O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (3), que o governo pode até mesmo dobrar o valor pago ao Bolsa Família. "No momento, vivemos ainda um auxílio emergencial mais baixo, mas estamos aqui ultimando esforços e estudos no sentido de dar um aumento de, no mínimo, 50% para o Bolsa Família, podendo chegar até 100% em média. E, com isso daí, além de atender à população, a gente prepara o Brasil para voltar à normalidade", afirmou o presidente em entrevista à TV Asa Branca, de Caruaru (PE), no início da tarde.

O presidente tem acenado com um valor médio de ao menos R$ 300 para o novo Bolsa Família, que atualmente paga cerca de R$ 190 por mês aos beneficiários. Na semana passada, o ministro da Cidadania, João Roma, disse, após uma reunião no Ministério da Economia, que o governo pretendia dar um reajuste de ao menos 50% no valor médio do benefício, ou "até mais".

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O presidente Jair Bolsonaro oficializou sua mais recente reforma ministerial. A edição desta quarta-feira (28) do Diário Oficial da União (DOU) traz a nomeação do senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), líder do Centrão, como ministro-chefe da Casa Civil. Ele assume o posto de Luiz Eduardo Ramos, que migra para a Secretaria-Geral da Presidência. Onyx Lorenzoni, que ocupava a pasta, por sua vez, foi alocado à frente do Ministério do Trabalho e Previdência. As movimentações já eram esperadas.

A nomeação de Ciro Nogueira para a Casa Civil, o coração do governo, é uma aposta do presidente Bolsonaro para manter o apoio político do Centrão e evitar uma possível abertura de processo de impeachment, neste momento em que vê sua popularidade caindo em meio a denúncias de corrupção e ao desgaste sofrido pelo andamento das investigações da CPI da Covid. Além de selar o casamento entre Planalto e Centrão, o movimento é também um aceno ao Senado - que ainda não havia sido contemplado com um ministério e desejava espaço na Esplanada.

Com as mudanças, chega a quatro o número de ministérios ocupados pelo Centrão. O bloco também tem os deputados João Roma (Republicanos-BA) na Cidadania, Fábio Faria (PSD-RN) nas Comunicações e Flávia Arruda (PL-DF) na Secretaria de Governo.

O novo ministro da Casa Civil responde a cinco processos na Justiça - duas denúncias criminais e três inquéritos que apuram suspeitas de suborno e distribuição de propinas. Em fevereiro de 2020, ele foi acusado pela PGR de receber propina da Odebrecht em troca de favorecimento no Congresso à Braskem, empresa petroquímica controlada pelo grupo. Ciro Nogueira também já foi denunciado por suposta tentativa de atrapalhar a Lava Jato e é alvo de inquérito sobre suposto recebimento de propina nas eleições presidenciais de 2014.

Antes da união entre Bolsonaro e o Centrão, Nogueira era aliado do PT. Durante a corrida presidencial de 2018, ele se queixou da ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, chegou a dizer que estaria com o petista "até o fim" e chamou Bolsonaro de "fascista". Piauiense, o novo ministro tem apelo eleitoral no Nordeste e pode ajudar o governo a se aproximar daquela região.

Novo ministério
Aliado de primeira hora de Bolsonaro desde a campanha, Onyx foi contemplado com o Ministério do Trabalho e Previdência, extinto no início do governo para formar o chamado superministério da Economia, liderado por Paulo Guedes. O desmembramento tira atribuições do "posto Ipiranga". Guedes, contudo, tem buscado minimizar a perda de terreno e dito que a orientação liberal do governo permanece a mesma.

Secretaria-Geral
Agora alocado na Secretaria-Geral da Presidência, o general Luiz Eduardo Ramos foi pego de surpresa com sua demissão da Casa Civil, conforme o Estadão/Broadcast revelou. Um dos colaboradores e amigos mais leais de Bolsonaro, ele reconheceu que sua troca de cargo na Esplanada se deu por motivos políticos e afirmou que foi "atropelado por um trem".

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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (21) que vai fazer uma "pequena mudança ministerial" na segunda (26). Em entrevista à rádio Joven Pan de Itapetininga, ele afirmou que a alteração será importante para "continuar administrando o país".

"Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, e para a gente continuar aqui administrando o Brasil. Temos uma enorme responsabilidade, sabia que o trabalho não ia ser fácil, mas realmente é muito difícil. Não recomendo essa cadeira para os meus amigos", disse.

Segundo a jornalista Natuza Nery, o presidente estuda a possibilidade de recriar o Ministério do Trabalho e Previdência para colocar no comando Onyx Lorenzoni, atualmente na Secretaria-Geral do governo.

Ela também informou que Bolsonaro pensa em mudar o comando da Casa Civil para dar espaço ao senador Ciro Nogueira (PP-PI). Assim, a saída de Lorenzoni abriria uma vaga para Luiz Eduardo Ramos, hoje na Casa Civil.

A alteração deixaria o Centrão no comando de uma das pastas mais importantes do governo.

A ideia é melhorar a posição de Bolsonaro no Congresso, em meio a crises e denúncias relacionadas à compra de vacinas. Os conselhos são para que o presidente coloque alguém da política na Casa Civil.

Contudo, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos é amigo de longa data de Bolsonaro e ele não gostaria de fazer a mudança sem dar outro cargo para ele.

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O presidente Jair Bolsonaro está com quadro de obstrução intestinal e deve ser transferido para São Paulo, onde médicos vão avaliar se é preciso fazer uma cirurgia de emergência. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (14) pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Bolsonaro deu entrada no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, depois de sentir muitas dores abdominais na madrugada. Ele também sofre há cerca de 10 dias com soluços persistentes.

O cirurgiao Antonio Luiz Macedo, que acompanha Bolsonaro desde a facada sofrida na campanha, foi até o DF e constatou que o presidente está com obstrução intestinal.

"Após exames realizados no HFA, em Brasília, o Dr. Macedo, médico responsável pelas cirurgias no abdômen do Presidente da República, decorrentes do atentado a faca ocorrido em 2018, constatou uma obstrução intestinal e resolveu levá-lo para São Paulo onde fará exames complementares para definição da necessidade, ou não, de uma cirurgia de emergência", diz a nota.

Pela manhã, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, disse que Bolsonaro estava bem e ficaria "apenas em observação".

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O presidente Jair Bolsonaro está bem e ficará somente em observação, informou o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, em um post nas redes sociais nesta quarta-feira (14).

"Graças a Deus, nosso Presidente está bem. Ele vai ficar apenas em observação depois de alguns exames. Agradeço o carinho dos brasileiros e me junto a eles nas frequentes orações por @jairbolsonaro. Força, Presidente! Nosso Brasil precisa e muito da sua coragem e liderança!", escreveu Ramos.

O presidente foi para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, depois de sentir dores abdominais durante a madrugada. As reuniões que ele faria nesta manhã foram canceladas, incluindo um encontro com presidentes do Judiciário e do poder Legislativo para discutir a relação com o Executivo.

A Secretaria Especial de Comunicação da Presidência diz em nota que o presidente foi hospitalizado para fazer exames e investigar a causa dos soluços, que já duram persistemente faz 10 dias e têm incomodado o presidente. A orientação é de que ele fique em observação por 24h a 48h, não necessariamente no hospital.

Cirurgião do presidente acompanha
O médico Antônio Macedo, cirurgião gástrico que é responsável pela saúde do presidente desde que ele sofreu uma faacada durante a campanha, foi para Brasília acompanhar o caso. A informação é da TV Globo.

Macedo vai avaliar o estado de Bolsonaro. Caso considere que os soluços e dores abdominais sejam causados por uma obstrução intestinal, a ideia era operar Bolsonaro no hospital Vila Nova Star, em Brasília.

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Após sentir dores abdominais durante a madrugada desta quarta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro foi levado para o Hospital das Forças Armadas (HFA) em Brasília, para fazer exames. A agenda oficial dele foi cancelada.

Há mais de 10 dias o presidente está com soluços constantes, e não esconde o incômodo ao sentir dificuldade para falar, situação que já ocorre há mais de dez dias seguidos. As contrações involuntárias do diafragma, segundo ele, pode estar sendo causadas por remédios que ele tomou após uma intervenção na boca para fazer implantes dentários.

