laboratórios que aplicam vacina em Salvador e não encontrou nenhum que fornecesse vacina contra dengue.

A única vacina contra a dengue disponível no Brasil é a Dengvaxia (a primeira que teve registro no mundo), fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. O imunizante é vendido na rede privada na maior parte do Brasil e não está disponível no Programa Nacional de Imunizações, o PNI.

A vacina foi aprovada somente para pessoas entre 9 a 45 anos que moram em áreas endêmicas. Além disso, não é recomendada para quem nunca entrou em contato com o vírus da dengue. A vacina apresentou uma eficácia contra qualquer sorotipo da dengue de 65,6%. Se considerada a forma da dengue que leva à hospitalização, a eficácia verificada da vacina foi de 80,8%.

Outra vacina aguarda a aprovação da Anvisa desde o ano passado e, além disso, o Instituto Butantan está desenvolvendo - com parceria internacional - um imunizante do tipo, há mais de 10 anos.

Para o virologista Gúbio Soares, os estudos podem avançar a partir dos resultados obtidos com as vacinas contra covid-19.

“O que se espera é que a vacina para covid-19 abra portas porque tivemos aí uma nova tecnologia testada de RNA que deu certo e pode ser usada para produzir uma vacina só que cubra Zika, Dengue e Chikungunya, assim como a vacina da gripe é tríplice, com os três tipos de influenza. A expectativa é que, em menos de um ano, a gente já tenha essa vacina no mercado”, destaca.

O sonho empreendedor de um casal de médicos nasceu no final da década de 50, com a ideia de um hospital que atendesse de forma humanizada e com empatia, da mesma maneira que eles em seu antigo consultório. O tempo passou e nos anos 80, José e Norma Salvador transformaram o sonho em realidade com a abertura da primeira unidade Mater Dei, em Belo Horizonte. A partir de hoje, a capital baiana passa a contar com os serviços do grupo, no Hospital Mater Dei Salvador, que se soma a outras unidades do grupo instaladas além de Minas Gerais, em Goiás e no Pará.

Localizado na Vasco da Gama, o espaço foi inaugurado oficialmente ontem, com diversas autoridades, como o governador Rui Costa, o prefeito de Salvador Bruno Reis, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e outros convidados. O novo equipamento chega no mesmo momento em que Salvador consolida um novo vetor de crescimento econômico na área de saúde, como destacou o prefeito Bruno Reis. Os investimentos do setor privado na área passa da casa de R$ 1 bilhão, calculou o gestor municipal.

“Toda essa magnitude da obra que o Grupo Mater Dei trouxe para a capital vai gerar aqui 3,5 mil empregos diretos. Temos outros grandes hospitais sendo construídos, a exemplo do Star Aliança, que, sem dúvida, vai ser o melhor hospital do Norte Nordeste”, destacou o prefeito.

“A soma desses investimentos com a duplicação de operações, como a Cárdio Pulmonar e o São Rafael, estão consolidando Salvador como o principal polo do Norte Nordeste de serviços de qualidade de saúde”, disse.

Ainda de acordo com o prefeito, o segmento de saúde ainda ajuda a estimular o turismo, um dos principais setores econômicos da cidade. “Isso vale para toda cidade, em especial para idosos que querem morar onde tem oferta de serviço de qualidade, como também vai ajudar a estimular o turismo de saúde”, analisou. Pessoas que vem à Salvador em busca do serviço e trazem a família, passam o final de semana, consomem em bares, restaurantes, se hospedam em hotéis”, complementou.

A atração dos investimentos para Salvador que resultaram na instalação do novo hospital aconteceu ainda na gestão do então prefeito, ACM Neto, em 2019. Ele pontuou que na época não mediu esforços para liberar as licenças necessárias em tempo recorde de 40 dias.

“Eu era prefeito da nossa capital, quando recebi um telefonema de um amigo em comum, que foi colega em Brasília, pedindo para agendar um encontro com seu José Salvador. Na reunião, me surpreendeu que vários membros da família estavam presentes. Naquela conversa eu pude vislumbrar a importância desse investimento para a nossa cidade”, recordou.

