O Jornal da Cidade

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A Prefeitura de Salvador inicia, nesta terça-feira (20), a aplicação de primeira dose de vacinas contra a covid-19 para pessoas com 37 anos. "Todas as pessoas de 37 anos serão imunizadas", informou o prefeito Bruno Reis, nas redes sociais, na tarde desta segunda (19).

Segundo ele, das 8h às 12h, serão imunizados os nascidos até 20 de janeiro de 1984. Depois, entre 13h e 16h, tomam a primeira dose os nascidos até 20 de julho de 1984. A data de imunização do restante dos nascidos em 1984 ainda não foi informada.

Também nesta terça, será será aplicada a segunda dose para Oxford e Coronavac entre 08h e 16h.

Confira os postos de vacinação do dia:

1ª DOSE - 08H ÀS 16H

Drivers: Centro de Convenções, 5º Centro de Saúde, Atakadão Atakarejo, Parque de Exposições, Arena Fonte Nova, Faculdade Universo, Vila Militar (Dendezeiros), Universidade Católica de Salvador (Pituaçu), Unijorge (Paralela), Shopping Bela Vista.

Pontos Fixos: USF Santa Luzia, USF Vila Nova de Pituaçu, Unijorge (Paralela), 5º Centro de Saúde, Universidade Católica de Salvador (Pituaçu), UBS Ramiro de Azevedo, USF Resgate, USF Plataforma, Parque de Exposições, USF Cajazeiras V, USF Federação, USF Pirajá, Clube dos Oficiais da Polícia Militar (Dendezeiros).

2ª DOSE CORONAVAC – 08H ÀS 16H
Amanhã todas as pessoas que estão com a data de reforço da vacina contra a Covid-19 da CORONAVAC programada para até o dia 20 DE JULHO já podem procurar os pontos de imunização para receber a vacina.

Drivers: Barradão e FBDC Cabula

Pontos Fixos: Nelson Pihaui Dourado (Águas Claras), Barradão, USF Curralinho

2ª DOSE OXFORD – 08H ÀS 16H
Amanhã todas as pessoas que estão com a data de reforço da vacina contra a Covid-19 da OXFORD programada para até o dia 27 DE JULHO já podem procurar os pontos de imunização para receber a vacina.

Drivers: PAF Ondina, FBDC Brotas e Shopping da Bahia

Pontos Fixos: USF Vista Alegre, USF Vale do Matatu, USF Teotônio Vilela II (Fazenda Coutos II), USF Colinas de Periperi, FBDC Brotas, USF Fernando Filgueiras (Cabula VI), Cajazeiras X.

A pandemia de covid-19 ainda não acabou, mas nos últimos tempos tem dado uma trégua em Salvador. Pelo segundo dia neste mês de julho (a primeira vez foi no dia 16), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital baiana amanheceram sem fila de espera na segunda-feira (19), segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS). Somente 18 pessoas precisaram de regulação. O atendimento nos gripários também caiu: 77,5% a menos em relação ao pico da segunda onda, em março. Com isso, 80 leitos de UTI já foram desativados.

Além da fila zerada, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) não tiveram grande movimento: a taxa de ocupação estava em 49% no início da noite de segunda. Esse índice não era atingido desde o dia 26 de outubro do ano passado, quando a taxa estava em 36%. No entanto, na época, eram apenas 397 leitos disponíveis para internamento, enquanto hoje são 709. Dos 80 leitos de UTI desmobilizados na cidade, 10 foram em junho e 70 desde o início de julho.

Já o Governo do Estado não desativou estruturas assistenciais, tendo migrado 10 leitos de UTI do Instituto Couto Maia para atender outras patologias infectocontagiosas e 10 leitos de UTI do Hospital Geral Ernesto Simões para o atendimento a outras especialidades.

Pela baixa demanda, dois gripários foram desativados, em São Cristóvão e Pirajá. Ambos tinham 10 leitos de enfermaria e dois leitos de sala vermelha para atender qualquer pessoa com sintomas gripais, não só de covid-19. Outros quatro, por sua vez, permanecem ativos – o de Paripe, Pau Miúdo, Barris e o da ilha de Bom Jesus.

"No auge da segunda onda, a gente chegava a atender 800 pacientes por dia nas nossas unidades. E tinha unidades como o gripário dos Barris que chegava a atender 300 pacientes por dia. Segunda-feira, a gente fechou o dia com 181 atendimentos. Tem variado nessa média, de 180 e 200 pacientes, então foi uma decisão certa [desmobilizar]”, revela o coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva.

Ele faz a ressalva que as estruturas não foram desmontadas, mas as equipes precisaram ser dispensadas, ao menos por enquanto. “Os gripários permanecem montados, estruturalmente mantidos. A gente está vendo a nova cepa delta já circulando pelo país e, se houver necessidade, a gestão faz a reativação. Mas não há sentido manter estruturas com um gasto público, com médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e toda a parte de insumos, sem ter um volume de atendimento que justifique”, explica.

A grande demanda das pessoas que iam aos gripários, de acordo com Paiva, era para fazer testes para a detecção do novo coronavírus. “Terminou virando quase um posto de testagem. A gente chegou a passar pelo absurdo de que algumas empresas, quando alguém positivava, obrigava todos os outros funcionários, mesmo sem sintomas, a ir testar, o que é uma utilização indevida do serviço público”, critica o coordenador. O protocolo para a realização dos testes é o indivíduo ter, a partir de três dias, sintomas da covid.

O motivo para a desmobilização dessas estruturas para a doença, além da melhora dos índices epidemiológicos, é a falta de financiamento do governo federal. “Ano passado, o governo federal nos ajudou imensamente nas estruturas. Porém, esse ano, há uma ausência de financiamento, que tem prejudicado muitos municípios. Ano passado foram mais de R$ 300 milhões e, esse ano, a gente só recebeu R$ 38 milhões”, afirma o secretário municipal da Saúde, Leo Prates.

Segundo ele, esse é o principal motivo de desmobilização, sob a determinação do prefeito Bruno Reis (DEM). Caso seja necessário, haverá reativação. "É importante a gente ter os leitos, mas também nós não podemos desperdiçar dinheiro público e um hospital desse mobilizado parado custa dinheiro”, pontua Prates. Cada leito de UTI custa, por dia, R$ 2 mil aos cofres públicos. Para manter os 709, é necessário R$ 1,4 milhão. No fim do mês, a conta chega em R$ 42,5 milhões.

Cobrança
Leo Prates, por sinal, aproveitou a oportunidade e cobrou publicamente ao Ministério da Saúde (MS) a compensação das doses de imunizante contra para acelerar a vacinação em Salvador. Por conta de erros nos critérios de distribuição do MS, a cidade recebeu 200 mil doses a menos em relação as demais capitais.

Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconheceu a desigualdade na distribuição das vacinas entre os estados, em uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados. Segundo ele, estados como Rondônia e Tocantins receberam lotes que correspondem a 101% das respectivas populações, enquanto a Bahia teve disponíveis doses capazes de imunizar apenas 62%.

Para o secretário municipal da Saúde, é preciso que o Ministério vá além do reconhecimento público em relação ao problema, e apresente um plano que corrija a disparidade da imunização.

“Temos falado há muito tempo que o critério adotado pelo Ministério está prejudicando nossa capital, assim como a todo o estado. A pergunta que fica é quando serão repostas as doses das cidades que foram prejudicadas com o recebimento de doses a menos, como o caso do nosso estado?”, questiona.

Leo Prates também fez um comparativo com a cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo, que está com uma situação mais avançada que Salvador. “Hoje, Vitória é a cidade que mais vacinou, com 88% dos seus cidadãos vacinados até o momento, enquanto Salvador tem cerca de 56% da sua população vacinada”, explica.
“Proporcionalmente, Salvador teria deixado de receber até 634 mil doses se comparado a Vitória. Na média entre as 27 capitais do país, o contingente vacinado corresponde a 67%, para Salvador alcançar essa média, teríamos que receber no mínimo 200 mil doses”, finaliza.

Mutirão vacinou 23 mil pessoas na capital

A fim de zerar os estoques da vacina contra a covid-19, a prefeitura de Salvador realizou na segunda-feira (19) um mutirão para completar o esquema vacinal dos soteropolitanos. A operação tinha como alvo principal quem teve a segunda dose da Oxford/AstraZeneca marcada até o dia 26 de julho. A expectativa era adiantar a imunização de mais de 41 mil pessoas. Segundo o balanço do vacinômetro da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), porém, 23.090 mil pessoas foram imunizadas com a segunda dose, entre Oxford e CoronaVac.

