Mais de seis mil novos casos de câncer de próstata devem ser descobertos neste ano somente na Bahia, segundo projeta o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Se os diagnósticos da doença forem precoces, a chance de cura é de 90%. Mas, especialistas chamam atenção para o fato de que muitos pacientes ainda apresentam resistência à prevenção. Prova disso é que o exame de sangue que auxilia no diagnóstico da doença – o Antígeno Prostático Específico (PSA) - só foi realizado por 13,2% do grupo de risco no estado até agosto deste ano.

O PSA é capaz de identificar alterações na próstata a partir de marcadores específicos no sangue. Sozinho, no entanto, não é suficiente para diagnosticar o câncer e funciona como um aliado do exame de toque retal. “O PSA é uma proteína que a próstata produz normalmente. Quando a quantidade de PSA no sangue aumenta, é um indicativo que pode estar relacionado ao risco de câncer de próstata”, explica Lucas Batista, coordenador do departamento de robótica da Sociedade Brasileira de Urologia da Bahia (SBU-BA).

Para as pessoas que não possuem casos de câncer de próstata em familiares próximos, é indicado que os exames anuais de rastreamento sejam feitos a partir dos 50 anos. Caso seja do grupo de risco, a idade cai para 45 anos. A SBU estima que 1,4 milhão de homens entre 50 e 74 anos na Bahia deveriam realizar o exame PSA. Até agosto deste ano, apenas 195 mil fizeram o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde. O índice é menor do que o nacional, que é de 25%.

O exame de toque é essencial uma vez que o câncer de próstata é uma doença silenciosa, que aos poucos ataca a saúde do paciente até que a cura seja impossibilitada. Ronaldo Barros, urologista do Itaigara Memorial, explica que às vezes sintomas de aumento da próstata são erroneamente interpretados como câncer. O câncer de próstata é o segundo mais comum em homens, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma.

“Dificuldade para urinar, acordar à noite para urinar e urgência miccional são relacionados ao crescimento benigno da próstata e não ao câncer”, esclarece o médico.

Resistência ao toque
Se ainda hoje há preconceito em relação ao exame de toque retal, há alguns anos o desconhecimento era ainda maior. Jacira Cedraz, 55 anos, relembra a história de seu pai, Adauto Carneiro, que morreu em decorrência da doença aos 73 anos, em 2009.

Seu Adauto Carneiro, pecuarista que vivia em Mairi, no interior do estado, recebeu o diagnóstico muito tarde para que o tratamento surtisse efeito. Mesmo sendo resistente às idas ao médico, ele realizou um exame de toque em 2003 e, por conta de alterações na próstata, precisou fazer uma biópsia. O câncer não foi diagnosticado na época, mas o paciente precisaria continuar com o acompanhamento médico, o que ele não fez.

“O resultado negativo o tranquilizou, mas o médico queria o acompanhamento. Meu pai era um homem da roça, que vivia trabalhando e não sentia nada. Aquele silêncio da doença enganou a família”, relembra a servidora pública Jacira Cedraz.

Somente em 2006, três anos depois do exame, veio o diagnóstico do câncer, que àquela altura já havia se espalhado para os ossos. Os médicos então optaram pelo tratamento paliativo e o idoso também passou por cirurgias. Jacira lembra que enquanto o pai realizava consultas médicas e encontrava outros pacientes, dava conselhos para os homens mais resistentes.

“Apesar do meu pai ser um homem rude, ele tinha muita inteligência. Ele dava muitos conselhos nas filas. Falava que estava fazendo o tratamento, reconhecia que tinha errado em procurar o médico tarde e que se arrependia muito”, relembra a filha.

Apesar do pai ter negligenciado a própria saúde, o ensinamento sobre a importância dos exames ficou de herança para a família. O filho de Seu Adauto, que tem 54 anos, já possui uma consciência diferente e vai regularmente ao urologista.

Menos idas ao médico
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que 23,7 mil atendimentos urológicos foram realizados entre janeiro e agosto deste ano pelo SUS na Bahia. O número é quase seis vezes menor do que a quantidade de vezes que pacientes procuraram atendimento ginecológico, 150,3 mil. Como forma de incentivar os grupos de risco para o câncer de próstata, principalmente homens cis, a cuidarem da saúde, a campanha Novembro Azul acontece todos os anos. Apesar do exame de toque retal ainda ser alvo de preconceito, especialistas explicam que o procedimento é rápido e dura somente alguns segundos.

Já os tratamentos para a doença variam conforme o estágio da doença em cada paciente e podem ser de três tipos, como explica Lucas Batista: “Quando o câncer é localizado, normalmente recorremos à cirurgia ou radioterapia. Já quando a doença se espalhou, tratamos com medicamentos, como quimioterápicos e bloqueadores hormonais”.

O SUS disponibiliza a cirurgia de forma gratuita e hoje existem técnicas mais avançadas com uso de robôs que podem ser encontradas em hospitais particulares. “Todas as técnicas possuem a mesma capacidade de cura oncológica”, reforça o médico.