Neto ressaltou ainda que o novo Mater Dei muda inteiramente o patamar dos serviços de saúde da rede particular de Salvador, além de contribuir para a transformação urbanística de toda essa região da cidade.

“É um dia histórico. O que a gente está vendo é um ciclo de investimentos no setor privado que nunca aconteceu na história da cidade. Salvador vai ser uma referência em termos de saúde particular do país, eu não tenho dúvidas, sobretudo, se consolidando como o maior polo de oferta no Norte Nordeste de serviço de qualidade na rede privada de saúde”.

O anfitrião, fundador da rede e presidente do conselho administrativo, José Salvador, agradeceu à Bahia por ter acreditado no projeto e na proposta de atendimento humanizado da Mater Dei. “Quando passamos dos 90 anos, ficamos cativos de nossas recordações. Nesse hospital serão geradas muitas memórias especiais. Muitas crianças vão nascer aqui. Para realizar obras relevantes como essa é preciso colocar em prática nossos sonhos altruístas”, destacou.

“Queremos nos inspirar em Santa Dulce, que é um exemplo de compaixão. Ela também gostava de construir hospitais”.

Estrutura
A estrutura do Mater Dei Salvador contempla quase 61,2 mil metros quadrados de área, distribuídos em 24 pavimentos, heliponto, 369 leitos (sendo 40 CTI adulto e 40 UTI pediátrica), 21 salas de cirurgias e obstétricas, mais medicina diagnóstica, pronto socorro adulto e infantil, oncologia. A unidade integra também um centro médico a 90 metros do hospital, com 62 consultórios.

Em seu discurso durante a solenidade, o presidente da Rede Mater Dei Saúde, Henrique Salvador lembrou que sua mãe, fundadora do grupo Norma Salvador é baiana, nascida em Feira de Santana. “É um momento único esse que a Mater Dei está passando. Um sonho alicerçado no movimento mais forte e poderoso que é o amor. A Bahia sempre nos deu muito, em especial, Dona Norma, minha mãe. Mulher, que saiu de Feira de Santana para estudar medicina. Ao trazer o Mater Dei para a Bahia estamos devolvendo todo esse amor que recebemos dela durante esse tempo”.

A chegada na Bahia inaugura uma nova fase do grupo, já que a unidade é o primeiro projeto greenfield (construído do zero) da instituição fora de Minas Gerais. Ainda em solo baiano, a rede adquiriu há poucos meses o Hospital Emec, em Feira de Santana.

“Recebemos todo apoio para trazer o que há de mais moderno em assistência de saúde no mundo. Avaliamos dezenas de terrenos e nos deparamos com essa oportunidade única no coração do Rio Vermelho. Não foi por um acaso que viemos para Salvador. Queremos ser referência para a cidade”, comentou.

O governador Rui Costa agradeceu a escolha da Bahia e convidou para uma parceria que estimule a formação de residências medicas no hospital. “Nós vivemos um momento de forte expansão, tanto da rede pública – com o maior investimento do Brasil – como da rede privada. A área de saúde é um dos setores que prestam serviços que mais geram empregos. Além disso, um grande desafio que o estado tem pela frente é o de aumentar a oferta de médicos especialistas. Com isso, vamos crescer o número de atendimentos tanto na rede pública quanto privada”.

Operação
Nesse primeiro momento o novo Mater Dei Salvador, abre as portas com uma equipe de 700 colaboradores, 200 médicos e uma capacidade de operação entre 80 a 100 leitos disponíveis, mais 10 salas cirúrgicas, metade do total. “Os outros postos de trabalhos serão gerados no processo de aumento da demanda do hospital. Nossa expectativa é que a operação da sua unidade em sua capacidade completa possa acontecer em 2 anos e meio a 3 anos”, explica o diretor geral do hospital, Marcelo Jorge Sonneborn.

Três cirurgias estão agendadas para o primeiro dia de funcionamento: um parto, ablação renal (procedimento para tratamento contra tumores renais) e prostatectomia (remoção de parte ou toda a próstata). “Isso demostra que está tudo pronto. Temos a certeza que conseguimos agregar um corpo clínico muito diferenciado e qualificado. Diferente do que chegaram a dizer, 100% da nossa equipe é daqui. Nossa expectativa em Salvador é a melhor possível”, completa o diretor.

