A Bahia já se prepara para armazenas doses de vacina contra o coronavírus. Na manhã desta quinta-feira (3), o secretário de Saúde estadual, Fábio Vilas-Boas, contou que já se reuniu com o governador Rui Costa para tratar dos detalhes.

Segundo o titular da pasta, equipamentos modernos serão adquiridos em breve. "O governador Rui Costa autorizou a montagem de uma rede de ultrafreezeres de -80 graus para que a Bahia esteja preparada para estocar e distribuir a vacina da Pfizer ou da Moderna, ambas sintéticas, de RNA, a mais avançada tecnologia de vacinas do mundo, quando forem aprovadas", publicou em uma rede social.

A ideia inicial é que sejam adquiridos pelo menos 100 equipamentos refrigeradores, que serão instalados na capital e nas principais cidades do interior baiano.

Ainda não há uma previsão de quando esses equipamentos serão comprados de fato, nem de quando serão entregues na Bahia. O secretário também não detalhou que outras cidade além de Salvador contarão com os equipamentos armazenadores.

 

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A farmacêutica americana Moderna anunciou que pedirá nesta segunda-feira, 30, autorização para uso emergencial de sua vacina para a covid-19 nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com a empresa, o imunizante se mostrou 94,1% eficaz nos resultados finais da fase 3 dos testes clínicos.

No dia 16 de novembro, a Moderna já havia anunciado os resultados preliminares dos estudos, com eficácia de 94,5%.

O estudo da farmacêutica envolveu 30 mil participantes, dos quais 196 indivíduos desenvolveram o coronavírus com sintomas, de acordo com a companhia.

Destes, 185 haviam tomado placebo, enquanto 11 haviam recebido a vacina.

Segundo a Moderna, o imunizante também aparentou ser seguro, ainda que alguns participantes tenham experimentado dores de cabeça e outras reação leves a moderadas.

"Acreditamos que nossa vacina fornecerá uma ferramenta nova e poderosa que pode mudar o curso desta pandemia e ajudar a prevenir doenças graves, hospitalizações e mortes", disse o CEO da Moderna, Stéphane Bancel.

"Vamos solicitar hoje uma autorização de uso de emergência da FDA e continuar avançando com as revisões contínuas que já foram iniciadas com várias agências regulatórias em todo o mundo", acrescentou Bancel, fazendo referência à Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

A farmacêutica também apresentará nesta segunda-feira um pedido de uso emergencial da vacina à Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês).

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A vacina contra covid-19 que será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a farmacêutica Astrazeneca e a Universidade de Oxford deve chegar a 30 milhões de brasileiros a mais em 2021, aumentando o total de pessoas alcançadas no país até o fim do ano que vem para cerca de 130 milhões. O ganho de 30% deve ocorrer porque dados dos testes clínicos divulgados nessa segunda-feira (23) mostram que o protocolo de vacinação mais eficaz inclui uma dose reduzida na primeira aplicação, em vez de uma dose completa.

A Astrazeneca e a Universidade de Oxford anunciaram que o esquema de vacinação que prevê uma dose reduzida e uma dose completa, com um mês de intervalo, obteve eficácia de 90%. Já o protocolo com duas doses completas e o mesmo intervalo atingiu eficácia de 62%. Os dados analisados envolveram 11 mil voluntários, cerca de 2,7 mil com o protocolo mais eficaz e quase 8,9 mil com o protocolo de duas doses completas.

Não houve registro de eventos graves relacionados à segurança da vacina e nenhum dos voluntários que recebeu a vacina desenvolveu casos graves da covid-19 ou precisou ser hospitalizado.

O vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Marco Krieger, classificou a divulgação como uma boa notícia, já que confirmou a eficácia de 90% e trouxe um ganho adicional, uma vez que as 210 milhões de doses que a Fiocruz prevê fabricar no ano que vem poderão chegar a mais pessoas, caso os dados sejam confirmados na conclusão e publicação do estudo.

"Em vez de termos vacina para 100 milhões de brasileiros, poderíamos vacinar 130 milhões. O que é um ganho adicional. Foi uma boa notícia", disse Krieger, em entrevista à Agência Brasil.

