O Jornal da Cidade

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Guerra às drogas tem cor e endereço marcados em Salvador. É o que aponta um estudo realizado pela organização Iniciativa Negra e que será divulgado nesta sexta (19), véspera da celebração do Dia da Consciência Negra. Segundo a pesquisa, a abordagem policial varia de acordo com os bairros da capital baiana - quanto mais negro, mais letal. O relatório expõe como a violência, a partir do discurso de combate ao tráfico, organiza os territórios através da repressão.

Ao monitorar nos noticiários eventos violentos, os pesquisadores elencaram os bairros que tiveram mais casos entre junho de 2019 e fevereiro de 2021: São Cristóvão, com 118 casos; Sussuarana, com 71; Itapuã, com 62; seguidos por Mata Escura, Nordeste de Amaralina, Lobato, Pernambués, Pituba, Boca do Rio e Brotas.

Segundo a pesquisa Mesmo que me Negue Sou Parte de Você: Racialidade, Territorialidade e (r)existência em Salvador, bairros onde vivem majoritariamente pessoas negras com menos ocorrência de uso e porte de drogas têm números maiores de violência policial do que áreas da cidade onde há mais casos envolvendo substâncias ilícitas e residem pessoas majoritariamente brancas.

Um exemplo, segundo o estudo, é a Pituba, que mesmo tendo altos índices de registros de uso e porte de drogas, não registrou nenhuma morte violenta entre janeiro e dezembro de 2020. Enquanto isso, o Nordeste de Amaralina, composto por maioria negra, aparece com menor número de registros de substâncias ilícitas e mais casos de mortes violentas. Nenhum bairro onde há majoritariamente pessoas brancas aparece de forma significativa no monitoramento de notícias que foi realizado.

“Os dados que apresentamos são com base em catalogações de informações da Rede de Observatório da Segurança e da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Destacamos os dez bairros que mais apareciam nos indicadores da Rede e, a partir disso, fizemos rodadas de entrevistas com moradores.”, explica a pesquisadora Luciene Santana.

Entre os eventos violentos que apareceram na mídia e foram analisados pela pesquisa, entre junho de 2019 e fevereiro de 2021, a ‘violência, abuso e excesso por parte dos agentes do estado’ foi o mais recorrente, com 1.447 registros. Seguido por ‘policiamento’, com 663 e ‘eventos envolvendo armas de fogo’, com 244 notificações. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou no seu anuário deste ano, inclusive, que mortes causadas por policiais cresceram 47% na Bahia, sendo que das 55 cidades brasileiras com mais mortes decorrentes de intervenções policiais, sete ficam na Bahia.

“A guerra às drogas é, na verdade, uma guerra contra as pessoas, e o resultado de um projeto de Estado que elegeu os negros como inimigos, através da negação dos direitos e do uso da violência”, afirma Dudu Ribeiro, historiador e cofundador da Iniciativa Negra.

Em setembro deste ano, um confronto entre policiais e traficantes no bairro de Brotas, que faz parte da lista dos dez mais violentos do estudo, acabou com a morte de um homem, que, segundo a polícia militar, era traficante. Já no bairro Mata Escura, entre o final de 2019 e início de 2020, quarto mais violento, seis homens foram mortos pela polícia, com menos de 20 dias de diferença entre um caso e outro. As duas ações foram decorrentes de operações contra o tráfico de drogas.

Outro dado que chama atenção na pesquisa é a dificuldade do acesso público a equipamentos de cidadania. Em áreas onde a letalidade é vertiginosa, é escassa ou nula a quantidade de equipamentos culturais. O mesmo ocorre com a saúde: bairros com maior número de notícias sobre violência sofrem com baixa cobertura de políticas públicas voltadas à saúde dos moradores. Segundo o estudo, essas ausências representam a política de exclusão e marginalização de certos locais e moradores da cidade.

“O que percebemos é uma ausência do Estado nas localidades em que há mais pessoas negras e mais ocorrências de eventos violentos. Por isso, é fundamental a aplicação de políticas públicas para que haja a prevenção da violência”, explica a pesquisadora Luciene Santana.

No texto, os pesquisadores afirmam que a violência é um fator que co-organiza a vida de moradores dos dez bairros citados no estudo: “Se está acontecendo uma operação policial, se acontecer uma morte ou tiver um toque de recolher, as pessoas não conseguem ir trabalhar, viver a sua sociabilidade e usufruir do direito à cidade”, afirma Luciene.

Discurso x prática

“A guerra às drogas é uma estratégia equivocada, tanto do ponto de vista político, como de discurso, porque, além de não produzir cuidado, não diminui a violência e nem o tráfico de drogas”, afirma Bruna Rocha, que é fundadora da plataforma Semiótica Antirracista e integrante do Programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS).

O programa trabalha com a redução de danos e promoção do cuidado de pessoas que apresentam uso excessivo de álcool e outras drogas, através da garantia de direitos, como acesso à educação, justiça, saúde e recuperação de documentos. Segundo Bruna, há um imaginário racista e conivente com a violência contra pessoas negras que atravessa toda a narrativa de guerra às drogas, fazendo com que seja, na verdade, uma guerra a pessoas e territórios e não às substâncias.

A pesquisa “Mesmo que me negue sou parte de você” também aponta falhas na cobertura midiática. Segundo o estudo, os meios de comunicação privilegiam notícias de ações de patrulhamento, somando 801 no período analisado, mas pouco noticia os efeitos letais destas ações.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirma que atua de forma preventiva e repressiva contra o comércio de entorpecentes e que, desde o início do ano, mais de 15 toneladas foram apreendidas. No que diz respeito à letalidade policial, a SSP-BA ressalta que no primeiro semestre de 2021 o número de mortes em decorrência de ações da polícia diminuiu 33%, se comparado ao mesmo período do ano passado.

Em setembro deste ano, o secretário de segurança pública, Ricardo Mandarino, chegou a afirmar que apesar de não “suportar drogas”, o comércio deveria ser regulamentado, com política de vendas semelhante ao cigarro para combater o tráfico. Questionada, a SSP-BA afirmou que os estados não têm autonomia para esse tipo de decisão.

Já a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi-BA) reconheceu, através de nota, que o racismo é um problema estrutural e secular, afetando diariamente as relações sociais e limitando o acesso às políticas públicas em diversos campos. Afirmou ainda que a secretaria tem feito investimentos visando a inclusão e combate ao racismo e exemplificou com o Edital da Década Afrodescendente, que viabilizou um conjunto de projetos.

Procuradas para comentar o estudo, tanto a Secretaria de Municipal de Reparação (Semur), quanto a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) não retornaram até a finalização desta reportagem.

O sonho do pentacampeonato não terá como se concretizar em 2022. Dono de quatro títulos, o Vitória está fora da Copa do Nordeste do ano que vem. Na noite desta quinta-feira (18), o Leão perdeu para o Botafogo-PB nos pênaltis e deixou escapar a vaga no torneio regional.

Ao invés de um jogador rubro-negro se consagrar no Barradão, um reserva do Botafogo-PB roubou a cena nos capítulos finais do embate. No banco até os acréscimos, o goleiro Paulo Gianezini colocou as luvas no finalzinho do tempo regulamentar, quando o placar de 2x2 encaminhou a decisão para os pênaltis. Ele defendeu a cobrança de Renan Luís e ainda converteu o da classificação.

Como o jogo de ida tinha terminado empatado em 1x1, em João Pessoa, o novo empate levou a disputa da vaga para as penalidades. Nessa ordem, converteram Raul Prata, Manoel, Thalisson Kelven, David e Wallace pelo Vitória. Pelo Botafogo-PB, Sávio, Esquerdinha, Cleyton, Tsunami e Welton Felipe marcaram. Na cobrança alternada, Renan Luís bateu e Paulo Gianezini defendeu. Na sequência, o próprio goleiro do Belo cobrou, fez 6x5 e garantiu a classificação da equipe paraibana.