Onde fazer o exame

No clima do Novembro Azul, homens que passarem pela Estação Detran do metrô nesta quarta (23) e quinta-feiras (24) poderão ter acesso a massoterapia, teste de glicemia, aferição de pressão e orientações preventivas voltadas ao Câncer de Próstata. A ação é promovida pelo Instituto CCR e acontecerá das 07h30 às 10h30 e de 16h30 às 19h30, em parceria com o SE7E Centro Tecnológico.

Também neste mês, a Sociedade Brasileira de Urologia, secção Bahia, realiza mutirões para atender o público de forma gratuita. Na próxima sexta-feira (25), 50 funcionários e colaboradores do Hospital Universitário Professor Edgard Santos serão atendidos gratuitamente por especialistas.

Já no sábado (26), das 8 às 12 horas, 60 homens com idade acima de 40 anos poderão ter acesso a exames e consultas urológicas gratuitas durante um café da manhã no Ambulatório Social Luigi Verzé, em Pau da Lima. Para participar, é preciso realizar inscrição através do telefone (71) 3409-4125/4126.

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Os pontos de vacinação contra a covid-19 na modalidade drive-thru serão reativados em Salvador. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (17) pelo prefeito Bruno Reis, durante coletiva de imprensa no bairro do Comércio. Segundo o gestor, a medida é para facilitar e incentivar que o público que ainda não completou o esquema vacinal.

"Não justificava manter antes porque não tínhamos pessoas indo se vacinar. É normal ter uma procura maior pela vacina quando aumenta o número de casos, por isso vamos reabrir os drives. As medidas que nesse momento se fazem necessárias a prefeitura está adotando", disse.

Clique aqui e veja onde fazer o teste em Salvador - covidag_lista_das_unidades_18novembro2022.cdr (salvador.ba.gov.br)

Bruno Reis pontuou também que, com o aumento de casos da doença, a prioridade será acelerar a vacinação e recomendar o uso das medidas sanitárias, principalmente, para pessoas idosas, pacientes com comorbidades ou imunossuprimidos, gestantes e pacientes com sintomas gripais.

"O momento é de cautela. Muitas pessoas estavam achando que estávamos definitivamente livres da covid e não concluíram o ciclo vacinal. Estamos acompanhando a evolução. Temos contratos firmados para retomar a abertura, se necessário, de gripários e tendas, então não é preciso realizar licitações, que acabam demandando um tempo maior", explicou o prefeito.

Ainda de acordo com o prefeito, apesar do aumento de casos, não há planos para a retomada de medidas restritivas. "Nossa equipe da saúde está acompanhando o que acontece no Brasil e no mundo. Se for necessário adotar medidas, adotarei, mas nesse momento acho que temos que fazer um grande empenho para a vacinação."

Ocupação de leitos
A taxa de ocupação de leitos de UTI do Hospital Espanhol teve aumento, chegando a 75% dos 40 disponíveis, informou a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) nesta quinta-feira (17). A secretaria vai avaliar e pode ampliar a quantidade de leitos para 80.

O hospital, que é referência para tratamento da covid-19 na Bahia, tem 30 dos 40 leitos de UTI ocupados. Já dos 40 leitos de enfermaria, 23 estão ocupados, o que dá uma taxa de 58%.

De acordo com a unidade, 60% dos pacientes internados são pessoas com mais de 60 anos.

A recomendação da Sesab nesse momento é para que as pessoas completem o esquema vacinal, façam teste caso apresentem sintomas, se isolem em caso de confirmação da doença e usem máscaras em unidades de saúde.

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Nesta nova onda da covid-19, a maioria dos hospitalizados é idosa, imunossuprimida (paciente transplantado, oncológico etc) ou está com a vacina atrasada - não tomou nenhuma dose ou estão pendentes as injeções de reforço (3ª e 4ª), segundo médicos de São Paulo ouvidos pelo Estadão. A baixa adesão ao reforço vacinal e a circulação de novas subvariantes da Ômicron estão entre os principais motivos para a volta da doença.

"O que sabemos dessa subvariante é que ela transmite mais, infecta mais", afirma a professora Ludhmila Hajjar, intensivista do Hospital Vila Nova Star, unidade particular na zona sul de São Paulo. "As pessoas que estão internadas atualmente são majoritariamente idosas", afirma ela.

"Entre os internados há pessoas com esquema vacinal incompleto - com apenas duas doses principalmente - ou que não foram vacinadas", relata Carla Kobayashi, infectologista do Sírio-Libanês. O perfil dos hospitalizados, acrescenta a médica, inclui ainda idosos com comorbidades ou doenças graves.

Cerca de 69 milhões de brasileiros já poderiam ter tomado a 3ª dose do imunizante e não foram aos postos de saúde. O balanço foi divulgado pelo ministro da área, Marcelo Queiroga, nos fins de semana.

A infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tem relato semelhante ao das colegas. "Os idosos e os imunocomprometidos já têm um tempo longo desde que completaram a vacinação com respectivamente quatro e cinco doses Por isso, seria urgente que já tivemos um planejamento para uma outra dose adicional, que preferencialmente deveria ser feita com a vacina bivalente", defende.