Produção e registro
A partir de acordo com o governo federal, os desenvolvedores da vacina já iniciaram o processo de transferência de tecnologia para que a Fiocruz produza o imunizante no país. No primeiro semestre, a fundação prevê disponibilizar 100 milhões de doses a partir de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) importado, e, no segundo semestre, cerca de 110 milhões de doses serão fabricadas já com IFA produzido na Fiocruz. Krieger explica que a previsão está mantida, e o que deve ocorrer é o fracionamento de doses.

Todo esse processo depende da confirmação e publicação dos resultados dos testes em humanos, e do registro do imunizante na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além de produzir a vacina, a Fiocruz também está encarregada de protocolar esse pedido de registro, que tem sido feito de forma parcelada desde outubro, em um processo chamado de submissão contínua.

A Anvisa já recebeu em outubro e novembro informações como os resultados dos estudos pré-clínicos e dados sobre manufatura e controle nas plantas industriais. No mês que vem, a Fiocruz deve encaminhar os resultados dos testes clínicos, o que inclui o protocolo recomendado a para vacinação.

"Durante o peticionamento para as autoridades sanitárias, no nosso caso a Anvisa, será colocado que a eficácia de 90% foi utilizada com esse protocolo [com dose reduzida]. E esse protocolo que será o registrado. É muito importante que a gente utilize a vacina de acordo com os resultados no estudo clínico, porque ele garante duas informações: primeiro essa eficácia, que é muito alta; e, segundo, a segurança", disse Krieger, que mais uma vez pondera que isso depende da confirmação dos resultados.

A Fiocruz deve protocolar o último bloco de documentos em janeiro do ano que vem, quando também deve começar a produzir a vacina, antes mesmo da aprovação final Anvisa. O imunizante será produzido no Complexo Industrial de Bio-Manguinhos, que fica junto à sede da fundação, na zona norte do Rio de Janeiro. O objetivo de antecipar a produção é ter ao menos 30 milhões de doses até o fim de fevereiro, quando deve ficar pronto o parecer final da Anvisa com o registro da vacina, caso todos os testes confirmem a segurança e a eficácia da vacina. Se esse cronograma se confirmar, Bio-Manguinhos deve entregar em março as primeiras 30 milhões doses ao Ministério da Saúde, para que sejam disponibilizadas à população.

Como funciona a vacina?
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford utiliza a tecnologia de vetor viral, em que uma sequência genética do novo coronavírus é inserido em outro vírus, incapaz de se replicar, para, então, ser injetada no corpo humano e gerar a resposta imunológica.

O vetor usado é um adenovírus (vírus de resfriado) de chimpanzé, que transporta a sequência da proteína S do novo coronavírus. Essa é a proteína que forma a coroa de espinhos que dá o nome ao microorganismo, e esses espinhos são fundamentais no processo de invasão das células humanas. Os testes clínicos buscam comprovar que, uma vez vacinado, o corpo humano reconhecerá essa proteína e poderá produzir defesas que neutralizem sua ação, dificultando que uma pessoa adoeça ao ter contato com o novo coronavírus.

Até o momento, a mutabilidade do vírus não é considerada uma ameaça à eficácia da vacina, já que as mutações que têm sido observadas pela ciência não apresentam mudanças estruturais na proteína S, o que indica que vacinas que a adotem como alvo podem ser eficazes mesmo diante de mutações do novo coronavírus.

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A Pfizer e a BioNTech anunciaram nesta quarta-feira (17) que uma análise final dos estudos referentes à vacina contra o coronavírus concluíram que ela é 95% eficaz. O imunizante também parece ser eficaz para evitar a doença em estado grave.

"A análise final destaca os resultados da análise de eficácia provisória positiva anunciada em 9 de novembro", disse o CEO da BioNTech, Ugur Sahin, em um comunicado.

Segundo o laboratório, a vacina foi altamente eficaz contra o vírus 28 dias após a primeira dose, e sua eficácia foi consistente em todas as idades, raças e etnias. Ainda segundo o estudo, os idosos, que fazem parte do grupo de risco da doença, tiveram uma eficácia da vacina de mais de 94%.

"Os dados indicam que nossa vacina ... é capaz de induzir uma alta taxa de proteção contra COVID-19 apenas 29 dias após a primeira dose. Além disso, observou-se que a vacina foi bem tolerada em todas as faixas etárias, com efeitos colaterais principalmente leves a moderados, o que pode ser devido em parte à dose relativamente baixa", diz o comunicado da empresa.

