O Jornal da Cidade

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O Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) inicia a emissão do novo documento eletrônico que unifica o licenciamento (CRLV) e o certificado de registro do veículo (CRV), o antigo DUT, na próxima segunda-feira (4). A medida cumpre o que determina a resolução 809, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), com validade em todo o país.

O serviço estará disponível no portal www.sacdigital.ba.gov.br e aplicativo SAC Digital, onde o cidadão deverá baixar o arquivo do novo documento e fazer uma cópia, após o pagamento das dívidas do veículo. O CRLV em papel moeda verde já tinha sido extinto em abril de 2020, e agora será a vez de o CRV impresso deixar de existir.

A resolução do Contran institui também a Autorização para Transferência de Propriedade do Veículo em formato eletrônico (ATPV-e). Ela será o instrumento que vai normatizar as relações de compra e venda de carros e motos.

Com o fim do auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal, 48 milhões de pessoas ficarão sem a ajuda financeira a partir de janeiro. Os maiores impactados são os trabalhadores informais.

Por enquanto, o término do auxílio está previsto, mesmo com o aumento no número de casos de Covid-19 no país e das consequentes restrições impostas a alguns setores para evitar aglomerações.

A última parcela será paga pela Caixa Econômica Federal nesta terça-feira (29) e beneficiará 3,2 milhões de brasileiros, encerrando o calendário iniciado em abril.

No ano de 2021, segundo o Ministério da Cidadania, em 2021, só serão pagos valores resultantes de contestações administrativas e extrajudiciais e de decisões judiciais.

Com o fim do auxílio, volta o Bolsa Família, que beneficia 19,2 milhões de pessoas — em abril, os beneficiados que, em abril, migraram para o auxílio emergencial.

Até agora, o governo gastou até agora quase R$ 300 bilhões para pagar o auxílio a 67,9 milhões de pessoas. O pagamento contou com o chamado Orçamento de guerra, permitido após o decreto de situação de calamidade pública, que termina no próximo dia 31.

Em 2021, o Bolsa Família deve aumentar de R$ 192 para R$ 200 e deve acolher mais 300 mil famílias, somando 14,5 milhões, dentro do orçamento de R$ 34,8 bilhões reservado ao programa em 2021.

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o atual chefe da pasta, André Mendonça, se estranharam no Twitter, nesta segunda-feira (28). A confusão começou após Moro criticar Bolsonaro pela demora do Brasil em começar a vacinar a população contra a Covid-19.

"Vários países, inclusive da América Latina, já estão vacinando seus nacionais contra a COVID-19. Onde está a vacina para os brasileiros? Tem previsão? Tem Presidente em Brasília? Quantas vítimas temos que ter para o Governo abandonar o seu negacionismo?", criticou Moro.

Vários países já começaram a imunização. Estados Unidos, China, Canadá, Rússia, Chile, além de 25 dos 27 da União Europeia (UE) já deram início, enquanto outros como a Argentina começarão nesta terça a vacinar.

Após a publicação de Moro, André Mendonça alfinetou seu o antecessor e o criticou quando era ministro. "Vi que @SF_Moro perguntou se havia presidente em Brasília? Alguém que manchou sua biografia tem legitimidade para cobrar algo? Alguém de quem tanto se esperava e entregou tão pouco na área da Segurança?", respondeu André Mendonça.

"Quer cobrança? Por que em 06 meses apreendemos mais drogas e mais recursos desviados da corrupção que em 16 meses de sua gestão?", acrescentou o ministro da Justiça.

Moro não gostou do tom e retrucou: "Ministro, o senhor nem teve autonomia de escolher o Diretor da PF ou de defender a execução da pena da condenação em segunda instância (mudou de ideia?), então me desculpe, menos. Faça isso e daí conversamos."

Moro deixou o governo em abril deste ano, ao acusar Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal ao demitir o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, indicado por por ele. Bolsonaro nega as acusações.

A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu e o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito para investigar se Bolsonaro interferiu na PF.