Novo imunizante
Para frear o avanço das novas variantes da Ômicron, outros países, como Estados Unidos e alguns europeus, começaram a aplicar uma versão mais atual da vacina contra covid-19. Chamada bivalente, a proteção é fabricada pela Pfizer e é eficiente contra várias cepas de uma vez só: protegem, segundo a empresa, contra as versões BA.1, BA.4 e BA.5 da Ômicron.

Ainda não há previsão para a chegada do imunizante mais protetivo ao País. A Pfizer requisitou o uso emergencial da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro. Na semana passada, o órgão federal informou que estão em fase final de análise pela área técnica, mas ainda não há data para a deliberação final.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cardiologista de Lula (PT) Roberto Kalil Filho, vai comandar uma comissão de especialistas para assessorar na transição de governo na área da Saúde. Para o grupo também foram convidados outros nomes renomados na medicina brasileira, como Drauzio Varella, Claudio Lottenberg, Miguel Srougi e Fábio Jatene.

Os especialistas não irão fazer parte oficialmente da equipe do gabinete de transição, composta pelos ex-ministro da Saúde Humberto Costa José Gomes Temporão, Alexandre Padilha e Arthur Chioro. De acordo com o blog da Andreia Sadi, no G1, a comissão de apoio auxiliará na definição de prioridades de atuação da futura pasta.

A escolha de nomes reconhecidos pela comunidade médica e acadêmica contrasta com a postura do presidente Jair Bolsonaro (PL), que manteve postura anticientífica durante todo o mandato.

No total, nove profissionais foram convidados.

Veja a lista completa:

Roberto Kalil Filho (Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas da USP, Hosptial Sírio-Libanês);

Giovanni Guido Cerri (Faculdade de medicina e Hospital das Clínicas da USP);

Miguel Srougi (Faculdade de Medicina na USP, Academia Nacional de Medicina, Instituto Criança e Vida);

Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho (Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas da USP)

Fábio Biscegli Jatene (Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas da USP, Academia Nacional de Medicina);

Claudio Lottenberg (Hospital Israelita Albert Einstein, Coalizão Saúde);

Drauzio Varella;

José Medina Pestana (Universidade Federal de São Paulo, Hospital do Rim);

Linamara Rizzo Battistella (Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas da USP, Organização Pan-americana de Saúde, OPAS).

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que grande parte das medidas de controle sanitário em portos e aeroportos em decorrência do novo coronavírus segue mantida, sendo restringidas ou ampliadas conforme o monitoramento da infecção. Nos portos de entrada brasileiros continua obrigatório, como requisito de ingresso no País, a apresentação do comprovante de vacinação ou, facultativamente, a apresentação de teste negativo para covid-19. Nas últimas semanas, o números de casos vem crescendo no Brasil e no mundo, após o aparecimento de novas subvariantes da Ômicron.

O uso de máscaras deixou de ser obrigatório em 17 de agosto deste ano, mas não deixou de ser recomendado. "A Anvisa manteve a recomendação de uso desse equipamento de proteção individual como prevenção, especialmente para pessoas imunocomprometidas, idosos e gestantes. Continuam sendo veiculados avisos sonoros recomendando o uso de máscaras em aeronaves e embarcações", disse, em nota.

Nas aeronaves e aeroportos continuam mantidos o desembarque por fileiras e os procedimentos de limpeza e desinfecção dos sistemas de climatização, além da disponibilização de álcool gel

Nas embarcações de carga, as informações de saúde são monitoradas por meio da análise dos livros médicos de bordo. É mantida a quarentena para casos de variantes de preocupação (VOC) ou casos graves da doença, bem como o monitoramento de medidas de controle de surtos a bordo: contatos próximos devem obrigatoriamente usar máscara, ter seu estado de monitorado, realizar refeições em horário escalonado, não participar de atividades recreativas e ficar sem licença para descer em terra

Nos cruzeiros, além do monitoramento das informações de saúde por meio da análise dos livros médicos de bordo, está mantido o isolamento de casos suspeitos e confirmados em cabines de isolamento. Os contatos próximos também ficam isolados e são submetidos a testagem diariamente.

Conforme a Anvisa, a legislação atual prevê medidas específicas de acordo com a quantidade de casos registrados nos cruzeiros. As embarcações que atingem nível 3 (até 2% dos viajantes contaminados), entre outras medidas, devem adotar quarentena em trabalho e suspender refeições self-service. No nível 4 (até 10% de contaminados) é necessário suspender as atividades recreativas a bordo, suspender passeios em terra e não conceder licença para a tripulação descer em terra.

Com mostrou o Estadão, universidades pelo País voltaram a recomendar o uso de máscaras em ambientes fechados, incluindo salas de aula. Já na rede hospitalar pública e privada, os principais hospitais mantêm o uso de máscara obrigatório em suas dependências.

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Todo mês de novembro, a sociedade se mobiliza para chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce para o câncer de próstata. A doença, que atinge um a cada nove homens brasileiros, pode se desenvolver inicialmente de maneira silenciosa evoluindo para apresentar sintomas já em estágio avançado, fato que torna o tratamento mais difícil. A melhor prevenção, segundo especialistas, é o acompanhamento médico, obstáculo para muitos homens. Por isso a importância de ampliar o acesso à informação para um número cada vez maior de pessoas.