A cidade do Rio de Janeiro revogou a exigência da comprovação de vacina contra a covid-19 para acesso e permanência em locais fechados, como academias de ginástica, piscinas, centros de treinamento, clubes, estádios, vilas olímpicas, cinemas, teatros, circos, salas de concerto, museus, recreação infantil, pontos turísticos e feiras comerciais. A determinação está no Decreto nº 50.672, publicado hoje (26) no Diário Oficial do Município.

A cobrança do passaporte vacinal foi anunciada em 27 de agosto do ano passado e passou a valer no dia 15 de setembro. Ontem (25), o Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 (CEEC) do município, conhecido como Comitê Científico, recomendou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) suspenda temporariamente a cobrança.

A norma publicada hoje revoga os decretos nº 49.894, de 1º de dezembro de 2021 e o artigo 1º, do Decreto Rio nº 50.308, de 7 de março de 2022, que estipulavam as restrições e determinavam que o passaporte deixaria de ser exigido apenas quando a cidade atingisse o índice de 70% da população maior de 18 anos vacinada com a dose de reforço.

O índice atingido no momento é de 62,4%, mas o decreto considera que a situação epidemiológica atual “aponta para a manutenção do cenário de estabilidade, com queda do número de casos leves, casos graves e óbitos” no município.

Situação epidemiológica
De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde, o registro de novos casos de covid-19 está abaixo de 100 na média móvel de sete dias desde o dia 7 de abril. Nas últimas 24 horas foram lançados no sistema 22 casos graves da doença e 12 óbitos. Na média móvel, o indicador de óbitos está abaixo de cinco casos desde março.

No momento, 10 pessoas estão internadas com a doença na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade, o que corresponde a 0,2% do total de internações.

Vacinação
A segunda dose de reforço, que começou a ser aplicada no dia 4 em idosos acima de 80 anos, começa a atender amanhã (27) também o público a partir dos 70 anos. A partir do dia 4 de maio podem tomar o reforço extra as pessoas a partir de 65 anos e quem tem 60 anos ou mais pode comparecer aos postos a partir de 11 de maio.

A vacinação mais atrasada é a das crianças de 5 a 11 anos. Ainda faltam 24% dessa faixa receber a primeira dose, o que representa a estimativa de 133 mil crianças. Do total, 222,5 mil já receberam as duas doses da imunização contra a covid-19 e 204,4 mil tomaram a primeira dose.

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A terceira dose de vacinação com a Pfizer produz uma resposta imunológica semelhante à que se verifica pouco tempo após a segunda etapa da imunização com Coronavac e AstraZeneca, é o que aponta o resultado de um estudo realizado por pesquisadores do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal do Oeste da Bahia (CCBS-UFOB). Os resultados reforçam o papel das vacinas para ajudar o organismo a manter um bom nível de proteção contra a covid-19 – o que é mantido, restaurado ou até melhorado com a administração da terceira dose.

A mesma pesquisa mostrou também que as vacinas Coronavac e AstraZeneca protegem bem contra a covid, entretanto, indicam que há uma tendência de redução a quase zero dos níveis de anticorpos anti-covid-19 no sangue em um período entre quatro e seis meses após a administração da segunda dose vacinal.

“O estudo contribui para confirmar a necessidade da terceira dose. Caso contrário, o status imunológico diminui bastante e pode abrir uma janela muito maior de oportunidades para o vírus. Cientificamente, demonstra a baixa longevidade de resposta imune baseada em anticorpos, algo comum para as plataformas vacinais utilizadas contra vírus respiratórios”, explica a biomédica doutoranda e autora do estudo Jéssica Pires Farias.

Reforços frequentes
Outra constatação é de que a curta duração da resposta requer reforços mais frequentes, como no caso da vacina contra o influenza vírus, causador da gripe. O estudo discute a necessidade de reforços a cada quatro ou seis meses, como pontua o doutor e coordenador do trabalho biomédico virologista do CCBS-UFOB, Jaime Henrique Amorim.