A agenda da manhã desta quarta previa, às 11h, um encontro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Essa reunião foi definida no início da semana, com o objetivo de apaziguar o ambiente entre os poderes da República.

Incômodo
Por conta da recorrência durante entrevistas e discursos,os soluços do presidente passaram a chamar a atenção de internautas, como demonstra o aumento nas buscas por termos como “soluço” e “passa mal”, que estiveram entre as principais pesquisas relacionadas ao nome de Bolsonaro nos últimos dias, de acordo com a ferramenta Google Trends.

A primeira demonstração de incômodo do líder nacional ocorreu no dia 5, quando, em sua tradicional conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada. Na ocasião, ele disse que estava falando pouco por ter feito dois implantes dentários no sábado anterior.

Dias depois, durante uma entrevista na quarta-feira da semana passada, o presidente explicou que estava com soluço e afirmou que acreditava que a causa eram remédios.

"Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço", comentou, em entrevista à rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul. A situação se repetiu na quinta, durante transmissão da Live de Quinta, em suas redes sociais. O presidente chegou a pedir desculpas e disse que talvez não conseguisse se “expressar adequadamente”.

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A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou nesta quarta-feira (30), à Procuradoria-Geral da República (PGR), mais uma notícia-crime que imputa ao presidente Jair Bolsonaro suposto crime de prevaricação, agora com relação às suspeitas de solicitação de propina na negociação de doses de vacina contra a covid-19.

O pedido de investigação feito pela deputada federal Natalia Bonavides (PT-RN) também atinge o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que está no centro das suspeitas de corrupção. Ao servidor que foi demitido após o caso vir à tona, a parlamentar atribui supostos crimes de associação criminosa, corrupção passiva e advocacia administrativa.

As imputações têm relação com as declarações de Luiz Paulo Dominghetti Pereira, representante da Davati Medical Supply que, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, disse ter recebido de Ferreira Dias pedido de propina de US$ 1 para cada dose da vacina AstraZeneca adquirida pelo governo Bolsonaro. Em depoimento à CPI da Covid, na manhã desta quinta (1º), o vendedor de vacinas reafirmou o pedido de propina.

O documento também cita as denúncias envolvendo a compra da Covaxin, relatadas nos depoimentos à CPI da Covid do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde.

"Temos ao menos duas pessoas que confirmaram ter havido cobrança de propina nas aquisições de vacinas pelo Ministério da Saúde: um servidor público que relatou à CPI, e um representante de uma empresa que afirmou em entrevista que recebeu a oferta para participar de uma Organização Criminosa cujo objetivo seria locupletar os sócios dessa política de morte do Governo Federal", afirma Bonavides na notícia-crime.

O envio da notícia-crime à PGR é procedimento de praxe, considerando que o Ministério Público Federal é o titular da ação penal, ou seja, é o responsável por pedir a abertura de investigações e processos - no caso da PGR, contra autoridades com prerrogativa de foro junto ao STF.

Na segunda-feira, 28, Rosa adotou o mesmo procedimento ao encaminhar à Procuradoria a notícia-crime em que senadores da CPI da Covid pediram a abertura de inquérito contra o presidente por suposta prevaricação no caso envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, fabricada pelo laboratório Bharat Biotech.

No âmbito de tal petição, a Procuradoria-Geral da República já se manifestou: pediu ao STF que segure o andamento da notícia-crime, defendendo que o Ministério Público Federal aguarde o fim da CPI da Covid antes de pensar em abrir uma investigação concorrente.

"Em respeito ao sistema de independência e harmonia dos Poderes constituídos e consciente da impossibilidade do salto direto da notícia-crime para a ação penal, com supressão da fase apuratória, o Ministério Público Federal requer que não se dê trânsito à petição precoce", diz um trecho do documento.

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Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentaram, nesta segunda-feira (28), ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma notícia-crime na qual pedem a investigação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por suposto crime de prevaricação.

A notícias-crime tem como base os depoimentos dos irmãos Luis Miranda (deputado federal) e Luis Ricardo Miranda (servidor público do Ministério da Saúde) à CPI da Covid, ocorrido na sexta passada.