De acordo com o diretor médico do Grupo Santa Helena, Dr. Raimundo Pinheiro, assim como outros tipos de câncer, o de próstata tem influência direta de histórico familiar, além de ser percebido com maior frequência em homens negros e também em pessoas com quadro de obesidade. “O tabagismo e o alcoolismo também podem contribuir para o quadro, mas o ponto principal ao qual os homens devem ter cuidado é com as visitas ao médico para identificar indícios da doença”, explica. “Infelizmente a falta de acompanhamento e o preconceito, principalmente com o toque retal, por vezes é a causa de mortes que poderiam ser evitadas pelo diagnóstico precoce”, diz. Para evitar um diagnóstico tardio, é recomendado que homens a partir dos 45 anos visitem o urologista para realizar o exame de toque retal. “É através do exame de toque retal que o médico vai avaliar alterações na próstata, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração constatada neste exame.” afirma Dr. Raimundo Pinheiro, diretor médico do Grupo Santa Helena.

O médico ainda explica que outros exames como as biópsias, que retiram fragmentos da próstata para análise, guiadas pelo ultrassom transretal, poderão ser solicitados se houver suspeita da doença. O tratamento a ser seguido, depende principalmente do estágio da doença e expectativa de vida, segundo dr. Raimundo. A vigilância ativa, por exemplo é um caso que pode ser adotado em casos de baixa agressividade, este tratamento consiste no monitoramento periódico da doença com intervenções em caso de evolução. Casos mais avançados podem demandar radioterapia, quimioterapia e até mesmo cirurgia.

Unidade do Grupo Santa Helena com iluminação temática em referência à campanha do Novembro Azul, mês de conscientização pela importância da saúde do homem. (Foto: Divulgação)

Referência

Referência no diagnóstico e tratamento de doenças degenerativas, o Grupo Santa Helena existe há 33 anos e atua em Salvador, Camaçari, Dias d’Ávila e Candeias nas áreas de Medicina Ocupacional, Medicina Assistencial, Emergencial, Hospitalar, Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. “Aqui temos toda a infraestrutura para o paciente, desde as consultas ao diagnóstico e tratamentos, até os procedimentos de média e alta complexidade com todo o apoio de uma equipe capacitada”, comenta dr. Raimundo.

O grupo atualmente conta com uma estrutura de excelência que inclui Saúde Ocupacional, o Hospital Santa Helena localizado em Camaçari, Emergências 24hs, Clínicas com mais de 30 especialidades e laboratórios, com atendimento particular e a convênios.

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As vacinas contra covid para crianças de 6 meses a 2 anos de idade devem começar a ser distribuídas aos Estados só na próxima semana, informou nesta quinta-feira (3), o Ministério da Saúde. O imunizante da Pfizer, o único aprovado para essa faixa etária no País, recebeu aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há mais de um mês e meio. A falta de imunizantes específicos para esse público-alvo, porém, travou o início da campanha de vacinação.

O Ministério da Saúde recebeu a primeira remessa, de um milhão de doses, somente na última semana. A pasta, diante disso, publicou nota técnica há alguns dias em que libera a aplicação e lista os cuidados a serem tomados na campanha - uma das diferenças é que o imunizante será administrado em três doses. Em um primeiro momento, a recomendação é que a vacina seja destinada apenas para crianças com comorbidade, o que gerou críticas de especialistas em saúde.

Conforme a nota técnica do ministério, tendo em vista a aprovação pela Anvisa da vacina coivid-19 da Pfizer para o público infantil de 6 meses a 4 anos de idade "e considerando a necessidade de organizar e distribuir os recursos disponíveis para os imunizantes", fica orientado o início da vacinação contra a covid para as crianças a partir de 6 meses de idade nos seguintes moldes:

- A vacina da Pfizer é recomendada para crianças de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias;

- A Coronavac é recomendada para crianças com 3 ou 4 anos de idade;

- Já crianças acima de 5 anos de idade podem receber ambos os imunizantes aprovados para a faixa etária, Coronavac ou Pfizer.

No caso da faixa de 6 meses a 2 anos, a indicação vale apenas para crianças com comorbidades. A recomendação para quem não tem comorbidades, continua o documento, será avaliada após a aprovação para incorporação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Não foi especificada uma data para isso.

Procurado pelo Estadão para comentar quando a vacinação deve começar, o Ministério da Saúde informou que "o início do processo de distribuição aos Estados está previsto para a próxima semana". A partir de então, os Estados poderão iniciar a vacinação de crianças de 6 meses a 2 anos. Os quantitativos a serem distribuídos não foram especificados.

Demanda
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que requisitou 615 mil doses do imunizante da Pfizer ao Ministério da Saúde e que aguarda o envio pelo governo federal para definição do início da vacinação de crianças entre 6 meses e 2 anos.

Um integrante da pasta informou ao Estadão que um primeiro pedido foi enviado na última semana e outro, mais recente, nos últimos dias. Mas ainda não houve uma comunicação formal do ministério sobre quando exatamente as doses serão entregues ao Estado ou quantas serão.