Ao contrário do que pensa muita gente, a magnitude da resposta de anticorpos é muito melhor nas pessoas vacinadas em comparação com aquelas que foram infectadas pelo coronavírus, aponta o estudo. Ou seja, mesmo quem teve covid deve respeitar o ciclo vacinal a fim de manter uma boa resposta imunológica ao coronavírus.

“Fizemos essa pesquisa antes do aparecimento da variante Omicron. Tais estudos irão ajudar na melhor formulação de políticas públicas de imunização, com base científica”.

Relevância

A universidade baiana teve trabalho aceito para publicação na renomada revista cientifica Journal of Virology, da Sociedade Americana de Microbiologia. O estudo foi realizado a partir de amostras de soro coletadas de 210 indivíduos. Desses 63 (30%) eram do sexo masculino e 147 (70%), do sexo feminino, com idades entre 13 e 66 anos.

Os participantes tinham diferentes históricos de vacinação e de contato com o vírus causador da covid-19. Todas as amostras foram analisadas no Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores (LAIVE), do CCBS-UFOB. As amostras foram coletadas de indivíduos residentes na cidade de Barreiras, no Oeste do estado, no período de setembro a novembro de 2021, em parceria com a Vigilância Epidemiológica municipal.

“Para chegar a esse resultado, medimos os níveis de anticorpos contra a covid-19 presentes no sangue de voluntários com diferentes perfis de imunização ou contato com a doença. O Journal of Virology é o mais prestigiado periódico científico da área de Virologia, dedicada ao estudo dos vírus. A publicação atesta a qualidade e a relevância do estudo”, acrescenta o coordenador, Jaime Henrique Amorim.

Até ontem, a Bahia registrou 11.502.835 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.523.584 com a segunda dose ou dose única e 4.887.976 com a dose de reforço. Do público de 5 a 11 anos, 810.700 crianças já foram imunizadas com a primeira dose e 170.120 já tomaram também a segunda dose. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), registra ainda 1.328 casos ativos de covid-19, além de mais três óbitos. Nas últimas 24 horas foram registrados 67 novos casos. Dos 1.534.051 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.502.997 já são considerados recuperados e 29.726 tiveram óbito confirmado.

Os próximos passos da pesquisa já estão em andamento, como destaca a autora do estudo Jéssica Pires Farias.

“Estamos acompanhando a duração de resposta da terceira dose e o efeito da quarta dose. Além disto, estamos trabalhando para entender porque a variante Omicron causou epidemias num cenário de ampla cobertura vacinal”.

O estudo é financiado majoritariamente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Também apoiam a pesquisa o Instituto Serrapilheira e o Consórcio Multifinalitario do Oeste da Bahia.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou ao governo federal a revisão nas regras para entrada de viajantes no Brasil, seja por via aérea, terrestre ou hidroviária. Em nota técnica, são atualizadas as recomendações da agência impostas aos viajantes para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia de covid-19.

A agência reguladora propôs a suspensão da apresentação da Declaração de Saúde do Viajante (DSV) para os viajantes que chegam por via aérea. Outra orientação atualizada é a que indica o fim da exigência de teste de detecção da covid-19 para pessoas já vacinadas que ingressem no país por via aérea. Divulgada nesta segunda-feira (28), a nota técnica foi emitida na quarta-feira (23) pela Anvisa.

Também foi recomendada a suspensão da medida de quarentena para viajantes não vacinados ao ingressarem no país. Outra mudança proposta pela nota é a reabertura da fronteira internacional aquaviária para passageiros, desde que vacinados ou com teste negativo para covid-19.

De acordo com a nota, deve ser mantida a comprovação de vacinação completa para todos que pretendam ingressar no território nacional - a norma considera a obrigação aos viajantes que estejam aptos a tomar a vacina.

Viajantes não vacinados ou que não estejam completamente vacinados podem apresentar, em substituição ao comprovante de vacinação, resultado negativo para covid-19 em teste realizado em até um dia antes do embarque ou desembarque no Brasil.

A Anvisa sugeriu que as alterações sejam implementadas preferencialmente a partir de 1º de maio de 2022. Segundo a agência reguladora, caberá avaliação do grupo Interministerial quanto ao cenário epidemiológico para definição da data mais adequada para flexibilização das medidas sanitárias.

