O Jornal da Cidade

O Jornal da Cidade

Sexta, 07 Janeiro 2022 14:26

CFEM cresceu 86% na Bahia em 2021

O ano de 2021 foi de muito crescimento para a mineração baiana. Conforme dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), o estado registrou um crescimento de 86% na arrecadação em comparação a 2020. Em 2021, a arrecadação ultrapassou os 175 milhões, contra os mais de 94 milhões recolhidos no ano anterior, o que garantiu a manutenção do estado na terceira posição dentre os maiores arrecadadores de CFEM perdendo apenas para o Pará e Minas Gerais.

Tal crescimento se deve ao aumento na produção de substâncias importantes para a mineração baiana. Os minérios de cobre, ouro, níquel, ferro e cromo foram os cinco maiores arrecadadores em 2021, que somados representam mais de 80% de tudo que foi arrecadado no ano. O destaque foi para o minério de ferro, que registrou um crescimento de mais de 2.600% em suas operações. O aumento expressivo deve-se ao início e aumento de produção de grandes empresas no mercado baiano, como a Bamin e a Tombador Iron, que, junto com a Brazil Iron, aumentaram a produção do minério de ferro na Bahia.

Mas, não foi apenas o minério de ferro que foi destaque em 2021. O cobre assumiu a liderança dentre as substâncias com maior arrecadação no ano passado. O minério, que em 2020 ocupava a segunda colocação, registrou um aumento de mais de 100% em suas operações. Os números são resultados de uma preocupação e extenso investimentos em pesquisa realizados nos últimos anos.

“Foram investidos acima de US$20 milhões anuais em pesquisa geológica desde os processos indiretos até os processos diretos de avaliação de potenciais minerais. Como resultado desse trabalho, temos uma expansão e crescimento da produção de concentrado de cobre com sucessivos recordes de produção, quando chegamos a marca de mais de 45 mil toneladas de cobre e uma vida útil projetada para 15 anos”, explica Manoel Valério, Diretor de Operações da Mineração Caraíba, única produtora do minério no estado.

O níquel também foi outra substância com resultados expressivos em 2021. Liderando a produção nacional do minério, a Bahia registrou um crescimento de mais de 180%, em relação a 2020. Produzido em Itagibá, pela Atlantic Nickel, a empresa ultrapassou a marca de 110 mil toneladas de minério comercializadas ano passado. Outro minério que integra a lista é o ouro.

A substância garantiu a segunda posição, como produto com maior arrecadação de CFEM do estado, com mais de 34 milhões recolhidos, e um crescimento de mais de 10%, no valor das operações em 2021. Destaque também para o minério de cromo, que também teve um papel fundamental para o crescimento da mineração baiana. Quinto colocado na lista de maiores arrecadadores da ANM, o minério teve um aumento de mais de 75%, em suas operações no ano de 2021.

Mesmo sem tanta popularidade, algumas substâncias ganham cada dia mais destaque na produção baiana. Produtos como o urânio, que concentra em Caetité, sudoeste baiano, toda a produção nacional, teve um aumento em suas operações em mais de 400%. Outro destaque ficou por conta da Pedra de São Tomé - utilizada na construção civil -. Sexto colocado na lista de maiores arrecadadores, o item registrou um crescimento de mais de 83% nas operações e garantiu a liderança da Bahia em sua produção.

Para o presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, os dados representam o avanço que a mineração baiana teve em 2021, que se deve principalmente pela diversidade geológica do estado.

“Hoje temos mais de 43 minérios diferentes e somos líderes nacionais na produção de 19 substâncias. Somos grandes produtores de água mineral e possuímos a segunda maior reserva de gemas do país. Muita gente não sabe, mas somos os maiores produtores de talco e os únicos de urânio do Brasil. Isso reforça a importância da mineração para a economia do estado. E, em 2022 esperamos alcançar resultados ainda melhores e conquistar mais investimentos em pesquisa, tecnologia e uma logística mais eficiente e sustentável para o escoamento da produção”, destaca Tramm.

Buscando identificar e facilitar o acesso às informações sobre a CFEM, a CBPM desenvolveu um infográfico interativo que analisa uma base de dados com mais de 1,2 milhões de declarações de CFEM, cedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM), para mostrar o que é produzido em bens minerais em cada um dos municípios baianos, desde 2017 até hoje. Na ferramenta é possível ver com facilidade que a mineração está presente em 228 municípios baianos e que somos líderes em 19 tipos minerais. Para saber mais sobre a CFEM do seu município acesse: www.cbpm.ba.gov.br.

Este conteúdo tem apoio institucional da CBPM e WWI e oferecimento da Mineração Caraíba

A capital baiana, assim como outras capitais brasileiras, tem experimentado uma aceleração no número de novos casos da covid-19, deixando em alerta as equipes de saúde municipal e estadual. A preocupação dos gestores é reforçada diante do número crescente de pessoas com o calendário de imunização incompleto.

Somente em Salvador, conforme divulgado pelo secretário municipal da Saúde, Leo Prates, mais de 411 mil pessoas, com idades igual ou superior a 18 anos, estão atrasadas com a dose de reforço. Outras 223 mil não retornaram para a segunda dose.
Os faltosos também são observados na aplicação da primeira dose. Mais de 33,6 mil pessoas cadastradas no sistema da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não compareceram aos postos de aplicação. Deste total, 17.306 são adolescentes e jovens com idades que variam de 12 a 17 anos.

Nesta quinta-feira (6), Prates utilizou as redes sociais em apelo aos faltosos e destacou que “a ausência na vacinação pode levar a uma nova onda de covid-19 e óbitos”. Mais cedo, em entrevista á TV Bahia, o secretário alertou para o avanço do fator RT, índice que mede a transmissão.