A população de crianças de 6 meses a 2 anos em São Paulo é de 1 379.736. Com o quantitativo solicitado, de 615 mil doses, o governo estima que as crianças nessa faixa etária com pelo menos uma comorbidade - cerca de 195 mil - podem ser vacinadas com as três doses recomendadas.

No entendimento do governo paulista, todas as crianças de 6 meses a 2 anos deveriam ser imunizadas. Porém, como não deve haver vacinas suficientes neste primeiro momento, o Estado segue a recomendação do Ministério da Saúde de priorizar quem possui comorbidade.

Atualmente, a campanha de vacinação contra covid-19 no Estado de São Paulo já contempla todas as crianças de 3 e 4 anos de idade. A imunização avançou nessa faixa etária, informou o governo estadual, devido à doação de 2 milhões de doses da vacina Coronavac realizada pelo Instituto Butantan, em setembro deste ano.

Críticas
A medida de destinar as doses apenas para crianças com comorbidades recebeu críticas de especialistas. Nesta terça-feira, 1º, as sociedades Brasileira de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) publicaram nota conjunta em que "endossam a recomendação da Câmara Técnica Assessora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) da imediata incorporação da vacina Comirnaty (Pfizer) para crianças brasileiras de 6 meses a 4 anos".

"A nota técnica (do Ministério da Saúde) não segue a recomendação da câmara técnica, nós fomos surpreendidos com essa publicação", disse ao Estadão o diretor da SBIm Renato Kfouri, um dos médicos que auxiliam na tomada de decisões do governo federal quanto à imunização. "Atrapalha a vacinação dos municípios, que não conseguem identificar quem são as crianças (com comorbidades), não sabemos esses denominadores para cálculo dessas coberturas. Não foi essa a recomendação da câmara técnica, e sim a vacinação universal."

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O Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen/Ba) identificou 29 diagnósticos positivos de varíola dos macacos (monkeypox) a partir de 9 de setembro, quando a unidade estadual iniciou a análise de amostras da doença. Ao todo, o laboratório já recebeu 881 amostras. Antes, as avaliações eram feitas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, com intermediação do Lacen.

Segundo a diretora do Lacen, Arabela Leal, com diagnóstico feito no próprio estado há maior celeridade na entrega do resultado. Em meses anteriores a setembro, os testes chegaram a demorar um mês para análise final. O Lacen trabalha hoje com diagnóstico das amostras em até cinco dias. Além do tempo, a proximidade regional dá mais segurança ao processo, diminuindo risco de acondicionamento ou extravio da amostra.


“O envio de amostra de um lugar para outro era de 48h a 72h, isso quando não tinha nenhum feriado, [depois disso, ao chegar no laboratório de outro estado] houve amostras que levaram mais de 30 dias [para liberar o resultado]. Conosco, começou com prazo de seis dias por causa do volume, mas agora estamos em torno de 5 dias”, afirma.

Neste mês, o Lacen recebeu 237 amostras. Destas, apenas sete positivaram. Agosto e setembro tiveram o maior número de amostras: 952 e 1069, respectivamente, com e 54 e 70 positivos. A média de positividade gira em torno de 5,7% a 6,5%.

A diretora alerta que, além dos números do Lacen, laboratórios particulares e fora do estado continuam fazendo diagnóstico das amostras para a varíola dos macacos, portanto, o número total é maior do que o divulgado pela unidade. Além disso, o Lacen não coleta o material - isto é de responsabilidade de unidades básicas de toda a Bahia -, o laboratório recebe a amostra e analisa por biologia molecular conforme protocolo indicado pelo Ministério da Saúde (MS).

Na Bahia, 116 casos da monkeypox foram confirmados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). 1.650 foram descartados, enquanto há 39 suspeitos e 24 prováveis. Dos casos confirmados, 78 (67,24%) são de Salvador, seis (5,17%) de Feira de Santana e quatro (3,45%) de Conceição de Feira. Mais 19 municípios completam a lista com menos de três casos. O estado não registrou mortes pela doença.

Quadro clínico

A infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador, Adielma Nizarala, explica que os sintomas do vírus se dão em duas fases. Nos primeiros dias de manifestação é comum ter dor de cabeça, dor abdominal e febre. Ao longo da contaminação, o cenário evolui para erupção cutânea. Antes dos sintomas aparecerem, ainda há um período de incubação de 6 a 13 dias, em média, podendo chegar a 21 dias com paciente assintomático.

A médica salienta que a principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por contato direto pele a pele. Dentro das "bolhas" que aparecem no corpo existe grande quantidade de vírus. Por isso, ela alerta que é importante não ter contato com a pessoa contaminada desde o início dos sintomas virais até a ferida sarar, para evitar a propagação da varíola. O contágio pode ocorrer por relação sexual - por conta do contato -, beijo, abraço ou contato com fluidos corporais, como pus, sangue e saliva da pessoa doente. Objetos contaminados também oferecem risco de transmissão.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a varíola dos macacos tem cura e, de forma geral, não é necessário tratamento específico. O vírus costuma ser eliminado pelo próprio sistema imunológico depois de cerca de 4 semanas. Casos de agravamento são raros.