A vacina também parecia prevenir doenças graves em voluntários. Houve 10 casos de casos graves de Covid-19 observados no estudo de fase três, com nove dos casos ocorrendo no grupo do placebo.

A análise final avaliou 170 infecções confirmadas por Covid-19 entre os mais de 43.000 participantes do estudo em estágio final. As empresas disseram que 162 casos de Covid-19 foram observados no grupo do placebo contra oito casos observados no grupo que recebeu a vacina de duas doses. Isso resultou em uma eficácia estimada da vacina de 95%, disseram as empresas.

As empresas reiteraram que esperam produzir até 50 milhões de doses este ano e até 1,3 bilhão de doses em 2021. Eles também disseram que estão “confiantes” em sua capacidade de distribuir a vacina, que requer uma temperatura de armazenamento de -80ºC.

No Brasil, os testes da vacina da Pfizer são coordenados pelas Obras Sociais Irmã Dulce. O teste deve durar por pelo menos dois anos para avaliar a eficácia da vacina e medir o tempo de proteção, checando se será necessária a dose de reforço.

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Salvador pode ter acesso à vacina da empresa chinesa Sinovac Biotech contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Esse foi o desejo manifestado hoje (14) pelo prefeito ACM Neto, que se reuniu com o governador de São Paulo, João Dória, para tratar do assunto. A expectativa do governo paulista é que a população comece a ser vacinada ainda em dezembro deste ano.

"Expressei ao governador João Dória o desejo que Salvador tem de participar desse movimento em parceria com o estado de São Paulo. Vim à capital paulista justamente para conhecer o estágio em que esse processo se encontra. Assim que houver o registro, queremos disponibilizar doses dessa vacina para os soteropolitanos rapidamente", declarou ACM Neto.

A vacina tem se mostrado segura até agora, sem registro de efeitos colaterais graves nos testes realizados, inclusive entre os idosos. ACM Neto tem dito que a capital baiana só voltará à normalidade quando a população for imunizada.

A comissão mista que analisa os impactos econômicos do novo coronavírus discute na próxima quarta-feira (7) a adesão do Brasil à aliança global coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que reúne governos e fabricantes para garantir o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 e o acesso igualitário a ela.

A adesão foi autorizada por meio da Medida Provisória 1003/20, que está em análise no Congresso.

A aliança foi batizada de Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility) e reúne mais de 150 países, entre aqueles que já aderiram formalmente ou confirmaram o interesse. Na América do Sul já participam Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai.

Junto com a MP 1003/20, o governo editou a MP 1004/20, que prevê a liberação de R$ 2,5 bilhões para financiar os custos do ingresso do Brasil no Covax Facility.

Convidados
O debate será realizado, a partir das 10 horas, por meio de videoconferência no portal e-Decmocracia.

Foram convidados para discutir o assunto com os parlamentares o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Coronel Élcio Franco; e o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto.

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Apesar de representar apenas 13% da população mundial, um grupo de países ricos comprou mais da metade das doses de vacina contra o coronavírus que estão sendo produzidas pelos laboratórios, informa um relatório da ONG Oxfam divulgado nesta quarta-feira (16).

Para chegar a tal conclusão a organização analisou os acordos fechados pelas empresas que desenvolvem e fabricam as cinco principais vacinas contra o coronavírus e que estão atualmente na última fase de testes clínicos: AstraZeneca, Gamaleya/Sputnik, Moderna, Pfizer e Sinovac.

"O acesso às vacinas que salvam vidas não deveria depender de onde se vive ou de quanto dinheiro se tem", declarou Robert Silverman, diretor da Oxfam. "O desenvolvimento e a aprovação de uma vacina segura e eficaz é crucial, mas é igualmente importante garantir que as doses estejam disponíveis para todos. A covid-19 está em todos os lugares", lembrou.

Cálculos da Oxfam apontam que os laboratórios devem produzir cerca de 5,9 bilhões de doses da vacina, o suficiente para imunizar cerca de 3 bilhões de pessoas. Até agora, 2,7 bilhões (51%) das 5,3 bilhões de doses negociadas foram encomendadas por países, territórios e regiões que incluem Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Hong Kong, Macau, Japão, Suíça e Israel.