“Existe uma aceleração da doença. Você tinha um fator RT há duas semanas que estava em 0,79. Estamos com RT em 0,95. Lembrando que o RT acima de 1 é padrão de descontrole epidemiológico. Então aí a gente poderia falar de uma nova onda. Mas está se desenhando uma nova onda de Covid-19 em Salvador”.

Depois do descanso, a preocupação. Assim têm sido os primeiros dias de 2022 para a dentista Vitória Medina, 23 anos. Ela passou a virada do ano ao lado de amigos em Jacuípe, no Litoral Norte baiano, e, ao voltar de viagem, sentiu os primeiros sintomas gripais. Fez o teste e o resultado foi positivo para a covid-19, a infecção causada pelo coronavírus Sars-Cov-2. A situação dela está longe de ser incomum. Em toda a Bahia, em uma semana, os números de novos casos da doença aumentaram sete vezes e meia, logo após a virada de ano.

De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no último sábado (1º), eram 171 casos registrados de covid-19 no território baiano. Nesta quinta-feira (06), o número saltou para 1.288 pessoas que testaram positivo para a infecção, um crescimento de 653,2% nos registros.

Para se ter uma ideia, o estado não registrava tantos infectados de uma vez desde 12 de agosto de 2021. Na ocasião, 1.362 contaminados foram identificados. O crescimento já é nítido no aumento da demanda de pacientes nos gripários, hospitais, clínicas e consultórios públicos e privados do estado. Médica infectologista, Clarissa Cerqueira afirma que os últimos dias foram de alta procura de pessoas infectadas pelo vírus por atendimento.

“De terça-feira para cá, começou a aumentar tanto a internação hospitalar como o número de pacientes doentes. Tem muita gente procurando! Meu consultório está cheio, não parei de atender. Até as teleconsultas estão lotadas”, conta a médica, ressaltando que a maioria dos casos são leves por conta da cobertura vacinal.

Pós-réveillon

Vitória Medina, citada no início da reportagem, se reuniu com 15 amigos em uma casa para a virada de 2021 para 2022. Ela conta que não aglomerou e nem foi em festas. Ainda assim, não conseguiu escapar da covid-19. O primeiro sinal do vírus foi a garganta arranhando já no dia 2 de janeiro. Dois dias depois, mais sintomas vieram e preocuparam a dentista.

“Uma amiga que foi para Maceió testou positivo depois do réveillon. Achei que poderia estar acontecendo o mesmo comigo por conta das reuniões de fim de ano. Com medo, porque meus pais são idosos, fiz e deu positivo”, conta ela, que mora em Salvador, mas está isolada em Camaçari.

Outra soteropolitana, que preferiu não se identificar, passou por uma situação parecida. Virou o ano em Arembepe na companhia de 20 pessoas. Na volta para casa, ela e duas amigas começaram a sentir sintomas como inflamação na garganta. Ontem, ela fez o teste e confirmou que estava com covid-19.

“Eu tô com sintomas desde terça-feira, só não fiz o teste antes porque tem muita gente procurando e estava difícil de arranjar. Acredito que foi por causa do réveillon mesmo porque senti logo depois da volta e minhas amigas também”, contou. Ela acrescentou que notou pessoas tossindo na casa onde estava em Arembepe.

O estudante de direito Rafael Dantas, 23, começou a sentir os sintomas no dia 3 de janeiro, depois de voltar de uma viagem que fez para Morro de São Paulo, na companhia de 12 pessoas. Ele já fez o teste e aguarda a confirmação para saber se está com o vírus ou não.

“Foi logo quando eu cheguei. Os primeiros sintomas foram dor nas articulações, na lombar e na cabeça. No dia posterior, essas dores já tinham diminuído e fiquei apenas com coriza e tosse, sintomas esses que se prolongam até o atual momento”, detalhou.

Ômicron como fator

Procurado pela reportagem para explicar essa explosão de casos, o infectologista Matheus Todt afirma que as reuniões das festas de final de ano são, de fato, as principais culpadas pelo cenário atual. No entanto, há um elemento a mais para que a resposta seja tão imediata.

"É um reflexo do ano novo sim. No entanto, não é só isso. A culpa maior é das reuniões e aglomerações, mas a variante ômicron, que a gente acredita ser mais transmissível que as outras, é um fator que, associado às festas, pode ter influenciado", explica.

Ao falar do que pode ter feito com que a conta das festas de ano novo chegasse tão rápido, a infectologista Clarissa Cerqueira também cita a variante ômicron como um fator e adiciona a falta do uso de proteção em reuniões que nem precisam virar aglomeração para infectar muitas pessoas.

“As pessoas evitam aglomerações, mas mantém muito contato com grupos próximos. O que observo é que, em uma família reunida, todo mundo se infecta por baixar a guarda nas medidas de proteção como o uso de máscara”, acrescenta.

Ela explica ainda que a velocidade com que as pessoas estão sendo infectadas pode ter a ver com o potencial transmissivo da ômicron. “Há suspeitas de que o RT, que é o número de transmissão dessa variante, seja maior que o das outras. A princípio, ela parece ser mais transmissível, podendo passar para 5 a 7 pessoas, potencial bem mais elevado em relação às outras”, acrescenta.

A hipótese dos infectologistas combina com um levantamento da plataforma “Our World In Data”, que aponta que 58,33% dos casos de covid-19 identificados no Brasil nas duas semanas anteriores a 27 de dezembro são de responsabilidade da variante ômicron.

No entanto, de acordo com a Sesab, as variantes identificadas em circulação na Bahia até o momento são a Alpha, Gamma e Delta, sendo a última mais predominante nos últimos resultados de sequenciamento genômico do Sars-CoV-2.

Quarta onda?