A Prefeitura de Pouso Alegre (MG) informou no domingo (09) a quarta morte por varíola dos macacos no Brasil. Já é a segunda em Minas Gerais. Outras duas ocorreram no Rio de Janeiro. Em todos os casos, as vítimas eram homens e tinham comorbidades e baixa imunidade, segundo autoridades de saúde.

Até o dia 10, o Brasil registrou 8.461 casos confirmados de varíola dos macacos nos estados de São Paulo (3.847), Rio de Janeiro (1.137), Minas Gerais (527), Distrito Federal (267), Goiás (509), Bahia (116), Ceará (377), Rio Grande do Norte (96), Espírito Santo (95), Pernambuco (164), Tocantins (11), Amazonas (155), Acre (1), Rio Grande do Sul (238), Mato Grosso do Sul (132), Mato Grosso (99), Santa Catarina (302), Paraná (229), Pará (48), Alagoas (13), Maranhão (22), Paraíba (30), Piauí (18), Roraima (4), Rondônia (7), Amapá (2) e Sergipe (15); óbitos: (3) no Rio de Janeiro e (2) em Minas Gerais.

Brasil recebe primeiro de lote de vacinas contra a varíola dos macacos

O Brasil recebeu o primeiro lote de vacinas contra a varíola dos macacos no dia 4, mas a assessoria do Ministério da Saúde (MS) informou que aguarda publicação do protocolo para informar sobre a distribuição aos estados e aplicação do imunizante. Ao todo, a pasta comprou cerca de 50 mil doses, destas, 9,8 mil já chegaram em solo brasileiro e a previsão é que os lotes restantes cheguem até o final de 2022.

O Ministério comunicou que, antes da aplicação, os imunizantes serão utilizados para a realização de estudos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pasta ressalta que as vacinas são seguras e importantes, sendo o estudo necessário para avaliar “se a vacina reduz a incidência da doença e a progressão à doença grave”. A pesquisa será financiada pelo Ministério da Saúde, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e apoiada pela OMS.

A população-alvo do estudo será formada por pessoas mais afetadas e com maior risco para a doença. O MS explica que profissionais da saúde não serão incluídos como grupo prioritário à vacinação visto que realizam coleta e atendimento com equipamentos de proteção individual. Não existe por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendação para vacinação em massa para a varíola dos macacos.

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A engenheira de produção Greice Campos, 32 anos, faz acompanhamento com ginecologista e mastologista desde os 13, quando sua mãe recebeu confirmação de que estava com câncer de mama. Quase duas décadas depois, no início deste ano, Greice teve o mesmo diagnóstico. O positivo dela foi um dos 4.591 exames com o mesmo resultado somente este ano e representa um crescimento de 17% em relação ao total de casos confirmados em 2021.

Nos últimos cinco anos, segundo dados do DataSUS [Ministério da Saúde], a identificação de tumores mamários malignos cresceu 62% na Bahia. O dado foi divulgado como forma de conscientização sobre a doença no mês dedicado à prevenção ao câncer de Mama, dentro da campanha anual do Outubro Rosa.

Conforme o DataSUS, em 2021 foram 3.919 exames de mama com diagnóstico positivo para tumores malignos no estado, contra 2.419 em 2017.

Com supervisão médica constante, Greice Campos iniciou seu tratamento logo que descobriu o câncer. A engenheira já passou por cirurgia de mastectomia, fez 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia. O tratamento foi concluído em 2 de setembro e, desde lá, ela está sem sinais da doença.

Segundo os especialistas, quanto mais cedo o câncer for detectado e tratado, maiores são as chances do paciente. A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) aponta que se a pessoa for diagnosticada precocemente, as chances de cura podem chegar a 95%.

Coordenador da Mastologia na Clínica de Assistência Multidisciplinar em Oncologia (AMO) e ex-presidente da Sociedade Mundial de Mastologia, o médico mastologista Ezio Novais explica que o crescimento no número de diagnósticos de câncer de mam é resultado das campanhas como o Outubro Rosa. “Muita gente morria à míngua no interior sem saber que doença tinha. Hoje, as estatísticas são mais fiéis. Se fosse há 30 anos uma parte dos números estaria escondida”,.

Ezio Novais relaciona o aumento dos resultados positivos também ao crescimento de casos de câncer de mama. Ele argumenta que o maior nível de estresse e sedentarismo entre a população feminina e a mudança de hábitos reprodutivos, como a gravidez após 30 anos e a queda no número de filhos são fatores que explicam a incidência alta da doença. Novais indica a prática de atividade física, alimentação saudável e redução do consumo de bebidas alcoólicas para prevenção da doença. Vale ressaltar, ainda, que homens também podem ter câncer de mama e precisam priorizar bons hábitos e realizar exames de rotina.

Acompanhamento
Greice Campos irá continuar o acompanhamento médico mesmo depois do tratamento ter sido bem-sucedido. “Me sinto bem, antes eu sofria muito com fadiga oncológica, o cabelo também já começou a crescer. Me sinto mais disposta, o efeito da quimio e radio no meu corpo já está saindo. Agora, não dá mais para ser sedentária e não ter mais cuidado com a alimentação. É uma outra vida”, afirma.