Para o secretário municipal da Saúde de Salvador, Leo Prates, se há vacinas em estoque, elas devem ser aplicadas o quanto antes, para que mais pessoas sejam imunizadas. “Já foi confirmado, no Rio de Janeiro, o 23º caso da variante delta, e ela quebra a maioria da eficácia das vacinas com uma dose, por isso a importância das duas doses, como confirmam as pesquisas”, explica.

Tanto o Ministério da Saúde (MS), como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) são a favor da manutenção do prazo de aplicação de 12 semanas entre a primeira e segunda doses. Já a SMS quer que o prazo possa ser de, no mínimo, nove semanas.

"Nossa defesa é que o Ministério possa separar o prazo de distribuição do prazo de aplicação. Em distribuição, seja mantido o aprazamento de 12 semanas, mas que as vacinas possam ser aplicadas com intervalo mínimo de nove semanas, porque a gente recebe as doses e elas ficam paradas de 15 a 20 dias”, diz Prates.

A Bahia vai receber mais de 600 mil doses das vacinas contra a covid-19 a partir desta terça-feira (20). A informação foi divulgada pelo secretário estadual da Saúde (Sesab), Fábio Vilas-Boas.

Os lotes são destinados para primeira e segunda doses do esquema vacinal. São 314 mil doses da Astrazeneca/Oxford, produzidas pela Fiocruz; 79.400 da Astrazeneca/Oxford, enviadas pelo consórcio Covax Facility, da OMS; 132.400 doses da Coronavac e 81.900 doses da Pfizer.

O número de alunos matriculados em academias caiu pela metade em alguns estabelecimentos de Salvador. O risco de contrair o novo coronavírus afugentou os atletas e os empresários estão oferecendo descontos, congelando mensalidades e fazendo outros malabarismos para equilibrar as contas e atrair o público. Uma pesquisa nacional aponta queda de 52% no faturamento, em maio.

Se alguém tivesse disto, em janeiro do ano passado, que o setor de academias enfrentaria uma má fase provavelmente provocaria gargalhadas. O segmento estava em crescimento nos últimos anos, mas o novo coronavírus fez o jogo virar. Na academia R1 Sports Club, no Itaigara, por exemplo, a queda no número de alunos foi de 50%.

A sócia proprietária, Renata Felice, contou que o estabelecimento tem alunos com uma média de idade na casa dos 40 anos e que muitos informam que só retornarão com a imunização completa, ou seja, 15 dias após receberem a segunda dose da vacina contra a covid-19. A queda impactou financeiramente o estabelecimento, mas Renata afirma que não foi preciso demitir funcionários ou realizar empréstimos.

“Muitos dos nossos alunos mantiveram o financeiro ativo durante a pandemia. Isso foi fundamental para a nossa sobrevivência durante os cinco meses de restrição”, disse.

Renata explica que a academia está fazendo uma busca ativa e entrando em contato com os alunos que ainda não retornaram. O objetivo é tranquilizá-los sobre os protocolos de segurança e informar sobre promoções. O estabelecimento já ofereceu descontos em planos anuais e, agora, está com uma nova tática. “Estamos com outra campanha, para um plano com fidelidade de três meses e valor mais acessível. Aí o aluno pode cancelar sem ônus caso volte e não se sinta confortável”, contou.

A academia Hammer Fitness Club, que tem unidades na Barra, Patamares, Pituba e Stella Maris, também registrou queda de 50% no movimento de alunos. Em nota, a empresa informou que a pandemia alterou os hábitos, locais de moradia e poder aquisitivo de parte da população e que isso teve reflexos no público que frequenta as academias.

“O percentual que ainda não retornou é composto por pessoas que ainda possuem algum tipo de receio ou que tiveram mudanças nas suas vidas que impactaram diretamente na escolha da academia, como mudanças de residência ou mudança do poder aquisitivo”, diz o sócio diretor da Hammer, Vitor Urpia.

A empresa disse também que houve redução no número de vagas para atender aos protocolos de segurança e que implantou outras medidas, além daquelas já definidas pela prefeitura, como a distribuição de um frasco com sanitizante para uso individual dos alunos. Na tentativa de atrair os alunos, tem convocado também todas as pessoas vacinadas para treinar gratuitamente por 15 dias na Hammer. É só apresentar o cartão de vacina em uma das nossas recepções", explica.

Já a rede Lion Fitness, que tem unidades no Cabula, São Caetano, Liberdade, IAPI e Sussuarana, perdeu 40% das matrículas por conta da instabilidade da pandemia. O proprietário, Márcio Leão, contou que a empresa reduziu o valor dos planos e está oferecendo descontos para quem paga à vista ou leva um amigo, mas que o cenário ainda está complicado. “Isso ocorreu pela falta de segurança na continuidade da abertura das academias, aquele abre e fecha. Adotamos todos os protocolos estabelecidos pela vigilância sanitária, inclusive fui visitado muitas vezes”, disse.

O público também mudou de hábito, e isso pode ser percebido a olho nu. O número de pessoas fazendo atividades ao ar livre aumentou na pandemia. A estudante Daniela Santos, 28 anos, corre todos os dias na praia de Tubarão, no Subúrbio Ferroviário. “Depois que a pandemia começou o número de pessoas caminhando, correndo e se exercitando aumentou bastante. Muita gente abriu mão da academia”, contou.

Fabiano Palma é sócio proprietário de três academias: Muscles GYM, em Brotas, ONE, na Orla e em Paripe, e Hammer, em Patamares, e contou que sofreu redução de 50% no número de alunos. Ele teve que demitir parte da equipe para conseguir manter o negócio funcionando, diminuiu a quantidade de aulas, e fez promoções, mas disse que a situação ainda não estabilizou porque muitos atletas ainda temem voltar.

“O nosso setor foi muito impactado. A maioria das academias são pontos alugados e continuaram pagando aluguel e IPTU, sem benefícios. Quando voltamos, estávamos devendo tudo isso. Além disso, tinha o plano dos alunos que pagaram um ano, mas só treinaram seis meses e queriam a devolução do valor. Tudo isso foi muito impactante e quando a gente estava conseguindo respirar veio a segunda parada”, contou.

Ele notou uma mudança de perfil nos alunos. Agora, a maioria diz procurar a academia por uma questão de saúde, e não mais puramente estética, e muitos são novos. Os atletas conhecidos ainda não voltaram. Mas Fabiano mantém a esperança. “Acredito que as coisas vão começar a melhorar a partir de agosto ou setembro”, disse.

Corpo a corpo
As academias estão autorizadas a funcionar, mas precisam seguir protocolos de segurança, como manter o distanciamento entre os alunos, a higienização dos equipamentos, e a obrigatoriedade do uso de máscara. O coordenador técnico da academia Well Prime, unidade da Orla da Pituba, Lucas Macambira, contou que está investindo em informação e no contato direto com os clientes para tentar atrair mais público.

“Estamos fazendo ações de divulgação em outdoor e também iniciamos, no último final de semana, uma ação aqui na Orla, em frente à academia, que vai acontecer aos sábados e domingos. Colocamos professores e nutricionistas em uma tenda para convidar as pessoas a virem conhecer a nossa academia. Também estamos pegando o contato delas e fazendo ligação”, disse.

Apesar dos esforços cerca de 30% dos alunos ainda estão apresentando resistência para voltar. Na academia Infinity, em Aphaville, a queda está em 25%, mas a preocupação não é menor. A gerente do estabelecimento, Cláudia Germana, diz que os alunos de mais idade e as grávidas formam o público com mais resistência a voltar. “Eles ainda estão com medo, mas estamos agora observando um movimento gradual de retorno. Acho que a vacina vem para diminuir um pouco o receio, e estamos nos aproximando cada vez mais da normalidade”, ressalta.

Para trazer os alunos de volta, a Infinity está fazendo busca ativa e também lançando promoções, como a que oferece desconto para quem fizer a renovação do plano antecipadamente. O programa Infinity Mommy, por exemplo, lançado especialmente para as mulheres grávidas, que fazia sucesso antes da pandemia, ficou com baixa adesão. “Ele sofreu uma queda muito grande. Hoje, pouquíssimas gestantes frequentam a academia. Aí resolvemos suspender o programa até por questões de segurança mesmo”.

Na contramão das outras academias, a Alpha Fitness inaugurou duas novas unidades na pandemia. O CEO da empresa, Leandro Cardoso, contou que aproveitamos esse período para tirar do papel um projeto de franquias e disse que essa é uma excelente opção para negócios que necessitam de ajuda e para novos entrantes no setor. O grupo também passou a oferecer um plano sem fidelidade e com cobrança recorrente.