Ainda de acordo com a Sesab, independente da variante, o cenário causa temor. “A curva crescente preocupa visto que, além da pandemia de COVID-19, estão em curso o surto de influenza, a situação de emergência em saúde pública devido às enchentes na região sul e extremo sul do estado incluindo o período de sazonalidade das arboviroses, o que podem levar à sobrecarga do Sistema Único de Saúde”, escreve por meio de assessoria.

Mateus Todt cogita a possibilidade do crescimento que vemos agora se tornar uma nova onda. "Existe uma possibilidade da gente vivenciar um aumento substancial de casos e isso configurar um novo pico epidêmico”, fala o infectologista, destacando que todos os números são subestimados, já que se testa pouco por aqui.

A médica Clarissa Cerqueira também vê de forma parecida, mas acredita que podemos estar falando de uma onda com características diferentes. "Dentro das conversas com colegas especialistas, a gente acha que pode vir uma onda grande, mas curta. Uma onda com muita gente infectada, mas que não dure como as anteriores", pontua.

Cuidados devem permanecer

Diferente de outros momentos da pandemia quando houve uma alta de números de casos, muitos cidadãos não têm optado por se testar ou se isolar quando o primeiro sintoma aparece. Pelo contrário, é comum ouvir relatos de pessoas que, mesmo com sintomas, continuam circulando com o vírus.

Por isso, temos um guia com as principais respostas sobre o que ainda precisa ser feito quando a infecção de covid-19 é uma possibilidade. Confira:.

Sentiu algo, mas acha que é besteira?

“Antes de tudo, não se trata de gripe besta, é covid. Pode até ser influenza que não é besteira. Não se pode tratar as questões respiratórias neste momento como uma coisa comum e menosprezar o vírus”, alerta Clarissa Cerqueira.

Testar, testar e testar

"Não dá para fazer auto diagnóstico. Como são quadros gripais que apresentam semelhança de sintomas, é preciso testar e saber o que tem para se proteger e garantir a proteção dos outros. Então, se há a possibilidade de fazer o teste, tem que ir o mais rápido possível", salienta Matheus Todt.

Tem algum sintoma? Fique longe dos outros!

“Se está com sintoma respiratório, é para ficar em casa. Não saia para se encontrar com familiares e amigos porque, ao fazer isso, você vai passar o vírus à frente, mais pessoas serão infectadas”, reitera Clarissa Cerqueira.

Mantenha as medidas de prevenção

“Precisamos ainda preservar ações básicas dentro da pandemia que ainda são necessárias. É preciso manter o distanciamento social, higienizar as mãos e fazer o uso correto das máscaras”, conclui Matheus Todt.

A medida provisória (MP) que estabelece regras para a renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) pode atender pouco mais de 1 milhão de estudantes, que representam contratos no valor de R$ 35 bilhões. Os números são do Ministério da Educação (MEC) e levam em conta o total de 2,6 milhões de contratos ativos do Fies, abertos até 2017, com saldo devedor de R$ 82,6 bilhões. Desse total, 48,8% (1,07 milhão) estão inadimplentes há mais de 360 dias. O texto que facilita o pagamento dos atrasados foi editado no último dia de 2021 e ainda precisa de um decreto regulamentador.

Dentre as principais propostas estão o parcelamento das dívidas em até 150 meses (12 anos e meio), com redução de 100% dos encargos moratórios e a concessão de 12% de desconto sobre o saldo devedor para o estudante que realizar a quitação integral da dívida. O desconto será 92% da dívida consolidada no caso dos estudantes que estão no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) ou foram beneficiários do auxílio emergencial. Para os demais estudantes, o desconto será de 86,5%. Durante a live desta quinta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro abordou o tema.

"Resolvemos acertar com a Economia, com o Ministério da Educação, abater completamente os juros e, quando vai para o principal [da dívida], abater 92% de desconto. Isso vai atingir em torno de 550 mil estudantes que estão no Cadastro Único ou Auxílio Emergencial. Então, eles terão que pagar, tirando o juros, 8% do principal apenas e ainda pode ser parcelado isso daí. Grande oportunidade de pessoas se verem livres do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Livre no tocante a dívidas. E outros 520 mil atende os demais casos que têm dívidas também, mas o desconto vai ser um pouco menor, em vez de 92%, [será] de 86,5%", detalhou.

Pelos números do MEC, os estudantes com contratos do Fies que estão no CadÚnico ou que receberam Auxílio Emergencial somam 548 mil contratos. Os demais estudantes inadimplentes somam outros 524,7 mil contratos de financiamento,

O Fies é um programa do governo federal destinado à concessão de financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação (MEC). As inscrições para o Fies ocorrem duas vezes por ano, antes do início das aulas em cada semestre.

A renegociação de dívidas do programa deverá ser realizada por meio dos canais de atendimento que serão disponibilizados pelos agentes financeiros do programa. Apesar de estar em vigor desde a semana passada, a MP ainda precisará ser aprovada em definitivo pelo Congresso Nacional em até 120 dias após o fim do recesso legislativo, que termina em fevereiro.

O presidente Jair Bolsonaro sancionou lei que altera regras para a prestação de serviços de transporte terrestre coletivo de passageiros. O texto, publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 6, define ainda critérios de outorga mediante autorização para o transporte rodoviário.

Uma das modificações veda a venda de bilhete de passagem para transporte não regular interestadual e internacional. Além disso, há limitação do número de autorizações para o serviço regular de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros em caso de inviabilidade técnica e econômica.

A nova lei dispõe ainda que a outorga de autorização deverá considerar exigência de comprovação, por parte do operador, de requisitos relacionados à acessibilidade, à segurança e à capacidade técnica, operacional e econômica da empresa, além de capital social mínimo de R$ 2 milhões.