“As recomendações podem ser revistas pela Anvisa, em razão de mudanças no cenário epidemiológico ou diante da necessidade de adoção de medidas sanitárias nos portos, aeroportos e fronteiras para garantir a saúde da população”, ressalta a agência.

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Doze planos de saúde, administrados por seis operadoras, têm sua comercialização suspensa a partir desta terça (22). A decisão foi tomada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no último dia 16, devido a reclamações relacionadas à cobertura assistencial no último trimestre do ano passado.

Os planos atendem, juntos, a 83.286 beneficiários, de acordo com a ANS, e só poderão ser vendidos a novos clientes caso apresentem melhora no resultado do monitoramento trimestral da agência.

Onze planos de saúde, administrados por quatro operadoras, suspensos anteriormente, conseguiram apresentar essa melhora e tiveram liberação para voltar a ser comercializados hoje.

No site da ANS, é possível conferir as listas dos planos com comercialização suspensa e daqueles com a venda liberada.

Confira lista:

UNIMED DE MANAUS COOP. DO TRABALHO MÉDICO LTDA
Registro ANS: 311961

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
458461089 Ambul+Hospit sem Obstet Apartament sem Franquia Sem Co-parti
464565111 Unipart Empresarial Enfermaria Com Obstetrícia

UNIMED VERTENTE DO CAPARAÓ - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA
Registro ANS: 317896

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
485570201 NACIONAL ADESAO POS - ENF
485571200 NACIONAL ADESAO POS - APTO

SAÚDE SIM LTDA
Registro ANS: 320111

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
473195156 Sim Mais Ade R1 ESC
473433155 Classe Ade R1 ACC

SANTO ANDRÉ PLANOS DE ASSISTENCIA MÉDICA LTDA
Registro ANS: 400190

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
456407073 RUBI
468577136 ESSENCIAL PLUS
470021130 MEDICAL IND 200
474742159 PRIME 300

ORALCLASS ASSISTENCIA MÉDICA E ODONTOLOGICA LTDA
Registro ANS: 402478

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
466821129 MEDVIDA EMPRESA

SAÚDE BRASIL ASSISTÊNCIA MÉDICA LTDA
Registro ANS: 421154

REGISTRO PRODUTO NOME COMERCIAL
488315212 CLASSIC I

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O pico da variante Ômicron levou a um recorde de casos de covid-19 em todo o mundo no início de 2022, e a queda da curva que se seguiu a ele no Brasil traz o que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) considera uma janela de oportunidade para o controle da pandemia, que completa dois anos hoje (11). Com menos casos e internações, diminui a pressão sobre os sistemas de saúde e crescem as chances de bloquear a transmissão do vírus e a formação de novas variantes aumentando a cobertura vacinal.

"Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa, há a possibilidade de tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como bloquear a circulação do vírus", destacava o boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz no início de fevereiro ao prever a queda de casos confirmada nas últimas semanas.

A previsão de uma situação mais confortável, porém, ainda não significa o fim da pandemia, reforça o pesquisador Raphael Guimarães, que integra o observatório. “A gente entende que o Brasil deve entrar em uma fase mais otimista”, afirma ele. “Temos uma redução dos casos novos, gradativamente uma descompressão do sistema de saúde, uma menor ocupação dos leitos, e a gente vai ter também uma redução dos óbitos.”

Para aproveitar esse momento promissor, ele destaca que o país precisa avançar na vacinação e reduzir a desigualdade nas coberturas vacinais, que se dá tanto entre estados, como entre municípios e até entre populações dentro de cada cidade.

“O que a gente precisa pensar é que toda política pública deve ter por princípio minimizar as iniquidades que acontecerem em cada escala geográfica. É preciso uma política coordenada do governo federal para reduzir as iniquidades entre estados. Os estados precisam ter essa leitura para reduzir a desigualdade entre os municípios, e os municípios, para reduzir entre os bairros. E tudo isso tem que acontecer de forma coordenada.”