As outras 2,6 bilhões de doses foram adquiridas, ou receberam promessas de aquisição, de países em desenvolvimento como Brasil, Índia, Bangladesh, China e México, entre outros. Segundo a Oxfam, uma das principais candidatas, a vacina do laboratório Moderna recebeu pedidos de governos avaliados em US$ 2,5 bilhões, mas a empresa vendeu para os países ricos as opções de compra de toda sua produção.

A ONG pediu que uma "vacina do povo", que seria distribuída gratuitamente e com base nas necessidades de cada país, também seja disponibilizada. "Isso só seria possível se as corporações farmacêuticas permitissem que as vacinas fossem produzidas compartilhando gratuitamente as patentes, em vez de proteger seus monopólios e vender em função da melhor proposta", concluiu. A organização calculou que o custo estimado do suprimento da vacina para cada habitante do planeta é inferior a 1% do impacto previsto na economia mundial pela covid-19.

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A tão sonhada vacina para a covid-19 deve demorar. Ela só deve começar a ser aplicada nos baianos a partir de março de 2021. A estimativa foi feita por Fábio Vilas-Boas, secretário da Saúde da Bahia, nesta terça-feira (15) no programa Saúde & Bem-Estar, apresentado pelo jornalista Jorge Gauthier no Instagram do jornal CORREIO (@correio24horas). Apesar da Bahia ter a parceria com a Rússia em andamento para a distribuição de 50 milhões de doses da vacina, o secretário destacou que o prazo para o início da imunização ainda depende da aprovação e registro da vacina junto à Anvisa. Além disso, reforçou que, na rede pública, a vacina não terá como contemplar todos os baianos. “A prioridade serão as pessoas que são grupos de risco”.

Vilas-Boas destacou ainda que não acha seguro o retorno das aulas sem vacina, que os hospitais de campanha devem ser desativados progressivamente e reforçou a necessidade das pessoas continuarem usando as máscaras pois há um risco de uma segunda onda da pandemia a exemplo do que já aconteceu em países da Europa. O secretário falou também do legado de infraestrutura para a saúde do estado com a intenção de manutenção de 60% dos atuais leitos de UTI.

Confira os principais pontos da entrevista e confira a live completa abaixo:

Estamos completando 6 meses do início da pandemia no estado e ultrapassamos ontem os 6 mil mortos. Quais os principais acertos e o que poderia ter sido feito diferente?

Nós nos programamos com muita antecedência. Desde janeiro o estado foi preparado para a pandemia. Primeiro, cuidamos da parte diagnóstica, com o Laboratório Central do Estado para podermos fazer o mais importante: obter o diagnóstico correto. Por conta disso, pudemos tomar decisões de maneira rápida, com bases diárias. Isso impediu que houvesse um lockdown geral do estado, o que causaria uma fadiga precoce e possível desobediência da população, que colaborou desde o início, respeitando as medidas preventivas. Foi fundamental a junção do governo, prefeituras, população e apoio da imprensa durante este período.

Estamos entre os últimos estados do Brasil em número de taxa de letalidade - somos o 22°. Ninguém ficou sem atendimento por falta de estrutura em nenhuma cidade do estado. Se nós pudéssemos ter previsto a pandemia com antecedência, teríamos adquirido equipamentos mais precocemente, não teríamos tido momentos onde ficamos ‘apertados’. Apesar disso, mesmo com dificuldades, essa impossibilidade de prever a pandemia e correria para organizar tudo, não gerou consequências graves.

Há uma percepção de que a população tem relaxado ultimamente, que esqueceu da pandemia. Muitas aglomerações e muitas vezes sem máscara. Dá uma sensação de ‘enxugando gelo’?

Se você for a São Paulo ou ao Rio de Janeiro, você vai ver uma fração das pessoas fazendo uso de máscaras. O que a gente vê na Bahia, de forma universal, é algo daqui. A gente não percebe porque não estamos saindo daqui. São Paulo só decretou o uso obrigatório de máscara há cerca de 2 meses. Na Bahia, foi desde março. Movimentamos a indústria têxtil para ter quantidade suficiente de máscaras para obrigar o seu uso universal nas ruas e ambientes públicos já nas primeiras semanas.