Bolsonaro vetou dispositivo que estabelecia taxa de fiscalização de R$ 1,8 mil por ano e por ônibus. "O dispositivo vetado representaria um impacto fiscal negativo, tendo em vista que suprimiria a cobrança da taxa de fiscalização do transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de passageiros, o que acarretaria renúncia de receita sem o acompanhamento de estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro e das medidas compensatórias", explicou a Secretaria Geral da Presidência, em nota.

 

Prateleiras caídas, sujeira por todos os lados e produtos revirados e cobertos de lama. Esse é o cenário dos mercados em cidades baianas atingidas pela chuva intensa de dezembro, como Dário Meira, Ubaíra, Medeiros Neto e Itabuna. Muitos estabelecimentos ainda estão com as portas fechadas. A maioria já foi limpa, mas segue sem funcionar por falta de dinheiro dos comerciantes para recomeçar o negócio do zero. Com isso, muitos locais estão desabastecidos e moradores dependem de doações para comer.

Dona Eunice Barbosa, de 53 anos, é dona do Restaurante da Dó, em Dário Meira. O local, que fica no Mercado Municipal, no centro da cidade, foi destruído pela água e segue fechado. Todos os produtos foram perdidos. “O centro foi a região mais crítica. No Mercado Municipal, todos os estabelecimentos foram invadidos pela água das chuvas”, conta Dona Eunice.

A empresária diz que, nem que tivesse dinheiro para comprar novos produtos e reabrir o restaurante, isso seria possível. Dário Meira foi uma das cidades mais afetadas pelas chuvas, com 90% do território submerso. Dos sete supermercados, não sobrou nenhum.

“Não tem mercado, estamos vivendo de doações. Está tudo fechado, todos foram afetados. As ruas ainda estão cheias de alimentos e outros produtos espalhados que foram perdidos por causa da água e da lama; aí só estão esperando o lixo passar e recolher”, acrescenta.

“A prioridade é se alimentar. A reabertura do restaurante fica em segundo plano”, ressalta a moradora. Eunice diz que a rotina agora é pegar fila no ponto montado no início da cidade para buscar doações e correr o risco de voltar para casa de mãos vazias. “Nesta segunda (3) eu fui e já não tinha mais alimento disponível, nem produto de limpeza, nada. Só água mineral porque o abastecimento de água voltou ontem. Estou aqui com o que peguei no domingo (2)”, finaliza.

Outro morador de Dário Meira, Helder Costa, de 40 anos, também está dependendo de doações. "Todo o comércio foi afetado e fica muito difícil limpar porque a água cai, mas a demanda é alta porque todo mundo quer limpar os estabelecimentos e casas, aí acaba a água de novo e fica nessa. Não tem mercado aberto, mesmo quem tem dinheiro está precisando de doações", diz Helder, que teve a residência afetada pela água e está abrigado na casa de amigos.

"Só a praça principal se salvou porque é um local mais elevado. A devastação foi grande. As ruas ainda estão até hoje cheias de entulho, lixo, lama. A prefeitura está recolhendo, mas é muita coisa. Todo mundo ainda tem muito trabalho pela frente para reerguer a cidade", acrescenta o morador.

Quem teve o negócio invadido pela água, ainda não sabe quando vai reabrir as portas. Uberlan Ribeiro, de 48 anos, é dono da Padaria Novo Pão, também em Dário Meira. No local, a água atingiu a altura de 2,5m e levou embora todos os produtos. “A gente perdeu tudo porque a água chegou muito rápido, não deu tempo de tirar nada”, diz.

“Eu preciso levar um técnico para olhar a situação das máquinas e também comprar novos produtos, mas não tenho condições de fazer isso agora e não sei quando vai dar. Isso depende de dinheiro e as coisas estão muito caras; a situação não estava boa, com essa chuva aí piorou de vez”, acrescenta Uberlan, que morava em um quartinho nos fundos da padaria e precisou ser acolhido na casa de amigos.

Medeiros Neto

Em Medeiros Neto, dos três grandes mercados da cidade, dois foram atingidos pela chuva, os que ficam na região central. Um deles é o Supermercado Oceano, onde a água destruiu todo o estoque. O local, que tem faturamento mensal de R$600 mil, teve um prejuízo de mais de R$2 milhões de um dia para o outro.

“Quando a chuva veio, a gente estava muito abastecido porque era uma preparação para o Natal e Ano Novo, compramos quase tudo dobrado no início de dezembro. Estava tudo estocado e o nosso estoque fica na parte mais baixa aqui; a água atingiu tudo. Foi tudo muito rápido, não deu tempo de tirar as coisas de dentro. A gente tinha ilhas de freezer com 500 chesters e não sobrou nada”, conta o gerente, Gilson Oliveira.

Segundo o gerente, o estabelecimento já está com as portas abertas, mas ainda com poucos produtos nas prateleiras. “Já voltamos a funcionar, mas não 100%. Não estamos totalmente abastecidos porque estamos tendo dificuldades com fornecedores já que muitas empresas estão em recesso de final de ano”, explica.

A Padaria Só Pão, que fica na mesma região, também está na mesma situação. O dono, Wilter Gomes, diz que pegou uma linha de crédito para conseguir comprar novos produtos e reabrir o local, mesmo que parcialmente.

“A água atingiu mais de 2m de altura e tudo que estava embaixo disso foi perdido. A gente conseguiu salvar pouca coisa de produto. Também perdemos equipamentos como liquidificador, fatiador de frios, refresqueira, relógio de ponto, etc. A nossa sorte foi que as máquinas da linha de produção ficam numa parte mais alta e se salvaram”, diz o proprietário.