No tempo regulamentar, Vitória e Botafogo-PB foram para campo com propostas bem distintas. Bastante preocupada com a marcação, a equipe paraibana se postou fechada e apostou apenas nos contra-ataques. O esquema do adversário dificultou inicialmente o trabalho do Vitória, que tinha mais posse de bola, mas esbarrava no bloqueio e não conseguia produzir, até Raul Prata esbanjar habilidade e abrir o placar aos 28 minutos. Com novo contexto, o Leão aproveitou a empolgação e ampliou o marcador três minutos depois com Fernando Neto.

No segundo tempo, as posturas se inverteram. O Vitória voltou do intervalo apático, vacilou e deixou o adversário empatar um jogo que parecia resolvido. Propositivo, o Botafogo precisou de quatro minutos para igualar o marcador. Diminuiu aos 18 com Willian Machado e deixou tudo igual aos 22, com tento anotado por Welton Felipe após falha do goleiro Lucas Arcanjo.

O jogo

A primeira jogada perigosa da partida foi protagonizada pelo Botafogo-PB. Welton recebeu próximo à entrada da área, bateu seguro de chapa e deu trabalho ao goleiro Lucas Arcanjo, que levou a melhor no lance após saltar e fazer boa defesa. O Vitória respondeu com David. O camisa 9 cabeceou após cruzamento de Roberto na esquerda, mas mandou para fora.

O gol rubro-negro saiu em jogada trabalhada pelo lado direito do campo. Aos 28 minutos, Fabinho serviu Raul Prata e o lateral direito foi efetivo. Dominou o redonda, cortou e chutou forte com a canhota. Placar aberto no Barradão: 1x0.

O torcedor ainda comemorava quando o Vitória ampliou o marcador aos 31 minutos. Em jogada ensaiada, Bruno Oliveira cruzou da direita e Fernando Neto, dentro da área, cabeceou. A bola desviou no volante adversário Pablo e acabou no fundo da rede: 2x0.

Precisando reverter o resultado ou ao menos empatar o jogo para levar a decisão aos pênaltis, o Botafogo-PB partiu para cima no segundo tempo. O chute de Welton subiu demais e passou por cima do travessão, mas aos 18 minutos a equipe paraibana acertou a pontaria. Esquerdinha, que tinha acabado de deixar o banco de reservas, cobrou escanteio na medida, Willian Machado subiu e, de cabeça, diminuiu o placar: 2x1.

Depois do baque, o Vitória tentou responder com Eduardo, que encheu o pé de fora da área, mas errou a meta. Quem encontrou o caminho do gol novamente foi o Botafogo-PB. O empate do time visitante foi computado aos 22 minutos. Lembra de Esquerdinha? A jogada mais uma vez começou com ele. Com liberdade, mandou uma bomba de fora da área e viu Lucas Arcanjo defender sem firmeza. O goleiro rubro-negro falhou ao dar rebote e Welton não perdoou: 2x2. O resultado levou a decisão para os pênaltis.

Próximo jogo

O Vitória volta a campo na segunda-feira (22), às 18h, quando vira a chave para disputar a penúltima rodada da Série B do Brasileiro, contra o CRB, no estádio Rei Pelé, em Maceió. Com 40 pontos, o rubro-negro ocupa a 18ª colocação e luta contra o rebaixamento à terceira divisão nacional.

FICHA TÉCNICA

Vitória 2x2 Botafogo-PB - Pré-Copa do Nordeste

Vitória: Lucas Arcanjo, Raul Prata, Wallace, Thalisson Kelven e Roberto (Renan Luís); João Pedro, Fernando Neto (Manoel), Eduardo (Cedric) e Bruno Oliveira (Alisson Santos); Fabinho (Soares) e David e Marcinho. Técnico: Wagner Lopes.

Botafogo-PB: Lucas Ferreira (Paulo Gianezini), Sávio, Daniel Felipe, Willian Machado e Tsunami; Tinga (Amaral), Pablo e Juninho (Esquerdinha); Welton Felipe, Éderson (Cleyton) e Luã (Marcos Aurélio). Técnico: Gerson Gusmão.

Estádio: Barradão
Gol: Raul Prata, aos 28 minutos, e Fernando Neto, aos 31, do 1º tempo; Willian Machado, aos 18 minutos, e Welton Felipe, aos 22, do 2º tempo
Cartão amarelo: Eduardo e Esquerdinha
Público: 3.596 pagantes
Renda: R$ 36.192,00
Arbitragem: Fábio Augusto Santos Sá Junior, Rodrigo Guimarães Pereira e Wendel Augusto Lino de Jesus Melo (Trio de SE).

O momento mais esperado pelos estudantes que querem ingressar no ensino superior está chegando. O primeiro dia da versão impressa e digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é nesse domingo (21). Mas a quatro dias da prova, será que ainda dá para absorver conteúdos? O ideal é revisar ou fazer exercícios? Apesar do prazo curto para a prova, não é hora para desespero e nem exagero nos estudos. É para desacelerar!

Manuela Daidone, 18 anos, é aluna do Colégio Oficina e vai fazer o Enem este ano buscando o curso de Medicina. Ela optou por diminuir o ritmo de estudo nesta semana para driblar o nervosismo e a ansiedade. “Confesso que estou nervosa, então, agora eu diminuí o meu ritmo. Vou resolver questões porque acho que parar não é o ideal, mas minha rotina vai ser mais tranquila. Vou também assistir a filmes que eu possa usar para repertório na redação porque é uma maneira mais leve de estudar e nada de ficar até de madrugada.

Segundo Kátia Vasconcelos, pedagoga e diretora do Colégio Bernoulli, unidade Pituba, Manuela fez uma boa escolha. Ela diz que controlar a ansiedade agora é muito importante e que, para isso, é preciso saber equilibrar as coisas. Ficar estudando até de madrugada não vai ajudar. Os alunos podem revisar assuntos que acreditem ser necessários, mas não é ideal aprender algo do zero porque não vão conseguir uma resposta tão positiva”, orienta.

O diretor executivo das Unidades Escolares do Bernoulli Educação, Marcos Raggazzi, completa que é hora de resolver questões, fazer simulados e provas de edições passadas. Para a revisão dos conteúdos, a dica é priorizar. “Se o aluno ainda tem muito conteúdo para estudar, é importante que ele faça um planejamento e revise os conteúdos que são os mais recorrentes na prova do Enem”.

Bernardo Queiroz, 18 anos, está focado na resolução de questões. Ele é estudante do Colégio São Paulo e vai fazer o Enem este ano para cursar Engenharia Civil. ““Durante o ano, eu não deixei o assunto acumular, então, nessa reta final, estou assistindo às aulas e resolvendo exercícios. O que era para ser aprendido já foi”. Ele também conta que não quer exagerar nos estudos e revela preocupação com as horas de sono. “Eu busco administrar o meu tempo, não fico até tarde porque não quero ficar fissurado nos estudos para não acabar mais nervoso. Durmo por volta das 10h e acordo às 6h, tentando sempre completar as 8h de sono”, diz.

O professor de História do Colégio Antonio Vieira Carlos Nazaré também defende a realização de simulados e provas de edições anteriores nessa reta final. “O foco agora deve ser na parte prática, ou seja, resolução de exercícios, porque o tempo é muito curto para a parte teórica, é muito difícil que o aluno absorva o que não aprendeu ao longo do ano. Quanto mais exercícios, melhor, e sempre com foco no que mais cai na prova”, aconselha.

Para a preparação da redação, o professor do Montessoriano Josimar Mota afirma que o importante é revisar regras e buscar dicas importantes. “O momento é de rever a estrutura do texto, buscar repertórios coringas, revisar as situações que levem à nota zero e revisar as cinco competências específicas que o Enem usa para corrigir a redação. A estrutura é aquilo de introdução, desenvolvimento e conclusão, mas é importante relembrar o que precisa estar em cada uma dessas partes e em cada um dos parágrafos”, opina.