Outra que enfrentou um câncer de mama foi a professora Renata Lima, 46, que teve a doença aos 42 anos. Ela detectou algo estranho durante o autoexame e o diagnóstico foi confirmado após exames clínicos. Ela conta que a mãe e as tias materna tiveram câncer de mama na mesma faixa dos 40 anos e, por isso, ela prestava atenção mensalmente à aparição de “caroços” no seio.

No caso de Renata, em menos de um mês após a descoberta, o tumor triplicou de tamanho e ela precisou passar por 16 sessões de quimioterapia, 28 de radioterapia e uma mastectomia [cirurgia de retirada da mama]. Atualmente, a professora faz hormonioterapia, um tratamento que busca inibir o retorno do câncer.

“O câncer é visita indesejada. Não há quem passe por ele sem ter aprendido alguma coisa. Aconteceram mudanças íntimas, desenvolvi maior empatia”, diz. Como resultado da experiência, Renata criou um instagram para falar de autocuidado, saúde feminina e câncer de mama. No @projetosecuidapreta ela posta fotos, dicas e material sobre o Outubro Rosa.

Perfil
Dos dados do DataSUS referentes a 2022, a maioria das ocorrências aconteceu em mulheres de 45 a 49 anos (838 - 18%), seguido pelas faixas: 40 a 44 anos (816 - 17%); 50 a 54 anos (604 - 13%); 35 a 39 anos (512 - 11%); e 55 a 59 anos (343 - 7%).

Apesar da incidência maior no público de 40-65 anos, médicos afirmam que não há explicação científica para o fenômeno e a situação não impede que aconteça com mulheres jovens ou acima dos 65 anos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que é mito pensar que a hereditariedade é o principal fator de risco em casos de câncer de mama, sendo que de 5% a 10% dos casos têm influência genética. A maioria das ocorrências de câncer de mama é dos chamados tumores esporádicos, que acontecem ao acaso.

“É importante que os pacientes, independente do gênero, estejam atentos”, alerta a mastologista do Itaigara Memorial, Vanessa Paes. A indicação é que, além de manter hábitos saudáveis, se faça a mamografia anual a partir dos 40 anos. Para quem tem história familiar em parentes de 1° grau, o ideal é procurar o mastologista, independentemente da idade.

Exercícios viram mamografias gratuitas
A ação ‘Meu Combustível Salva’ acontece desde 2021 e troca créditos de exercícios físicos por mamografias gratuitas. A iniciativa faz parte do programa de bem-estar do corpo clínico do Grupo CAM.

Este ano, são cinco mil mamografias para mulheres da Bahia e Sergipe disponibilizadas pela iniciativa. As pacientes que tiverem resultados positivos serão encaminhadas para o Hospital Aristides Maltez.

Detalhes sobre as marcações dos exames serão divulgados pelo Grupo CAM (@grupo_cam)e pela mastologista Carolina Argolo (@seioquecuido). .

Exames gratuitos até 5 de novembro
Campanha - A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) está oferecendo mais de 14 mil exames de mamografia digital até 5 de novembro, para mu- lheres de 40 a 69 anos. Os e- xames ocorrem em quatro unidades móveis com capacidade de efetuar 140 atendimentos por dia, 70 por turno;

Datas e horários - As unidades móveis são as seguintes: Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Ca-
bula - 05/10 a 05/11, de 07h às 17h; Centro Espírita Mansão do Caminho, em Pau da Lima - 01/10 a 05/11, 07h às 17h; Departamento de Saúde da PM, no Bonfim - 01/10 a 25/10; e Salvador Norte Shopping - 03/10 a 22/10, de 08h às 18h;

Como fazer - É preciso ter feito a última mamografia há mais de 1 ano e não ter histórico de cirurgia de mama ou cicatriz. Leve originais e cópias do RG, CPF, Cartão SUS e comprovante de residência.

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Cinco casos da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), mal neurodegenerativo que provoca desordem cerebral, perda de memória e, de forma inevitável, leva à morte, foram identificados este ano na Bahia, todos em moradores da capital. A DCJ tem quatro tipos diferentes de manifestação, um deles é a variante popularmente conhecida como Doença da ‘Vaca Louca’. No entanto, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) descartaram que os casos tenham relação com a Vaca Louca, infecção provocada por ingestão de carne ou derivados de origem bovina contaminados.

Dos cinco registros de DCJ ocorridos no estado, dois pacientes estão internados, dois morreram e o quinto está sob investigação pela Vigilância Epidemiológica. A SMS confirmou ainda que quatro desses pacientes estão com a variante Esporádica, forma da doença que não apresenta causa e fonte infecciosa conhecida, nem tem relação de transmissibilidade comprovada de pessoa para pessoa. O quinto paciente não teve a condição clínica informada.

Ainda segundo a SMS, uma das pacientes com a variante Esporádica é uma “mulher de 40 anos, sem histórico de comorbidades, que no dia 15 de agosto iniciou com sintomas neurológicos, sendo internada no Hospital Municipal quatro dias depois. O caso não tem histórico de viagens ao exterior, nega a existência de casos semelhantes na família ou contactantes próximos. E não tem histórico de exposição a procedimentos cirúrgicos”, detalha a pasta municipal da Saúde.