Itabuna

Em Itabuna, o proprietário do Mercado Miranda diz que somente com o auxílio prometido pelo Governo Estadual vai conseguir colocar o estabelecimento para funcionar novamente. Paulo Vitor Miranda, de 36 anos, conta que perdeu 100% das mercadorias quando o Rio Cachoeira transbordou, o que significa 6 mil itens e um prejuízo de mais de R$250 mil. “O prejuízo foi muito grande; neste momento, é inviável reabrir. Eu vou tentar conseguir a ajuda que o Governo Estadual vai dar a moradores e comerciantes para ver se, assim, consigo comprar as coisas e retomar as atividades”.

Por lá, moradores também sobrevivem de doações. A professora Maria das Neves, de 58 anos, é uma das pessoas que se mobilizam para ajudar quem precisa. “A gente ficou sem água e sem alimento. O bom é que o povo é solidário. É com essa solidariedade que a gente consegue fazer café da manhã e outras refeições para distribuir. Montamos pontos na igreja, um na minha casa e outros em casas de outras pessoas”, conta.

Ubaíra

Em Ubaíra, 80% do comércio ainda segue fechado e, no centro da cidade, não há mercados funcionando. O prefeito Lúcio Passos afirma que só não há desabastecimento por conta das doações que a cidade está recebendo. “Não estamos com falta de alimentos por conta das doações que estão chegando porque cerca de 80% dos estabelecimentos comerciais estão com as portas fechadas. No centro da cidade, a situação é pior; em outras regiões, há mercados funcionando, mas são poucos”, diz.

Os dois grandes mercados que abasteciam a cidade ficam justamente no centro, na Avenida Presidente Vargas, a mais afetada pela chuva em Ubaíra. Os estabelecimentos ficaram destruídos e tiveram as portas arrancadas com a força da água. Os proprietários ainda estão contabilizando os prejuízos e separando as mercadorias que se salvaram.

“Com as doações, estamos ajudando a população em geral, mesmo aquela que não foi afetada diretamente pelas chuvas. A prefeitura recebe e, junto com voluntários, distribui alimentos e água, priorizando quem mais precisa. A Embasa já retomou o abastecimento em alguns locais, mas ainda há bairros sem água”, completa o prefeito.

Outras localidades

Sônia Rauédys, que mora em Salvador, mas nasceu em Jiquiriçá e está na cidade para ajudar parentes que tiveram casas e lojas atingidas pelas chuvas, conta que por lá também ainda há muitos mercados fechados, principalmente no centro. “Os que estão abertos estão com pouca mercadoria, que foi aquilo que conseguiram salvar da água, seja porque estava mais no alto ou porque deu para limpar”, diz.

Em Itamaraju, o morador Carlos Eduardo de Oliveira, de 50 anos, conta que na região mais afetada, Baixa Fria, há mercados, açougues, padarias e restaurantes fechados. Itamaraju foi o município onde mais choveu no Brasil em dezembro de 2021, com 769,8mm de chuva, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

“Um restaurante popular foi bastante atingido e hoje está funcionando só com uma parte, em situação precária”, diz. Como nem todos os bairros ficaram em situação crítica por conta da chuva e a cidade está recebendo doações, também não há desabastecimento.

Produções agrícolas afetadas

Segundo o presidente da Associação Baiana de Supermercados (Abase), José Humberto Souza, a associação não foi procurada pelos supermercados afetados pelas chuvas. “Tivemos supermercados invadidos pela água em diversas cidades, mas isso chegou ao nosso conhecimento através da imprensa, não fomos contatados oficialmente pelos estabelecimentos”, disse. O presidente acrescentou que a Abase enviou doações de alimentos para as regiões mais críticas da Bahia.

Souza afirmou que o maior problema foi em relação ao abastecimento dos supermercados, já que as produções agrícolas foram afetadas, mas que isso já está sob controle. “As chuvas interromperam algumas linhas de abastecimento, principalmente na semana passada, mas isso já está sendo normalizado. A região mais afetada foi a Chapada, com batata e cenoura, por exemplo, em Irecê”.

Balanço das chuvas

De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), até esta terça (4), eram 29.243 desabrigados, 73.518 desalojados, 26 mortos e 520 feridos. O número total de atingidos chega a 796.882 pessoas. No total, 168 municípios foram afetados e 157 estão com situação de emergência decretada.

O governador Rui Costa anunciou que abrirá linha de crédito para comerciantes que tiveram prejuízos com as chuvas nos moldes do que foi feito, no começo de dezembro, para os comerciantes do Extremo Sul da Bahia. A linha de crédito será feita pela Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia).

As concessões permitem parcelamento em até 48 meses, incluindo carência de até 12 meses para pagamento da primeira parcela, sem juros para financiamentos de até R$150 mil. Costa também informou que haverá auxílio para agricultores que perderam plantações e maquinários.

Doações

Para Ubaíra:
Ag 1163-0
CC 18.545-0 (Banco do Brasil)
Chave Pix/CNPJ 97.527.945/0001-06
Colégios Balbino Muniz Barreto e Anísio Teixeira (Em Ubaíra)
Loja Garoupa, na Avenida Paulo VI - Pituba (Em Salvador)
Loja Garoupa, na Avenida Euclydes da Cunha - Graça (Em Salvador)
Galpão do Armazém da Construção, na Rua Dr. Jorge Costa Andrade - Águas Claras (Em Salvador)

Para Jiquiriçá:
Ag 4188-2
CC 13465-1 (Banco do Brasil)
Chave Pix/CNPJ 14.923.893/0001-51

Para Itabuna:
Ag 0070-1
CC 131.740-7 (Banco do Brasil)
Chave Pix 14147490000168

Para Dário Meira:
Entrar em contato com o telefone (73)991865480

Para Itamaraju:
As doações podem ser feitas na sede da 43ª Companhia Independente da Polícia Militar (43ª CIPM/Itamaraju) ou em qualquer unidade do Corpo de Bombeiros da Bahia

Para Medeiros Neto:
Ag 2293-4
CC 60100-4 (Banco do Brasil)
Chave Pix/CNPJ 19.750.233/0001-30
Ou entrar em contato através do telefone (73)999943474

O Governo do Estado também disponibilizou uma conta geral para ajudar as cidades atingidas. A conta bancária do Banco do Brasil tem como número de agência 3832-6 (setor público) e conta número 993.602-5, identificada como BA Estado Solidário. Para depósitos via PIX, os doadores devem usar o CNPJ da Sudec – Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado: 13.420.302/0001-60.