Cabe ao STF decidir se pedirá à Procuradoria-Geral da República (PGR) ou à Polícia Federal (PF) para abrir uma investigação formal sobre o caso. As informações são do G1.

De acordo com o Código Penal, prevaricar consiste em "retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". O delito é listado entre os crimes praticados por funcionário público contra a administração pública.

No depoimento à CPI, os irmãos Miranda relataram ter informado a Bolsonaro pressões sofridas pela liberação vacina indiana Covaxin – as negociações foram travadas após o servidor Luis Ricardo constatar indícios de irregularidades nos documentos, como um pagamento antecipado de US$ 45 milhões a uma empresa que não constava no contrato.

Segundo o deputado, ao ouvir o relato sobre as suspeitas, Bolsonaro atribuiu as irregularidades ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O presidente também teria dito que iria acionar a PF para investigar o caso. Barros nega ter cometido irregularidade.

Na semana passada, antes do depoimento dos irmãos Miranda, Bolsonaro disse não ter sido avisado sobre as suspeitas envolvendo a Covaxin. Senadores governistas, contudo, dizem que o presidente acionou Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, para informar essas suspeitas.

‘Não tenho como saber’, diz Bolsonaro
Mais cedo, Bolsonaro se pronunciou sobre as denúncias e alegou que desconhecia os detalhes sobre o contrato de compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde e voltou a sustentar que não existam irregularidades no negócio. "São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado", disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Ao justificar a notícia-crime, Randolfe disse ao G1 que, após o depoimento dos irmãos Miranda, é possível entender que Bolsonaro teve conhecimento "de que poderia haver um esquema criminoso envolvendo a busca pela vacina indiana Covaxin" e que o presidente "tinha conhecimento de quem estava envolvido no suposto esquema criminoso, inclusive da figura do seu aparente e suposto mentor e arquiteto".

"Como agente político da maior envergadura, o presidente não pode guardar para si informação tão relevante a ponto de apurar indícios de corrupção que remontam a cifra bilionária no bojo de uma pandemia com consequências sanitárias e socioeconômicas tão graves. Tinha ele o dever inafastável de oferecer os indícios de que dispunha à autoridade competente, para as apurações mais detalhadas", afirmou o senador.

Na ação, Randolfe destacou ainda que há suspeitas de irregularidades na aquisição da Covaxin, como o de superfaturamento e a intermediação da compra por meio de uma empresa investigada.

48 horas para responder
Na ação, Randolfe também solicitou que o STF intime Bolsonaro para que responda em até 48 horas se foi comunicado das denúncias; se apontou Ricardo Barros como provável responsável do ilícito; e se momento adotou medidas para a apuração dos fatos.

O senador pediu ainda que a corte intime a PF para que informe, também em 48 horas, se houve a abertura de inquérito para apurar as denúncias sobre a aquisição da Covaxin.

No sábado, o senador Randolfe Rodrigues, que é vice-presidente da CPI, afirmou que a ação seria encaminhada à Procuradoria-Geral da República. No entanto, decidiu acionar diretamente o Supremo por avaliar que há uma “afinidade” entre o procurador-geral, Augusto Aras, e o presidente da República.

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Mais do que o apoio de convertidos em motociatas por diversos estados do país, a reeleição do presidente Jair Bolsonaro passa pelo desafio de retomar a relação com os desiludidos com sua gestão no governo federal. De acordo com a primeira pesquisa do Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) sobre a corrida eleitoral de 2022, mais da metade (53%) dos eleitores de Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 pretende trocar para outro candidato, ou apertar as teclas branco e nulo na urna eletrônica no ano que vem.

O levantamento mostra que um quarto (26%) dos eleitores de Bolsonaro na eleição passada sinaliza o voto no ex-presidente Lula, que se tornou elegível desde março, quando o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular os processos contra o petista na Justiça Federal de Curitiba. Outra má notícia para o presidente é que mais de um terço (34%) dos que o elegeram dizem que não votariam nele de jeito nenhum.