Preparo psicológico
Maria Fernanda Aras, 18 anos, é aluna do Colégio Anchieta e vai fazer o Enem para cursar Direito. Ela já fez uma redação esta semana e agora vai focar na busca por repertórios coringas. Além disso, ela criou estratégias para equilibrar revisão de conteúdo e preparação emocional. “Estou focando na parte emocional, tentando relaxar mais, fazer uma preparação leve, acreditando em tudo que já fiz durante o ano. Estou essa semana olhando os resumos que fiz ao longo do ano, revisando os assuntos que eu costumo errar e também os assuntos que mais caem nas provas”, conta.

A psicóloga Priscila Pardo, membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), ressalta que o fator psicológico pode ser determinante para indicar quem vai ter um bom desempenho e quem não vai. A mente afeta o corpo, gerando ansiedade e sintomas físicos que podem atrapalhar bastante na hora da prova. “Para esta semana, é momento de buscar estratégias para relaxar, se desligar, porque o conteúdo que tinha que ser absorvido já foi. Pode ser ir para a praia, meditar, estar com a família ou com os amigos”, recomenda Priscila.

O psicólogo social e clínico Ricardo Moura completa que a ansiedade desestrutura o candidato e dá algumas dicas para driblá-la. “Uma coisa que pode aliviar isso na véspera da prova é já deixar tudo preparado, como a roupa, a sacola, e também visitar o local de prova para já saber o caminho, identificar onde é. Quando a ansiedade bater, é importante trabalhar a respiração, existem diversos exercícios na internet e também vídeos e áudios de meditação guiada que vão trazer o aluno para o presente e prepará-lo para aquele acontecimento intenso”, orienta.

Moura também destaca a importância da atividade física, do cuidado com o sono e dos momentos de lazer para o dia que antecede a prova. “A atividade física é fundamental para liberar endorfina e melhorar o foco e concentração. É fundamental cuidar do sono, não ficar acordado até tarde para poder ter disposição para o dia seguinte. Pegue leve e priorize o lazer”, finaliza o psicólogo.

Manuela Daidone já sabe o que vai fazer no sábado. Os livros vão ficar de lado. “Não vou estudar para não despertar a ansiedade. Vou ficar mais tranquila, distrair a cabeça. Se precisar, tanto para o sábado quanto para o domingo, aprendi algumas técnicas de respiração, sei que é bom fechar os olhos e respirar fundo. Também funciona para mim os óleos essenciais e escutar música”.

Maria Fernanda Aras também vai parar os estudos na sexta. “No sábado eu vou sair com a minha família, com o meu namorado e descansar, dormir cedo”, conta. Bernardo Queiroz também tem programação com a família. “Eu pretendo ficar com a minha família, fazer uma programação leve, comer algo que eu goste e descansar”, diz.

Orientações para os dias de prova

Primeiro dia

Prova: 90 questões objetivas, sendo 45 questões das disciplinas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e outras 45 questões das disciplinas de Ciências Humanas e suas Tecnologias, além da redação dissertativa-argumentativa.
Abertura dos portões: 12 horas (horário de Brasília)
Fechamento dos portões: 13h (horário de Brasília)
Duração da prova: 5 horas e 30 minutos - das 13 horas e 30 minutos às 19 horas. (Quem quiser levar o caderno de questões para casa deve sair da sala a partir das 18h30)

Segundo dia

Prova: 90 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, tendo cada uma das áreas 45 questões objetivas.
Abertura dos portões: 12 horas (horário de Brasília)
Fechamento dos portões: 13h (horário de Brasília)
Duração da prova: 5 horas - das 13 horas e 30 minutos às 18 horas e 30 minutos.(Quem quiser levar o caderno de questões para casa deve sair da sala a partir das 18h)

Além do documento oficial de identificação com foto e da caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, a máscara de proteção facial é item obrigatório.

10 dicas para a hora da prova:

-Chegue com antecedência para que possa encontrar sua sala de prova, encher a garrafinha, ir ao banheiro, enfim, se preparar melhor para começar a realizar a prova do Enem.
-Lembre de não levar objetos metálicos no bolso pois você deverá passar por detectores de metal ao ir ao banheiro
-Não esqueça de desligar o celular antes de colocar na embalagem que será entregue pelo aplicador da prova
-É importante saber quais áreas da prova terão mais peso na composição da nota para o curso que você deseja. Na hora da prova, dê mais atenção a elas
-Lembre-se que é importante dedicar cerca de 1h para elaborar o rascunho e passar a limpo a redação. Ela geralmente tem bastante peso na nota, então pode ser melhor fazê-la primeiro, com a cabeça mais ‘fresca’
-Fique atento a todos os detalhes das questões, principalmente a fonte e a data dos textos, que podem dar dicas ou até mesmo as respostas
-Resolva as questões mais fáceis primeiro, com textos mais objetivos o mais rápido possível, e deixe o tempo que sobrar para as questões mais difíceis, mais trabalhosas
-As questões se dividem entre texto, comando e alternativas. Comece a leitura pelo comando, identificando o que a questão quer do candidato, porque só com isso pode ser possível responder a questão e evitar uma leitura desnecessária de texto
-Ao resolver a questão, vá eliminando as alternativas aos poucos. As questões costumam ter uma ou duas alternativas sem muito sentido e também alternativas verdadeiras, mas que não respondem ao que o enunciado pergunta. Lembre-se de estar respondendo ao que a prova está te perguntando
-Não deixe questões em branco e tente, ao máximo, não fazer chutes
-Na editoria Revisão Enem do CORREIO, no link https://www.correio24horas.com.br/revisao/, você encontra matérias especiais, informações sobre o Enem e dicas de preparação, de realização da prova e de aplicação para o Sisu.

Confira os aulões gratuitos que acontecem antes do Enem

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) realiza, até o dia 26 de novembro, a maratona de aulões do Enem 2021, na página do YouTube do EMITec, no canal TV Educa Bahia e na página da Rede Enem. A ação, realizada em parceria com a Rede Enem, integra aulões das disciplinas das quatro áreas de conhecimento e de Redação.

As aulas acontecem às segundas, quartas e sextas, às 17h. Para acompanhar os aulões, ao vivo, é preciso realizar a inscrição por meio do link: https://bityli.com/rlYcGB. Os links para baixar e-Books e fazer simulados estão no endereço https://cursoenemgratuito.com.br/bahia/. O conteúdo também fica salvo no canal do YouTube.

O projeto IngreSSAr, promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), vai promover um aulão de revisão na sexta-feira (19), das 9h às 17h, no Espaço Moriah Hall (ao lado da FTC), na Paralela. A atividade é gratuita e, para participar, basta fazer a inscrição no site ingressar.salvador.ba.gov.br. Até a quinta-feira (18), as aulas de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o vestibular têm transmissão às 7h30 e reprise às 13h, na Band Bahia, canal 7.2 da TV aberta, ou no próprio site do programa.
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No próximo sábado (20) a Unijorge vai promover a 4ª edição do Missão Enem, um mega aulão gratuito de revisão com uma equipe de professores das principais escolas do ensino médio de Salvador, que vão tirar dúvidas e dar dicas para a prova. O evento será realizado das 8h às 13h30, no auditório Zélia Gattai, na Unijorge campus Paralela, nos formatos presencial e on-line. Ainda estão disponíveis as inscrições para assistir a transmissão on-line, que ocorrerá de forma simultânea, ao vivo. Os interessados podem realizar a inscrição no site: https://transformauj.com.br/circuitoenem.