Um dos reflexos do surto de H3N2 em Salvador é o aumento da busca por vitaminas ou antigripais. Tem farmácia que chegou a registrar aumento de quase 150% na venda desses produtos em dezembro, em comparação com novembro de 2021. Como consequência, os farmacêuticos relatam a dificuldade no abastecimento desses medicamentos.

“Foi algo muito inesperado. A gente não contava com tanta venda desses produtos logo nessa época do ano, quando nosso foco não costuma ser gripe e resfriado. A demanda mudou mesmo por conta do surto. Comparando o mês de novembro com dezembro, tivemos um aumento de 150%”, diz a farmacêutica Marcela Dias, que trabalha numa drogaria localizada no bairro da Pituba.

Já na Farmácia Andrade, localizada no Rio Vermelho, esse crescimento estimado foi de 85%, de acordo com a proprietária Nubia Andrade. “Por conta dessa virose e por muitas pessoas não terem tomado vacina, era claro que ia aumentar. Até hospital particular teve fila enorme para atendimento e na farmácia não seria diferente. Evidente que aumentou a prescrição de medicação antivirais, antigripais e vitaminas, mas houve quem fosse buscar por conta própria”, afirma.

Para a empresária, o crescimento na venda de remédios prescritos por médicos se deu justamente pela maior busca das pessoas por atendimento hospitalar. Ela afirma que esse é um fenômeno diferente do observado em outros momentos da pandemia de covid-19 quando cresceu a busca por medicamentos do chamado kit covid para uso como tratamento precoce, o que se provou cientificamente ineficaz.

“Dessa vez, não teve nenhum aumento por kit covid, até porque na Bahia isso não foi forte. São os antigripais mesmo que estão crescendo, as pastilhas”, relata.

O marido de Nubia, Valmir Rodrigues, também é dono de uma farmácia localizada no bairro de Pero Vaz. Ele estima que o crescimento na busca por remédios para tratar a gripe foi de 60%, no mínimo. “E cresceu a busca tanto pelos medicamentos das marcas e laboratórios mais conhecidos como também os outros. Multigrip, benegrip, coristina e apracur eram alguns dos mais pedidos. Entre as vitaminas, saiu bastante a C, principalmente associada com zinco”, relata.

Estoque
A consequência disso foi a dificuldade em manter o estoque completo. “Nesse período do ano, já é comum ser as férias coletivas de diversos laboratórios. Somado com a alta na demanda, as distribuidoras não conseguiram ter estoque suficiente para suprir o necessário”, diz Rodrigues.

A farmacêutica Rita Cristina dos Santos Gonçalves, funcionária de uma rede de drogarias de Salvador, também verificou a falta de medicamentos. “Foi um verdadeiro boom. Acredito que houve aumento de 70% a 100%. Nós zeramos o estoque de muitos produtos para gripe. Temos falta de pastilhas, xaropes e antigripais. Em torno de dois dias já não tinha nada”, diz a profissional, que viu também a procura aumentar por analgésicos e vitamina C.

A farmacêutica Marcela Dias, também destaca a dificuldade na reposição. “O aumento foi tão grande a ponto de alguns remédios acabarem ou de terem problemas com reposição. O surto veio numa época de festas, quando é mais difícil para receber a mercadoria”, aponta. Ela acredita que a situação só vai começar a normalizar a partir desta terça-feira (4). “Mas alguns medicamentos continuarão em falta mesmo, pois as distribuidoras não estavam preparadas”, diz.

Dentre os remédios apontados como os que estão em falta, os profissionais destacam a Coristina D e os produtos da linha VIC. “São remédios difíceis de encontrar em muitas farmácias de Salvador”, conta Valmir.

A estudante Cândida Maria, 23 anos, foi alertada disso pelo farmacêutico. “Estava com febre e fui comprar um paracetamol e multigrip. O rapaz disse para eu levar duas cartelas ao invés de uma, pois o remédio já estava acabando na farmácia. Eu até fiquei desconfiada se isso era verdade mesmo, mas decidi comprar e valeu a pena, pois a febre continuou por mais alguns dias e acabei precisando de muito medicamento”, lembra.

Já o militar Pedro Carvalho, 25 anos, optou por um antialérgico após ter ficado com a garganta inflamada e secreção nasal. Um dia depois, os sintomas pioraram e ele comprou um multigrip. “Na hora melhorou, mas depois os sintomas voltaram mais fortes e eu tive que ir buscar atendimento médico para tomar a medicação adequada e mais direcionada para os meus sintomas. Eu tive que tomar antibiótico, analgésico, antialérgico, expectorante e um anti-inflamatório. Só assim eu fiquei bom”, diz.

Até a última terça-feira (28), a Bahia tinha registrado 673 casos de Síndrome Gripal (SG) com laudo positivo para Influenza A H3N2 e oito mortes ocasionadas pela doença. O próximo boletim estadual só será divulgado nesta terça-feira (4).