“A Rede Alpha Fitness, assim como todas as empresas de diversos segmentos, também sentiu o impacto dessa crise provocada pela pandemia do coronavírus. As academias sofreram um impacto muito grande, principalmente no início da pandemia, com mais de 5 meses fechadas. Depois, ocorreu outro fechamento esse ano, na segunda onda. Isso representou uma grande redução na base de alunos”, afirmou.

A rede Smart Fit, que tem unidades em Brotas, Matatu, Cabula, Caminho das Árvores, Graça, Itaigara, e em dois shoppings, disse que desenvolveu um protocolo mais rigoroso de segurança sanitária, em conjunto com cientistas da Universidade de São Paulo (USP), que incluem ações como a nebulização para desinfecção do ambiente e renovação de todo ar pelo menos 7 vezes por hora. Tudo para evitar que os alunos desistam, mas disse que está impedida de comentar números e expectativas por estar “em período de silêncio”.

Procuradas, as redes Selfit e Bodytech ainda não se manifestaram.

Alunos com medo
A vontade de malhar é grande, mas o medo de se contaminar é maior. Alunos contaram que vão aguardar os números da pandemia caírem um pouco mais e a vacinação avançar para depois voltar a treinar em academias. A social media Paloma Rigaud, 25 anos, contuo que tem medo de pegar covid e arranjou uma alternativa para não ficar parada.

Paloma começou a ir à academia um mês antes da pandemia começar. O funcionamento logo foi proibido e só liberado no mês de agosto. Ela se sentiu confortável para voltar e resolveu tentar, mas, em novembro, foi contaminada pelo coronavírus. “Nesse período eu estava saindo de casa apenas pra trabalhar e pra ir pro crossfit e, como ninguém no meu trabalho teve a doença antes de mim, acredito que tenha sido em alguma situação enquanto treinava”, disse.

A partir daí, ela não teve mais coragem de retornar. Agora, faz corridas e anda de bicicleta, além de praticar yoga dentro de casa com a orientação de um aplicativo no celular. A estudante Thainara Oliveira, 23 anos, entrou na academia em 2019, mas, no ano seguinte, a pandemia atrapalhou seus planos de diminuir o estresse, a ansiedade e a “vontade de comer besteira”, diz.

Ela disse que a empresa congelou a cobrança da mensalidade em 2020, mas, este ano, voltou a cobrar. O problema é que a estudante não estava se sentindo segura para retornar aos treinos em ambientes fechados e teve que contar com a ajuda da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) para conseguir cancelar o contrato.

“Cheguei a ir algumas vezes e vi que o ambiente estava sempre lotado, mesmo quando eu ia no começo da manhã e agendando horário. Também via que algumas pessoas não respeitavam os protocolos e andavam com a máscara abaixo do nariz”, revela.

Agora, Thainara faz treinos em casa. Ela diz que conta com o auxílio da prima, que é personal trainer e possui alguns aparelhos e acessórios. Com ou sem academia, o objetivo é não ficar parado.

Pesquisa
A 11ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nas Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que o segmento de academias chegou, em maio, a um patamar de faturamento 52% abaixo do que seria normal para o mês. Na edição anterior da pesquisa, realizada em fevereiro, o segmento estava 42% abaixo do normal.

A pesquisa conclui que as academias voltaram a fazer parte do grupo de atividades mais afetadas pela crise sanitária no Brasil e que metade desses estabelecimentos estão com dívidas em atraso. Essa piora de cenário fez com que esses empresários se tornassem os mais aflitos entre todos os setores analisados: 72% alegam que estão com muita dificuldade de manter o negócio.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, contou que esse resultado levou as academias a se juntarem novamente ao grupo dos mais afetados, que é composto por pequenos negócios que atuam no Turismo e Economia Criativa.

“Apesar de 76% das academias estarem funcionando, a abertura não surtiu efeito positivo sobre o faturamento desses pequenos negócios, prova de que o melhor caminho para a retomada é frear a circulação do vírus por meio da vacinação”, afirma.

Melles ainda destaca que essa queda de faturamento pode estar motivando o aumento da procura de crédito por esses empreendedores. “Os donos de academias também são os que mais procuraram as instituições financeiras para obter crédito em 2021”, pontua o presidente. De acordo com a pesquisa, 55% solicitaram empréstimos desde janeiro, sendo que 36% procuraram essa ajuda entre os meses de abril e maio.

A demora na vacinação é outro fator que tem impacto negativamente. Sem a proteção, o público tem evitado espaços fechados, além de serem desmotivados pelo comportamento inadequado de alguns alunos e redução na renda. A saída apontada pelo Sebrae é seguir rigorosamente os protocolos de segurança, conscientizar os alunos, mesclar atividades em ambientes fechados e ambientes abertos, e oferecer vantagens para os clientes.

O picadeiro ainda está vazio, mas as cadeiras já receberam a sinalização para o distanciamento durante as apresentações. Os 40 artistas, brasileiros e estrangeiros, que antes foram dispensados por conta da pandemia, já estão a caminho de Salvador. O trabalho para descarregar a estrutura e os equipamentos dos 10 caminhões e 20 carretas não param. Isso porque, no dia 23 vai ter marmelada, sim senhor. A bilheteria do Le Cirque volta a funcionar na Avenida Paralela, em Salvador, depois de um ano e quatro meses.

“Foi muito difícil para nós. Chegamos aqui em março, no começou de tudo. Chegamos a funcionar, mas três dias depois a cidade fechou. Então, dispensamos a maioria dos nossos artistas”, declarou Priscila Ayres, 42, que pertence à geração da família que fundou o Le Cirque há 150 anos na França e que trabalha na administração do circo. Com a fase verde do plano de retomada das atividades econômicas da Prefeitura de Salvador, foi possível o funcionamento das atividades dos circos, teatros centros culturais, museus, galerias de arte, bibliotecas e similares, assim como parques públicos municipais, seguindo uma série de protocolos sanitários para garantir um retorno seguro.

Os artistas que dependem da bilheteria para sobreviver foram os primeiros que tiveram as atividades interrompidas e estão sendo os últimos a retomar. “Foram momentos difíceis para manter tudo isso. Sem apoio algum, tivemos que vender três carros da família para se manter aqui”, disse Priscila. Ela é mãe da acrobata Amy Stevanovich, 12, que vai estrear no dia 23. “Estou muito ansiosa para isso. Venho treinando todos os dias”, disse a pequena artista durante um ensaio.

Amy é irmã de Yam Deric, 20, o palhaço Tonelada. “A gente que era está acostumado e viver viajando, a gente passa três meses numa cidade e depois vai para outra, e depois outra, vendo o circo lotado e de uma hora para outra ter que baixar a lona é muito triste. Mas sempre mantivemos a esperança de um dia melhor e chegou”, disse ele, agora com motivos para sorrir e fazer a plateia gargalhar à vontade.

Expectativa
O Le Cirque está no Brasil há 25 anos e é quinta vez que o circo vem a Salvador. A reestreia será às 20h do dia 23 (sexta-feira) – haverá espetáculo também no sábado (24) e domingo (25) às 16h, 18h e 20h. “As pessoas estão ligando, enviando mensagens atrás de informações sobre o nosso retorno. Graças a Deus a busca está satisfatória. A expectativa é a melhor de todas”, contou a acrobata Stefany Stevanovich, 22, prima dos irmãos Amy e Yam.

De acordo com o decreto municipal, os circos podem funcionar de segunda-feira a domingo, das 10h às 23h, sendo que a capacidade em cada sessão será baseada no distanciamento dos assentos, não podendo exceder o limite máximo de 50% da arquibancada ou 200 pessoas. O Le Cirque comporta 1.600 pessoas. “O nosso custo é grande e que 200 não suprem, porém só o fato de retomar a atividade já dá um fôlego para nós e acreditamos que as coisas tendem a melhorar porque a vacinação aqui em Salvador está sendo rápida e pretendemos ficar por aqui até o mês da criança, outubro”, pontuou Stefany. Para saber o valor da entrada e outras informações, basta acessar a página do Instagram @lecirquebrasiloficial. De acordo com o decreto, em um mesmo procedimento de compra de ingressos, podem ser adquiridos até quatro assentos vizinhos.

A trupe é formada por pouco mais de 40 artistas, entre brasileiros, franceses, africanos, americanos, argentinos e chilenos. Hoje, em Salvador, estão cinco deles, entre palhaços e acrobatas. A grande maioria chega em Salvador até o 21. “Todos retornaram para as suas cidades de origem, mas já estão a caminho. Toda vez que a gente iniciai um espetáculo, há sempre uma surpresa. Nesse retorno, mesmo sem muitos recursos financeiros, porque ficamos parados, vamos tentar inovar de alguma forma. Estamos vendo isso com os artistas como a melhor forma de viabilizar”, declarou Stefany.