O perfil daqueles que se arrependeram de votar em Bolsonaro é semelhante ao que votava em Lula nos anos 2000, segundo antecipou o colunista Lauro Jardim. São pessoas que têm até o ensino fundamental, moram no Nordeste, são residentes no interior, com renda familiar de até um salário mínimo, em municípios de até 50 mil habitantes e que se autodeclaram pretas ou pardas. Nesse último segmento, a diferença entre Lula e Bolsonaro é mais que o dobro: 54% contra 21%. Situação similar ocorre entre os mais pobres (62% de Lula, ante 16% do presidente) e menos escolarizados: 34 pontos de frente para o petista.

O cientista político Osvaldo Amaral, da Unicamp, afirma que os desapontados com a gestão do presidente não se importam com suas bandeiras conservadoras e são fortemente influenciados pelo quadro ruim da economia e da pandemia.

—A pesquisa mostra que há um contingente de desiludidos que apostaram em Bolsonaro em razão da onda antipetista, mas que não são casados com suas pautas ideológicas. São pessoas que perderam empregos ou familiares para a Covid e que têm uma memória melhor dos governos do Lula — avalia o cientista político.

Amaral pondera que a situação pode se modificar, em caso de melhora significativa do cenário econômico e da crise sanitária.

—Há um forte componente de avaliação do dia a dia. Hoje a situação política está muito conturbada e podem surgir nomes novos. O eleitor trabalha com os nomes que conhece e com as memórias dos respectivos governos (Bolsonaro e Lula). Isso pode mudar, é claro.

Os recortes do levantamento do Ipec mostram a perda de apoio de Bolsonaro em segmentos em que ele superou o petista Fernando Haddad em 2018. Isso ocorre até em núcleos fiéis como entre homens brancos, com renda maior do que cinco salários mínimos, nível superior e evangélicos.

De acordo com o Ipec, Lula lidera em todas essas faixas. No quesito religião, ele está à frente entre católicos, com 52% da preferência, contra 20% do presidente. A diferença diminui entre evangélicos: 41%, contra 32% de Bolsonaro. O grupo religioso é base de sustentação de Bolsonaro e de suas pautas conservadoras.

O petista também está à frente em regiões onde o presidente concentra maiores níveis de aprovação, como o Sul. Lá, o petista tem 35% das intenções de voto, contra 29% do presidente.

Os dados do Ipec foram divulgados na sexta-feira e apontam que o ex-presidente Lula lidera a disputa ao Planalto do ano que vem, com 49% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro. O petista venceria o pleito em primeiro turno, caso as eleições fossem hoje.

O levantamento ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios entre os dias 17 e 21 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, calar a boca. O mandatário não gostou de ser questionado sobre o uso de máscara durante agenda em Guaratinguetá (SP) nesta segunda (21) pela manhã e atacou a imprensa, especialmente a Rede Globo.

Bolsonaro foi à cidade para acompanhar cerimônia de formatura da Escola de Especialistas da Aeronátuca. Ele foi recebido por apoiadores no local, criando uma aglomeração. Questionado sobre a marca de 500 mil mortes por covid-19 no Brasil, ultrapassada no sábado, ele disse que lamenta "todas as mortes".

Depois, o presidente foi questionado pela ausência da máscara ao chegar no evento e sobre ter sido multado em um passeio de moto em São Paulo pela falta do equipamento de proteção, no último dia 12. O governo de SP multou Bolsonaro em R$ 552,71.

"Olha, eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, não use. Agora, tudo o que eu falei sobre covid, infelizmente, para vocês, deu certo", disse o presidente. Ele se referiu ao tratamento com medicamentos que não funcionam contra a covid-19, dizendo que o chamado "kit covid" salvou sua vida e de pessoas do seu prédio. Ao falar com os repórteres, Bolsonaro estava de máscara, mas voltou a tirar a proteção, em uma provocação.

"Parem de tocar no assunto", disse, tirando a máscara. "Você quer botar… Me bota agora… Vai botar agora… Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa”. A repórter tentou rebater, mas o presidente não deixou. "“Cala a boca. Vocês são canalhas. Fazem um jornalismo canalha, vocês fazem. Canalha, que não ajuda em nada. Vocês não ajudam em nada", disse.

Ele continuou o ataque, afirmando que a Globo destrói a "família brasileira" e a "religião brasileira" - o país não tem uma religião oficial. "É uma péssima órgão de informação" (sic).

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