Imunologista alerta para perigos da automedicação
Para o imunologista Celso Sant'Ana, é preciso que as pessoas tenham cuidado com a automedicação. “Esses remédios não têm efeito específico contra o vírus. São medicações sintomáticas. A doença provoca sintomas inconvenientes como coriza, tosse, espirro, dores no corpo, inflamação na garganta, febre. E aí as pessoas saem atrás dos remédios para melhorar os sintomas. O problema é quando há a automedicação e o uso abusivo dessas drogas, o que pode ocasionar problemas tóxicos, hepáticos e gerar comorbidades”, diz.

O especialista destaca que a diferença entre um remédio e o veneno é a dose usada. Para evitar problemas, o ideal é sempre procurar um especialista, como um médico, que avalia caso a caso. “Tem que tomar a vacina e, no caso de febre ou tosse persistentes, procurar um médico. O grande problema desse vírus é que ela abre porta para infecções bacterianas. Mais de 72h de febre e tosse precisa da avaliação do médico para ver se não houve uma complicação secundária gerada pela infecção”, aponta.

Na farmácia que Thainara Silva trabalha como atendente, ela tem observado o crescimento na compra de medicamentos para fortalecer a imunidade. “Muita gente vem em busca de vitaminas, principalmente. Alguns não estão com sintomas, mas ficam com medo de pegar o vírus e optam em fortalecer o sistema imunológico logo”, conta. Para o imunologista, não há evidências de que o uso de vitaminas interfira no curso de uma infecção por H3N2.

“Nem com o uso preventivo, nem mesmo com o terapêutico. Não existe evidencia cientifica para recomendar isso para cada paciente. É por isso que precisa passar por um médico, pois ele avalia a pessoa na sua integridade. Sei que as emergências estão lotadas, mas a população tem que se cautelar, não se automedicar, não ouvir a opinião de quem não é habilitado e procurar um profissional qualificado”, pede.

CRF também pede cuidado dos consumidores para evitar excessos
Farmacêutica responsável pelo Centro de Informação sobre Medicamento do Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-BA), Maria Fernanda Barros de Oliveira Brandão, ressalta que os consumidores devem ter cuidado para evitar excessos no uso desses medicamentos. “É importante que os consumidores sejam adequadamente informados para não exceder as doses máximas diárias. Também devem ser alertados para atentar à somação de doses quando usam com frequência as associações desses medicamentos, o que pode levar inadvertidamente à sobredosagem”, afirma.

Segundo a profissional, em geral, a população tem recorrido às farmácias para comprar os chamados Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) para tratar sintomas de gripe, como dores de cabeça e musculares, febres, congestão nasal, tosse, dentre outros. “Apesar de não possuírem a obrigatoriedade de prescrição no momento da compra, não significa que esses medicamentos são isentos de orientação, pois mesmo que possam ser comprados livremente ainda têm potencial de causar danos à saúde dos indivíduos se utilizados de maneira incorreta”, relata.

Segundo dados do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), no periodo de 2015 a 2018, 44,3% dos registros de intoxicações medicamentosas correspondem aos MIPs. Os que estão no topo das intoxicações na Bahia são paracetamol, dipirona, ciproeptadina e ibuprofeno, conforme informado por Fernanda. O CRF não tem dados relativos ao aumento na venda dos MIPs no mês de dezembro de 2021.

"Existe um risco associado ao uso de qualquer medicamento. Por isso, é fundamental que medicamentos sejam utilizados de forma correta, seguindo as recomendações da bula e as orientações dos profissionais de saúde. Inclusive, os consumidores podem ser orientados pelos farmacêuticos que estão nas farmácias durante todo o horário de funcionamento. É obrigatório a presença desse profissional para justamente resguardar a população nesses estabelecimentos de saúde”, lembra.

A partir desta quinta-feira (6) os contribuintes de Salvador começam a receber o carnê com as cobranças do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e da Taxa de Coleta, Remoção e Destinação de Resíduos Sólidos Domiciliares (TRSD), que este ano tiveram reajuste de 10,74% e 50%, respectivamente. A data de vencimento começa a partir de 1º de fevereiro e segue até 28 do mesmo mês, de acordo com cada caso. Cerca de 613 mil pessoas terão que pagar o imposto e outras 258 mil estão isentas.

Esse ano, a dívida poderá ser parcelada através do cartão de crédito, em alguns casos em até 48 vezes, com juros. É a primeira vez que essa facilidade será disponibilizada para os contribuintes. Além disso, é possível dividir o débito em até 11 vezes no carnê, sem juros, e quem optar pela cota única terá 7% de desconto.

Segundo a titular da Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), Giovanna Victer, o ano de 2021 foi desafiador para a economia da cidade. Com poucos recursos enviados pelo governo federal para custear as despesas com a pandemia, foi o dinheiro arrecadado com o IPTU que segurou as pontas e permitiu ações como a abertura de novos leitos e unidades de saúde, custeou as despesas com a vacinação e a distribuição de cestas básicas, entre outras ações que socorreram a população na crise.

“O IPTU é o principal imposto do município, junto com o Imposto Sobre Serviços (ISS), e ele é usado em diversas áreas. O pagamento é importante para que a cidade continue o ciclo de crescimento e investimento que vimos nos últimos anos, e teremos muitos desafios em 2022. Precisamos trazer as crianças de volta às escolas, continuar a vacinação e fazer investimentos em transporte. O IPTU é fundamental”, afirmou.

A expectativa do município é arrecadar R$ 750 milhões, esse ano. Em Salvador, proprietários de imóveis avaliados em até R$ 118.998,54 não precisam pagar IPTU e nem a Taxa de Lixo, que teve reajuste de 50%. A secretária explicou que a mudança foi para equilibrar as contas, já que a cidade estava arrecadando R$ 133 milhões e tendo despesas na ordem de R$ 476 milhões com esse serviço.