Quando vejo uma pequena parcela da população começando a desrespeitar o distanciamento, fico preocupado porque esse grupo pode colocar em risco pessoas que não se expuseram ao vírus. É lamentável algumas situações, como paredões e pessoas andando em lojas sem máscaras. Mas as prefeituras têm trabalhado para dissolver estes focos de rebeldia. Em comércios, tem sempre alguém na porta que não deixa você entrar sem o uso da máscara. Existe uma consciência coletiva aqui que não existe em outros estados do Brasil.

Não é hora de relaxar, se nós hoje estamos com taxas de internação menores do que 50%, foi fruto de esforço coletivo. Não é hora de colocar tudo a perder. É importante frisar que ainda há regiões com taxas maiores, pois a pandemia é heterogênea. Temos que estar atentos e observando sinais de retomada. É possível que haja uma segunda onda da doença, pois foi o que aconteceu em todo o mundo. Estamos preparados, com leitos disponíveis, caso isso aconteça.

Há um desejo/pensamento das pessoas de que teremos vacina em outubro. Qual o cronograma real de planejamento em relação à vacina? Qual o panorama atual?

As vacinas estão em fase de teste. Todos os fabricantes, seja a alemã da Pfizer, seja a vacina de Oxford, as vacinas russa e chinesa, nenhuma está aprovada para uso em lugar nenhum do mundo, ainda. E todos os fabricantes, confiantes, já estão produzindo e estocando. Caso dê certo, eles estarão alguns meses na frente. Quando a vacina estiver aprovada, lá em novembro, a prioridade de vacinação será para aqueles que enfrentam um maior risco. A primeira será população do Hemisfério Norte, que estará confinada em casa com temperaturas muito frias fora. Depois, a população do Hemisfério Sul, que tem o seu inverno no meio do ano. É impossível vacinar a população toda rapidamente. Os grupos de risco serão prioridade.

Na Bahia, teve uma ação inteligente e oportuna do [governador] Rui Costa: quando todos tinham preconceito com a vacina russa, devido a propagandas enganosas do Ocidente, ele firmou uma parceira com ela. Através da Bahia, o Brasil terá prioridade de 50 milhões de doses. E ela só será vendida no país depois de aprovada pela Anvisa. A agência só aprova a partir de resultados clínicos positivos. A previsão mais racional é que a vacinação comece aqui apenas em março de 2021. E será uma vacina de duas doses - com intervalo estimado de 21 dias entre as doses. O que é preocupante, pois aderência à segunda dose, que acontecerá cerca de um mês depois, geralmente é menor. E vai faltar seringa no mundo, mas a Bahia já está se preparando.

Vai ter vacina para todos os baianos?

A vacina é apenas para o grupo de risco, que tem maior chance de morrer. Não haverá vacina para todo mundo em um primeiro momento, é desnecessário. Segue a mesma lógica da gripe H1N1. No Brasil a vacina será gratuita, a partir do Programa de Imunização Nacional.

É possível voltar às aulas de uma forma segura ainda este ano?

Depende da escola e da região. Eu não sei como a educação poderá montar um esquema de calendário homogêneo para regiões heterogêneas. Uma série de variáveis precisa ser avaliada: taxas de ocupação de leitos, escolas com ar condicionado split - que renova o ar da própria sala -, disponibilidade de pias para lavar as mãos… De acordo com uma pesquisa recente feita por nós no Subúrbio de Salvador há 5% de alunos e professores assintomáticos com o vírus. Na escola isso seria uma alta taxa de transmissão.

Como estão sendo planejadas as ações em caso de segunda onda do vírus como já tem acontecido em países da Europa e até mesmo uma terceira onda na Ásia?

Estamos mantendo uma reserva ampla de leitos de UTI. Estamos desmobilizando leitos, mas a infraestrutura está presente. Não faz sentido pagar 100 leitos e usar 10, 20. Então eles serão transformados em leitos para outras doenças - como cirurgias eletivas, que estão voltando a ser feitas. Caso haja uma segunda onda, os leitos serão reativados e não haverá necessidade de obras físicas, como no início da pandemia no Brasil, entre abril e junho. Hoje, o mercado brasileiro conseguiu atingir uma capacidade de suprimentos suficiente para conseguir atender à demanda da pandemia.