Para ajudar os estudantes na reta final de preparação, o Diretor Executivo Pedagógico das Unidades Escolares do Bernoulli Educação, o professor Marcos Raggazzi, vai compartilhar informações e dicas importantes para os estudantes se darem bem no exame em duas lives. O encontro virtual terá a participação do Coordenador do Pré-vestibular Edmundo Castilho Filho. A live é gratuita e vai acontecer nesta quinta-feira (18), às 19h50. A live vai ser transmitida pelo canal do Youtube do Bernoulli e vai abordar estratégias de prova, técnicas de relaxamento e de atitude mental, além de dicas sobre o que revisar na semana entre as provas.

As festas literárias se caracterizam por promover encontros entre os amantes da literatura e de diversas artes. Não se restringem às mesas literárias ou à venda de livros. Por isso, precisa-se celebrar a volta da Flipelô - Festa Literária do Pelourinho, que começa nesta quarta (17) e vai até domingo, com praticamente todas as atividades gratuitas. O evento, que ganhou edição virtual no ano passado, volta a ser realizado presencialmente.

Além das tradicionais mesas que reúnem os autores, há exibição de peças de teatro, apresentações musicais, atrações gastronômicas, cinema... tudo no Centro Histórico. Entre as participações mais aguardadas, está a de Itamar Vieira Júnior, autor de Torto Arado, que vendeu mais de cem mil exemplares e venceu prêmios importantes como o Jabuti e o Oceanos.

A Flipelô é realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado e, por isso, sempre escolhe um homenageado que tenha ligação com o autor que levou a Bahia para o mundo, através de clássicos como Capitães da Areia e Jubiabá. Desta vez, o escolhido é o alagoano Graciliano Ramos (1892-1953), autor de obras-primas como Vidas Secas e São Bernardo.

"Graciliano escreveu apenas quatro romances, que são conceituados como de altíssima importância, sobretudo Vidas Secas. Ele é o escritor da concisão, o escritor que pensa a palavra não para enfeitar, mas para dizer", diz José Inácio Vieira de Melo, poeta e curador da Flipelô desde a primeira edição, em 2017.

Nesta conversa com o CORREIO, José Inácio fala sobre o seu trabalho de curadoria e sua experiência na função também em quatro edições da Bienal do Livro da Bahia. O poeta não economiza elogios a Itamar Vieira Júnior, que, para ele é autor de um clássico, Torto Arado. "O livro dá conta do Brasil desde que surgiu até hoje, apresentando nossos problemas".

O que é uma festa literária e em que ela se distingue de outros eventos literários, como bienais e feiras do livro?
Festa literária é uma nomenclatura, que tanto poderia ser festa, como festival, como feira... e a Bienal do Livro, que não acontece mais [na Bahia, foi até 2013]? A Bienal era tudo isso, até porque era anual e se chamava Feira do Livro. Mas festival ou festa trazem um ânimo. É para festejar, mas festejar o que? Festejar as letras. A Bienal levava as grandes editoras e trazia as celebridades. A empresa que realizava a Bienal aqui levava os mesmos autores para as diversas bienais que ela realizava, em MG, RJ... eram os mesmos nomes e abria-se um pequeno espaço para autores locais. Outra coisa: não pagavam aos autores. Quem bancava a participação de autores como João Ubaldo Ribeiro, Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colassanti, eram as editoras. Os autores locais não recebiam nada. A ideia era de que o autor tinha uma oportunidade de colocar o nome dele numa vitrine, como se o autor não tivesse conta para pagar, não tivesse família...

As festas literárias acontecem em cidades do interior e cidades históricos, como Parati, que é a primeira.

Por que não é no Rio de Janeiro [capital]? Porque ali ficam todos circulando, o povo e os autores. E a partir desses encontros de autores com autores de outras regiões ou países, surgem obras primas. É uma festa mesmo. O diferencial da Festa para a vitrine que são as bienais é o aconchego, a intimidade, é trazer o autor para perto. É a celebração do autor e da obra.

Qual a importância de Graciliano Ramos, homenageado desta edição?
A Flipelô tem o hábito de homenagear celebridades ligadas a Jorge Amado, porque a festa é realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado. Já foram homenageados Zélia Gattai, João Ubaldo Ribeiro, Castro Alves, que Jorge Amado adorava. E agora, o homenageado é Graciliano Ramos, por quem ele tinha imensa admiração e passou a fazer parte da família, porque James Amado, irmão de Jorge, casou com a filha de Graciliano, unindo as famílias. Além disso, a importância da obra de Graciliano. Jorge, ainda jovem, viajou a Alagoas para conhecer aquele cara que fez um relatório para o Governo do estado de AL, que despertou interessado de toda a mídia. Estavam começando José Lins do Rêgo, Jorge de Lima, Rachel de Queirós e outros. Eram todos mais jovens que ele e começaram a chamá-lo de Mestre Graça. Todos esses autores tiveram uma vasta obra, mas Graciliano escreveu apenas quatro romances, que são conceituados como de altíssima importância, sobretudo Vidas Secas, que teve tradução para o mundo inteiro. Ele é o escritor da concisão, o escritor que pensa a palavra não para enfeitar, mas para dizer.

Como funciona o trabalho de curadoria no seu caso?
Faço a curadoria da Flipelô desde que surgiu. Participei da gênese da Flipelô, ao lado de Myriam Fraga, então diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado. Ângela [Fraga, atual diretora da Fundação] me disse que teríamos uma comissão de curadoria para a Flipelô, composta por ela própria, Bete Capinan e por mim. Sempre as consulto, mas o trabalho de escolha é meu, com sugestões delas. 90% cabe a mim.

A diversidade em eventos culturais é essencial. Como a curadoria dá conta disso?
A diversidade é fundamental, se não, não tem sentido. Não existe isso de botar o que eu gosto. O gosto sai de cena. A gente precisa ficar atento ao que está acontecendo no momento. Dia 20 é Dia da Consciência Negra e não podemos fazer de conta que não acontece. Procuramos novas vozes, vozes já consagradas e damos espaço à mulher, porque a literatura é um ambiente machista.

Os povos originários, a gente fazia de conta que não existia. Mas está mudando, tanto que Daniel Munduruku concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras.

Como os autores costumam reagir quando são convidados para a Flipelô? São receptivos ao convite?
Sou convidado para eventos fora do país e conheço autores importantes em seu país, mas não são conhecidos aqui. Quando chego lá, faço convite para os eventos de que faço curadoria. Quando o convite é feito, as pessoas ficam maravilhadas. Ainda mais, sendo remunerado! Todos recebem [remuneração]. Jamais alguém recusou o convite. Apenas por questão de saúde. Teve uma que me disse chorando que não poderia vir porque para ela, era uma pena não poder conhecer a terra de Jorge Amado.

Você circula por eventos literários internacionais. O que os autores estrangeiros pensam de Jorge Amado?
Os estrangeiros têm encantamento por Jorge Amado. Como nós temos por Gabriel Garcia Márquez, que nos mostra um mundo extraordinário. Jorge Amado tem, para um colombiano, a mesma dimensão que Garcia Marquez tem pra gente. Eu fui para o México representando o Brasil num grande evento. Quando dizia que era da Bahia, pensavam logo em Jorge Amado. Mas o Brasil era também lembrado, por incrível que pareça, por Lêdo Ivo [poeta alagoano], incrivelmente conhecido no meio literário do México. Nem aqui no Brasil, ele tem esse reconhecimento.

Um dos autores mais esperados da edição deste ano é Itamar Vieira Júnior. Qual sua opinião sobre ele como autor e sobre Torto Arado?
Itamar escreveu um clássico, uma obra-prima. Não há como não se render. Estava conversando com [o poeta] Luiz Antônio Cajazeira Ramos e falávamos de Itamar. O conhecemos no mesmo dia, numa festa literária - olha aí a importância da festa literária. Como o mediador da mesa onde eu estava, demorou, fomos conversar. Itamar era um sujeito tímido, simples, duma bondade... já tinha ganhado o Prêmio Leya, em Portugal. Liguei pra Itamar e disse "Você escreveu um clássico" e previ que ganharia o Jabuti e o Oceanos. O cinema quer comprar, a TV quer comprar... Itamar não é de fazer marketing, como eu. É funcionário público, tímido, mas a obra se sustenta por si própria.