Interação
O público terá que estar com a máscara para ter acesso e permanecer no circo. As temperaturas serão checadas da entrada e haverá pontos com disponibilização de álcool em gel. Outra regra a ser observada é que o público deve permanecer sentado durante todo o espetáculo. Ou seja, aquela interação entre os artistas e a plantei não vai acontecer “ É estranho, pois a gente gosta que as pessoas participem literalmente do espetáculo, os palhaços faziam muito isso. Mas nada disso impede que a magia aconteça. Logo quando o circo surgiu, não tinha isso de chamar a plantei para o palco, era algo mais contido e mesmo assim o espetáculo era sucesso e está até hoje”, garantiu
Priscila Ayres

A saída das pessoas deverá será escalonada por fileiras de assentos. Além disso, devem ser evitados intervalos durante as apresentações. “É de praxe sempre quando acaba o espetáculo, os artistas ficam na saída para tirar foto com a plateia, mas infelizmente por conta protocolo isso não vai poder acontecer”, disse Priscila.

Ainda de acordo com o protocolo, os serviços de preparação dos artistas para o espetáculo, como maquiagem, cabelereiro, auxílio para vestir e trocar figurinos, quando realizado por pessoas não pertencentes ao mesmo grupo familiar, devem ser feitos por profissionais usando os EPIs adequados. Nos camarins, deverá ser respeitado o limite de uma pessoa a cada quatro metros quadrados. Não devem ser compartilhados itens entre os artistas durante o espetáculo. Os microfones devem ser de uso exclusivo para cada artista e deverão ser higienizados ao final das apresentações.

O Bahia deu um vexame histórico no Campeonato Brasileiro. Foi goleado pelo Flamengo por 5x0, na noite deste domingo (18), em Pituaçu. Foi a segunda derrota seguida na competição.

Mesmo em casa, o Esquadrão foi totalmente dominado e viu Gabigol marcar três vezes, duas no primeiro tempo e uma no segundo. Também na segunda etapa, Pedro e Vitinho saíram do banco de reservas e completaram a goleada do time rubro-negro.

O resultado fez o Bahia ser ultrapassado pelo próprio Flamengo, que chegou aos 18 pontos e alcançou a sexta colocação. O tricolor agora é o oitavo, com 17. O próximo compromisso do Esquadrão na Série A será no domingo (25), quando visita o Atlético-MG, às 11h, no Mineirão.

BAHIA SÓ ASSISTIU
Diante de um Flamengo que praticamente colocou força máxima em Pituaçu, o Bahia foi a campo com uma escalação modificada por causa de suspensões e das saídas de Thaciano e Juninho, negociados. Na defesa, Germán Conti voltou após lesão e teve a companhia de Ligger. Já no meio, Galdezani e Thonny Anderson ganharam chance entre os titulares ao lado de Patrick.

Quando a bola rolou, o que se viu foi um primeiro tempo de puro domínio do Flamengo. O rubro-negro criou duas boas chances antes dos 5 minutos de jogo. Gabigol foi flagrado em impedimento e Michael desperdiçou a oportunidade.

Marcando com linhas baixas, o Bahia tentava roubar a bola para encaixar o contra-ataque, mas não ameaçava o gol de Diego Alves. Em uma rara escapada pela direita, Gilberto cruzou para Rossi, e o goleiro flamenguista chegou primeiro na bola. Em um lance em que conseguiu roubar a bola no meio-campo, Galdezani não acelerou a jogada e segurou a jogada para a passagem de Rossi pela esquerda. O cruzamento do atacante não chegou ao centroavante Gilberto.

Aos 22 minutos a situação se complicou para o tricolor, pois o que era pressão se transformou em gol. Nino Paraíba iniciou a falta em Arrascaeta fora da área e terminou dentro. Pênalti que Gabigol cobrou e abriu o placar para o Flamengo.

O time visitante parecia estar em casa, de tão confortável na partida. Everton Ribeiro teve duas boas chances, mas foi desarmado dentro da área. Aos 35 minutos Diego recebeu completamente livre na marca do pênalti e Matheus Teixeira fez um milagre.

A vantagem de um gol não estava condizente com a diferença de atuação das duas equipes. Aos 40 minutos, Arrascaeta deu passe para Isla nas costas de Matheus Bahia. O chileno cruzou rasteiro, Gabigol se antecipou a Conti e deu um toque para anotar o segundo.

VIROU GOLEADA
O Esquadrão voltou do intervalo com Juninho Capixaba no lugar de Matheus Bahia e com a postura mais ofensiva. Em busca de uma reação, o tricolor ficou perto do gol com Gilberto, que chutou para fora, e com Matheus Galdezani, que acertou o travessão de Diego Alves.

A tentativa de se lançar ao ataque abriu espaços para o Flamengo. Gabigol escapou livre em contra-ataque e, de cara Com Matheus Teixeira, tentou colocar no canto. Outra grande defesa do goleiro tricolor.

Dado decidiu colocar velocidade no time e trocou Thonny Anderson por Maycon Douglas. Mas foi o Flamengo quem voltou a marcar. Aos 16 minutos, Everton Ribeiro teve liberdade para carregar e tocar para Gabigol. Ligger deu o bote errado na marcação e o atacante ficou sozinho e fuzilou as redes de Matheus Teixeira: 3x0.

Completamente dominado, o Bahia a essa altura não conseguia atacar - nem marcar. O quarto gol, que parecia questão de tempo, saiu quando Vitinho cruzou da esquerda e Pedro surgiu sozinho entre Ligger e Juninho Capixaba e escorou aos 28 minutos.

O de honra poderia ter saído quando Willian Arão não conseguiu dominar a bola dentro da área, só que Edson não aproveitou a bobeira. Para piorar, aos 38 minutos Vitinho recebeu de Arrascaeta e se esticou para mandar no canto, fazendo o quinto do Flamengo e fechando o vexame tricolor em casa.

FICHA TÉCNICA
Bahia 0x5 Flamengo – Campeonato Brasileiro (12ª rodada)

Bahia: Matheus Teixeira, Nino Paraíba, Conti, Ligger e Matheus Bahia (Capixaba); Patrick (Edson), Matheus Galdezani (Lucas Araújo) e Thonny Anderson (Maycon Douglas); Rossi, Rodriguinho (Pablo) e Gilberto. Técnico: Dado Cavalcanti.

Flamengo: Diego Alves, Isla (Rodinei), Gustavo Henrique, Léo Pereira e Filipe Luís (Renê); William Arão e Diego(João Gomes); Arrascaeta, Michael (Vitinho) e Everton Ribeiro; Gabigol (Pedro). Técnico: Renato Gaúcho.

Estádio: Pituaçu
Gols: Gabigol, aos 22 e aos 40 minutos do 1º tempo, e aos 16 minutos do 2º tempo, Pedro, aos 26 minutos, e Vitinho aos 38
Cartão amarelo: Matheus Bahia, Capixaba, Gilberto (Bahia); Diego (Flamengo)
Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio, auxiliado por Fabricio Vilarinho da Silva e Bruno Raphael Pires (trio de Goiás).

Nesta sexta-feira, 16, é celebrado o Dia do Comerciante. A categoria, apesar da pandemia, tem o que comemorar, pois o setor cresceu 57,3% em maio em relação a 2020 e subiu 7,9% na comparação com o mesmo mês, antes da covid, de acordo com levantamento da Fecomércio-BA com base nos dados mais recentes da Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

As vendas no mês do Dia das Mães superaram as expectativas e indicaram um cenário positivo, com injeção do auxílio emergencial e o começo da vacinação. O presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade, por exemplo, defende que ‘quando o otimismo e a confiança crescem, o consumo e o emprego também voltam’.

Com o otimismo do empresariado em alta – o Indicador Confiança da Fecomércio-BA fechou em 4,2% em junho - mais de 62,4 mil vagas de empregos criadas na Bahia, entre janeiro e maio, de acordo com o Ministério da Economia, e a continuação do auxílio emergencial até setembro, as vendas do setor tendem prosperar.

Para Carlos Andrade, o comércio deve fechar com uma alta de 5% em relação a 2020. Nessa entrevista, ele analisa, entre outras coisas, o cenário de Salvador, que está há uma semana na fase verde da retomada econômica. Também comenta o legado da pandemia e os principais segmentos afetados; além das perspectivas para o setor nesse segundo semestre. Confira:

O que representa o Dia do Comerciante para a Bahia?
Para nós, da Bahia, é de suma importância, porque nosso patrono do comércio é Visconde de Cairu, que foi uma espécie de embaixador do Brasil. No século 19, ele abriu os portos do Brasil paras as nações amigas. Foi ele quem começou a fazer importação e exportação via Bahia. Não é à toa que tem uma praça com o nome dele no bairro do Comércio. Nós, empresários do comércio, temos ele como patrono. Todo ano, a Federação faz uma homenagem ao comerciante do ano com a medalha Visconde de Cairu.