 

Mesmo fora do grupo de risco, as crianças podem sim contrair a covid-19 e até vir a óbito. Na Bahia, desde o início da pandemia, já foram 36 crianças de até 9 anos de idade que morreram do novo coronavírus - uma média de quatro mortes por mês - sendo 22 meninos e 14 meninas, de acordo com dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Das 36 vítimas, somente 14 tinham comorbidades - as outras 22 não tinham histórico de doenças graves. Os meses que registraram mais mortes foram maio e junho de 2020, que deixaram 8 vítimas cada um. Além disso, 19 delas não chegaram a completar nem um ano de vida.

Os dados vêm à tona após o alerta do secretário municipal de saúde de Salvador, Léo Prates. Ele informou, no último domingo (27), que o número de crianças com suspeitas de covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) tem aumentado, principalmente nos últimos três dias. No domingo, 10 crianças buscaram as UPAs da cidade e duas precisavam de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesta segunda (28), o número se repetiu, e quatro delas foram atendidas.

Os hospitais também têm sofrido com a alta demanda. No Martagão Gesteira, a taxa de ocupação de leitos pediátricos de enfermaria está em 85% e a de UTI pediátrica em 90%. Em nota, o Martagão informou que a demanda por leitos de UTI Covid na instituição está alta e que as vagas são ocupadas via Central de Regulação. A instituição também informou quel já tem um plano de contingência para ampliar a oferta de leitos, caso seja necessário. Para tratar os casos suspeitos e confirmados da covid-19, o hospital destinou uma enfermaria inteira (20 leitos) e uma UTI com 10 leitos exclusivamente para este fim, contratualizados com a Prefeitura de Salvador.

No Instituto Couto Maia, o índice de leitos clínicos destinados a crianças está em 80% e os de UTI, em 60%. No Hospital Municipal de Salvador, já não há mais vagas na enfermaria - todos os sete leitos estão ocupados, mas a taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátricos está em 14%, com 6 vagas. Na capital baiana, a ocupação dos leitos de UTIs pediátricas é de 70% e 78% nos leitos clínicos. Na Bahia, esses índices estavam, nesta segunda-feira, em 68% e 60%, respectivamente.

“Quando uma mãe perde um filho, é um pedaço da gente que morre junto”
Uma das crianças que morreu por covid-19 foi Isadora, filha da dona de casa Flávia Ferreira, 25 anos, moradora de Ipiaú, cidade no sul da Bahia. A criança tinha apenas dois meses quando deixou a família, no dia 6 de maio. “É uma situação muito complicada. Quando uma mãe perde um filho, é um pedaço da gente que morre junto. Só deixaram eu ver minha filha por 10 minutos, depois que ela estava morta. Ela já não era mais a mesma, o oxigênio já tinha parado”, relembra a mãe. Segundo ela, a filha não teve os sintomas da covid-19 e nasceu com toxoplasmose - a “doença do gato” - por a mãe ter pego a infecção na gravidez.

“Até hoje não acredito que minha filha faleceu de coronavírus, porque Isadora já estava doente, debilitada. Ela não teve sintoma nenhum do coronavírus, não tossia, não sentiu febre. E eu malmente saí, só saía quando era caso de necessidade ou de levar ela na pediatra, mas tinha o maior cuidado com ela por causa da doença. Se ela pegou, não sei como”, diz a mãe. A dona de casa afirma que a filha vomitava todas as madrugadas pela toxoplasmose e foi levada para um hospital público de Jequié, município a 50 km de Ipiaú, após um quadro de anemia: “Ela estava pálida, não tinha uma gota de sangue na unha”.

Na unidade, os médicos fizeram o teste PCR na menina, que não resistiu. O resultado saiu quatro dias depois, com a confirmação da covid-19. Porém, no atestado de óbito de Isadora, consta como causa da morte anemia grave, choque hemorrágico e toxoplasmose congênita. Os 8 membros da família que moravam com ela também foram testados, só que por teste rápido, e quatro deram positivo. A secretária de saúde de Ipiaú, Larissa Dias, confirmou os resultados dos testes. “O exame confirmando foi entregue. Foi colhido no hospital no dia do óbito e o resultado só chegou depois. O Estado informou a secretaria após a criança já ter sido enterrada. Foi um sofrimento grande para a família”, conta. A secretária disse que qualquer pessoa que vai a óbito por qualquer diagnóstico, mas também tem covid-19, entra nas estatísticas do covid-19, por isso que o obituário apontava uma outra causa.