Pode colocar em pé de igualdade a Vidas Secas. Dá conta do Brasil desde que surgiu até hoje, apresentando nossos problemas.

Com medo de ficar sem o Auxílio Brasil, programa social do governo federal que substituirá o Bolsa Família, muitas pessoas ainda se aglomeraram na terça-feira (16) em frente à sede da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), no Comércio, em Salvador, para emissão do CadÚnico. No entanto, a ida dessas pessoas presencialmente aos postos da prefeitura não é mais necessária, visto que todos os atendimentos só serão realizados através de agendamento prévio.

O Cadastro Único para Programas Sociais realiza a coleta de dados e informações para identificar todas as famílias de baixa renda do país para que elas possam ser incluídas em programas de assistência social e redistribuição de renda. Para se cadastrar no Auxílio Brasil, o cidadão precisa estar registrado no CadÚnico. A medida de realizar os atendimentos somente perante agendamento prévio - feito através do site hora marcada, pelo aplicativo Fala Salvador Cidadão ou pelo WhatsApp (71) 983923927 - foi adotada pela prefeitura de Salavdor para proporcionar mais agilidade à população, evitando longas filas e aglomerações nos postos.

Na última quarta-feira (10), uma fila quilométrica, com mais de mil pessoas, foi formada em frente à sede da Sempre, mas, segundo o secretário da pasta, Kiki Bispo (DEM), cerca de 50% do público atendido não precisava ter se dirigido aos postos. Na manhã da terça, uma grande fila foi formada para procurar informações sobre o benefício, mas, segundo o secretário, a pasta conseguiu realizar o agendamento para atendimento das pessoas e encaminhá-las para casa com uma data já marcada.

No período da tarde, ainda havia uma pequena fila em frente à sede da Sempre e a maior parte dos presnetes já haviam realizado o agendamento prévio. Outros que se locomoveram presencialmente até o bairro do Comércio para tentar a sorte foram encaminhados para casa com as instruções para agendar online uma data de atendimento. “Alguns conhecidos me disseram que as pessoas que estavam tentando agendar só estavam conseguindo data para agosto de 2022, por isso eu não tentei marcar previamente”, contou Viviane Pereira, 34 anos, que precisa somente atualizar o CadÚnico já que o período limite, de dois anos, já expirou.

A Sempre explicou que o WhatsApp que realiza o agendamento para atender as pessoas que possuem demandas com CadÚnico esteve instável durante o dia e, por isso, as datas sugeridas para atendimento estavam incorretas e muito distantes. “O site e o aplicativo já estão em pleno funcionamento. Apenas o agendamento pelo WhatsApp está passando por ajustes para que a gente consiga agendar para datas mais próximas e atender melhor os cidadãos”, informou a pasta.

Jussiara Cerqueira, que já possui o benefício, conseguiu agendar o atendimento pelo aplicativo da prefeitura há oito dias e estava no local para renovar o auxílio. “Eu consegui agendar bem fácil e eu vim porque já tenho três anos sem renovar. Eu só continuei recebendo por causa da pandemia. Agora que mudou para o Auxílio Brasil, eu vim fazer a renovação para não perder o benefício”, contou.

Como se cadastrar

O atendimento do cidadão é feito: na sede da Sempre e no Núcleo de Atendimento à População em Situação de Rua (Nuar), ambos no Comércio; em doze unidades do Centro de Referência e Assistência Social (Cras); nas dez unidades da Prefeitura-Bairro; e em três postos especiais montados no Subúrbio 360, em Coutos, na Casa do Trabalhador, em Cajazeiras, e na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal), na Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô).

Para acessar o atendimento em qualquer um dos postos, basta baixar o aplicativo Fala Salvador Cidadão no celular e escolher a opção “Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal”. É só preencher os dados exigidos e seguir as orientações.

Outra opção para realizar o agendamento é através do site horamarcada.salvador.ba.gov.br ou entrar em contato com a Assistente Virtual Jana, no número WhatsApp (71) 98392-3927.

Quem já recebe o Bolsa Família regularmente não precisa comparecer ao serviço do CadÚnico, pois a migração para o Auxílio Brasil será feita automaticamente pelo governo federal. Quem já fez o recadastramento dos dados do programa nos últimos dois anos também não precisa ir aos postos.

Nesse momento, somente devem comparecer às unidades de atendimento as pessoas que precisam fazer o cadastro pela primeira vez; as pessoas que tiveram o benefício do Bolsa Família bloqueado; ou aqueles cidadãos que estão com o cadastro desatualizado há mais de dois anos.

Pressão, estádio pequeno, 25 mil pessoas nas arquibancadas e erro claro de arbitragem. Nada disso foi capaz de fazer o Brasil se amedrontar no clássico desta terça-feira (16), diante da Argentina, em San Juan. Já garantida na Copa do Mundo de 2022, no Catar, a Seleção encarou o desafio, segurou os rivais e empatou o 0x0, mantendo a invencibilidade nas Eliminatórias Sul-Americanas.

Sem Neymar, Tite optou pela entrada de Vini Jr no lado esquerdo do ataque. Matheus Cunha, por sua vez, ganhou a vaga de Gabriel Jesus como centroavante. No setor defensivo, Fabinho e Éder Militão entraram nos lugares de Casemiro e Thiago SilvaNos 10 minutos iniciais, os donos da casa deixaram claro qual seria a postura: pressionar na marcação e não dar espaço para os brasileiros. Até deu certo, mas a estratégia também permitia que o Brasil buscasse os contra-ataques, o que aconteceu.

Foram três boas oportunidades para a equipe verde e amarela em sequência, sendo duas delas com Vini Jr. Na primeira, o atacante errou a passada na entrada da área e saiu com bola e tudo. Na segunda, cara a cara, tentou encobrir Martínez e errou o alvo. Por fim, Matheus Cunha arriscou do meio-campo e por pouco não surpreendeu.

Com o passar do tempo, os argentinos começaram a ficar impacientes com a falta de oportunidades e o jogo ficou mais tenso. Responsável por armar o jogo para a Seleção, Lucas Paquetá sofreu com as pancadas no tornozelo cada vez que recebeu a bola.

Aos 33 minutos, um lance que poderia mudar a história do jogo. Raphinha fez jogada pela linha de fundo e perdeu a bola. Na tentativa de recuperar, levou uma cotovelada em cheio do zagueiro Otamendi. O juiz não deu nada, o VAR não recomendou a revisão e ficou por isso mesmo. O brasileiro, com a boca sangrando, precisou de atendimento.

Antes do intervalo, o Brasil ainda tomou um susto. Messi tocou para Acuña, que achou um bom passe para De Paul. Na entrada da área, o volante arriscou e Alisson se esticou para espalmar.

Segundo tempo

Depois do descanso, Tite resolveu manter a mesma escalação para a etapa final. Já Scaloni colocou Joaquín Correa e Lisandro Martínez nos lugares de Lautaro e Paredes, respectivamente. Com menos de 10 minutos, Romero sentiu lesão muscular e deu lugar a Pezella na zaga.

A primeira boa chance veio aos 15 minutos e foi do time canarinho. Em cobrança de falta brasileira, a zaga argentina afastou e a redonda sobrou para o volante Fred. Ele dominou, emendou de perna direita e acertou o travessão.

Logo depois, Vini Jr brilhou. Pegou a sobra na linha de fundo, deu uma carretilha em Molina e passou para Paquetá, que bate cruzado. Matheus Cunha tentou finalizar e a bola foi pra fora.