Qual será o efeito da disseminação do coronavírus com as eleições municipais de novembro?

Nós fizemos um planejamento da reabertura durante 45 dias. Vai existir risco. Mas se a população seguir as determinações, o risco é pequeno. O fato de ir votar com máscara e respeitando o distanciamento, torna o risco pequeno. O vírus depende de gotículas. Estas ficam retidas dentro da máscara. A pessoa com máscaras não consegue expeli-las para fora. Espero que no momento da eleição não seja permitido o acesso sem máscara. E os candidatos que forem flagrados patrocinando ou tomando parte de eventos que desrespeitem as determinações de saúde serão punidos.

Quando os hospitais de campanha serão desativados se continuarmos nessa progressão de menor taxa de transmissão? E o que vai ser feito com os equipamentos?

Existem dois tipos de hospital: o de campanha, que é provisório, e leitos de UTI construídos dentro de hospitais. Os de campanha foram o montado na Fonte Nova, com 100 leitos de UTI e 90 de enfermaria; uma tenda do lado de fora do hospital do subúrbio, com 60 leitos; e outro em Teixeira de Freitas, com 100 leitos. Foram criados leitos de UTI nos hospitais Ernesto Simões; Couto Maia; Clériston Andrade; Alaíde Costa. Estamos avaliando quais e quantos leitos das UTIs novas que foram criadas serão mantidos como leitos de UTI regulares daqui para frente. Temos que ver como bancar isso: cada leito custa R$1,6 mil por dia. Espero conseguir deixar um legado positivo de expansão de UTIs no estado. Antes da pandemia tínhamos 1,3 mil leitos de UTI no estado. Hoje são cerca de 2600 sem contar os contratados pela prefeitura de Salvador.

Quantos desses 2600 leitos de UTI podem ser mantidos pós-pandemia?

O governo abriu cerca de mil leitos e pretende manter cerca de 60% deles. Abrimos novas UTIs em várias cidades do interior da Bahia. Investimentos que podem ser mantidos para sempre. A infraestrutura de oxigênio não vai ser retirado dos hospitais e dos lugares onde foi montada. Assim, caso haja uma nova pandemia, estaremos prontos. A chance de acontecer uma nova pandemia é real. A questão não é se vai acontecer, mas quando. Isso será consequência do processo de urbanização acelerado atual na China. E estaremos preparados. Esse vírus veio para nos ensinar. Ele teve a taxa de mortalidade relativamente baixa, mas não sabemos como será o próximo.

Qual será o maior gargalo da saúde pública depois da pandemia?

O acúmulo de cirurgias eletivas. Uma quantidade muito grande de procedimentos que precisam ser feitos. Nós temos um sistema criado - lista única - organizando as demandas. Há prédios com centenas de pessoas gerando indicadores e dados. Com base nessas informações, estamos organizando este momento. Em 2021, a infraestrutura de hospitais da Bahia vai dar um salto. Todos os hospitais do Governo do Estado estão sendo reformados e muitos estão sendo ampliados. Teremos capacidade de absorver essa demandas reprimidas de forma tranquila.

Em relação à saúde mental, como estamos no preparando para o momento pós-pandemia?

Nós nos preocupamos muito com isso. há linhas de suporte psicológico para quem está confinado em casa. Nós estamos lidando com isso e vamos lidar com as consequências neurológicas da Covid. O vírus tem modificado o funcionamento do sistema nervoso central e causado sequelas. Ele não é tão benigno como achado no começo da pandemia.

Há um aumento de taxas de transmissão na região Oeste. Existe expectativa de aumento em função da volta do transporte intermunicipal liberado recentemente?

Oeste está com 76% de taxa de ocupação. Tem leitos sobrando no Hospital do Oeste. Foram construídos 30 novos leitos. Leitos de enfermagem foram transformados em leitos de UTI. Por conta disso, hoje, a situação está tranquila. Existirá o risco de aumentar. Mas há riscos e benefícios. Chega um momento que a sociedade não aguenta. Teriam transportes clandestinos e perigosos. É melhor que seja feito de maneira legal, fiscalizada e segura.

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