Em 2021, foram notificados três casos de DCJ em Salvador. Um caso foi confirmado como do tipo Esporádica, afirma a SMS. Já a Sesab informou que de fato três casos da doença foram confirmados no último ano, mas seria um de residente em Salvador, um de Simões Filho e outro de Serrolâdia. Destes, dois pacientes faleceram e o terceiro está em investigação pela Vigilância Epidemiológica.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 90% dos casos clínicos de DCJ levam à morte no intervalo de um ano, sendo o tratamento apenas de suporte e controle das complicações, a exemplo do uso de cadeira de rodas ou auxílio para alimentação conforme o paciente vai perdendo as funções motoras.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pela inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal na Bahia, afirma que está acompanhando os casos registrados este ano em Salvador e que verificou que não há relação com consumo de carne bovina ou subprodutos contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB), o nome oficial da Doença da ‘Vaca Louca'.

“A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DJC) ocorre, na maioria dos casos, de forma esporádica e tem causa e fonte infecciosas desconhecidas”, diz o Mapa, em nota.

Perfil clínico
O neurologista Mateus do Rosário explica que a DCJ é causada por uma proteína anormal, o príon, que tem capacidade de entrar no cérebro e causar destruição neuronal [dos neurônios] de maneira rápida. O mecanismo da doença é desconhecido, assim como não há evidência científica indicando que ela pode ser transmitida pelo ar ou pelo contato casual com os pacientes. A depender do tipo de DCJ, a contaminação pode acontecer por ingestão de carne contaminada [no caso da Vaca Louca], mutação genética na proteína ou transmissão por objeto contaminado [nos casos de realização de neurocirurgias, por exemplo].

O especialista explica ainda que, independente da forma de contaminação, os sintomas são similares. Sinais de confusão mental, perda da coordenação e alterações motoras são sinais comuns. Conforme a doença evolui, o paciente vai perdendo os sentidos. “Tem pessoas que chegam até cinco meses [de vida, após manifestação da doença], mas isso varia muito. Tem literaturas que falam de até 14 meses. Mas a doença é realmente fatal”, diz.

O também neurologista Felipe Oliveira detalha que, quando há suspeita da doença, o protocolo seguido pelo hospital é promover isolamento respiratório e de contato do paciente – uma vez que ainda será preciso confirmar a transmissibilidade -; e descartar os materiais utilizados. Quanto ao diagnóstico, exames de sangue para a análise genética no príon confirmam a doença.

“A manifestação clínica é muito inespecífica, não tem características clínicas da doença. Mas, se ao longo de dias, semanas, o indivíduo começou a ter quadro mental de desorientação, é importante procurar emergência. Idosos têm mais risco de desenvolver a doença”, alerta.

Entenda a diferença:

Quatro tipos - O Ministério da Saúde (MS) divide a doença Creutzfeldt-Jakob em quatro principais manifestações: esporádica, hereditária, iatrogênica e ‘vaca louca’. Os sintomas e tratamento são similares, o que difere é a forma de transmissão de cada tipo;

Esporádica - É responsá- vel pela maioria dos casos de DCJ, com incidência de 85%. Afeta pessoas entre 55 e 70 anos e tem predominância em mulheres. A doença não apresenta causa conhecida;

Hereditária - Atinge entre 10 a 15% dos casos de DCJ e tem origem em uma mutação hereditária [passada de geração para geração];

Iatrogênica - A contaminação se dá por contato com itens infectados. A transmissão para o paciente se dá via procedimentos cirúrgicos ou por meio do uso de instrumentos neurocirúrgicos ou eletrodos intracerebrais contaminados;

Variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob - Essa está associada ao consumo de carne e subprodutos bovinos conta- minados com Encefalite Espongiforme Bovina (Doença da ‘Vaca Louca’). Costuma acometer pessoas jovens, abaixo dos 30 anos

Brasil não registrou casos de Vaca Louca em 2022
O Brasil não teve casos confirmados da Doença da Vaca Louca este ano, informou o Ministério da Saúde (MS). Segundo a pasta, os únicos casos de variantes da DCJ registrados no país, além das notificações na Bahia, aconteceram em Brasília (DF). A capital identificou sete casos, todos sem relação com a variante por contaminação bovina. O MS não classificou qual dos outros três tipos da doença ocorreram nos pacientes do Distrito Federal.

"Também não há casos de animais com diagnóstico de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina) clássica no país. O Brasil é classificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como país de risco insignificante para EEB", garantiu o MS.

Entre os anos de 2005 e 2014, foram notificados no Brasil 603 casos suspeitos de DCJ. Destes, 55 foram confirmados, 52 descartados, 92 indefinidos e 404 tiveram a classificação final ignorada ou em branco. Desde que a vigilância da DCJ foi instituída no Brasil, nenhum caso da forma da ‘Vaca Louca’ da doença foi confirmado.

A reportagem solicitou informações sobre projetos de vigilância sanitária a doenças priônicas [causadas pela proteína príon] à Sesab e à SMS. As entidades não retornaram até a publicação desta reportagem.

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