Mas, nesses dois últimos anos, 2020 e 2021, por fatores que todos nós conhecemos, não comemoraremos. Esperamos que em 2022 possamos fazer isso com ênfase. Aproveitamos para homenagear todos os empresários que estão vivos e que continuaram vivos, que estão com saúde e suas portas abertas.

Nós da Federação trabalhamos durante essa pandemia com três alicerces fortes: primeiro, buscando a vida, que é a coisa mais importante que temos. Segundo: Por força do comércio, mantemos emprego. Quem mais gera emprego no Brasil é o comércio. E o terceiro item é manter nossas empresas abertas. Entendemos que a grande dificuldade é o empresário descer seu negócio, ter suas portas abertas e fechar. Na hora que fecha, para reabrir, é praticamente impossível. Também queremos homenagear quem está vivo e os familiares daqueles que perderam seus entes queridos.

Salvador iniciou a fase verde dia 8 de julho, o que permite uma maior flexibilização das atividades. Quais são as projeções para o comércio da cidade nas próximas semanas?
Vemos com os bons olhos a decisão do nosso prefeito em começar a fazer essa abertura lenta e gradual. Entendemos que os números são favoráveis. A pandemia está caindo, as vacinas estão chegando, os leitos de hospitais estão atendendo a demanda, e, nós, do comércio, começamos a ficar otimistas. Sabemos que temos que manter a guarda fechada ainda. Todo cuidado é pouco, ainda estamos na luta, com a tempestade, mas o serviço de meteorologia já previu tempos melhores. Queremos parabenizar ao governo do estado e também a prefeitura, por entenderem que já estamos no momento de flexibilizar. Houve bom senso, primeiro pelo diálogo entre o governador e o prefeito, com a ACM Neto foi muito bom e continuou com o Bruno. Tudo isso favorece e nos deixa otimistas, e vemos a normalidade daqui a 30, 60, 70 dias.

Qual setor do comércio baiano mais sentiu os impactos da pandemia? Quais cresceram e quais tiveram perdas mais significativas?
A recuperação melhor foi no setor de eletrodomésticos e eletroeletrônico, cresceram em torno de 24%. Depois, foi o de materiais de construção, que cresceu 22% e o setor de farmácia, que cresceu entre 8 e 9%. Os que foram piores foram aqueles de vestiário, tecido, calçados, teve uma queda acentuada, de 35%. Isso até se justifica porque as pessoas em casa, com medo de sair, e não precisava estar comprando roupa. Esperamos que a partir de agora esse movimento dessa fase verde, as pessoas comecem a consumir mais o que não consumiram.

Qual o principal legado da pandemia no comércio de Salvador?
A pandemia deixa, primeiro, mais de 533 mil mortes, o que é lamentável. Por outro lado, o comércio eletrônico cresceu muito, houve um desenvolvimento muito grande do eletroeletrônico e as reuniões via internet cresceram. Mas, entendemos que o comércio foi o mais prejudicado, porque ele é o terceiro setor. Houve muita gente desempregada e perdemos demais. O turismo também teve um baque. Os serviços se mantiveram, mas o turismo realmente, no ano de 2020, teve um ano negro. Agora que o governo liberou alguns recursos para empresas, para os hotéis, empresas de viagem e está voltando, com os voos normalizando lentamente, embora, no contexto geral, no Brasil, o que falta é planejamento. Nossa pandemia foi drástica porque não existiu planejamento por parte do governo federal. Ele não se planejou, não criou planejamento para os estados e os estados não criaram planejamento por municípios. E, assim sendo, quem pagou a fatura foi nada mais, nada menos, que a sociedade. A sociedade pagou a fatura e, nós, do comércio, fomos os agentes que ajudamos pagar essa fatura.

Quando o comércio baiano vai se recuperar dos estragos da pandemia?
Entendemos que uma coisa fundamental que foi a liberação desse auxílio emergencial. Na primeira fase, de R$ 600, depois passado para R$ 300, e, agora, está saindo novamente para algumas atividades. Esse auxílio beneficiou bastante e movimentou o comércio. No ano passado, o auxílio emergencial no comércio injetou em torno de R$ 25 bilhões na Bahia. Mantendo esses investimentos e essa ajuda, para o varejo, será de suma importância, para que a gente venha manter o nível do comércio do estado.

Qual é a maior queixa e maior elogio dos comerciantes hoje?
A maior dificuldade nossa hoje é crédito, ele ainda está muito burocrático. Os bancos continuam criando dificuldade para emprestar dinheiro. Quando se empresta R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 50 mil para o pequeno e microempresário, dá o mesmo trabalho do que emprestar R$ 200 mil, R$ 300 mil. E o banco é uma casa de lucro, só que mais perverso. A mercadoria do banco é o dinheiro. E eles são muito duros pra emprestar, principalmente os bancos oficiais, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o Banco do Nordeste. Eles deviam ser mais flexíveis, principalmente, para o pequeno, médio e microempresário. Já o principal elogio foi o diálogo que houve entre o Governo do Estado e as prefeituras, foi muito bom. Salvador também se destacou em aplicar uma quantidade substancial de vacinas, assim como o governador, que atendeu à demanda com a abertura de novos leitos.

Há algum tipo de acordo com a prefeitura e governo estadual e federal para benefícios e reduções tributárias?
Essa é uma parte negativa. Estamos tendo muita dificuldade em negociar impostos, tanto com a prefeitura, como estado e o governo federal. Eles estão muito duros, muito resistentes, e não estão entendendo ainda o que o comércio está sofrendo. Gostaríamos de uma compreensão maior no que tange a flexibilizar o pagamento dos impostos, até porque nós ainda estamos na pandemia, ela ainda não acabou. Os governos federal, estadual e municipal pensam muito neles, e esquecem do empresário. Se a venda caiu pela metade, pois sofremos uma queda de 35%, em vestuário, por exemplo, queremos que o imposto seja reduzido, anistiado, selado, até porque as vendas não voltaram ainda. Como é que você vai pagar? Vamos ter que dialogar muito. Na hora de pagar imposto, os governos são pouco sensíveis e esquece que quem emprega e quem gera impostos somos nós empresários.

O que pode afetar positiva e negativamente o comércio baiano no segundo semestre?
Temos uma preocupação quanto a vacinação e com as novas cepas, porque temos que conhecer o tipo de vírus que vem. Quanto a parte positiva, temos que ser otimistas. A população está otimista com o avanço da vacinação e isso levando de volta o otimismo aos empresários. O ICEC, que é o índice de confiança da Fecomércio, apontou 4,2& de alta em junho. Esperamos que possamos crescer esse número e pensar em um Natal de 2021 bem melhor, mais promissor, com menos óbitos, mais emprego e mais renda. Quando o índice de confiança sobe, o consumidor fica otimista e o empresário também.

A inflação na Região Metropolitana de Salvador está em 7,84%, no acumulado dos últimos 12 meses. Como isso afeta o comércio da local?
É uma preocupação a inflação alta. Começamos com uma inflação bem menor, no início da pandemia. Só que não houve consumo. Mas esperamos que o Ministro da Economia e o Banco Central saiba botar limite nisso e que a inflação não venha a desestabilizar o nosso mercado. Sabemos que o transporte, alimentação e habitação subiram demais. Mas temos certeza que eles estarão atentos para esses detalhes.

Qual a avaliação do setor comercial sobre a reforma tributária que tramita no Congresso?
Pensamos que íamos ter uma reforma tributária mais rápida e mais desburocratizada. Infelizmente, o nosso congresso e Brasília nos atrapalha muito. Existe muito show e jogo de interesses entre os estados, e os estados mais ricos são mais privilegiados. Entendo que precisávamos das duas reformas, a reforma tributária e a reforma administrativa, mas a eleição já está chegando e os políticos olham somente para eles, mas é um fator cultural, o Congresso precisa ser mais ágil. O cenário político mira muito a próxima eleição de 2022 e esquece que quem dá emprego e paga imposto, que é o comércio, serviços e turismo.