“O aumento aconteceu para cumprir a Lei de Diretrizes de Saneamento Básico, que determina que haja sustentabilidade financeira dos serviços. Apesar de o reajuste ter sido de 50%, os valores não são altos. Ele é empregado nos serviços de varreção, coleta e destinação do lixo, entre outros, feitos todos os dias na cidade. Além disso, 258.847 contribuintes estão isentos, uma quantidade alta se comparada com outras cidades”, disse.

Descontos
Ao todo, 613.343 soteropolitanos terão que quitar o débito, em 2022, mas podem ter outras vantagens. A professora de Direito Tributário, Karla Borges, contou que imóveis antigos têm direito a descontos determinados por lei. Propriedades que têm de 10 a 15 anos (4% de abatimento no valor do IPTU), de 16 a 20 anos (8%), de 21 a 25 anos (12%), de 26 a 30 anos (16%), de 31 a 35 anos (20%) e acima de 36 anos (25%).

Há sete anos, o reajuste do IPTU é determinado com base no o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) dos 12 meses anteriores, ou seja, de dezembro/2020 a novembro/2021. O objetivo é repor a inflação, e o acumulado do último ano foi de 10,74%, por isso, a correção foi feita nesse valor. O percentual é o mesmo para todos os contribuintes. A professora destacou outro ponto que merece atenção para evitar uma alta do IPTU no ano que vem.

“Em 2014, quando aconteceu a revisão do IPTU, houve uma majoração dos valores. Para impedir o aumento exorbitante do imposto foi criada uma trava, uma determinação de que nenhum IPTU poderia ser reajustado acima de 35% do que foi pago em 2013. Foi uma saída, mas ainda assim injusta com os imóveis novos, porque como eles não existiam em 2013 não foram contemplados. Essa determinação vale até 2022. É preciso que um novo projeto de lei estenda a trava ou os valores vão subir”, disse.

O IPTU é calculado com base no valor venal do imóvel e de uma alíquota progressiva que pode chegar a 1%, dependendo do tipo de propriedade. “O que acontece é que, muitas vezes, o valor venal do imóvel é discrepante do valor de mercado, e isso deixa o contribuinte confuso”, contou a especialista.

Para a apuração do Valor Venal do imóvel, a administração tributária toma como referência os Valores Unitários Padrão (VUP), de Terreno e de Construção, diferenciados por uso e pelos atributos construtivos, constantes da Planta Genérica de Valores Imobiliários do Município. Quem considerar que a cobrança está acima do justo pode entrar com um pedido de revisão no portal da Sefaz.

A professora Isabel Novaes, 48 anos, ainda não recebeu o carnê para o pagamento do IPTU e da taxa de lixo, mas verificou no portal que o reajuste do imóvel dela foi de cerca de R$ 100.

“Não é pouco, ainda mais nos dias de hoje. São tantos impostos que precisamos pagar. O que queremos é ver esse dinheiro ser empregado no bem comum. A Prefeitura prometeu novas escolas e reformas na cidade, é o que precisamos. Melhorar o transporte público. Vamos parcelar o débito e fazer o pagamento”, disse.

Como pagar
Os carnês podem ser quitados diretamente no site da Sefaz, por meio de débito automático, em correspondentes e agências bancárias credenciadas e presencialmente no posto central, na Rua das Vassouras, nº 1, Centro, em totem de autoatendimento.

O contribuinte que não efetua o pagamento até o vencimento tem o débito inscrito no Cadastro Informativo Municipal (Cadin) e terá dificuldades para conseguir crédito ou fechar contratos com a Prefeitura. Caso a situação não seja regularizada, ele pode ser inscrito na Dívida Ativa. A Sefaz não divulgou o percentual de inadimplência, mas disse que as cobranças acontecem através de SMS, pelo call center e por cartas cobrança.

Quem precisa regularizar a situação pode fazer isso através do portal ou se dirigir a um dos postos da Sefaz. É possível fazer o pagamento em cota única ou parcelar, mesmo que a dívida já esteja judicializada.

IPTU em números:

613.343
Contribuintes vão ter que pagar a imposto;
258.847
Soteropolitanos estão isentos da cobrança;
R$ 750 milhões
É o que a prefeitura espera arrecadar esse ano;
10,74%
Foi o reajuste do IPTU, com base no IPCA;
50%
Foi o reajuste da taxa de lixo para equilibrar as contas;
7%
Será o abatimento concedido para quem pagar em cota única;
1º a 28 de fevereiro
Vencimento dos carnês
11 vezes
É a possibilidade de parcelar a dívida, sem juros
48 vezes
É a possibilidade, em alguns casos, de parcelar com juros;

A Mega-Sena sorteia nesta quarta-feira (5) um prêmio estimado R$ 3 milhões.

As seis dezenas do concurso 2.441 serão sorteadas, a partir das 20h (horário de Brasília), no Espaço Loterias Caixa, localizado no Terminal Rodoviário Tietê, na cidade de São Paulo.

As apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.

A aposta simples, com seis dezenas marcadas, custa R$ 4,50.

O presidente Jair Bolsonaro publicou nas redes sociais que recebeu alta, após passar dois dias internados no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Ele foi hospitalizado após passar mal no domingo (2) e ser diagnosticado com uma nova obstrução intestinal.

No post, o presidente aparece ao lado da equipe médica e cita uma passagem bíblica.

A obstrução instestinal do presidente foi resolvida após a passagem de uma sonda nasogástrica. A realização de uma nova cirurgia para o o presidente Jair Bolsonaro foi descartada pelos médicos que o acompanharam no hospital, nessa terça-feira (4).

O médico do presidente Antônio Luiz Macedo, que estava nas Bahamas, interrompeu as férias para acompanhá-lo.