Dali pra frente, o jogo ficou truncado no meio de campo e as chances de gol desapareceram. Restou ao Brasil fazer testes com as entradas de Antony e Gerson, e confirmar a igualdade em 0x0.

A Seleção só volta a jogar em 2022, no dia 27 de janeiro, quando encara o Equador fora de casa. Depois, recebe o Paraguai no dia 1º de fevereiro, no Mineirão, em Belo Horizonte.

Ficha técnica:

Argentina: Martínez, Molina, Romero (Pezella), Otamendi e Acuña; Paredes (Lisandro Martínez), De Paul e Lo Celso (Domínguez); Messi, Lautaro Martínez (Joaquín Correa) e Di María (Julián Álvarez) Técnico: Lionel Scaloni

Brasil: Alisson, Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Alex Sandro; Fabinho, Fred e Lucas Paquetá (Gerson); Raphinha (Antony), Matheus Cunha (Gabriel Jesus) e Vini Jr Técnico: Tite

Estádio Bicentenário, em San Juan (Argentina)

Cartão amarelo: Paredes, Romero, Pezella e Acuña (Argentina); Paquetá e Fabinho (Brasil)

Árbitro: Andres Cunha, auxiliado por Richard Trinidad e Nicolas Taran (trio do Uruguai)

Em 16 dias, novembro bate recorde de chuvas dos últimos 10 anos em Salvador. Os acumulados de chuvas no período já ultrapassam 219% da Normal Climatológica para o período – 106,5mm, registrada pela Estação Pluviométrica do Inmet, instalada em Ondina. Neste período, os maiores acumulados de chuva foram: 264,6mm no Engenho Velho de Brotas, 254,8mm no Parque da Cidade, Pituba, 253,6mm em Brotas, 244,6 em Pituaçu e 233 mm em Ondina (estação de referência).

Tem sido o novembro mais chuvoso dos últimos 10 anos, sendo superado apenas em 2011 quando choveu 319,2mm. As informações são do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador (Cemadec). Os maiores picos de chuva em 24h foram registrados no feriado do dia 15/11 no Engenho Velho de Brotas (106,4mm), Brotas (104,8mm), Chapada do Rio Vermelho (97,8mm), Pituba - Parque da Cidade (91,8mm) e Ondina (82,4mm). No período de uma hora, os maiores picos foram contabilizados, dia 14/11, na Chapada do Rio Vermelho (48,6mm), Engenho Velho de Brotas (38mm), Brotas (36mm), Retiro (33,8mm) e Pituba - Parque da Cidade (33,4mm).

"Mantemos na Defesa Civil equipes de prontidão para os atendimentos emergenciais que se façam necessários, monitorando as condições do clima e emitindo alertas, voltados principalmente às comunidades que vivem em áreas de risco", afirma o diretor geral da Codesal, Sosthenes Macêdo.

As intensas chuvas ocorrem em função da atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), banda de nebulosidade persistente que produz grandes volumes de chuva, associada à Sistema Frontal (Frente Fria), ocasionando além das chuvas, trovoadas e rajadas de vento, com riscos para alagamentos e deslizamentos de terra.

Em acréscimo, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa) já indicava em janeiro a probabilidade de um novo evento de La Niña ao longo de 2021. O fenômeno no Brasil tem como padrão típico a ocorrência de chuvas acima da média nas Regiões Norte e Nordeste neste final de ano.

La Niña é um fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, sendo um evento com particularidades opostas ao El Niño.

As Normais Climatológicas são médias de parâmetros meteorológicos computadas em um período de 30 anos consecutivos, obedecendo a critérios recomendados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). No caso de Salvador, este padrão é determinado por medições realizadas nos últimos 30 anos pelo pluviômetro de Ondina, então o único existente na cidade.

A Codesal já realizou 288 vistorias entre 1º a 16 de novembro entre as quais ameaça de desabamento (51), ameaça de deslizamento (76), deslizamento de terra (30), orientação técnica (37), árvore ameaçando cair (25) e avaliação de imóvel alagado (34). A Codesal mantém plantão de 24h todos os dias da semana. Em caso de emergência disque 199.

Em todo o Brasil, em 2022, os alunos do primeiro ano do ensino médio vão encontrar uma escola diferente da que existe atualmente. Na Bahia, essa regra é uma exceção. Ao contrário das outras unidades federativas, o Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA) estabeleceu que só em 2023 e 2024 é que as instituições de ensino públicas e particulares do estado são obrigadas a alterar o currículo referencial para o Ensino Médio.

Isso foi determinado, pois só em 2022 é que será implementado o Documento Curricular Referencial da Bahia (DCRB) do Ensino Médio. É esse documento que vai servir de referência para as escolas montarem suas matrizes curriculares e submeterem à aprovação do próprio CEE. A DCRB, inclusive, deve ter como base as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que desde 2018 foi aprovada.

De acordo com o presidente do CEE, Paulo Gabriel Nacif, a alternação no cronograma aconteceu, dentre outros motivos, para ampliar o debate para a construção de um documento que respeite a diversidade e a realidade de cada região. “O Conselho está atento e vem cumprindo com suas atribuições no processo de implementação da BNCC na Bahia, assegurando os princípios educacionais e os direitos de aprendizagem de todos os estudantes do território estadual, em toda a Educação Básica”, reforçou.

A Resolução que altera o cronograma foi aprovada pelos 24 conselheiros estaduais de Educação e homologada pelo secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues. De acordo com a diretora acadêmica do Colégio Antônio Vieira (CAV), a professora Ana Paula Marques, mestre em Gestão Educacional, a decisão do conselho impede a implementação completa do novo ensino médio ainda em 2022. “A gente não pode mexer na nossa estrutura curricular enquanto não houver esse documento”, lamenta.

Mesmo assim, o Antônio Vieira não vai ficar ‘esperando sentado’ e já começou a implantar no Ensino Médio aquilo que não impacta na BNCC. “Tem toda uma novidade, que são os itinerários formativos, que os alunos do primeiro ano começarão a ter em 2022. É para eles já estarem no ritmo do novo ensino médio”, explica a gestora. Ela acredita que o atraso na mudança curricular não vai prejudicar o ensino.

“Normalmente, as escolas privadas já têm carga horária bem densa. Com a DCRB em mão, o que vamos fazer é muito mais uma readequação dessa carga horária. O quanto de linguagem fica e o que será preciso recompor? São questões como essa que serão resolvidas. Essa parte é bem consolidada na instituição, pois é a que prepara os alunos para os vestibulares", aponta Ana Paula.

Regras
Uma das principais mudanças com o novo ensino médio é o aumento da carga horária mínima. Agora não serão mais necessárias 800 horas anuais e sim 1 mil horas, o que vai fazer com que cada dia letivo tenha, no mínimo, cinco horas de aulas. Desse período, 60% do tempo será destinado as áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), que vão substituir as disciplinas individuais.

Algumas escolas particulares já começarão com essa mudança em 2022. É o caso do Colégio Perfil. “Para o primeiro ano, vai ser 100% dessa maneira. Estamos, inclusive, transformando nosso curso em semestral. No primeiro semestre, o aluno vai ter português, matemática. toda área de humanas e o projeto de vida, eletivas e trilha. No segundo semestre, sai humanas e entra natureza. É uma mudança ousada para dar ao aluno tempo e foco”, explica Bruno Abdon, professor e coordenador do núcleo de tecnologia e inovação.

Essas eletivas e trilhas citadas por Bruno fazem parte dos itinerários formativos, que são considerados a maior novidade no novo ensino médio. Eles serão escolhidos pelo estudante conforme a disponibilidade da instituição.

“É algo que vai dar liberdade e personalizar o ensino. Com os itinerários, os estudantes vão poder botar a mão na massa, desenvolver projetos, produzir entregar resultados e até já montar um portfólio”, aponta.

