BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que o governo pretende “fazer o dever de casa” e cortar gastos. A presidente disse que não pretende mexer na meta de inflação (4,5% ao ano) ou no intervalo de tolerância, que hoje é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De acordo com a presidente, as contas serão verificadas com “lupa”.

LEIA: íntegra da entrevista com Dilma

- Vamos fazer o dever de casa, apertar o controle da inflação e teremos limites fiscais. Vamos reduzir os gastos. Vamos olhar todas as contas com lupa e ver o que pode ser reduzido e o que pode ser cortado. Temos que fazer um ajuste em várias coisas, várias contas podem ser reduzidas. Minha visão de corte de gastos não é similar àquela maluca de choque de gestão — disse Dilma, em entrevista para os principais jornais do país.

pregou durante a campanha eleitoral, Dilma defendeu a manutenção do número de ministérios.

- Essa história de cortar ministério é lorota.

A presidente reafirmou que o nome do novo ministro da Fazenda não será anunciado antes da reunião de cúpula do G- 20, que ocorre de 15 e 16 de novembro, na Austrália.

Perguntada sobre a operação Lava-Jato que investiga corrupção na Petrobras, a presidente afirmou que trata-se de uma oportunidade para "acabar com a impunidade”.

- A operação trouxe o momento para acabar com a impunidade no país. Não vou engavetar nada, não vou pressionar opara não investigar, quero todos os responsáveis punidos - afirmou Dilma.

Segundo Dilma, o compromisso do governo é com as instituições e com a democracia.

- Acho fundamental a separação dos poderes, a independência do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. As instituições estão funcionado e as nossas eleições são produto disso. Nós avançamos muito, somos exemplo de uma grande democracia. O eleitor não é de ninguém, ninguém é dono do eleitor. Se tem um momento que todos somos iguais é na urna. A visão de que o eleitor é meu, é ultrapassada, é patrimonialista.

Dilma repetiu que é necessário “saber perder e saber ganhar”. No entanto, ela reconheceu que saber ganhar é tão difícil como saber perder.

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- Saber ganhar na democracia é tão difícil quanto saber perder, porque existe a tendência das pessoas acharem que é o rei da cocada preta. Não sairá da sua cabeça o que fazer pelo país, tem que ter uma interação. Não estou propondo nenhum diálogo metafísico, sobre quem sou, o que quero, para onde vai — afirmou.

Sobre a resolução divulgada pelo PT na segunda-feira, que classificou a campanha da oposição de "racista e machista", a presidente não chancelou o texto:

- Eu não represento o PT, eu represento o país, a Presidência da República. Não sou presidente do PT. A opinião do PT é a opinião de um partido. O PT, como todo partido, tem posição de partes. É típico deles.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou nesta quinta-feira, 06, o que classificou de abuso no uso de Medidas Provisórias (MPs) para envio de propostas ao Congresso Nacional, mas apontou que cabe aos parlamentares rejeitar o material, se for o caso. “A Medida Provisória só deveria ser utilizada para matéria de urgência e relevância. Tem Medida Provisória até para dar nome de rua. Houve abuso”, disse.

Questionado se cabia ao Judiciário tomar alguma atitude, o ministro disse que “sim e não”. “Essa é uma questão essencialmente política. Quando o presidente envia uma MP ao Congresso, o Congresso tem dever de formar uma comissão e rejeitar se não for questão de urgência e relevância”.Ele completou que o Congresso não faz isso. “O que é preciso se fazer é recolocar a política de boa qualidade no centro das grandes decisões nacionais”, disse.“As mesmas pessoas que reclamam do excesso de judicialização, quando algo dá errado, dizem que o Supremo tem que fazer algo”.Barroso falou, ainda, que os problemas associados ao financiamento da política eleitoral tornaram a política uma usina de notícias ruins. “O Judiciário não pode ser um superego da sociedade.

A sociedade tem que perceber seus problemas e avançar em relação a eles”, disse. “Na nossa democracia, não há separação entre sociedade e poder. Poder é o que legitimamos e, mal ou bem, o espaço público no Brasil reflete muito das deficiências éticas da sociedade brasileira. Então tem que parar com ideia de que governo é culpado de tudo”, concluiu. (Agência Estado)

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