Outra criança baiana que morreu de covid-19 foi Luiz Gustavo, que tinha um ano de idade. Ele era do município de Iramaia, que tem pouco mais de 8 mil habitantes e fica na Chapada Diamantina, centro-sul da Bahia. Ele estava em tratamento em um hospital de referência de Salvador, para tratar a síndrome mielodisplásica, uma doença rara que interfere na produção de células sanguíneas. Durante o período de 46 dias que ficou internado, Luiz Gustavo se contaminou pela covid-19 no hospital e veio a óbito, no dia 19 de junho. Procurada pela assessoria do município, a família não quis comentar.

À época, o prefeito de Iramaia, Tunga Bastos (PP), publicou uma nota em sua rede social. “O céu acabou de ganhar mais um anjinho. Foi com muita tristeza que recebemos a notícia do falecimento do pequeno Luis Gustavo. Não temos palavras para expressar a nossa dor neste momento tão difícil. Peço a Deus que conforte os pais Evanildo e Ediane e que conforte todos os seus familiares. estamos de luto”, escreveu o prefeito.

Na cidade de Guanambi, a cerca de 500 km de Salvador, um menino de 5 anos também morreu de complicações da covid-19. Ele tinha uma doença do sistema nervoso e foi transferido para Itabuna para tratamento em um hospital público. O secretário de saúde de Guanambi, Manoel Paulo Rodrigues, informou que a criança morava em uma casa de acolhimento da cidade, mas deu mais detalhes.

Como a doença evolui em crianças
A infectologista pediátrica Anne Galastri explica que as chances de a doença evoluir em uma criança são as mesmas de um adulto. “Qualquer infecção viral pode evoluir e causar óbito, infelizmente. É preciso ficar atento às crianças que têm aquelas doenças de base, como câncer em tratamento, transplantado, crianças que tem problema cardíaco, pulmonar. Essas crianças, por terem doenças crônicas, têm o risco aumentado, assim como adultos e idosos”, esclarece.

Galastri ainda tranquiliza que a taxa de mortalidade entre as crianças é baixa e os sintomas, em geral, são mais leves. “A infecção pela covid-19 na faixa etária pediátrica pode sim são quadros mais leves, como febre, coriza, algumas crianças vão para UTI, mas a imensa maioria ficam bem, a taxa de mortalidade é menor que 1%”, diz. Porém, ela alerta que não é momento de descuido. “Não quer dizer que devemos descuidar das crianças, é preciso fazer a higienização das mãos, usar a máscara para as crianças maiores de dois anos, fazer o distanciamento social e quem está doente não é para sair de casa. Infelizmente, a gente viu criança com síndrome de sistema respiratório que foi visitar avó no Natal, foi ao shopping, então esses cuidados são básicos e é preciso manter em qualquer faixa etária”, orienta a especialista. Ela explica que as crianças menores de dois anos não devem usar máscara por risco de asfixia.

A médica infectologista Clarissa Ramos, do Hospital Cardio Pulmonar (HCP) alerta que, como os sintomas nas crianças, normalmente, são mais brandos, é preciso uma atenção redobrada. “Quando elas pegam, ela não manifestam os sintomas ou são sintomas muito leves. Isso faz com que a doença passe despercebida. Então ela está transmitindo. É muito frequente crianças que espirram, têm um resfriado, dor de garganta, tosse, ou esses sintomas mais leves que não são levados a sério, e, muitas vezes, é covid, mas não é investigado. Então mesmo que o sintoma seja só por um dia, pode ser covid”, alerta. Por isso, a infectologista diz que deve-se sempre monitorar os sintomas da criança e das pessoas que elas têm contato.

À TV Bahia, Prates comunicou, na segunda-feira (27), que a secretaria pensa em estratégias para conter o aumento dos casos suspeitos em crianças através da ampliação do número de leitos nas unidades de saúde: “Estamos trabalhando para ampliar os gripários. A ideia é construir mais um gripário na UPA de São Cristóvão e também reativar uma tenda de sustentação respiratória com 10 leitos de sala vermelha na UPA de valéria. A sugestão da equipe seria transformar essa tenda de sustentação respiratória, que seria princípio para adulto, para um perfil mais pediátrico, devido a esse crescimento exorbitante”.