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, ainda é difícil dizer se a queda do número de casos, proporcionada pela imunidade das vacinas somada aos anticorpos adquiridos pelas pessoas infectadas pela Ômicron recentemente, vai ser o suficiente para indicar o fim da pandemia. Ele ressalta que a expectativa de um cenário mais positivo depende de não surgir uma nova variante de preocupação capaz de causar uma nova onda de contágio.

“Será muito mais uma questão retrospectiva. Não dá para dizer quando vai ser o fim da pandemia, vai dar para olhar para trás e dizer quando foi o fim da pandemia”, avalia ele. “A expectativa é de que, se não aparecer nenhuma variante nova de preocupação, a gente tenha um período mais calmo, com menos casos e mortes. Mas a questão é que em novembro do ano passado a gente estava em um momento assim com o fim da Delta, e apareceu a Ômicron. Então, é difícil fazer qualquer previsão.”

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro publicou em seu perfil no Twitter que o Ministério da Saúde estuda rebaixar a situação da covid-19 no Brasil para endemia, o que significa que a doença passaria a ser considerada parte do cotidiano, como outras doenças já acompanhadas pelos sistemas de saúde. Em nota divulgada no mesmo dia, o Ministério da Saúde confirmou que já estava adotando as medidas necessárias para reclassificar o status da covid-19 no Brasil que, atualmente, é identificado como pandemia.

Chebabo ressalta que a situação de pandemia é internacional, afeta todos os continentes, e por isso foi declarada pela Organização Mundial da Saúde. “Quem vai definir o final da pandemia não é nenhum país, é a própria OMS, que declarou a pandemia", diz. "Um país pode decretar o fim do estado de emergência, tirar as medidas restritivas, suspender o uso de máscara, mas quem declara o fim da pandemia é a OMS a partir de dados que ela monitora no mundo inteiro”, completa ele.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde afirmou que "avalia a medida da questão endêmica, em conjunto com outros ministérios e órgãos competentes, levando em conta o cenário epidemiológico e o comportamento do vírus no país".

Com 72% dos britânicos com duas doses, a Inglaterra dividiu opiniões ao anunciar no mês passado um plano para conviver com a covid-19. O uso de máscaras havia sido abolido em janeiro, e a iniciativa atual inclui a eliminação de medidas restritivas como a obrigação de isolamento para pessoas que testam positivo, além de programar para o fim deste mês o encerramento da distribuição gratuita de testes para o diagnóstico da doença. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que também compõem o Reino Unido, adotaram planos distintos que também reduzem as restrições.

Mesmo que os números globais apontem queda nos casos e óbitos, nem todos os países caminham no mesmo ritmo. Citada em diversos momentos da pandemia como exemplo por sua capacidade de rastreio de casos, a Coreia do Sul registrou na semana passada o maior número semanal de mortes por covid-19 desde o início da emergência sanitária, ultrapassando mil óbitos em sete dias pela primeira vez, segundo a OMS. Até janeiro de 2021, o país não havia registrado mais de 10 mil casos de covid-19 em um único dia nenhuma vez, e, em março, esse patamar diário já chegou a 300 mil. A situação no país asiático se agravou mesmo com 86% dos 50 milhões de coreanos vacinados com duas doses ou dose única.

A Organização Mundial da Saúde também monitora o surgimento de uma nova variante, que combina estruturas genéticas da Delta e da Ômicron, e por isso foi chamada de Deltacron. Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, a pandemia está longe de acabar. "Ela não vai acabar em nenhum lugar até que ela acabe em todos os lugares", voltou a alertar em pronunciamento nesta semana.

Endemia requer estabilização
Os pesquisadores apontam que a transição da pandemia para a endemia depende que o número de casos e óbitos se estabilize em um patamar baixo e entre em uma trajetória previsível, mesmo que haja períodos recorrentes de maior circulação, como no caso do Influenza. A partir dessa estabilização, autoridades de saúde pública passam a ter condições de se programar para a demanda por atendimento.

Com a mudança para a situação de endemia, medidas preventivas como o uso de máscara deixam de ser recomendadas para todos, explica Alberto Chebabo, enquanto o reforço da vacinação deve continuar a ser uma forma de prevenção importante.