Em cinco meses, chega o Natal, a principal data para o comércio. Alguns shoppings já iniciaram, inclusive, as decorações. Qual a perspectiva de venda e contratação de mão de obra para este ano?
Devemos pensar positivo. Quando o índice de otimismo e confiança cresce, o consumo e o emprego também volta. Estamos pensando positivo, desde que mantenhamos as precauções do uso da máscara, álcool gel e distanciamento. Temos que estar atentos. O comércio fez a parte dele, foi responsável e fez o dever de casa, não podia ser diferente. Continuamos incentivando os empresários nessa linha. E temos certeza que vamos continuar assim e vamos ter bons resultados no Natal de 2021.

Com quanto de faturamento o ano deve fechar para o comércio da Bahia?
Estou otimista e espero um crescimento em torno de 4 a 5%.

Ações do Serviço Social do Comércio (Sesc) na pandemia

Educação - aulas online, vídeos e oficinas transmitidas no Google Classroom, Youtube, Instagram e Facebook. Mais de 6.234 alunos inscritos na Educação Básica (Infantil e Fundamental 1 e 2, em 10 municípios; e o 1º ano do Ensino Médio, em Salvador), Educação de Jovens e Adultos e Educação Complementar;
Saúde - treinamentos, capacitações e campanhas. A Unidade Móvel Sesc Saúde Mulher realizou 1.354 exames citopatológicos e 948 mamografias; foram 217 ações educativas online com 146.124 visualizações; restaurantes e lanchonetes ofereceram 607.889 refeições e 316.126 lanches; Consultórios Odontológicos atenderam a 8.067 clientes
Cultura - 433 atividades online com mais de 239.066 visualizações (Instagram e Youtube); mais de 3.583 participantes em atividades formativas; a 4ª edição da Feira Literária Internacional do Pelourinho, em 2020, a Flipelô online teve 45 horas de programação e 21 mil visualizações no canal do Youtube
Lazer - 160 transmissões “ao vivo” (live) do projeto Movimente-se! com mais de 123.122 visualizações; 2.805 inscritos nas academias e modalidades esportivas; 6.298 clientes com 23.275 diárias na Rede Sesc de Hospedagem
Assistência - 1.255.103 quilos de alimentos e produtos de higiene e limpeza arrecadados; 2.191 kg de alimentos arrecadados com o Drive Thru Solidário; 6,8 mil kg de alimentos arrecadados em “lives” solidárias; 8.463 mil quilos de alimentos para o Natal Solidário; 192 instituições atendidas que beneficiaram mais de 164.808 pessoas

Ações do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) na pandemia

- Mais de 40 mil vagas gratuitas em 2020, estimulando a entrada de jovens e adultos no mercado de trabalho, nas áreas: Saúde, Gestão, Gastronomia, Tecnologia da Informação, Moda, Hospedagem, Beleza e Artes.
- 4 mil empresas no projeto de mentorias - para auxiliar os estabelecimentos comerciais a se adequarem à realidade atual (Salões e Barbearia e Espaços de beleza, os Bares e Restaurantes, as Lojas do varejo e a hotelaria)
- R$ 100 mil para distribuir 14 mil refeições para nove instituições beneficentes
- R$ 10 mil para produzir 34 mil máscaras de tecido, que atendeu 10 instituições distribuídas por quatro cidades baianas

Na Bahia, a polícia acumula cada vez mais um número elevado de mortes. Só em 2020, foram 1.137 óbitos causados por policias em ou fora de serviço, o que é 47% maior do encontrado em 2019, quando 773 pessoas foram mortas pelos agentes de segurança. Esse aumento é superior aos 0,3% de leve crescimento registrado na média nacional. Os dados são do anuário 2021 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quinta-feira (21).

Alguns locais do país conhecidos pela letalidade policial, isto é, a frequência com que ocorrem mortes de civis em função de ações policiais, como o Rio de Janeiro, tiveram redução em 2020 no número de óbitos por intervenções policiais. No estado fluminense, essa queda foi de 31,8%. Lá, cerca de 1,2 mil mortes foram causadas por policiais em 2020, o que representa 7,2 mortes para cada 100 mil habitantes. Já na Bahia, a taxa de mortalidade é de 7,6, deixando o estado como o quarto com mais violência policial, atrás apenas de Amapá, Goiás e Sergipe.

De acordo com David Marques, coordenador de projetos do FBSP, já há alguns anos a Bahia tem se destacado negativamente no cenário nacional. Ele destaca alguns fatores que, no geral, contribuem com essa violência policial, como a cultura organizacional da corporação, frágil controle dos mecanismos policiais e a forma como a liderança política ou gestores da segurança pública enxergam esse problema.

“Muitas vezes, eles têm a utilização de discursos que são arcaicos, retrógrados, que diz que para a polícia controlar a violência tem que agir com mais violência, o que não é verdade. Precisamos ter uma visão qualificada da segurança pública e desfazer esses mitos que rodeiam o tema”, defendeu.

Especialistas apontam ações para reduzir violência policial
David Marques também apontou elementos que podem reduzir a letalidade policial. “No Rio de Janeiro e São Paulo, houve a implementação de mecanismos de controle que podem ter contribuído com a redução e que vai contribuir para a redução da violência na forma geral”, relatou. O pesquisador se referia a proibição do Supremo Tribunal Federal (STF) da realização de ações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19.

Outro bom exemplo apontado foi a instalação de câmeras no uniforme de policias militares de São Paulo esse ano. Em junho de 2021, nos 18 batalhões em que o equipamento foi utilizado no estado, ninguém morreu em confrontos com policiais, ou seja, a letalidade foi zero.

“Vejo essa ação com bons olhos, pois o policial pode produzir provas a favor e contra a ele, ou seja, aumenta o cuidado nas ações”, defende o coronel Antônio Jorge, especialista em segurança pública e coordenador do curso de Direito do Centro Universitário Estácio da Bahia. Mas, para ele, é preciso pensar ainda em outras ações que contribuam na redução da violência policial.

“Não encontro no Brasil uma ação integrada a nível federal, estadual ou com as diversas forças de segurança. Não consigo enxergar uma unidade de ação. Temos também efetivos defasados. Por mais que você tenha a possibilidade de potencializar a ação das forças através da tecnologia, é a presença física da polícia que inibe ou dificulta determinados delitos. E o trabalho de inteligência tem que ser aplicado em todos os níveis, como a financeira, de modo que se combata também a corrupção policial”, defende.

Bahia tem sete cidades na lista das com mais mortes geradas pela polícia
Das 55 cidades brasileiras com mais mortes decorrentes de intervenções policiais, sete ficam na Bahia: Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Vitória da Conquista, Luís Eduardo Magalhães, Santo Antônio de Jesus e Jequié. Só nesses municípios baianos, foram 524 óbitos gerados por policiais em 2020, o que representa quase a metade de toda letalidade policial do estado.

"Isso mostra que a violência policial está concentrada em determinadas cidades brasileiras, o que reflete na cultura organizacional das corporações que atuam nesses locais. É preciso a instituição de políticas públicas de redução na letalidade focada nas policias dessas cidades”, disse a pesquisadora Samira Bueno, diretora executiva do FBSP.

Os pesquisadores também destacaram que a violência policial pode ser medida se comparada a quantidade de mortes gerada pela polícia com o total de mortes violentas ocorridas (morte de policiais, homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte). Na Bahia, foram 6,7 mil óbitos violentos, 17% destes causados por policiais. O índice é superior aos 12,8% da média nacional e coloca a Bahia no sétimo lugar do ranking.

Para Luciene Santana, cientista social e pesquisadora de rede de Observatório de Segurança pela Bahia através da Iniciativa Negra, os dados mostram que o estado escolheu investir na letalidade do que na prevenção da violência. “Quando a gente fala em ações policiais, a gente imagina que haja planejamento para evitar mortes. Mas, infelizmente, a maior marca que se destaca na polícia da Bahia é a letalidade. O Rio de Janeiro, onde esse sistema já se mostra como falido, conseguiu ser menos letal que a Bahia”, destaca.

“Nós nos preocupamos com a forma que a segurança pública tem se constituído na Bahia e quais os territórios mais afetados. Na pandemia, em bairros como Mata Escura, Valeria e Sussuarana, aconteceram grandes operações policiais. É preciso organização do estado acerca do orçamento público. Alguns bairros possuem investimento em educação, saúde e cultura e outros em operações policiais que geram alto índice de mortes”.

O coronel Antônio Jorge concorda que essas operações contribuem para o aumento da letalidade policial. “As forças de segurança tiveram que agir para evitar os conflitos entre as facções ligadas ao tráfico. Quando a polícia age, maior a possibilidade de confrontos e assim maior a possibilidade de mortes, inclusive de policiais”, declarou. Só em 2020, um policial militar foi assassinado em confronto e outros 10 fora de serviço, totalizando 11 policiais mortos, número maior do que os oito registrados em 2019.