Em nota, o Ministério da Saúde divulgou que, até 21 de dezembro, quando foi publicado o último boletim epidemiológico semanal, foram notificados pelos estados 1.161 óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 na faixa etária de menores de um ano a 19 anos de idade. Desse total, 356 óbitos foram em crianças menores de 1 ano de idade; 182 em crianças entre 1 e 5 anos; 623 casos entre 6 e 19 anos de idade. Por telefone, o Ministério disse que não tinha os dados seccionados de crianças até 9 anos nem a divisão por sexo e faixa étaria de cada unidade federativa, só a informação total.

8 de fevereiro de 2021. Segundo o prefeito eleito Bruno Reis (DEM) esse pode ser um horizonte de uma possível data de retomada das aulas presenciais nas escolas municipais de Salvador. A informação foi dita pelo prefeito durante entrevista à TV Bahia na manhã desta terça-feira (29).

“A nossa visão é que se não tiver um retorno em fevereiro iremos comprometer o calendário de 2021. Precisamos tentar condensar para recuperar esse ano que foi perdido, solicitamos uma audiência com o governador e estamos aguardando esse encontro que pode ocorrer ainda hoje ou amanhã para começar esse diálogo. A nossa ideia é construir uma agenda em conjunto, sincronizar a retomada da educação municipal com a estadual”, afirmou o prefeito eleito.

As aulas foram suspensas na Bahia e em Salvador em março deste ano, assim que os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados . O prefeito também informou que esteve reunido com representantes das escolas particulares da capital baiana e que vai manter o diálogo com o governo estadual para alinhar a retomada, levando em consideração o comportamento da pandemia em janeiro.

"Estive reunido com os representantes para saber o que eles já estão pensando. A nossa ideia é, a partir do dia 4, começar a discutir os protocolos de retorno com o governo do estado. Se a gente conseguir com o esforço coletivo entre prefeitura, governo e população, reduzir os números [de casos] a ideia é retornar em fevereiro. Vamos apresentar uma série de protocolos, o principal seria o distanciamento", completou o prefeito eleito.

Após receber as primeiras 300 mil doses da vacina russa Sputnik V, a Argentina iniciou nesta segunda, 28, a distribuição para que o programa de imunização em massa comece hoje nas províncias. O Fundo de Investimento Direto Russo, que financiou o desenvolvimento da vacina, planeja enviar mais 10 milhões de doses ao país em 2021.

"Recebemos as primeiras 300 mil doses para iniciar este grande desafio que é a campanha de vacinação mais importante da história da Argentina", disse a secretária de Saúde, Carla Vizzotti, parte da delegação que viajou à Rússia para receber informações técnicas sobre a Sputnik V - ela voltou no mesmo avião que transportou as primeiras doses. A Rússia alega que a eficácia de sua vacina, vista com desconfiança por parte da comunidade científica ocidental, é de 91,4%.

A segunda leva do imunizante será enviada à Argentina nas próximas três semanas, segundo o diretor do Centro Gamaleya, criador da Sputnik V, Alexander Gintsburg. Ele afirmou que os fabricantes conseguiram eliminar um desequilíbrio na produção do primeiro e do segundo componentes, que são inoculados com um hiato de 21 dias.

A vacinação começará às 9 horas (horário local), segundo informou o presidente argentino, Alberto Fernández, no fim de semana. Na primeira fase, a vacinação será destinada aos profissionais de saúde de grandes centros urbanos, onde a pandemia teve um impacto maior e o risco de uma segunda onda é mais elevado.

O coordenador do setor de logística do Ministério da Saúde, Juan Pablo Saulle, afirmou que "todo o calendário foi elaborado para fazer a entrega a cada ponto em cada província, para chegar ao mesmo tempo, com uma diferença de apenas 3 a 4 horas".

O plano de vacinação estima um total de 54,4 milhões de doses, considerando um esquema de duas doses e calculando uma taxa de perda estimada em 15%, que atingiria entre 23 e 24 milhões de pessoas de uma população de 45 milhões.