Os itinerários vão ocupar os 40% restantes das aulas, junto com uma outra novidade, o Projeto de Vida. Trata-se de um programa que deve ajudar os alunos a entender o que eles querem para o futuro. O Vieira já fornece esse tipo de projeto. “Ele me serviu para confirmar o que eu quero, ter certeza do que definitivamente não quero e do que pode servir como segunda opção”, explica a estudante Luísa Coelho, 17 anos, que pretende cursar Ciências da Computação. “Desde o primeiro ano eu pensava em fazer Medicina. Hoje, com o autoconhecimento do projeto de vida, pude ampliar meu campo de visão e já penso em outras possibilidades”, relata a estudante Beatriz Costa, 17 anos.

Outro colégio que já tem um tipo de Projeto de Vida é o Montessoriano. Por lá, o nome do programa é Líder em Mim (Lem). “O Lem é um programa de educação socioemocional focado em promover a mudança comportamental em educadores e alunos, desenvolvendo sua autoestima e autoconhecimento para que se tornem protagonistas de suas próprias vidas e da transformação da sociedade”, explica a pedagoga Carina Menezes, coordenadora do 9º ano do fundamental 2 ao ensino médio da instituição.

No Colégio Oficina, a partir de 2022, um projeto de trilhas será oferecido aos alunos do primeiro ano do ensino médio, em preparação para o novo sistema. “A partir do próximo ano, já estaremos implantando gradativamente, desde o projeto de vida até as trilhas”, relata a diretora Marcia Khalid.

Para especialista, colégios precisam de planejamento ao adotar novo ensino médio
No Villa Global Education, as novidades do novo ensino médio começaram a aparecer já em 2021 na primeira série. “Em 2022, vai ser ampliado para a segunda série e, em 2023, para todo o ensino médio. Temos uma carga horária estendida, divisão do currículo em formação geral básica e itinerário formativo, com matérias eletivas que permitem o aluno traçar o próprio currículo”, explica Ricardo Andrade, diretor pedagógico do Villa.

Ele considera como principal ponto positivo do novo ensino médio a possibilidade de os alunos poderem ter uma parte dos estudos mais relacionada com o interesse para o ensino superior.

“Os principais desafios são fazer com que a gente tenha uma escola que atenda em 360 graus a diversidade dos alunos. Temos que bancar os que gostam mais de humanas, de natureza... o colégio tem que se preparar tanto curricularmente, mas ter cautela para os impactos financeiros que isso pode causar. Um deslize pode inviabilizar toda a operação”, recomenda.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informou que o estado finalizou, no dia 26 de agosto, a consulta pública do Documento Curricular Referencial Bahia (DCRB) do Ensino Médio e está em fase de revisão do texto-base para envio ao Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA). “A consulta pública e o diálogo com diferentes atores contribuiu para que o DCRB do Ensino Médio contemple a diversidade e particularidade da Bahia, evidenciando a identidade do povo baiano”, disseram.

Ainda segundo a pasta estadual, 50% das escolas da rede já estão implementando o novo ensino médio. “No próximo ano, 100% já estarão adotando a nova arquitetura curricular nas turmas de 1ª série e, de forma gradual, as demais séries, até 2024”, prometeu.

Alimentos naturais, cultivados sem o uso de agrotóxicos e sem organismos geneticamente modificados estão conquistando cada vez mais espaço no solo baiano. Isto porque, segundo dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em setembro desse ano, o estado já contava 1.483 produtores orgânicos certificados – um crescimento de mais de 70% quando comparado ao ano passado. No Brasil, existe, no total, cerca de 25 mil produtores com o mesmo certificado, o que mostra o quanto esse segmento ainda tem a expandir.

“A Bahia tem um grande potencial para expansão da produção orgânica, considerando a oportunidade de terras disponíveis para a produção orgânica, o cenário positivo de expansão produtiva no oeste do estado e a diversidade de possibilidades de produção nos três biomas do estado: Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado”, destaca o assessor especial da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri-BA) e coordenador da Comissão de Produção Orgânica da Bahia, Thiago Guedes.

E dá para entender o tamanho dessa oportunidade. A Bahia tem, aproximadamente, 700 mil agricultores familiares. Este número representa 0,2% de produtores certificados, o que demonstra o montante de produtores que ainda podem ser certificados como orgânico, agregando mais valor ao produto e fortalecendo a cadeia. Com base no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) entre os produtos que contam com selo produzidos por aqui estão o cacau, umbu, maracujá da caatinga, mamão, melão, alface, coentro, rúcula, milho, cebola, beterraba, cenoura, cana, aipim, goiaba, couve, abóbora, melancia, cebolinha, pimentão, tomate e limão.

“Sem dúvida, existe uma grande demanda de produtos orgânicos no estado que ainda não é abastecida pela produção interna, o que acaba oportunizando um cenário de ampliação da produção para atender o mercado interno. Atualmente, alguns produtores comercializam para os estados do sudeste do país. Precisamos localmente de consumidores ativos e participantes”, opina Guedes.

Produtora da comunidade de Lagoa Funda, no município de Barro Alto, território de Irecê, Paula Ferreira, produz um pouco de tudo: frutas, verduras e hortaliças e também agroindústria certificada com a fabricação de extrato de tomate, geleias, doces, temperos, farinhas e ervas desidratadas. Ela faz parte da Rede de Agroecológica Povos da Mata e está certificada há cinco anos.

“Vejo o orgânico como uma crescente tanto para quem produz, como para quem precisa desse alimento para garantir a segurança alimentar e nutricional de suas famílias. Acredito que em 2022 teremos saltos importantes no aumento de novos agricultores e agriculturas produzindo e com certificação no estado”, afirma.

Atualmente, os principais mercados que Paula atende estão nas feiras agroecológicas e os mercados coletivos, através do entreposto de comercialização gerido pela Associação Raízes do Sertão. “Ainda faltam assistência técnica e crédito. A melhor forma para ter investimentos e ampliar o número de produtores é fazer com quem os consumidores procurem os espaços públicos de comercialização, as feiras. Porque é ali que a venda é direta de quem produz”, complementa a produtora.

Hoje, a Rede Povos da Mata têm 900 produtores certificados. A expectativa, de acordo com o presidente, o Hércules Sar, é que esse número possa triplicar nos próximos dois anos.

“Nosso território tem uma diversidade de produtos muito grande. Mas precisamos de mais apoio para uma comercialização justa para se possa chegar até o consumidor sem atravessadores”.

Tendência
Em 2020, dados do Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) apontaram que houve um crescimento do mercado brasileiro de orgânicos na faixa dos 30%, movimentando cerca de R$ 5,8 bilhões. Em termos mundiais, o faturamento do setor de orgânicos já ultrapassou a barreira dos 100 bilhões de dólares. Os Estados Unidos representam quase a metade do mercado mundial, seguidos pela Alemanha, França, China e Canadá.

Para o coordenador de cooperativa E da Feira Estação Orgânica Grapiúna, em Itabuna, Claudio Lyrio, para além de uma tendência mundial, a pandemia fez com que as pessoas se preocupassem mais ainda com a saúde e alimentação. Ele faz parte do Centro de Agroecologia e Educação da Mata Atlântica (OCA).

“As pessoas ficaram em casa, cuidaram mais da saúde, passaram a voltar uma atenção maior à alimentação. Se antes da pandemia, a coisa já estava em uma crescente, pós-pandemia, com certeza, esse universo pode se multiplicar. Inclusive, as grandes redes de supermercado já estão aumentando seus espaços de alimentos orgânicos. Se elas já perceberam isso, é um nicho de mercado que efetivamente está expandindo”.

Com o crescimento do mercado, o setor espera que aumente também o consumo. “Só com esse aumento, é que podemos trabalhar a questão do preço, o que é algo sempre questionado quando se diz respeito aos orgânicos. O grande gargalo com a questão do preço é o custo. Ele ainda é alto porque a nossa produção é em escala pequena, comparada ao produto convencional”, acrescenta Lyrio.