Guerra às drogas motiva operações e aumento de mortes
Ainda para Antônio Jorge, o confronto entre facções rivais ligadas ao Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) em Salvador motivaram mais ações policiais nas favelas, na chamada guerra ao tráfico. “A maioria das mortes são dos grupos que estão em conflito, mas também há mortes de inocentes. Recentemente, duas mulheres morreram no Curuzu. São as consequências dessa guerra”, lamenta.

O coronel se referiu aos óbitos de Viviane Soares, 40 anos, e Maria Célia Santana, 73, baleadas no bairro do Curuzu no dia 4 de junho de 2021. Segundo informações de moradores, a polícia perseguia bandidos em um carro roubado, quando uma troca de tiros foi iniciada. Moradores e amigos das vítimas alegam que os tiros que atingiram as mulheres partiram da polícia. As duas eram vizinhas e conversavam na frente de casa - Viviane era manicure e fazia a unha da colega.

Embora Viviane e Maria Célia sejam negras, as mortes delas correspondem a uma exceção no padrão de vítimas da letalidade policial no Brasil. O alvo mais comum dos policias são homens negros de 18 a 24 anos. Já os policias que mais são vítimas de crimes letais violentos também são pessoas do sexo masculino e da raça negra, mas com idade diferente: 35 a 39 anos.

Para Luciene Santana, não há dúvidas que há elementos de racismo estrutural que fazem com que tenha mais vítimas negras. “O policial que aponta o gatilho é negro e o que morre também é negro, pois ele está na frente do processo e é tratado com a ponta descartável do sistema. É preciso entender que essas mortes só acontecem, pois o estado legitima que ela aconteça. Segue, portanto, uma lógica estrutural do racismo”, lamenta.

Na própria rede de estudos que a pesquisadora faz parte, em dezembro de 2020 foi publicado o relatório A Cor da Violência Policial: a Bala não Erra o Alvo, que mostra que, na Bahia, 97% das mortes geradas por policiais são de pessoas negras. Isso coloca a polícia do estado no primeiro lugar na lista das que mais matam a população negra, acima dos outros estados pesquisados pelo grupo: Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

“Quando colocamos que na Bahia tem mais morte de pessoas negras, as pessoas tendem a pensar que isso tem relação com o fato de existirem mais negros no estado. Só que, segundo o último censo do IBGE, a população negra aqui é de 76,5%. Os negros estão sempre liderando os indicadores de pobreza ou violência, infelizmente”, lembra Luciene.

Bahia tem a segunda maior taxa de mortes violentas intencionais do país
Além de todas as mortes por covid-19 que os baianos precisaram lidar em 2020, houve um crescimento na quantidade de mortes violentas intencionais no estado. No total, foram 6,7 mil óbitos registrados no ano passado, um número 11% maior dos 6 mil óbitos registrados em 2019 e o recorde desde 2017, quando 6,9 mil pessoas foram vítimas de crimes violentos.

Em termos proporcionais, a Bahia teve, em 2020, 44,9 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, o que põe o estado na vice-liderança da violência no Brasil, atrás apenas do Ceará. Nessa quantidade de mortes violentas estão presentes as mortes dos policiais, as causadas por policiais e também os crimes letais como homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. De todos esses, a Bahia teve redução apenas no número de latrocínios. Em 2019, foram registrados 142 frente aos 108 de 2020.

No Brasil, a quantidade de mortes violentas intencionais também cresceu, mas abaixo do nível baiano. Foi um aumento de 4% (de 47,7 mil óbitos em 2019 para 50 mil óbitos em 2020). O estado baiano tem ainda 17 cidades entre as que população igual ou superior a 100 mil habitantes com taxas de Mortes Violentas Intencionais superiores à média nacional. Dessas, com 89,9 mortes para cada 100 mil habitantes, Feira de Santana é a cidade baiana mais violenta, seguida logo depois por Simões Filho, com 89,8 mortes por 100 mil habitantes.

Todo esse crescimento dos óbitos violentos na Bahia aconteceu apesar da queda nos registros de todos os tipos de roubos no estado. A quantidade de furtos de veículos, por exemplo, caiu 16,5% de 2019 para 2020. Já o roubo a estabelecimento comercial teve a queda mais significativa nesse período: 26%. Também houve queda nos registros de tráficos de drogas (-8,9%) e posse de drogas (-33,8%). Para o coronel Antônio Jorge, essa queda de crimes menos violentos é explicada pela pandemia.

“Era óbvio que ia cair, pois diminuiu o número de pessoas na rua. Agora que a vida tá voltando a normalidade, é esperado que aumente. Mas por que a pandemia não fez com que houvesse diminuição nos crimes mais letais? Bem, houve a liberação de pessoas dos presídios, alguns ligados a facções criminosas e que se enveredaram em conflitos que geraram o aumentando da letalidade. Também tem o fato de que crimes letais estão ligados a convivência. Com as pessoas em casa, confinadas, há aumento de lesões corporais, agressões e inclusive homicídio”, argumenta.

Policiais morreram mais por covid do que por confronto
Na Bahia, em 2020, um policial morreu em confronto e outros 10 foram assassinados fora do serviço, totalizando 11 mortes violentas na categoria. O número é menor do que os 33 policiais mortos pela covid-19 no estado. Isso coloca a Bahia no quinto lugar da lista de estados que mais tiveram agentes de segurança vítimas da covid, atrás apenas do Rio de Janeiro, Pará, Amazonas e São Paulo.

Além do alto índice de mortes, outros 10 mil policiais baianos precisaram se afastar do serviço por terem contraído a doença. Por serem categoria essencial, esses profissionais não pararam de trabalhar em nenhum momento da pandemia. Dos afastados, 8,6 mil eram policiais militares e os demais foram civis. Já entre os mortos, 22 eram militares e 11 civis.

Um dos policiais vítimas da covid-19 foi o coronel Siegfrid Frazão Keysselt, que tinha 70 anos e toda uma vida de serviço prestado à Policia Militar da Bahia. Ele morreu na madrugada do dia 26 de fevereiro de 2021, quando a Bahia sofria com uma segunda onda de contaminações. Ele estava internado no Hospital Aliança.

O militar entrou na corporação em 1971 e entre as funções que exerceu está o cargo de diretor do Departamento de Comunicação Social da PM (DCS). Na época que Siegfrid morreu, os agentes de segurança ainda não podiam receber a vacina da covid-19, o que só foi acontecer na Bahia no final de março de 2021. Por esse prazo, todos os agentes de segurança já estão imunizados com as duas doses da vacina.

Em nota, SSP-BA também apontou a guerra às drogas como causa do aumento das mortes
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou uma nota na qual defende a ideia de que o aumento das mortes violentas, em 2020, tem relação direta com o acirramento das disputas por territórios entre organizações criminosas envolvidas com o tráfico de drogas. A pasta também destacou que a medida que colocou mais de 3 mil detentos em prisão domiciliar, por conta da pandemia, a maior parte integrantes de bandos que comercializam entorpecentes, potencializou os embates.

“Diante desse cenário, a SSP determinou que as polícias Militar e Civil ampliassem as ações ostensivas e de inteligência, buscando mapear novas lideranças e agir para evitar confrontos, entre criminosos, e também com as polícias”, disseram.

A pasta também afirmou que investe anualmente em treinamento das policias Militar e Civil para utilizar a força, de forma escalonada, quando existe a necessidade, durante operações, abordagens e blitze. “O uso de arma letal é sempre a última opção, utilizada quando existe a necessidade de proteger a vida dos policiais envolvidos no confronto e de inocentes. A SSP destaca ainda que todos os autos de resistências são investigados pelas Corregedorias que atuam de forma rígida, quando existe indício de excesso”, apontaram.

Para encontrar uma forma de diminuir a letalidade policial e buscar maior transparência na apuração dos fatos, a SSP enviou para São Paulo, nessa quarta-feira (14), um grupo de policiais para acompanhar o uso de câmeras, nos fardamentos, pela polícia paulista. “O objetivo é, de forma célere, avaliar os impactos e benefícios do uso deste tipo de equipamento e os resultados na redução das mortes”, explicaram.

Desde o dia 27 de abril, quando foi confirmado o primeiro caso de malária no município de Itabela, no Sul da Bahia, já foram registrados 53 casos positivos da doença. A informação foi dada pela diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, Márcia São Pedro Leal, durante o ‘3º Fórum de Vigilância Epidemiológica’ promovido pelo Ministério Público estadual, na manhã da última quarta-feira (15).