O contrato de aquisição da Sputnik V é o terceiro assinado pela Argentina: o primeiro foi com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford - vacina que será aplicada em março - e o segundo com a aliança internacional Covax, da ONU, embora outros acordos ainda estejam sendo negociados. "A ideia é que, quando chegar o outono já tenhamos vacinado todas as pessoas em grupos de risco", disse Fernández. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quem conta com o auxílio emergencial do programa Salvador por Todos, pode ficar tranquilo. O prefeito eleito Bruno Reis anunciou que o valor continuará sendo pago pelo menos até março do ano que vem.

“Nós tomamos a decisão de manter o benefício do auxilio emergencial da prefeitura por pelo menos 3 meses. Precisamos nos esforçar para retornar logo à normalidade em sua totalidade”, disse Bruno Reis.

O Salvador por Todos paga R$ 270 a baianas de acarajé, ambulantes, feirantes, camelôs, barraqueiros, baleiros, guardadores de carro, recicladores, taxistas, motoristas de aplicativos, mototaxistas (no caso dos três últimos, com idade superior a 60 anos) e motoristas de transporte escolar.

O programa, criado durante a pandemia para auxiliar trabalhadores informais, é coordenado pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre).

Terça, 29 Dezembro 2020 13:53

As epidemias e as religiões

Religiões rivais em vários momentos da história, o islamismo e o cristianismo adotaram, no passado, atitudes mais ou menos semelhantes quando seus seguidores enfrentavam epidemias como a da covid. Em princípio, interpretavam a causa do infortúnio com castigo divino e seus corifeus religiosos garantiam que Deus não aceitava que os fiéis fugissem da praga ou tivessem medo dela, porque ele saberia quem seria chamado à sua presença.

Martinho Lutero, líder protestante escreveu sobre as epidemias que era preciso suportá-las com paciência, sem temer, pois, na sua interpretação, tratava-se de um decreto divino. Outro líder ia pela mesma linha, alegando que, “se apraz a Deus golpear-nos”, é preciso suportar, porque na sua visão seria tudo para nosso proveito e regeneração.

Nos países muçulmanos se dizia o mesmo, segundo o historiador Jean Delumeou e os sacerdotes insistiam que as vítimas das epidemias morreriam como mártires. Isso se não tentassem fugir do seu destino. É como se morressem combatendo na guerra santa como um guerreiro.

Os líderes viam como única saída pra parar as pestes, fazer penitência, pedir perdão pelos pecados, um fenômeno de culpabilização que atingia grandes massas, principalmente na Europa. Porque o arrependimento individual não servia. Ele teria que ser coletivo. Assim, em várias ocasiões, multidões enfrentaram as epidemias em eventos públicos de penitência. Uma estampa inglesa do século XVII mostra uma multidão, da religião anglicana, reunida em tempo de pandemia na frente da catedral de São Paulo pra escutar um sermão. A legenda da estampa diz “Senhor, tende piedade de nós. Pranto, Jejuns e Preces”.

Jean Delumeou lembra que nos países católicos as autoridades eram obrigadas a organizar manifestações públicas em períodos de epidemias, seguindo o estilo da confissão romana em que a comunidade tranquilizava a si mesma estendendo os braços para o Todo Poderoso. Mesmo sem poder contar com uma medicina eficiente, as pessoas sabiam que o isolamento evitava a propagação das pragas. No entanto, não ousavam desafiar a divindade que, supostamente, enviava as epidemias. Assim, com a ampliação das penitências coletivas pra renovar os pedidos de perdão, o efeito era contrário criando um círculo vicioso interminável. Mais gente nas ruas pedindo perdão, mais mortes.

Em Milão no ano de 1630, quando uma epidemia estava acabando, os fiéis exigiram do arcebispo a organização de uma grande procissão. Mesmo sabendo o perigo do contágio, o arcebispo cedeu e a multidão percorreu as ruas de Milão com um relicário de São Carlos. Uma característica desta procissão é que ela passou pelos bairros parando em todas as encruzilhadas, locais conhecidos pela crença popular onde são realizados os pactos demoníacos. A ideia era exorcizar eventuais demônios que rondavam a cidade e ajudavam a ampliar os estragos da praga daquele ano.

A trágica coincidência desses eventos do passado com os dias de hoje no Brasil é que, uma parte da população, continua desdenhando do isolamento social, participando de eventos públicos de lazer, não de penitência, sem se preocupar com as aglomerações. Mesmo sabendo do grande perigo de contágio da covid e do risco de morte, como ocorria há 600 anos.