Produtor de orgânicos e membro da Comissão de Produção Orgânica da Bahia, Tércio Vieira, pontua que custa caro para o pequeno produtor obter a certificação como orgânico, o que acaba sendo mais uma limitação para uma ampla popularização desses produtos.

“A certificação orgânica pode ser participativa ou individual, mas aí o pequeno produtor precisa contratar uma empresa especializada para dar essa consultoria, o que fica em torno de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Então, falta uma assistência técnica para preparar esse produtor e trabalhar o valor agregado do seu produto”.

Tércio defende, que ao adquirir um orgânico, o consumidor leva para casa não só aquele alimento, mas o cuidado com a questão da preservação ambiental, o cumprimento das leis trabalhistas e as práticas sustentáveis que o transformaram em um produto.

“A gente vem percebendo que o consumo aumentou e as pessoas entenderam a necessidade de consumir orgânicos que tem todo um cuidado com a sua produção. O que temos é um preço justo que contempla todo o custo com esse processo. Por outro lado, comparado com os alimentos convencionais onde há uma oscilação de preços constante, no orgânico o valor é mais estável”, completa Vieira.

QUAL A DIFERENÇA?

Orgânicos
São aqueles produzidos dentro de um sistema orgânico ou extrativista sustentável, ou seja, que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos naturais, respeite as características socioeconômicas e culturais da comunidade local, além de preservar preserve os direitos dos trabalhadores envolvidos. Além disso, os orgânicos não utilizam organismos geneticamente modificados nem químicos sintéticos. Eles recebem certificação com o selo Produto Orgânico Brasil.

Agroecológicos
Os produtos agroecológicos são cultivados de forma justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável, agrotóxicos e transgênicos. Porém, diferente do orgânico, o agroecológico não tem ainda uma certificação e legislação para esse produto.

Hidropônicos
São alimentos cultivados artificialmente em uma estufa, sem a utilização de terra. Geralmente, a raiz é inserida em estruturas artificiais, como canos e tubos, que contêm água e os nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta.

Convencionais
Nesse caso, a produção tem ênfase em larga escala e conta com a utilização de insumos e tecnologias agrícolas como, por exemplo, fertilizantes e defensivos químicos.

No aniversário de um ano, o Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), ganha nova funcionalidade. Entra em vigor hoje (16) o Mecanismo Especial de Devolução, que agilizará o ressarcimento ao usuário vítima de fraude ou de falha operacional das instituições financeiras.

O mecanismo está regulamentado por uma resolução editada pelo BC em junho. Desde então, as instituições financeiras estavam se adaptando aos procedimentos.

Até agora, em uma eventual fraude ou falha operacional, as instituições envolvidas precisavam estabelecer procedimentos operacionais bilaterais para devolver o dinheiro. Segundo o BC, isso dificultava o processo e aumentava o tempo necessário para que o caso fosse analisado e finalizado. Com o Mecanismo Especial de Devolução, as regras e os procedimentos serão padronizados.

Pix Saque e Troco
Outras novidades para o Pix virão em breve. A partir do dia 29 estarão disponíveis o Pix Saque e o Pix Troco, que permitem o saque em espécie e a obtenção de troco em estabelecimentos comerciais e outros lugares de circulação pública.

No Pix Saque, o cliente poderá fazer saques em qualquer ponto que ofertar o serviço, como comércios e caixas eletrônicos, tanto em terminais compartilhados quanto da própria instituição financeira. Nessa modalidade, o correntista apontará a câmera do celular para um código QR (versão avançada do código de barras), fará um Pix para o estabelecimento ou para a instituição financeira e retirará o dinheiro na boca do caixa.

O Pix Troco permite o saque durante o pagamento de uma compra. O cliente fará um Pix equivalente à soma da compra e do saque e receberá a diferença como troco em espécie. O extrato do cliente especificará a parcela destinada à compra e a quantia sacada como troco.

Open banking
Ainda neste trimestre, o BC pretende estender o iniciador de pagamentos ao Pix. Por meio dessa ferramenta, existente para pagamentos por redes sociais e por aplicativos de compras e de mensagens, o cliente recebe um link com os dados da transação e confirma o pagamento.

Atualmente, o iniciador de pagamentos existe para compras com cartões de crédito e de débito. O BC pretende ampliar a ferramenta para o Pix, o que só será possível por causa da terceira fase do open banking (compartilhamento de dados entre instituições financeiras), que entrou em vigor no fim de outubro.

Com a troca de informações, o cliente poderá fazer transações Pix sem abrir o aplicativo da instituição financeira, como ocorre hoje. O usuário apenas clicará no link e informa a senha ou a biometria da conta corrente para concluir a transação. Tudo sem sair do site de compras, do aplicativo de entregas ou da rede social.

Estatísticas
Até o fim de outubro, segundo os dados mais recentes do BC, o Pix tinha 348,1 milhões de chaves cadastradas por 112,65 milhões de usuários. Desse total, 105,24 milhões são pessoas físicas e 7,41, pessoas jurídicas. Cada pessoa física pode cadastrar até cinco chaves Pix e cada pessoa jurídica, até 20. As chaves podem ser distribuídas em um ou mais bancos.

Em um ano de funcionamento, o volume de transações pelo Pix deu um salto. Em outubro, o sistema de pagamentos instantâneos movimentou R$ 502 bilhões, contra R$ 25,1 bilhões liquidados em novembro do ano passado. Segundo o Banco Central, 75% das transações do Pix em outubro ocorreram entre pessoas físicas, contra 87% no primeiro mês de funcionamento. Os pagamentos de pessoa física para empresa saltaram de 5% para 16% no mesmo período.

Empresas e governo
O aumento nos pagamentos a empresas decorre de funcionalidades adicionadas ao longo deste ano para estimular o recebimento de Pix por empresas e prestadores de serviço. Em maio, começou a funcionar o Pix Cobrança, que substitui o boleto bancário e permite o pagamento instantâneo por meio de um código QR (versão avançada do código de barras) fotografado com a câmera do celular.

Em julho, começou a ser ofertado o Pix Agendado, que permite o agendamento de cobranças, com a definição de uma data futura para a transação. Em setembro, o oferecimento da funcionalidade por todas as instituições financeiras passou a ser obrigatório.

As transações entre pessoas físicas e o governo aumentaram de R$ 2,25 milhões em novembro de 2020 para R$ 409,83 milhões em outubro deste ano. Apesar de pequenas em relação ao total movimentado, essas operações estão subindo graças a medidas como o pagamento de alguns tributos por grandes, micro e pequenas empresas e à quitação de taxas federais por meio do Pix.

Segurança
O Pix completa um ano em meio a preocupações com a segurança do sistema. Por causa do aumento de sequestros-relâmpago e de fraudes relacionadas ao Pix, o BC limitou, em outubro, as transferências a R$ 1 mil entre as 20h e as 6h. Medidas adicionais de segurança foram adotadas, como o bloqueio, por até 72 horas, do recebimento de recursos por pessoas físicas em caso de suspeita de fraude.

Em setembro, ocorreu o incidente mais sério com o Pix registrado até agora. Uma brecha de segurança no Banco Estadual de Sergipe permitiu o vazamento de 395 mil chaves Pix do tipo telefone. Na ocasião, não foram expostos dados sensíveis, como senhas, valores movimentados e saldos nas contas, mas os números de telefone de clientes capturados por pessoas de fora da instituição, que foi punida pelo BC.

Se casos semelhantes ocorrerem, as próximas punições poderão ser mais duras. No fim da semana passada, o BC acelerou as notificações às instituições financeiras que violarem os regulamentos do Pix e diminuiu as situações em que as multas serão isentas.