“Realizamos diariamente ações de investigação, coleta entomológica de vetores, busca de pessoas sintomáticas, tratamento, coleta e leitura de lâminas de gota espessa”, destacou na oportunidade. Ela ainda afirmou que a maioria das pessoas confirmadas com a doença mora no assentamento Margarida Alves, em Itabela, onde um homem que estava em Manaus fez uma visita no local. Também há casos registrados em Porto Seguro e Itamaraju.

Na semana passada, o número de casos confirmados de malária já havia saltado de 9 para 36, um aumento de 289%. Desde então, a Sesab acompanha o surto na região e enviou técnicos e materiais para análise dos casos.

O crescente aumento de casos já fez os especialistas designarem que a região está tendo um surto de malária. De acordo com o médico e cientista especializado em doenças infecciosas e inflamatórias na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Bruno Andrade, um surto pode ser definido como um aumento rápido e inesperado do número de casos de uma doença contagiosa em uma região, em uma área específica, bem definida.

"Doença contagiosa é aquela que é transmitida diretamente de um indivíduo para outro, normalmente através de um agente infeccioso. Infecções que causam surtos apresentam um alta capacidade de transmissão, de expansão, em um curto espaço de tempo. Mas um surto sempre afeta uma região restrita, explica.

A malária é transmitida pela picada de mosquitos Anopheles infectados com o parasita, o protozoário Plasmodium. A doença também pode ser transmitida por compartilhamento de seringas, transfusão de sangue e de mãe para o feto, na gravidez.

Entre os sintomas estão febre alta, calafrios, sudorese e dor de cabeça, dores musculares, taquicardia e aumento do baço. Nos casos letais, o paciente desenvolve o que se chama de malária cerebral.

Nove cidades baianas alegam falta de condições de iniciar o sistema híbrido de aulas a partir do próximo dia 26, como determinado pelo governo do estado. Os principais motivos são os casos ativos de covid-19 ainda em alta, a falta de estrutura das escolas – muitas em obras e outras sem condições de se adaptar aos protocolos sanitários -, a falta de verba para custear transporte escolar e merenda, além dos professores só terem recebido a 1ª dose da vacina anticovid.

Apenas 94 dos 417 municípios baianos declararam, até a terça-feira (13), ter o transporte escolar licitado, de acordo com um levantamento feito pela União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação da Bahia (UNDIME-BA) e divulgado pela União dos Municípios da Bahia (UPB). Além disso, mais de 179 mil profissionais da educação não tomaram ainda nem 1ª dose da vacina no estado.

No caso de Novo Horizonte, cidade no Centro-Sul da Bahia com pouco mais de 40 mil habitantes, o que pesa são os casos ativos. “O município não tem condições de retornar às atividades no dia marcado pelo governador. Estamos com muitos casos ativos, 96, e fizemos todo o planejamento para ensino remoto até o final do ano. Além disso, não vamos colocar em risco os professores, porque só foram vacinados os acima de 40 anos, com uma dose”, argumenta o prefeito Djalma Abreu, que é inclusive professor.

“Não temos UTI [Unidade de Terapia Intensiva] na cidade, dependemos do Hospital Regional de Seabra, assim como outros 16 municípios. Lá só tem 10 leitos de UTI, para 17 cidades, fica difícil. Não podemos voltar enquanto não houver segurança para os trabalhadores”, completa Djalma. De acordo com o último boletim epidemiológico da cidade, são 695 casos confirmados e 5 óbitos.

Em Jaguarari, no Centro Norte da Bahia, o problema é com a estrutura das escolas. “Ainda estamos em fase de organização das escolas, porque praticamente todas estão em reforma, as obras não foram concluídas e não temos previsão de quando vamos poder voltar com as aulas presenciais”, declara a Secretária Municipal de Educação, Cultura, Esporte, Turismo e Lazer, Gelzira Santos.

No melhor cenário, o retorno deve ocorrer em outubro ou novembro deste ano. São 38 escolas municipais e 3 estaduais na cidade. Outro empecilho é o transporte escolar. A prefeitura ainda não entrou com o processo licitatório para locação dos veículos, pois não fechou o roteiro dos endereços dos alunos, que são mais de 7 mil. “Os oito amarelinhos que a gente tem não são suficientes, e nem sei o real estado deles, ainda temos que analisar, porque alguns precisam de manutenção”, acrescenta Gelzira.

Em Nova Soure, na região Nordeste, as aulas só retornam após os profissionais de educação tomarem a segunda dose da vacina. “Nosso município aplicou apenas primeira dose dos profissionais e segunda é somente em setembro. A volta às aulas demanda discussão com o comitê de enfrentamento a Covid e o Conselho Municipal e isso só vai acontecer quando estivermos seguros”, explica a secretaria de educação, Vanessa Lorena Brito.

Flávio Costa, professor da rede estadual e municipal da cidade há 20 anos, reforça que os professores não vão acatar a determinação de Rui Costa. “Aqui o município não tem condições de voltar, porque não tem como disponibilizar transporte escolar, o repasse do governo estadual é insignificante, não paga nem uma diária”, critica.

O professor também conta que as escolas não têm estrutura para receber os alunos: “Aqui tem duas escolas estaduais, mas as duas estão em reforma, nem pia tinha. As estruturas são apertadas, sem ventilação. E a gente não está imune, só dia 8 de agosto que vamos começar a tomar a segunda dose, mas os pais e alunos vão ficar expostos ainda”.

Em Ibicaraí, no Extremo Sul, ocorre o mesmo problema. “Todos os quase 400 profissionais da educação tomarão a segunda dose a partir do final deste mês. Estamos iniciando as adequações necessárias nas unidades escolares para respeitar o protocolo de biossegurança, elas estão com sérios problemas na estrutura física. Estamos trabalhando para consertar e colocar pias, lavatórios, vasos sanitários. E a nossa frota [de transporte escolar], sem condições de uso”, expõe a secretária de educação, Miriam Andrade.

Em Jequié, há dificuldade de mapear a área territorial do município para montar as linhas do transporte. “Essa é uma área complexa, extremamente fiscalizada, que precisa de cuidado. Precisamos ter uma nota orientadora, construída conjuntamente, para orientar esse retorno respeitando as limitações de cada município”, pontuou Zé Cocá, presidente da UPB e prefeito de Jequié. Eles ainda avaliam quando será a data de retorno.

A prefeitura de Camaçari, cidade na Região Metropolitana de Salvador (RMS), não sabe quando as aulas na rede estadual voltam. Na municipal, será a partir do dia 2 de agosto, se os índices epidemiológicos da covid-19 colaborarem. Na última terça-feira (13), a cidade registrou 250 casos ativos para doença, menor número desde janeiro de 2021.

Todos os profissionais de educação já foram vacinados com a primeira dose. Desde dezembro de 2020 que o município vem se preparando para o retorno. “Temos feito manutenções, requalificações e reformas nas escolas para adaptação ao novo cenário, implantando totens de higienização nas 102 escolas, assim como sinalização de distanciamento social, obrigatoriedade do uso de máscaras e redução de números de alunos por sala de aula, a fim de evitar aglomeração e possível contágio”, informa a secretária de educação, Neurilene Martins.

“Nossos profissionais estão ansiosos pelo momento de retorno às aulas, mas cientes de que, para que a volta ocorra de maneira segura para a comunidade, é necessário cumprir as medidas de segurança”, completa Neurilene.

Em Euclides da Cunha, no Nordeste baiano, a tendência é pelo retorno somente após a segunda dose da vacina, como defende o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação do Estado da Bahia (APLB-BA). Já a rede municipal decidiu que o ensino será remoto até segunda ordem. Todos os profissionais da educação estão com a primeira dose, e a licitação da merenda e transporte escolar estão em curso.

Em Itabuna, no Sul do estado, não há decisão de quando a rede estadual voltará. A prefeitura autorizou o retorno somente da rede particular, de forma escalonada e com modelo híbrido, a partir do dia 19 de julho, começando pela Educação Infantil. Já a rede pública municipal só a partir de 20 de setembro.

Em Ilheús, ocorre o mesmo impasse. “Aqui não temos informação precisa O sindicato local terá reunião amanhã com a categoria e não tem data de retorno nem para rede estadual e municipal”, afirma a secretária de educação, Luciane Cunha. A autorização para o retorno, no entanto, já foi data pela prefeitura por decreto.

Já em Barreiras, Licínio de Almeida e Abaré, as aulas na rede estadual voltam no dia 26 de julho. Em Barreiras, a rede municipal volta em 23 de agosto. Em Licínio, provavelmente em setembro, de acordo com o prefeito, Frederico Vasconcellos.

As prefeituras de Teixeira de Freitas, Canudos, Vitória da Conquista, Itaparica, Santo Amaro e Porto Seguro foram procuradas, mas não responderam à reportagem.