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Biaggio Talento é jornalista, e colaborador do O Jornal da Cidade.

A Bahia registrou 748 novos casos de Covid-19 nas últimas 24h, segundo dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), na tarde desta segunda-feira (28).

De acordo com a secretaria, a taxa de crescimento no número de casos foi de taxa de crescimento de +0,2% no número de casos e de +0,3% no de pessoas recuperadas da doença (1.330).

Segundo a Sesab, são 484.485 casos confirmados desde que a pandemia começou, em março. Desses, 469.734 já são considerados recuperados e 5.710 encontram-se ativos.

O boletim epidemiológico ainda contabiliza 30 óbitos, que ocorreram em datas diferentes. O número total de mortes, desde o início da pandemia, é 9.041, o que representa uma letalidade de 1,87%.

Dentre as mortes, 56,58% ocorreram em pessoas do sexo masculino e 43,42% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,82% corresponderam a parda, seguidos por branca com 18,85%, preta com 14,63%, amarela com 0,66%, indígena com 0,13% e não há informação em 10,91% dos óbitos.

O percentual de casos com comorbidade foi de 70,90%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,48%).

Mais atingidos pela doença
Até esta segunda, o coeficiente de incidência da doença no estado foi de 3.257,47/100 mil habitantes. Pacientes do sexo feminino são os mais atingidos pela Covid-19 na Bahia (54,58% do casos), seguidos por pessoas do sexo masculino (45,22%) e 0,20% sem informação.

Em relação ao quesito raça e cor, conforme consta do boletim, 244.308 (50,43%) são de cor parda, seguidos por amarela 80.293 (16,57%), branca 59.652 (12,31%), preta 40.254 (8,31%), indígena 1.774 (0,37%) e os ignorados e sem informação foram de 58.204 (12,01%).

A faixa etária mais acometida foi a de 30 a 39 anos, representando 24,32% do total. O coeficiente de incidência por 100.000 de habitantes foi maior na faixa etária de 40 a 49 anos (5.327,81/100 mil habitantes), indicando que o risco de adoecer foi maior nesta faixa etária, seguida da faixa de 30 a 39 anos (5.135,61/100.000 habitantes)O percentual de casos com comorbidade foi de 70,98%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,48%).

O boletim completo está disponível no site da Secretaria de Saúde e também em uma plataforma disponibilizada pela Sesab.

Outros dados
Todas as cidades do estado registraram casos da doença. A maior proporção ocorre em Salvador (22,58%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100 mil habitantes foram Ibirataia (10.259,93), Muniz Ferreira (8.299,65), Conceição do Coité (8.193,72), Pintadas (7.962,06), Jucuruçu (7.900,50).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 877.040 casos descartados e 122.461 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta segunda.

Na Bahia, 36.185 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Ocupação dos leitos
Dos 1.987 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS), exclusivos para atender pacientes com o novo coronavírus na Bahia, 1.247 estão com pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 63%. Dos 984 leitos de UTI (adulto) disponíveis no estado, 744 estão ocupados, o que corresponde a 76%.

Em Salvador, de acordo com a Sesab, dos 926 leitos ativos, 673 estão ocupados, o que corresponde a uma taxa de ocupação geral de 73%. Os leitos de UTI adulto estão com 76% de ocupação. Já os de UTI pediátrica, 59% de ocupação.

Com relação aos leitos de enfermaria, a capital baiana tem taxa de ocupação de 69% (adulto) e 86% (pediátrico).

Após ser diagnosticado com covid-19, o estado geral de saúde do vice-presidente Hamilton Mourão é bom. Em nota, a assessoria da Vice-Presidência informou nesta segunda-feira (28) que Mourão teve dor no corpo, dor de cabeça e febre, “que não passou de 38 graus”, o que o levou a fazer o exame.

A confirmação do teste positivo foi divulgado ontem (27) e o vice-presidente já está em isolamento no Palácio do Jaburu.

“De acordo com a recomendação médica, [Mourão] faz uso de Hidroxicloroquina, Annita, Azitromicina e sintomácos (remédio para dor e febre). O estado geral de saúde do Vice-Presidente da República é bom, encontrando-se em isolamento na residência oficial do Jaburu”, diz a nota.