“A maioria das medidas vai ser abandonada de alguma forma, porque não se consegue sustentar, mas é claro que alguns hábitos devem continuar, como o uso de máscara por quem está com alguma doença respiratória, o que já deveria acontecer anteriormente”, cita ele, que acrescenta que pessoas com imunidade mais vulnerável também podem manter o uso de máscara em locais com aglomeração. “Mas, na população em geral, nenhuma dessas medidas vai se manter, a não ser a vacinação”.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, ressalta que o cenário de estabilização dos dados epidemiológicos também será importante para definir como será feita a vacinação com doses de reforço contra a covid-19, e se ela de fato será necessária para todos.

“São vários os pontos que a gente tem que discutir, não é só se vai precisar ou não. Pode ser que precise só para alguns. É possível que se chegue à conclusão que os pacientes imunodeprimidos, que respondem pior e a com uma duração menor, vão necessitar de doses de reforço para levantar o nível de anticorpos. Pode ser que a gente chegue à conclusão que mesmo pessoas saudáveis vão precisar. Vai depender também da circulação viral”, afirma. “Quanto dura a proteção, não surgindo nenhuma variante, é fácil de observar. Vamos continuar fazendo a vigilância de casos. Isso é o que a ciência faz, e não é só para a covid, é para todas as doenças”, destaca.

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A partir de agora, detectar o novo coronavírus está mais fácil, mais rápido e mais barato na capital baiana. Após a aprovação da Anvisa, os interessados podem encontrar os autotestes de covid-19 nas farmácias. Nas drogarias São Paulo, por exemplo, o custo unitário é R$ 69,90, através da compra pelo site, que possibilita receber o autoteste no endereço indicado, ou por meio da compra online, com retirada, nesta semana, apenas nas duas unidades da rede localizadas no bairro do Canela. No entanto, na próxima segunda (14), os exames também estarão disponíveis em todas as lojas físicas da Bahia.

Meio milhão de autotestes foram providenciados pelo Grupo DPSP, junto às empresas com produtos aprovados pela Anvisa (Autoridade Nacional de Vigilância Sanitária), como Eco Diagnóstica e Kovalent. “Esses dois laboratórios foram um dos primeiros a terem os autotestes aprovados e, por isso, foram escolhidos”, esclarece a coordenadora de Projetos e Serviços de Saúde da DPSP, Rafaela Machado.

Em 15 minutos, em média, o autoteste é capaz de detectar a presença do vírus no organismo com mais de 99% de assertividade no resultado. O novo produto representa um auxílio na assistência, tanto pela sua praticidade de coleta como pela rapidez no resultado. Ele tem caráter orientativo e não define diagnóstico. Em caso de resultado positivo, o cliente deve procurar o serviço de saúde para avaliações e orientações.

A coordenadora explica que os autotestes são feitos para detectar o antígeno do Sars-Cov-2. A primeira coisa que o cliente deve fazer ao comprar o produto é ver se o kit veio completo. “Ele deve verificar se o kit veio com a solução reagente, cotonete, dispositivo para fazer o teste e, normalmente, eles vêm com uma tampinha, que é um bico dosador. Antes de fazer, é importante sempre ler as instruções, porque algumas coisas variam de fabricante para fabricante”, orienta Rafaela.

Como usar
No teste da Eco, por exemplo, é preciso abrir o cotonete e, antes de introduzir no nariz, assoá-lo, para evitar excesso de secreção. “É preciso introduzir o cotonete no começo do nariz, cerca de 1,5 cm, até a curva. Depois, é preciso esfregar 10 vezes em cada narina e, depois, introduzir dentro do tubo, fazendo uma mistura com o líquido que tem dentro, porque ele que vai ajudar a reagir com a solução do nosso nariz”, detalha.

Uma vez feita a mistura, deve-se esfregar o cotonete mais 10 vezes e apartar a parede do tubo, para extrair todo o material. Depois disso, o cotonete pode ser descartado. Em seguida, com a ajuda do dosador, em torno de quatro gotas (varia a depender do fabricante) devem ser colocadas na fossa que vem junto ao kit, e aguardar até 30 minutos. “É importante não ler o resultado depois do tempo recomendado pelo fabricante”, alerta Rafaela Machado.

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